O Fim e o Princípio



Capítulo 26



O Fim e o Princípio


A música que anunciava o início do telejornal das sete chegou aos seus últimos acordes enquanto a câmera davam um zoom lento no casal de apresentadores. O âncora deu a primeira notícia com ares de satisfação.

“Boa noite! Hoje são 26 de dezembro, mas parece que somente agora podemos finalmente dizer: Feliz Natal!”

“Sim, Edward” , comentou a sua parceira loura e sorridente, “mesmo tendo chegado um pouco atrasado, Papai Noel trouxe o mais precioso dos presentes para sete famílias britânicas e colocou um sorriso no rosto de todos os ingleses que acompanharam o seu drama nos últimos sete meses. Mais informações na reportagem de Ellen Barsky”.

A cena de estúdio foi substituída pela da repórter, que falava posicionada em frente a uma rua congestionada de carros em um bairro de subúrbio.

“Bem, Dora, não há quem não conheça essa história. O país acompanhou com crescente horror o desaparecimento, sem deixar vestígios, de sete crianças durantes um espaço de sete semanas a sete meses atrás. Embora os números possam sugerir histórias ocultas e mesmo horripilantes nesses desaparecimentos, o fato é que, felizmente, parece que dessa vez, nós tivemos um final feliz. Hoje pela manhã Alice Willians, de 2 anos; Jonathan Blackwood, de 3; Charlotte Dennis, de 5, Laurence McFarley, de 6; Melanie Curtis, de 8; Grahan Heat, de 9 e Jason Wilburn, também de 9 anos apareceram misteriosamente em suas casas. Exames médicos constataram que os sete encontram-se em perfeito estado de saúde e, embora um pouco magros, pareciam ter sido realmente bem alimentados pouco antes de seu reaparecimento. Contudo, as estranhezas tanto do desaparecimento quanto do reaparecimento das crianças não parecem acabar por aí. Nenhuma delas tem qualquer lembrança do que aconteceu nos últimos sete meses. Os médicos acreditam que elas tenham sido mantidas sedadas durante a maior parte do tempo. As famílias divulgaram um comunicado agradecendo o apoio e as orações que receberam durante estes sete meses de tormento de todas as partes do país. Os pais das sete crianças também louvaram, em seu comunicado, os esforços da Scottland Yard na procura de seus filhos e a discrição da imprensa na divulgação dos pormenores do caso. Apenas uma das famílias, a de Jason Wilburn, concordou em conceder uma breve entrevista, na qual o garoto falou”.

A repórter deu um sorriso e a cena mudou para uma sala ampla, provavelmente um pequeno salão de convenções de algum hotel. Atrás de uma mesa comprida, estavam sentados o chefe da Scottland Yard, um casal com sorrisos imensos e um garoto de cabelos castanhos bem curtos, o rosto pálido e sardento parecia muito satisfeito com toda aquela atenção, apesar da evidente timidez.

“Jason,” perguntou um repórter de aparência mais velha num tom carinhoso, “você pode nos dizer se você se lembra de alguma coisa do que aconteceu?”

“Desculpe”, o menino deu um meio sorriso envergonhado, “mas eu não lembro de nada. Foi como se eu estivesse dormindo, sabem? Eu só lembro dos sonhos.”

“E você pode nos contar algum desses sonhos, Jason?” Perguntou uma repórter de óculos e que parecia emocionada.

O menino ficou vermelho e olhou para a mãe que sorriu ainda mais enquanto fazia um carinho no cabelo dele. O garoto pareceu entender isso como um incentivo e virou-se novamente para os repórteres com o rosto ainda mais ruborizado.

“Eu sonhei... hum... que eu conhecia o Harry Potter”.

Um riso baixo correu a sala e junto com o ohh enternecido de algumas das mulheres. Jason pareceu gostar da reação.

“Ele estava lá na Toca, a casa do amigo dele Rony Weasley, sabem? E eles estavam mais velhos e ele me disse que tinha derrotado o Voldemort.”

“Ei, J.K.Rowling tem que saber disso!” Falou um repórter em tom divertido provocando novas risadas na audiência.

– Feiticinho meia-boca o que fizeram nesse garoto, hein?

Draco falou baixo, mas mesmo assim conseguiu fazer sumir o sorriso no rosto de Harry com o comentário jocoso. Os dois estavam parados em frente a um grande magazine trouxa, onde inúmeras televisões ligadas transmitiam diferentes programas. O som mais alto era o do aparelho onde estava sendo transmitido o telejornal e havia um grande número de trouxas, com rostos encantados, ouvindo a notícia. Harry deu um suspiro contrariado, ajustou a gola da capa de inverno ao pescoço e fez um sinal seco para que o outro o seguisse.

Os dois homens atravessaram a rua movimentada, desviando dos carros congestionados em frente ao sinal vermelho. Andavam com cuidado sobre o chão escorregadio por causa da umidade e da neve acumulada nos cantos.

– Quem foi o bruxo “brilhante” que enfeitiçou a memória do garoto? Sua amiguinha sangue-ruim? Seria interessante ver a Granger – ele fez uma careta – a ex-Granger cometer um erro tão grotesco.

Harry não parou de caminhar.

– Malfoy – falou ríspido – nossas vidas seriam muito melhores se nós não precisássemos ter de ouvir um a voz do outro. O que acha de simplesmente calar a boca!

Draco ficou quieto um segundo antes de resmungar em tom baixo.

– Idiota!

– Imbecil! – Devolveu Harry no mesmo tom.

Os dois mantiveram as caras fechadas enquanto andavam lado a lado apressando o passo como forma de diminuir o tempo em que teriam que ficar um na companhia do outro. Harry tinha decidido que ia evitar ao máximo os contatos com o ex-sonserino. Aquilo era trabalho para a Ana. Era ela a única que tinha paciência para lidar com tipinhos como ele. O problema é que Ana e Carlinhos, naquela noite, tinham uma festa e Harry achara que a tarefa de levar Draco para o seu novo esconderijo deveria ser sua por diversas razões. Primeiro, porque preferia restringir o conhecimento do lugar, da hora e da forma da operação de deslocá-lo para lá ao mínimo de pessoas possível. Ele decidira que aparatariam longe do local onde Malfoy ficaria para que nenhum registro mágico que pudesse ser identificado ou seguido, fosse pelo Ministério, fosse pelos Comensais. O segundo motivo foi porque achou que ele seria “guarda” suficiente para acompanhar o ex-colega, já que uma boa parte dos membros da Ordem ainda estava se recuperando da luta na noite anterior, o que restringia bastante as suas escolhas em termos de quem poderia fazer o serviço. Além disso, Harry achou de bom senso não deixar nenhum dos cunhados muito perto de Draco. Somando o fato que o próprio Sr. Weasley já saíra no braço com Lucius Malfoy, parecia que a família de sonserinos tinha uma habilidade especial em tirar os ruivos do sério e Harry achava que, apesar da imagem agradá-lo, não seria muito correto cumprir sua promessa escondendo apenas uma caixa etiquetada: Draco Malfoy.

Satisfeito com o silêncio, Harry se permitiu sorrir novamente. Há muito ele não sentia uma sensação tão grande de vitória. Era como se finalmente ele tivesse conseguido ir à forra contra Bellatrix e Lucius após ter perdido para eles na rebelião em Azkaban. Ainda por cima, a felicidade de entregar de volta as crianças trouxas inteiras para os seus pais era inigualável. Na noite anterior, eles as haviam levado para a Toca, onde Alicia as examinara e ministrara a poção restauradora que Snape tinha preparado. O efeito fora imediato e logo a Sra. Weasley já estava empanturrando os pequenos de comida. Harry tinha ficado impressionado com a calma que as crianças haviam demonstrado com eles. Achava que o trauma e os maus-tratos os tornariam arredios, mas era justamente o oposto. Lembrou que foi Ana quem comentou próxima ao seu ouvido.

– Eles sabem quem você é.

– Nãão... er... Você acha?

A brasileira sorriu e balançou a cabeça freneticamente. Mas quase que como para confirmá-la, o menino chamado Jason se aproximou do lugar onde eles estavam.

– Humm... – começou como que buscando as palavras – eu sabia que você viria nos salvar. Eu tinha dito para eles, sabe? – Ele fez um gesto em direção às outras crianças.

Harry trocou um olhar com Ana e dobrou os joelhos até ficar na altura do garoto.

– Como você sabia que EU iria salvar vocês?

– Porque você é o Harry Potter, não é? E... eu vi as marcas nos braços deles e sabia que eram Comensais e, então, eu tinha certeza que você ia dar um jeito e ia vir salvar a gente.

Harry sorriu sem jeito e bagunçou o cabelo do garoto num gesto carinhoso.

– Você é muito esperto.

O menino sorriu por um instante e depois fechou a cara numa expressão triste.

– Vocês vão nos fazer esquecer, não é? Eu li. É o que vocês fazem com os trouxas que descobrem.

– Desculpe, Jason. Mas é assim que tem que ser.

O menino olhou para o chão, decepcionado.

– Será que... eu não podia lembrar... nem um pouquinhozinho assim... – ele mostrou os dedinhos da mão quase unidos.

Harry ia negar, mesmo sentindo uma fisgada de remorso, mas Ana pegou da mão do garoto e saiu com ele em direção à mesa.

– Não se preocupe, Jason. A tia Ana vai dar um jeito.

Harry chegou a dar um passo para seguir a amiga e impedir que ela fizesse alguma besteira, mas Gina, vinda por de trás dele, envolveu a sua mão na dela e o segurou.

– Deixe. A “tia Ana” sabe o que faz. Ela não é nenhuma irresponsável.

Na hora, Harry concordou, mas se soubesse que isso ia servir para o Malfoy ficar enchendo a sua paciência, teria impedido a “generosidade” da amiga em deixar a passagem pela Toca como um sonho. Até porque, Draco não manteve por muito tempo o silêncio. Tão logo os dois saíram da rua apinhada de lojas que ainda exibiam a decoração natalina e se embrenharam por uma ruela lateral, quase sem movimento, ele voltou à carga.

– Bem, talvez não tenha sido a sangue-ruim... Garanto que foi coisa da “sua fà”...

– Malfoy – Harry advertiu. Era óbvio que ele estava se referindo a Ana.

– Mas claro, o grande Harry Potter tem que ser sempre manchete...

– Malfoy.

– Jornais trouxas, bruxos... o que importa? Desde que continuem babando sobre o maravilhoso menino-que-sobreviveu.

Harry fechou a mão sobre a varinha. A idéia de esconder Malfoy numa caixa etiquetada rondando perigosamente a sua mente enquanto ele bufava.

– Devia ter se casado com a maluca da Lovegood. Ela nunca foi tão sua fã quanto o Creevey, mas é jornalista. Seria como ter uma relações públicas dentro de casa.

Um soco ou uma azaração? Quem sabe uma transfiguraçãozinha básica. Draco se dava bem na forma de doninha. Ou, quem sabe? A antiga idéia de Rony de fazê-lo comer lesmas. Ms também daria para transformá-lo numa lesma. É... ou num besouro bosteiro. Seria ótimo ouvir o creck quando Harry pisasse nele.

– Mas, claro, ninguém pode culpá-lo por preferir a Weasley. Ela não é o meu tipo, mas mesmo parecendo ter engolido um barril, eu não posso negar que ela continua interessan...

Draco não pode terminar porque o antebraço de Harry estava pressionando o seu pescoço contra a parede de um dos prédios da lateral da rua.

– Eu vou falar só uma vez, Malfoy: não se aproxime da Gina!

– Com ciúmes, Potter? – O outro perguntou com a voz arrastada e cheia de malícia.

Harry soltou uma risada debochada.

– Só nos seus sonhos, idiota! – Ele fez mais pressão contra o pescoço do outro. – Eu não confio em você. Nada, mas nada mesmo, me garante que você não seja um espião. Que você não tenha me procurado com essa conversa mole de “eu quero ficar vivo” unicamente para conseguir informações para o seu paizinho e a sua titia. Ainda mais agora que eu sei o que eles querem. Então, se você realmente preza a sua saúde, eu sugiro que esqueça que a Gina existe.

– Está em pânico, não está, Potter? – Malfoy parecia disposto a provocá-lo até o limite. – Qual é o seu medo? Que a história se repita? Afinal, a sua mãezinha não morreu para te salvar? Seria muito triste se você perdesse a sua família toda de novo, não é? O pobre menino... órfão novamente... embora no sentido inverso, é claro. Eu acho patético... mas veja pelo lado bom... alguém poderia escrever livros sobre você.

A visão de Harry simplesmente nublou e ele enfiou a mão fechada na cara de Draco com tudo o que tinha direito. Malfoy não pareceu surpreso e revidou quase com satisfação, como se estivesse esperando justamente que eles chegassem naquele ponto. Não era uma briga para ser travada num elegante duelo bruxo. Era uma briga viceral demais para que os dois não usassem os punhos, não partissem para os pontapés e todo o tipo de golpe baixo comum nas brigas trouxas. Harry não percebeu que algumas pessoas, atraídas pelo barulho, chegavam às janelas para olhar o súbito movimento no beco quase sempre vazio; ele estava ocupado demais descontando uma raiva de mais de década.

Draco deu um gancho de esquerda que o acertou diretamente sob o olho, quebrando-lhe os óculos e fazendo parecer que o seu cérebro tinha entrado em choque com um balaço. Contudo Quadribol não lhe dera apenas reflexos, mas também uma enorme resistência a dor e em resposta ele acertou um direto bem no queixo do sonserino. Draco deu dois passos para trás e mirando-o com ódio arremessou-se contra ele indo com a cabeça em direção à boca do seu estômago. Harry sentiu o ar sair todo do seu pulmão enquanto Malfoy o jogava contra a parede de um prédio e passava a socá-lo na linha da cintura repetidamente. Harry levou alguns segundos para conseguir respirar o suficiente para reagir. Apoiou as mãos nas costas de Draco e ergueu o joelho com tudo em direção ao rosto do outro. O loiro soltou um uivo abafado, e se afastou levando as mãos ao nariz.

Harry ergueu novamente os punhos, mas estava tonto. O seu olho latejava como se tivesse explodindo e a visão através dos óculos quebrados estava turva. Uma sensação quente sobre o outro olho lhe informava que provavelmente seu supercílio estava aberto, assim como o lábio inferior, do qual ele podia até mesmo sentir o gosto do sangue.

– Você quebrou meu nariz – reclamou Draco com a voz abafada entre as mãos.

– Não tem de quê – respondeu Harry ofegante – também achei que ele estava precisando de uma reforma. Mas meu plano é quebrar a sua cara toda.

– Você vai ter que nascer mais umas duas vezes para ser homem o suficiente para isso, Potter.

Harry partiu para cima de Draco mais uma vez e os dois caíram no chão engalfinhados, distribuindo socos e pontapés onde quer que acertassem. Não era a primeira vez que os dois partiam para as vias de fato. Nem era a primeira vez que o caso de serem bruxos não influenciava em nada no teor da briga, mas era a primeira vez que não tinha absolutamente ninguém que se dispusesse a apartá-los. As pessoas que haviam chegado às janelas e assistiam à briga, chocadas, não pareciam pretender sair da segurança de seus apartamentos e se meter na entre os dois homens. E certamente eles continuariam a socar-se enquanto tivessem forças para isso, porque a raiva que tinham um do outro não parecia ter condições de se extinguir.

O silvo alto de um apito chegou até eles vindo da esquina mais distante, sendo logo seguido por outro e pelo que parecia ser um tropel de passos que corria em direção aos dois briguentos. Harry e Draco pararam instintivamente. Era um policial. Se chegasse até eles, ambos teriam ainda mais um problema para lidarem. Harry fez um enorme esforço para se erguer do chão tentando não pensar em todas as partes do seu corpo que gritavam e latejavam de dor. Malfoy também se ergueu, mas não parecia melhor que ele. O policial estava bem próximo agora. Harry deu um puxão na capa de Draco e se embrenhou pelo espaço existente entre dois prédios.

– Ei, vocês dois! – Gritou o policial soprando o apito novamente. – Parados!

Harry praticamente jogou o outro contra a parede suja do beco, enquanto tirava a varinha de sob as vestes e fazia um feitiço esconderijo na entrada. O policial chegou até o lugar em que os dois tinham entrado e olhou seriamente para o beco, procurando divisar alguma coisa. Mas era óbvio que ele não via nem Harry, parado exatamente à sua frente ofegante, nem Draco, que havia escorregado para o chão secando com a manga da capa o nariz ensangüentado. O jovem Auror esperou que o policial virasse às costas e saísse antes de se voltar para o outro.

Os dois se encaram com enorme ódio por longos minutos.

– Levanta, Malfoy. Eu ainda tenho que te deixar no esconderijo.

Draco não se mexeu.

– Como eu odeio essa sua atitude de heroizinho, Potter. Essa sua cara de “eu sofro, mas eu sou do bem”. Por que não admite que no fundo você é um egocêntrico desgraçado que adora ser paparicado e que faz tudo para que todo mundo continue tendo peninha de você.

Harry levou a mão ao maxilar dolorido e depois apontou a varinha para o próprio rosto fechando o supercílio. Tirou os óculos e consertou-os antes de devolvê-los ao rosto.

– Diz o que realmente quer dizer, Malfoy.

Draco arfou de ódio antes de desengasgar entre os dentes.

– Você... matou... a... minha mãe!!

Os olhos do ex-sonserino se turvaram em lágrimas e Harry desviou a cabeça. Ele não tinha nenhuma defesa para aquela acusação.

– Você planejou o assassinato de Dumbledore.

– ELA ERA MINHA MÃE!

– ELE ERA DUMBLEDORE! E... além do Rony e da Mione, ele foi o mais próximo que eu tive de um parente, de verdade, em quase toda a minha vida!

Malfoy contorceu o rosto e fungou, seguindo a isso outra careta, mas essa de dor por causa do nariz quebrado. Harry soltou o ar pesadamente e caminhou até onde ele estava sentado, os passos ecoando no beco úmido e vazio.

– Levanta – falou a contragosto.

– Vai para o inferno!

– Enquanto eu tiver que aturar você, eu já estou lá. Levanta e vamos acabar com isso de uma vez.

Draco o encarou por um instante antes de erguer-se com dificuldade do chão.

– Fica parado – ordenou Harry e o outro não se mexeu quando ele apontou a varinha para o seu rosto. – Epiksey.

Um facho brilhante e rápido saiu da varinha e atingiu o nariz de Draco. O rapaz levou as mãos ao rosto tateando-o e conferindo.

– Certo – disse ele e Harry achou que aquilo era quase um obrigado. – Onde é a droga desse tal esconderijo?

– Me segue.

Os dois reiniciaram o trajeto, mas de forma mais lenta, quase arrastada, por causa dos corpos doloridos. Mantiveram o silêncio durante os dez minutos seguintes até que Harry estacou o passo diante de uma casa antiga e de aparência decrépita, ladeada por dois prédios modernos. Qualquer um que passasse ali e admirasse os contornos antigos do casarão, provavelmente pensaria que ele não duraria naquele lugar por muito tempo e que em breve a especulação imobiliária o colocaria a baixo. Harry bateu na aldrava da porta.

– Que lugar é esse? – Perguntou Malfoy finalmente demonstrando alguma curiosidade.

– O Snape não te disse? – Draco negou. – É o orfanato da Ordem.

– Orfanato?

– É. Um lugar para crianças bruxas que perderam os pais – explicou Harry como se Draco fosse um aluninho obtuso e o problema fosse a palavra.

– Não temos “orfanatos” – disse se referindo à comunidade bruxa.

Harry o olhou sério.

– Agora temos – ele fez uma pausa pensando se devia explicar mais alguma coisa. Decidiu que sim. – Após a guerra tínhamos nas mãos um grande número de órfãos que conheciam o mundo bruxo, eles não tinham parentes e estava fora de cogitação mandá-los para orfanatos trouxas. Aí surgiu a idéia desse lugar.

Draco ergueu as sobrancelhas, mas não parecia achar uma idéia ruim.

– É... é melhor não termos bruxos sendo criados por trouxas, mesmo.

– Também abrigamos – continuou Harry ignorando-o – crianças bruxas que sejam nascidas trouxas e tenha ficado órfãos. – O outro fechou a cara. – A história do seu “mestre” foi suficiente para nos mostrar que teríamos de ter maior cuidado com as crianças bruxas daqui por diante.

– Comovente.

Harry não pode combater o sarcasmo porque naquele momento a porta abriu e uma mulher jovem de cabelos escuros, presos atrás da cabeça e vestindo roupas obviamente trouxas abriu a porta.

– Vocês demor... – ela se interrompeu ao ver o estado dos dois. – Santo Deus! O que aconteceu?

– Uma pequena divergência – disse Harry e a mulher arregalou os olhos até quase fora das órbitas. – Deixa a gente entrar, Sarah. Eu te explico aí dentro.

– Claro, claro – ela se afastou da porta para que os dois passassem. – Meu Deus! – Ela acendeu a luz do hall e observou os dois mais atentamente. – Vocês... vocês brigaram?

Harry pediu com o olhar que ela não continuasse e Sarah ergueu as mãos num gesto de rendição.

– Malfoy, essa é Sarah Laurent, nossa administradora e seu contato aqui dentro. Sarah, esse é Draco Malfoy... desculpe ter de incomodá-la lhe passando o “problema”, Sarah, mas era o único lugar para trazê-lo.

– Não se preocupe com isso, Harry – falou ela num sorriso agradável e estendeu a mão para Draco. – É um prazer conhecê-lo, Sr. Malfoy.

Foi somente quando ela ficou com a mão estendida que os dois perceberam que Draco não os notava. O rapaz tinha os olhos fixos na lâmpada fluorescente que Sarah tinha acendido no hall.

– Vocês têm luz elétrica, aqui?

– Sim – respondeu Sarah no mesmo tom agradável recolhendo a mão que ela havia estendido.

– Luz elétrica não funciona em lugares com muita magia – ele afirmou com um leve toque de desespero na voz.

Sarah olhou para Harry que tinha uma expressão divertida no rosto e explicou suavemente.

– Bem, acontece, Sr. Malfoy que nós usamos o mínimo possível de magia nesse lugar. As crianças são menores e não podem fazer mágicas. Os adultos que vêem aqui limitam ao máximo o seu uso, porque além de estarmos numa área... ham – ela parecia não gostar do termo – trouxa altamente concentrada, ainda precisamos do funcionamento de computadores e outros artefatos não bruxos para podermos entrar em contato com outros orfanatos, onde possam haver crianças bruxas.

– Mas... e o Ministério?

– O Ministério apóia a nossa forma de agir – completou Harry, num tom de quem dá as explicações por encerradas. – O orfanato pertence à Ordem e não ao Ministério.

– Quer dizer que além de ficar sem a minha varinha, que vocês confiscaram, ainda vou ficar num lugar... num lugar quase... trouxa?

– Pode voltar para Wiltshire, se quiser – disse Harry e Draco fechou a cara como se ele fosse um demente.

– Não se preocupe, Sr. Malfoy – comentou Sarah ao mesmo tempo séria e divertida – durante a semana temos elfos domésticos que cuidam da casa.

– Durante a semana?

– É... – ela sorriu – no horário comercial, é claro. São todos assalariados, por isso eles também são orientados a não receberem ordens que estejam fora das suas obrigações.

Draco olhou para Harry completamente parecendo pedir socorro.

– Essa é a sua forma de me proteger? Se eu não for morto... eu vou acabar me matando.

– Pense pelo lado positivo, Malfoy – Harry estava quase gargalhando diante do desespero do outro – quanto menos magia, menos possibilidade existe da sua “família” te encontrar. Bem, você está em ótimas mãos e eu preciso ir.

– Não quer tomar uma xícara de chá e cuidar desses ferimentos, Harry? – Ofereceu Sarah.

– Obrigada, Sarah. Mas eu ainda vou passar na Toca para pegar Gina e irmos para casa e Alicia está lá. Ela já está acostumada a fazer esse tipo de remendo – disse forçando um sorriso que saiu doído par causa do lábio machucado. Harry se inclinou e deu um beijo no rosto de Sarah e se encaminhou para a porta.

– Dê um beijo em Gina, por mim – ela falou.

– Pode deixar.

Harry já tinha puxado a maçaneta da porta quando Draco com uma cara ainda mais atarantada, correu até ele e o segurou pelo braço.

– Por Mérlin, Potter, essa mulher... – ele havia baixado a voz e olhava para a postura serena de Sarah de um jeito meio apavorado – ela... ela é trouxa?

Harry riu. Podia dar a resposta verdadeira: Sarah era bruxa. Um tipo peculiar como Ana, mas era bruxa. Mas resolveu torturar Draco um pouquinho apenas porque sabia que ele detestaria ter de conviver diariamente com alguém tão cheia de manias trouxas como a eficiente administradora do orfanato.

– Quase.

Virou-se e saiu.


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– Pai?

Hector enfiou a cabeça para dentro do pequeno escritório abarrotado de livros pergaminhos e papéis em que Remo trabalhava. O pesquisador da Ordem da Fênix lia concentrado um livro de capa marrom, mas levantou os olhos assim que viu o garoto entrando timidamente na sala. Foi exatamente o jeito tímido de Hector que lhe chamou a atenção. A palavra definitivamente não combinava com o filho.

– Algum problema, Hector?

O menino se aproximou da mesa do pai parecendo fazer um enorme esforço para chegar até lá.

– Eu... ham... eu... queria conversar com... você. Posso?

Remo fechou o livro imediatamente e o colocou sobre a mesa.

– Ok. E que tipo de conversa é? – Remo lembrou das reclamações que recebera de Hector na escola durante o primeiro semestre: aranhas no material escolar de um grupo de colegas, quatro detenções por motivos diversos, uma fuga das vistas do professor responsável dentro da Floresta Proibida... Ele deu um suspiro, era quase como ser o pai de Tiago Potter, porém, a julgar pelo humor com que Tonks encarava as travessuras do filho, era provável que Hector estivesse sendo apenas uma cópia fiel e menos desastrada da mãe na escola. – Séria? Sobre o seu comportamento? De pai para filho ou de homem para homem?

Hector mantinha os lábios presos numa linha fina.

– Sente-se, filho – disse Remo suavemente.

O garoto fez a volta na cadeira em frente à mesa do pai e sentou. Ele respirou fundo, enchendo-se de coragem.

– A conversa é séria sim, mas eu... eu não vim... hum... É uma conversa de homem para homem – afirmou cheio de gravidade.

Remo arqueou as sobrancelhas e tentando não sorrir e fez um gesto para que o menino prosseguisse.

– Você deixa eu falar tudo sem me interromper?

O pai o olhou com grande curiosidade e depois assentiu, jogando-se para trás na cadeira. Hector não sabia exatamente por onde começar e passou quase um minuto gaguejando e dando voltas antes de finalmente começar a contar a história toda. O início era o mais embaraçoso porque ele teve de admitir que escutara a conversa dos pais sem permissão. Tentou passar o mais rápido possível por esta parte da história e colocar mais ênfase sobre o que estava escrito no caderno da avó de Danna e o que eles haviam descoberto lendo os números antigos do Profeta Diário. Remo escutou tudo com atenção, ficando cada vez mais sério na medida em que a história avançava. A parte da Floresta Proibida definitivamente lhe congelou as entranhas. Uma coisa eram as desconfianças de um bando de crianças em busca de novidade, outra era a prova real de que havia um grande perigo rondando a escola. Lupin sabia que o filho jamais mentiria sobre algo assim. Como prometera, ele só se manifestou quando Hector deu mostras de que tinha acabado de falar.

– Você tem noção da gravidade do que está me contando, Hector? – O garoto assentiu. – Por que não falou antes?

– Eu não podia contar essa história por carta – defendeu-se o menino.

– Está em casa há quase duas semanas, depois de amanhã você volta para a escola... Por que só veio me contar agora.

Hector engoliu em seco, parecendo ficar bastante sem graça.

– Eu... eu ia contar no Natal... para você, a mamãe e o Harry, mas... er... teve toda aquela história do Malfoy e depois as crianças trouxas e... foi passando e...

Lupin soltou um risinho pelo nariz. Hector podia não ter o seu sangue, mas ele o criara desde os três anos de idade e isso era tempo suficiente para amá-lo incondicionalmente e para conhecê-lo como se ele fosse transparente. Era óbvio que o menino acreditava que, se contasse para os adultos sobre o que estava acontecendo na escola, ele acabaria perdendo a sua aventura. Mas... afinal, ele contara e Remo não ia repreendê-lo por isso.

– Você falou – cortou a frase gaguejante do garoto – que você e os seus amigos têm suspeitos.

Hector soltou um suspiro de alívio bastante audível antes de responder.

– Pensamos que poderia ser o Prof. Widdenprice.

– Archibald? – Questionou Remo incrédulo.

– É – confirmou Hector sem graça. – Sabemos que ele é... – o menino balançou a cabeça de um lado para outro – meio bobo, mas quando o Harry enfrentou o Quirrel no primeiro ano dele, ninguém suspeitava dele também, não é? Além disso, é possível que o bisavô do Widdenprice tenha ajudado a esconder o tal Erasmus e a garrafa de Mefistófeles em Hogwarts.

– Isso não faz de Archibald, necessariamente, um Comensal da Morte.

O menino ergueu os ombros.

– Temos de seguir todas as pistas.

– Sei – disse Remo.

– A outra possibilidade é a Profa. Shadowes.

– A de Poções?

– Aham.

– Bem, eu a vi algumas vezes e confesso que ela faz mais o tipo do que o Archibald, as por que vocês desconfiam dela? Por ser Sonserina e ensinar Poções?

– Não exatamente. Quero dizer, josh acha que ela é inocente, mas é porque ele a acha bonita, mas... – disse o garoto, depois completou sob o olhar inquisitivo do pai – a Danna acha que ela é falsa.

– A Danna.

– É... – ele confirmou – eu lhe falei sobre ela.

– Sim, a selkye cuja avó escreveu o caderno que deu as pistas para vocês.

– Isso. A Danna tem essas coisas, sabe? E ela acha a Medéia estranha e, bem, a gente aprendeu a não ir contra o que a Danna acha.

Remo considerou as palavras do filho. As suspeitas das crianças podiam estar indo para um lado completamente errado... ou não.

– Hagrid acha que o tal espião que você ouviu pode ter algo haver com os assassinatos dos testrálios?

– Sim. Quer dizer, é uma coisa que Comensais da Morte fariam, não é? Ele só deixou para falar com a Ordem depois das festas porque... porque ele estava indo para a França passar o Natal com Mme. Máxime e eu... eu prometi que ia contar tudo... – completou baixando a voz.

– Certo. – Remo coçou o queixo pensativo. – Então – disse quase que para si – a garrafa em que Mefistófeles foi aprisionado pode estar em Hogwarts. – Hector assentiu. – E... de acordo com a crença, certos rituais do Livro de Fausto somente se concretizariam na presença do demônio que os ensinou. – O menino balançou a cabeça afirmativamente. – Se há um espião em busca disso no castelo... então, isso significa que o ritual que eles pretendem fazer para trazer Voldemort de volta, precisa, necessariamente, da presença de Mefistófeles...

Hector acompanhava o pai fascinado, afinal, ele realmente estava conversando com ele de homem para homem. O menino sorriu. Remo inclinou-se novamente para frente.

– Você disse que, de acordo com o tal diário da avó da sua amiga, Tom Riddle provavelmente ficou sabendo sobre da história de Erasmus e da tal garrafa. – Hector confirmou. – E a garrafa não foi aberta por Erasmus porque, estou presumindo, a fórmula para fazê-lo estava no livro. – Lupin continuou no mesmo tom pensativo. – Seria preciso ter os dois, mas Erasmus e seus amigos na Inglaterra não tinham. O livro só foi achado quase quarenta anos depois...

– Pelo Grindewald – completou Hector.

– É... E levado para Hogwarts por Dumbledore – Remo continuava absorto. – Será que era por isso que Voldemort queria tanto tomar o castelo?

– Seria terrível se a escola caísse nas mãos dele... Quero dizer, aí ele teria o livro e...

– O demônio nas mãos. Dumbledore sabia disso. – Remo voltou a fixar o menino com evidente orgulho. – Parabéns, Hector! Você e seus amigos foram brilhantes. – O garoto estufou mal se contendo em si. – Mas eu repito, filho: você tem noção da gravidade de tudo o que me contou?

Hector balançou a cabeça.

– E tendo noção disso, você é capaz de me prometer que não vai ir atrás de encrenca?

– Mas pai, eu...

– Quero a sua palavra, Hector.

– Você apoiava o Harry, e ele era só um ano mais velho do eu – resmungou achando-se injustiçado.

– Harry não procurava encrenca. Em geral, ela vinha até ele. O que definitivamente não é o seu caso, mocinho. Quero que me prometa que você e os seus amigos vão ficar fora disso.

Os olhos de Hector se encheram de lágrimas.

– Não é justo. Vocês não iam saber de nada se não fosse a gente e...

Remo levantou e fez a volta na mesa até chegar ao lado da cadeira em que Hector estava sentado. Dobrou os joelhos e fez o menino encará-lo de frente.

– Hector... você tem noção do que seria de mim e da sua mãe se algo acontecesse a você? – O menino baixou os olhos ainda emburrado. – Harry teve sempre muita sorte e... bem, capacidade também, mas coisas realmente graves poderiam ter acontecido com ele e com os amigos dele. Meu filho... imagine se alguma coisa acontecer com algum dos seus amigos... como você se sentiria? E se fosse com você? Sua mãe e eu... nós...

Hector deu uma fungada.

– Tudo bem... eu prometo que a gente não vai fazer nada.

Remo sorriu.

– Eu não disse para não fazerem nada. Eu não quero que sigam ninguém, nem se metam a valentes com algum possível espião, mas... – O garoto ergueu os olhos cheios de esperança. – Acho que vocês se deram muito bem com a pesquisa. Por que não continuam por aí. Acho que... a biblioteca é bem segura e... eu adoraria vê-lo com um livro diante dos olhos.

– Pesquisa?

– Uhum.

– Só livros e jornais velhos.

– Eles podem ser fascinantes. E vocês poderiam ter certeza de que estariam ajudando a Ordem, Harry, Gina e os bebês. O que acha?

– É só o que você vai deixar?

– Eu estou sendo muito generoso.

Hector pareceu travar um luta interna antes de responder conformado.

– Ok.

– Tenho a sua palavra, então, de que você não vai correr e nem arrastar os seus amigos atrás de encrencas.

Um barulhão vindo da sala de estar com o som de vidro quebrando impediu que Hector completasse a resposta que o pai pedia.

– ‘Tá tudo bem! – Gritou uma voz feminina.

– Sua mãe chegou – informou Remo divertido.

Hector começou a rir.

– Um recorde... o vaso de porcelana que a vovó nos deu no Natal durou quase uma semana.

– Fale isso na frente dela.

– Eu não – defendeu-se o menino rindo mais.

Remo se levantou e colocou a mão sobre o ombro do filho.

– Venha. Vamos conversar com a sua mãe e depois vamos nos preparar para a festa de Ano Novo na casa do Harry.

Os dois se encaminharam para a porta do escritório.

– Você vai contar isso hoje para ele?

– Amanhã – respondeu o pai passando pela porta e fechando-a atrás de si. – É melhor a gente não estragar a festa, não é?

– Com certeza – respondeu o menino, enquanto enfiava a mão no bolso do casaco e acariciava o Mapa do Maroto. O pai até que fora bem compreensivo, mas não queria nem pensar o que seria caso os gêmeos o entregassem.

Os dois chegaram à sala e encontraram o caos instalado. Uma folhagem havia despencado de sua prateleira e inundara o chão de terra e folhas. O que pareciam ser as roupas da festa, que Tonks havia ido pegar na Mme. Malkin, estavam jogadas de qualquer jeito sobre o sofá e se não estivessem protegidas pelo embrulho, estariam também agora cobertas de terra e porcelana quebrada. A Auror tentava inutilmente feitiços de reparo no vaso dado pela mãe.

– Do jeito que eu sou, eu já devia ter pelo menos aprendido a fazer um feitiço de cola que prestasse. Odeio feitiços domésticos – comentou com raiva. – É tanto caquinho... e eles não querem se juntar – reclamou agitando freneticamente a varinha enquanto o vaso se montava e se desmontava tentando encontrar a sua forma primitiva.

– Talvez fosse melhor colocá-lo longe da porta, Ninpha – Remo comentou divertido.

– Não ria – gemeu ela – mamãe vai me matar... Já estou até ouvindo: “acho que plástico é mais seguro quando se trata de você, querida!”

Hector enfiou as duas mãos na boca para segurar o riso.

– ‘Tá rindo do que, ô filhote de lobisomem? – Tonks perguntou colocando as mãos na cintura e encarando Hector. O menino soltou uma gargalhada. – Desde quando você tem licença para rir da sua mãe, hein?

Ela deu um passo, ameaçadora, em direção a Hector que continuava rindo e parecia antever o que viria.

– Deixa só eu por as minhas mãos em você, seu pestinha!

E esquecendo completamente da bagunça, ela começou a correr atrás do menino por toda a casa, os dois rindo e se provocando. Remo sorriu enquanto negava com a cabeça. Iguais. Hector e a sua Tonks. Ok, ele não era desastrado, pensou enquanto puxava a varinha e começava a dar um jeito na sala, mas os dois definitivamente tinham quase a mesma idade. Consertou a planta, limpou o embrulho das roupas e por último fez o bendito vaso se colar. Os gritos e gargalhadas vindos do quarto indicavam que Tonks tinha alcançado Hector e que o estava torturando com cócegas. Lupin guardou a varinha no bolso do casaco. Teriam de vigiar a escola a partir de agora. Isso não seria exatamente difícil. O problema seria vigiar Hector.


*************************


– Gina, por favor, decide de uma vez – Harry já estava implorando àquelas alturas. Os dois iam comemorar o Ano Novo com todos os parentes e amigos na casa deles. Mas ao invés de estarem ajeitando as minúcias da festa, Gina tinha colocado na cabeça que queria terminar o quarto dos bebês. E os dois haviam passado a tarde inteira colocando enfeites, arrumando detalhes e namorando cada uma das roupinhas que faziam parte do enxoval. Até aí tudo bem, se não fosse o fato de que há cerca de duas horas, ela inventara que a cor do quarto não estava boa. Agora, os dois discutiam para chegar a um consenso enquanto se alternavam fazendo feitiços para colorir as paredes.

– Tem certeza de que não pode ser aquele verde? – Perguntou Gina, mais uma vez.

– Não.

– Combina com os seus olhos.

– É a cor da Sonserina.

– Combina com os olhos das crianças – ela tentou mais uma vez.

– Joanne vai ter olhos castanhos como os seus.

– Quem disse?

– Eu disse – afirmou irredutível.

Gina bufou.

– Mas não pode ser azul, por causa da menina.

– Nem vem – Harry reagiu porque ela já tinha vindo com aquela história antes – eu também não quero o “meu garoto” dormindo num quarto cor-de-rosa.

– Que tal um vermelho desmaiado?

– É cor-de-rosa! – Afirmou convicto.

– Droga... isso quer dizer que teremos de voltar para o amarelo... Não gosto de amarelo. Me lembra a Fleuma – falou com uma careta. Gina ainda chamava a cunhada pelo apelido. Quando ela não estava por perto, é claro.

– Temos outra possibilidade – Harry voltou a sugerir.

– Não me venha com alaranjado, Harry. Você agora deu para incomodar com isso que nem o Rony.

Harry ergueu os ombros.

– É legal – Rony tanto insistira que ele também passara a torcer pelos Cannons.

– É brega! – Sentenciou Gina. Depois olhou para o quarto, desanimada. – Eu queria que estivesse pronto hoje...

Ele foi até a esposa e abraçou-a por trás.

– Gi, não vamos dar a festa aqui no quarto das crianças.

Gina fez um muxoxo.

– Eu sei. Mas que queria mostrar tudo prontinho...

Harry a apertou contra si e começou a lhe dar beijinhos na bochecha até ela desmanchar o beiço.

– Bem, o que acha de chamar as garotas durante a festa e vocês se divertirem tentando achar a cor ideal para o quarto?

Ela deu um suspiro conformado.

– Verde está vetado? – Arriscou mais uma vez.

– E cor-de-rosa também – disse ele.

Gina revirou os olhos e resmungou.

– Bem – Harry deu um sorriso de lado afastando uma mecha de cabelo vermelho que o atrapalhava – já que decidimos que não vai ficar nada decidido. – Deu um beijinho na volta do pescoço dela. – O que acha de – deu outro beijinho – tomarmos um banho e nos prepararmos para a festa, hein? – Mais um beijo e a pele da garota arrepiou inteira, Harry sorriu e continuou. – Além disso, acho que você vai precisar descansar um pouco antes que os convidados cheguem. O que me diz? – Perguntou sem se deter no que estava fazendo.

– Eu ouvi: “tomarmos banho”? – Gina perguntou toda lânguida.

– Uhum – respondeu com os lábios ainda colados no pescoço dela.

– Eu... – ela arfou – sou uma senhora grávida, sabia?

Harry começou a empurrá-la em direção ao quarto deles, atravessando o corredor e entrando na porta logo em frente.

– Senhoras grávidas se comportam como você, é? – Continuou a série de beijos ao mesmo tempo em que respirava o cheiro dela com vontade. – Uau... Vamos ter mais filhos.

– Harry!

Ela tentou fugir dos braços dele, mas Harry a segurou rindo e virou-a cobrindo a boca da esposa com a sua e não deixando que ela falasse por um longo tempo. Já estava começando a empurrá-la em direção ao banheiro da suíte quando ela o empurrou de leve, interrompendo o beijo.

– O que foi?

A jovem pôs a mão na barriga e fez uma cara estranha.

– Nada... eu acho...

Harry tocou imediatamente no ventre da esposa.

– Tem certeza?

Como se estivesse conferindo alguma coisa, Gina olhou um ponto qualquer no assoalho antes de responder.

– Tenho sim. Foi só um aperto, aqui – ela apontou um lugar na barriga – é normal nesse período. – Harry não se convenceu muito, mas Gina garantiu que não era nada de mais e ergueu o rosto sorrindo. – Eu vou colocar água na banheira e você vai lá embaixo verificar se o Dobby está com tudo em ordem, ok?

– Pensei que o plano era “tomarmos banho”...?

– Se o Dobby estiver com tudo pronto o banho pode ser mais demorado – Gina respondeu, sapeca.

– Ótimo argumento. – Harry lhe deu outro beijo do tipo desentupidor de pia e saiu correndo do quarto. – Volto em dois segundos!

Ele mal tinha chegado ao pé da escada quando ouviu Gina gritar o seu nome. Uma sensação de garra lhe apertando a boca do estômago só não o paralisou porque as suas pernas, como se tivessem vontade própria, se viraram e começaram a correr em direção ao andar de cima subindo os degraus de três em três. Harry só parou quando chegou à porta do quarto. Gina estava parada, no mesmo lugar em que ele a deixara, e olhava assustada para o chão, onde uma poça de água sob suas pernas cobria uma parte do taboão do piso.

– Você disse que não estava na hora ainda – Harry afirmou apavorado.

– Não está... – disse Gina um pouco ofegante e ele correu para tomá-la nos braços e levá-la até a cama, o coração zunindo frenético nas suas orelhas de tão nervoso. – Mas... acho que agora... não tem mais jeito, Harry...

– Como assim? – Ele perguntou atarantado, enquanto a recostava nos travesseiros com as mãos trêmulas e incrivelmente suadas.

– Eles estão nascendo!

– Ai, meu Deus!

– É... – de repente Gina não parecia menos apavorada do que ele com a situação – ai, meu Deus!

– O que eu faço? – Harry estava saltando ao lado da cama sem saber para que lado correr.

Gina começou a respirar ofegante.

– Chama a Alicia, rápido.

– Ok – disse ele se dirigindo para a porta do quarto.

– E a minha mãe.

– Certo – ele já estava chegando ao corredor.

– E a Mione!

– ‘Tá! – Virou-se para ver se ela queria mais alguém.

– Vai logo!

– ‘Tô indo.

E saiu desabalado em direção ao andar de baixo tentando pensar na forma mais rápida de anunciar que seus filhos estavam nascendo. Por Mérlin!! Seus filhos estavam nascendo!!!



*********************


O céu cinzento do lado de fora das janelas indicava que provavelmente voltaria a nevar durante a noite da virada do ano. A tarde ainda não acabara, mas Hermione já movera a varinha duas vezes na direção da luminária ao lado da sua cama para aumentar a luz e poder continuar lendo. Sem desviar os olhos do livro, ela puxou também o endredom sobre as pernas por causa do frio que fazia. Ainda estava cedo para começar a se arrumar para a festa e talvez desse para terminar mais uns dois capítulos, se Sirius prolongasse um pouquinho mais a soneca da tarde.

Rony entrou no quarto, vindo do banheiro, com os cabelos molhados, mas já vestindo um jeans e uma camiseta.

– Você não vai se arrumar? – Perguntou.

– Daqui a pouquinho – Hermione respondeu com os olhos ainda no livro.

O colchão ao seu lado afundou quando Rony se jogou sobre ele. Hermione ia reclamar, mas parou ao olhar para o marido.

– O que é?

– Sempre achei que você ficava linda lendo, sabia? – Hermione sorriu sem jeito e mexeu no cabelo. – Também gosto quando fica encabulada com elogios.

Ela ruborizou definitivamente.

– Bonita, é? Para quem levou quatro anos para perceber que eu era uma garota é interessante saber que você sempre me achou bonita lendo.

Rony se aproximou puxando o corpo para perto dela se impulsionando pelos antebraços.

– Bem, eu levei quatro anos para perceber que você era uma garota, mas muito antes disso eu já sabia que era comigo que você ia ficar.

Hermione fechou o livro definitivamente.

– Sabia? – Perguntou arqueando a sobrancelha. – E como é que você sabia disso?

– Sou mais bonito que o Harry – Rony afirmou presunçoso, fazendo Hermione rir.

– De onde você tirou isso?

Ele fez cara de ofendido e chegou mais perto, fazendo com que ela se encolhesse em direção aos travesseiros, enquanto Rony ia crescendo para cima dela.

– Eu sou mais alto.

– Desde quando isso é argumento de beleza?

Rony passou o braço sobre o corpo dela, prendendo-a sob ele.

– Eu sou mais forte.

Hermione riu.

– Naquela época você só era mais alto.

– Eu sou ruivo – disse já a centímetros dos lábios dela.

– Rony... nós temos uma festa – ele concordou e continuou se aproximando. – O Sirius pode acordar...

– A Winky está com ele – Rony a ajeitou sob o corpo dele e não a deixou continuar resmungando. – Mione... shsss

Ela nem conseguiu sorrir antes que ele a beijasse. Hermione subiu os braços para a volta do pescoço do marido, respirando pesadamente, e sentindo-se feliz e inteira como acontecia sempre que Rony a tomava nos braços e beijava daquele jeito. Como se o mundo fosse acabar dali a cinco minutos.

– Meu senhor! – A voz esganiçada de Winky gritou do outro lado da porta e Rony soltou um gemido contrariado ainda com os lábios grudados nos dela. – Meu senhor Rony Weasley!

– Vai embora, Winky! – Choramingou Rony, mas Hermione o empurrou de cima dela e levantou da cama indo em direção à porta. Rony deu um soco no colchão e afundou a cabeça nos travesseiros batendo os pés como um garoto pirracento.

Hermione achara a voz da elfa aflita demais para desconsiderá-la. E se alguma coisa tivesse acontecido com Sirius? E se ela o tivesse deixado cair? Abriu a porta e deu de cara com a minúscula criatura parada a sua frente com as duas mãos diante dos olhos, como se tivesse medo que algum deles abrisse a porta sem estar decente.

– O que foi Winky? – Hermione perguntou já um pouco aflita.

– Harry Potter, minha senhora, o senhor do Dobby, ele apareceu na lareira.

– Harry? Ele quer falar conosco?

– Eu vou arrebentar aquele quatro olhos – resmungou Rony, fazendo Hermione se virar e vê-lo ainda deitado na cama, olhando para o teto indignado. Ela girou os olhos e voltou-se para Winky novamente. A elfa continuava com as duas mãos no rosto, mas respondeu.

– Não senhora. Ele já foi, mas pediu para avisar que... que os seus sobrinhos estão nascendo.

Rony deu salto da cama e correu para porta ficando ao lado de Hermione.

– Você tem certeza, Winky?

Ela assentiu com as mãozinhas apertando ainda mais os olhos imensos. O casal trocou um olhar rápido antes que Rony falasse.

– Winky, arrume o Sirius para sairmos. Vocês vão conosco para a casa da minha irmã.

– Sim, meu senhor Rony Weasley. A Winky já vai arrumar o bebê Sirius agora mesmo. Pode deixar que a Winky faz.

Ela saiu correndo em direção ao quarto do garoto. Rony a acompanhou com o olhar enquanto Hermione já estava escancarando o guarda-roupas e tirando dele as primeiras peças que encontrava pela frente.

– Ela tem medo de ver o que, afinal? – Rony perguntou enquanto ajeitava a camiseta para dentro das calças.

– Ela já te pegou de cuecas aqui dentro – respondeu Hermione calçando um par de botas apressadamente.

Rony deu de ombros como se aquilo não fosse grande coisa e virou-se para apanhar o suéter que Hermione jogava nele. Começou a vesti-lo.

– As crianças vão nascer de sete meses?

– Bem – explicou Hermione correndo até a penteadeira e puxando o cabelo com uma escova para amarrá-lo – não chega a ser uma surpresa total. Gina é miúda e é normal que mulheres como ela não levem até o fim uma gravidez de gêmeos.

– Pode dar algum problema? – Rony lutava para calçar as botas agora.

– Espero que não. Alicia é muito competente tanto como curandeira, quanto como parteira. Vai dar tudo certo – garantiu confiante. – Você vai ver!

– Pena que não teremos mais festa de Reveillon. Mas não faz mal, não é? Ano que vem a gente pode fazer o maior festão e...

Rony parou próximo à porta, já completamente vestido, e percebeu que Hermione estava congelada em pé junto à cama. Estava pálida e os olhos pareciam que iam saltar das órbitas.

– Mione... você está bem? – Perguntou se aproximando preocupado.

Hermione ergueu as mãos e cobriu a boca parecendo muito chocada.

– Hermione – Rony chamou alto e colocou as mãos sobre os ombros dela – você está me assustando.

Ela o olhou ainda com as mãos sobre a boca.

– Você sabe que dia é hoje?

A voz de Hermione era quase um sussurro e, mesmo que a pergunta não parecesse fazer sentido, o coração de Rony começou a se apertar dentro do peito com um pressentimento muito ruim.

– Trinta e um de dezembro – respondeu com os olhos grudados nos dela e Mione assentiu. – O que é que isso tem a ver?

– Tom Riddle nasceu no dia 31 de dezembro, Rony.




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N/A: Eu sei, eu sei... Mas maldições imperdoáveis continuam proibidas pelo Ministério, portanto, respirem fundo, pensem que Azkaban é tão ruim na primavera quanto em qualquer outra estação, e mantenham suas varinhas nos bolsos.

Também podem lembrar de dessa vez eu não demorei tanto, hehe :D E que preciso estar inteira para escrever o próximo... Também estou doida para ver as carinhas dos potterzinhos, hihi *>.< ups, surtei geral*

Espero que tenham gostado do capítulo e, antes de agradecer a cada comentário maravilhoso que recebi, quero fazer algumas notas sobre o capítulo.

Primeiro: a referência ao fato dos trouxas conhecerem Harry Potter, como vocês já devem saber, se liga aos acontecimentos descritos na fic da Belzinha: Harry Potter e o Segredo de Sonserina.

Segundo: Eu tomei a Sarah Laurent emprestada da fic da Regina McGonagall: O Paciente Inglês. Ao contrário da Bel, que faz uma ligação direta da fic dela com a da Regina, eu não pude fazer o mesmo, devido ao fato do meu roteiro já estar mais fechado, especialmente no que diz respeito ao Snape. Ainda assim, a Regina generosamente me emprestou a Sarah, que é uma personagem encantadora, e me deu a honra de fazer essa pequena homenagem ao talento dela aqui no Retorno. Obrigada, amiga!

Agora, sim, um por um:

Morgana Black: Oi, aqui é a Nika, a Sally manda dizer que... hehe... adorou seu coment balbuciante e alvoroçado :D:D Ficou chata de tão boba e risonha pq vc elogiou as cenas de ação dela. Nós duas mandamos beijos (e vou parar com isso antes que desenvolva uma dupla personalidade... teria que eliminar as outras 4, hehe).
Mimi Potter: Eu tb adoro, Mimi. Brigadão. Bjs.
Sônia Sag: O que dizer, querida? Obrigada pelos dois coments, aqui e no Fire. E, sim, o Carlinhos é um Weasley, como ele poderia ser diferente? :D Ok, esqueça o Percy =(
Regina McGonagall: Hehe! Vamos ver quem chega primeiro desta vez, hihi. Obrigada de novo pela Sarah, amiga. Sabe que eu gosto mais do nome trouxa dela? :D Bj.
Brunaa: Obrigada mesmo, Bruna. Olha, eu procuro ao máximo ser fiel ao perfil psicológico dos personagens nos livros. Claro que, no caso de gente como o Snape, é preciso fazer algumas escolhas pq a tia Jô ainda não deu todas as cartas. Mas o Draco a gente viu crescer, né? A doninha é a doninha :D Beijão!
Jaline Gilioti: Agradeço de novo o seu comentário Jaline. É muito bom ter esse retorno de quem está lendo. Quanto aos personagens... sim, eu continuo fazendo o que eles querem. Viu nesse capítulo? Foi só deixar o Harry e o Draco sozinhos e olha o que deu *revira os olhos* hehe. Obrigada mais uma vez, querida. Beijos para vc e o seu filhote.
Gina W. Potter: Pôxa, Gina, vc não sabe o tamanho do elogio que me fez. Pq eu realmente sempre achei que romance e ação fossem as partes que eu mais penava para escrever. Valeu mesmo! Beijão! Espero que as cenas românticas tenham curado a sua depressão. Lembrei de vc enquanto escrevia =)
Lize lupin: Queridaaa!!! Adorei conversar com vc, te achei um doce. Mas acredite que os comentários de vcs é que são o meu grande presente. E continue escrevendo sim, vc leva muito jeito para a coisa. Bjs grandes.
Victor Farias: Obrigada, Victor, por tudo. Seus comentários, seu incentivo e seu carinho. Olha, alguns capítulos, como o anterior fazem os leitores me encher de perguntas. Algumas eu posso responder, outras não. Vou responder a sua. Os poderes do Harry e da Gina não apenas se equivalem, eles se completam. Espere para ver. Beijão!
Bernardo: Qual é a do Malfoy? Hummm... conto ou não? Nem sob cruciatus, hehe. Valeu colega! Vc não tem aparecido no Fire, hein. =(
Érica: 50?? Nossa, não sei se tenho saúde para isso, não Érica, mas já aprendi a não fazer predições sobre os fins das minhas fics, porque eu sou lenta nas minhas narrações e os capítulos vão ficando imensos e eu acabo tendo que cortá-los. Adorei a coisa do cinema, sabe que a imagem de Liverpool eu baseei numa locação real? Fiquei feliz de ter conseguido passar essa visualização e tb pelo que vc falou dos personagens. Obrigada. Beijos enormes!
Drika Granger: Obrigada pelos elogios e pela compreensão, Drika. Fico feliz que mesmo com a demora, vcs não desistam de mim e que achem que vale à pena. Mas esse demorou menos, né? E se vc sente o que os personagens sentiram, então... nossa, eu realmente fico muito lisonjeada.
MarciaM:Hahaha ri muito do super banheiro :D:D. Querida, estou em falta com vc, não é? Mas eu passo lá, viu? É que a minha vidinha anda muito cheia de coisa, mas eu apareço, pode deixar. Beijos e obrigada.
Charlote Ravenclaw: Hihi adorei o seu comentário cheio baixou este, baixou aquele hahaha! Fico feliz que tenha gostado do Galton, tenho planos para o nosso bichinho, hehe. Imagina quando o Hagrid conhecê-lo? Vc tem uma teoria...? Ohhh... *silêncio* Smac!
Molly: :D Molly, vc entendeu perfeitamente a atitude do Harry segurando a Gina sem ser arremessado longe. Algumas perguntas eu respondi nesse capítulo, outras só mais adiante, mas, sim, Galton vai voltar a aparecer. Ele é especial! :D Beijos querida.
aRwen potteR: Gente nova... ehhhh. Eu amei o seu comentário, aRwen, só fiquei meio culpada =S Obrigada pelos elogios todos, me deixaram muito, mas muito contente. Ser um autor que prende é uma ambição :D.
Bruna Perazolo: Linda, eu amei o seu comentário enooomeee, hehe. Que bom que vc acha que estou sempre melhorando, isso me deixa bem feliz. Infelizmente não vou poder responder as sua perguntas, mas concordo com vc, os Comensais são escória! Beijos amada!
Belzinha: Você tem crédito, amada. E depois do que eu demorei para ir comentar seu último capítulo, mais crédito ainda. Obrigada sempre pelo seu apoio, carinho e críticas. Vc tem sido inestimável, amiga. Conte comigo sempre. Beijo grande.
Doug Potter: Valeu, Doug! Adorei o “ler uma fic sua”. Uau!! Fiquei parecendo o Dobby sorrindo. Que bom que valeu esperar. Bjão.
Priscila: Nenhuma dúvida, Pri. E nesse capítulo mais do que nunca porque a briga começou muito antes de conseguir pensar em apartar... aii... foi um horror. Como eu tenho dito, acho que sou só a primeira que leio as cenas... nada mais. Mas isso acaba com a gente como escritora, né? Beijos querida e obrigada.
Kika: Já contou Kika. Ele é turrão, mas sabe o que está envolvido, o que não quer dizer que ele vá ganhar pontos com a Mel, porque a baixinha é fogo na roupa, hehe. Aguarde. Beijos!
Clow Reed: Rafa, obrigada pelo carinho. Fiquei curiosa sobre a sua dúvida teórica :D Uma pena que meu tempo para entrar no MSN no findi tem que ser dividido com escrever porque ou eu converso com os amigos, ou eu escrevo =( É o único jeito. Espero que a gente consiga um tempo para poder se falar. Bjão!
Luna Weasley: Luninha!! Fiquei muito feliz com as notícias de que vc está se adaptando. Eu tb ando desaparecida do MSN, mas estou no finzinho do meu prazo e não posso mais me enrolar =( Quanto a falar com a tia Jô, se a vir, apenas dê um beijo nela por mim e implore para que ela não faça nenhuma besteira... hehe. Bjão!
Carolshimi: Valeu Carol!! Seus desejos de inspiração parecem ter funcionado sim, continue mandando eles, para que eu demore menos. Pode desejar tempo tb, hehe. Beijos, linda!
Nathok: Tb amo a Gina! Quanto aos demônios... bem, vc vai saber um pouco mais deles adiante. Afinal, conhecê-los é a melhor arma para tentar acabar com eles, não é? Beijos e pode continuar conversando consigo mesma, hehe, eu gosto de ouvir.
Carline Potter: Puxa, amiga, vc compensou a ausência, hein? Hehe. Sabe que eu amo os seus comentários. Uma pena é que não posso nem de longe responder as suas perguntas. Tenho mistérios a preservar, hehe. Só em relação à fic da Bel, se vc percebeu, já estamos na mesma temporalidade, agora, ambas no fim do ano de 2006, mas é provável que ela adiante bastante nos próximos capítulos para as aventuras não se chocarem. Como vc viu eu adotei a Sarah, mas não vou fazer relação com o Paciente Inglês. E, embora o Alan seja um fofucho-mor, ele não vai aparecer no Retorno. Tenho que manter meu roteiro... fazer o que? Quanto ao resto... aí são coisas da fic da Bel mesmo e para saber só lendo ela :D. Beijão, amada!
Paty Black: Só em vc vir ler já me deixa feliz demais da conta, querida. Adorei vc dizer que eu te emocionei no fim do 25. Uau... isso é demais para qualquer autor.Quanto a este... aiiii... já estou até ouvindo o que vc vai reclamar, hehe. Mas é questão de ritmo. Não posso fazer nada se os acontecimentos engolem esses “momentos”. Beijão miga!
Torcatto: Muito obrigada Torcatto, pelos elogios e por ter vindo comentar. Vc não imagina a injeção de incentivo que é ler palavras como as suas. A coisa das gaiolas é realmente aterradora, não é? Mas não sou a primeira autora a usar essa idéia. Lembra de João e Maria? Contos infantis podem ser barra pesada, né? Espero que vc continue comentando sim. Vai fazer uma autora feliz. Beijos!
Thais_me: Obrigada Thais. Vc tá com sorte, né? Comentou hj e já veio novo capítulo, mas não acostuma rsrsrsrs... Vou fazer o possível para não demorar muito, ok? Bjs.
Bru Radcliff: Vc pediu para avisar quando a fic ficasse pronta, não é? Ok. Mas vou acabar avisando sobre cada capítulo postado pr vou te adicionar na minha caixa, tá. Obrigada pelos elogios. Beijos!
Geia: Vc nunca está atrasada, amiga, nem perde o jeito nos seus comentários. Amei vc ter conseguido escrever antes de eu postar. Te adoro muito, viu? Bjs.

Obrigada de coração aos coments, votos e leituras silenciosas.
Beijos enormes e até o próximo ;D

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