Natal Branco



Capítulo 24

N/A: O início deste capítulo ocorre em paralelo à cena final do capítulo anterior. Primeiros dias de dezembro de 2006.



Natal branco



Se o tempo tinha se arrastado até a chegada do dia das bruxas, o mesmo não tinha se repetido nas semanas que se seguiram. Harry sentira os dias voarem mais do que nunca. Era como se toda a pressa, que o tempo não tinha antes, tivesse desabado quando novembro entrou e, num piscar de olhos, dezembro já tinha começado. Para piorar, Harry passou a contar os dias ao inverso. Cada dia que passava era menos um para o nascimento dos bebês e um a mais de vantagem para os Comensais em relação a eles. Essa vantagem somente se inverteria quando eles encontrassem o ritual exato, aquele que os Comensais pretendiam usar para trazer Voldemort de volta.

Talvez novembro tenha passado mais rápido porque todos eles – com exceção de Hermione, que passava a maior parte do tempo trancafiada na sede da Ordem trabalhando com Remo e Snape na tradução do livro – tinham, finalmente, retornado às suas atividades normais. As férias de Carlinhos tinham acabado e ele estava envolvido num novo projeto com um antigo professor e a filha deste, fato que vinha deixando Ana estranhamente irritada, na opinião dos amigos. Gina entrara numa espécie de furor criativo. Mantinha seu trabalho na área de desenvolvimento de produtos para as Gemialidades Weasley, escrevia um novo livro de DCAT – programado para ser lançado no ano seguinte –, pesquisava sobre Aradia e ainda era grávida de gêmeos em tempo integral, com direito a todas as oscilações de humor e sensibilidade a que tinha direito. Harry, Rony, Tonks e Ana tinham retornado ao trabalho, sob o elogio de muitos colegas – afinal, seu retorno havia implicado também na queda de Umbridge, que não era exatamente uma pessoa “querida” nos corredores do Ministério. As atividades deles, contudo, não haviam se modificado em quase nada. Ana e Tonks continuavam a se revezar com Quim e Gerard Griffin na vigilância a Draco Malfoy, que continuava recluso à antiga propriedade da família. Harry e Rony cumpriam horário no Ministério, mas como sua missão “oficial” era caçar os Comensais foragidos de Azkaban e encontrar pistas sobre as crianças trouxas que continuavam desaparecidas, isso não os atrapalhava e os dois podiam sair sem darem muitas satisfações. Isso vinha sendo bastante útil, já que ambos queriam acompanhar de perto o processo de tradução dos rituais do livro. Certo, Harry queria acompanhar de perto, Rony, nem tanto.

– Eu seria um cara bem mais feliz se continuasse um completo ignorante sobre as coisas que o maluco daquele Fausto escreveu – Harry lembrou de um comentário feito por Rony dias antes quando os dois cruzavam juntos a praça em frente ao número 12 do Largo Grimmauld. – Até os feitiços de amor são malvados. O que é aquilo? “Você não vai comer, não vai dormir, não vai respirar... até estar comigo”. Isso mata!! Mas fazer o quê? A Mione passa a maior parte do tempo aí dentro e com o meu filho... – fez negativas indignadas com a cabeça. – Sério, depois que isso acabar vou considerar seriamente uma poção do esquecimento.

Harry, na ocasião, não pôde deixar de dar razão ao amigo. O estômago dos membros da Ordem, envolvidos com a tradução do livro, vinha sendo constantemente testado desde que este fora aberto. À medida que avançavam nas páginas era como se os rituais também avançassem em perversidade e horror. Alguns decididamente tinham chegado a tirar-lhe o sono, povoando sua cabeça com as imagens dolorosas que sugeriam. Ele achava que, de longe, o ritual chamado de Roubo de Poder tinha sido o pior que eles haviam traduzido até então.

– Não me lembra desse – gemeu Rony fechando os olhos, quando ele comentou. – Eu sempre achei que a Cruciatos e a Avada fossem ruins o suficiente. Mas esse... ritual é... Que tipo de mente deturpada seria capaz de imaginar uma coisa daquelas?

– O Quim disse que ele já tinha ouvido falar sobre isso – continuou Harry apesar das caretas de Rony. – Falou que existem tradições africanas que se referem a bruxos envolvidos com feitiçaria e magia das trevas e que eles costumavam usar coisas assim contra os bruxos inimigos. Conseguiam tirar o poder do bruxo morto e absorvê-lo. Quando mais matavam, mais poderosos ficavam.

– Lembre-me de não fazer inimigos entre os africanos – resmungou Rony de mau humor. – Por que será que tem gente que não se contenta em simplesmente ser um bruxo, hein? Feitiçaria envolve usar espíritos – Rony mexeu-se num arrepio incomodo – e magia das trevas... ahhh, não conheço nada que valha tanto a pena assim.

Harry não pode deixar de sorrir. Rony não negava ser um Weasley até o último fio de cabelo vermelho. Traidores do sangue, todos eles, e com um imenso orgulho disso, não pareciam ter atração por nada que pudesse envolver magia maléfica.

Por outro lado, bem que Harry gostaria que os únicos fatos que estivessem perturbando o seu sono fossem os que aconteciam na sede da Ordem. Mas não eram. Em casa, as coisas também andavam difíceis. Gina há muito parara de ter visões com as crianças desaparecidas e com as Missas Negras, mas para compensar ela se afundara de corpo e alma nas pesquisas sobre os poderes de Aradia. Os resultados vinham se mostrando cada vez mais perturbadores, pois quanto mais ela se concentrava no assunto, mais os poderes pareciam aflorar nela. Isso deixava Harry em constante sobressalto, quando não francamente assustado, como na noite em que ele acordou e a encontrou flutuando adormecida quase um metro acima da cama. Quando coisas assim aconteciam, Gina tentava acalmá-lo com aquela história de que os poderes que ela vinha desenvolvendo desde que engravidara eram a vantagem deles para protegerem os bebês. Mas Harry não estava tão certo disso. Ele próprio já lidara com poderes estranhos. Sabia como ninguém que, força sem domínio era o mesmo que nada. E Gina estava longe de compreender e dominar os próprios poderes. O que lhes tirava qualquer vantagem. E os dois sabiam disso.

Como se não bastasse, ainda havia os pesadelos. Harry não contara para ninguém, mas continuava sonhando que acordava sozinho na própria cama, sem Gina ao seu lado. E isso vinha lhe perturbando mais do que tudo. O pressentimento de que algo muito ruim estava para acontecer quase o sufocava, mesmo quando ele se dava conta de que havia sido apenas um sonho e que Gina continuava adormecida ao alcance do seu braço.

Era uma tarde fria no Quartel General dos Aurores do Ministério da Magia e Harry balançou a cabeça tentando afastar as imagens que muitas vezes teimavam em persegui-lo mesmo à luz do dia. Ele, agora, cruzava rapidamente os corredores da seção onde trabalhava indo em direção ao cubículo que dividia com Rony no fim do andar. Das paredes, os rostos dos fugitivos de Azkaban, em cartazes de Procurados e recortes de jornal, o olhavam passar mirando-o com arrogância e desprezo. Harry voltou a prestar atenção nos relatórios que tinha em mãos. Havia definitivamente algo de errado com aqueles relatórios. Isso porque de acordo com eles nada estava acontecendo. NADA. A última vez que Harry lembrava que NADA estava acontecendo foi no seu quinto ano em Hogwarts quando, logo após seu retorno, Voldemort ficara extraordinariamente quieto. Ou seja, não acontecer NADA não significava nada de bom. Pelo menos, não quando se tratava de Comensais da Morte e Voldemort.

Abriu a porta do minúsculo escritório sem cerimônia.

– Rony... – parou ao ouvir um estrondo. As pernas de Rony tinham desabado de cima da própria mesa e o amigo o olhava com uma cara sonolenta e assustada. – Atrapalhei o seu sonhinho? – Perguntou sarcástico.

– Não enche Harry – Rony deu um enorme bocejo enquanto esfregava o rosto. – Sirius resolveu que não queria dormir na noite passada e também que não queria ficar com a Winky... Quando eu lembro que fui eu que insisti para termos um filho agora, tenho vontade de cortar os pulsos.

Harry riu.

– Ué... achei que isso fazia parte da tática de produção Weasley. Começar cedo e ter muitos, certo?

– Fale por você – respondeu o outro – eu estou considerando seriamente que o Sirius seja filho único. – Ele esfregou o rosto com mais força e sacudiu a cabeça para acordar. – E aí? Alguma novidade nos relatórios?

– Nada – Harry lhe passou os pergaminhos que vinha analisando. – Olhe você mesmo.

Rony mexeu nos rolos, sem vontade.

– Acredito em você – jogou-se para trás na cadeira. – Eles estão quietos demais, não é? Quero dizer, desde a fuga, não fizeram nada. Esse tipo de espera não combina com a Bellatrix.

– Não, não combina – Harry concordou, com uma expressão absorta. – A não ser que esteja nos planos dela... esperar.

– Pelo quê?

– Eu não quero nem pensar na resposta – concluiu Harry cansado.

Rony pareceu compreender imediatamente o que o amigo quis dizer. Harry estava se referindo ao nascimento dos filhos. Coçou o queixo pensativo.

– Tem algo faltando aí, Harry.

– O que quer dizer?

– Bem... é que quando eu digo que não combina com a Bellatrix é porque... olha, se colocarmos tudo o que sabemos junto, parece muito pouco com o jeito dela de agir.

Harry puxou uma cadeira e sentou em frente à mesa de Rony.

– Explique.

– Sabemos que a Bellatrix é uma fanática louca e sem qualquer limite. Mesmo que ela seja razoavelmente inteligente, ela não raro metia os pés pelas mãos justamente por não conseguir controlar o próprio comportamento maníaco.

– Você esta falando do que ela fez com os pais do Neville... ?

– Exato. Ela foi torturar dois Aurores quando poderia ter, como o Lucius – esse sim um cara realmente inteligente – bancado a enfeitiçada arrependida e esperado um momento melhor para agir. E lembra como ela agiu quando nos encontrou na Sala de Profecias do Ministério? Ela quase te matou só porque você chamou o cara de cobra pelo nome dele. E quando você a pegou na batalha em Hogsmead? Foi de novo por culpa da incapacidade dela de controlar a própria loucura.

Harry considerou as palavras de Rony. Ele tinha razão. Tinha algo escapando deles.

– Essa frieza de ação definitivamente não combina com ela – Harry arrematou quase que para si.

– Aham – concordou Rony satisfeito. – Hermione também concorda comigo. Mas ela me falou uma coisa que me deixou ainda mais cismado.

– O quê?

– Que poderíamos esperar algo assim do Lucius, mas nós sabemos que ele não está envolvido nisso desde o início. Sabemos que as coisas começaram a acontecer antes dele fugir de Azkaban...

Harry estreitou os olhos.

– Acha que estamos lidando com uma outra mente pensante, aí?

Rony fez um movimento de cabeça.

– Alguém frio, determinado e sem pressa – completou o ruivo.

– Quando foi que você e Hermione chegaram a esta conclusão?

– Ontem à noite – disse ele com um suspiro cansando – você não imagina como a gente começa a “ver” coisas que aparentemente não fazem sentido quando ultrapassa todos os níveis de sono e cansaço. – Harry riu. – Não ria! Devo lembrá-lo, cunhadinho, que você vai ter dois... e de uma vez só!

– Senti uma certa maldade na afirmação.

– A vingança é doce meu amigo.

Harry deu uma gargalhada.

– A última vez que você me disse isso foi quando eu casei.

– Claro – Rony deu de ombros – você estava casando com a minha irmã, depois de ter me chamado de doido e perguntado 23 vezes se eu tinha certeza de que realmente queria me casar com a Mione. Sinceramente acho a Gininha muito pior que a Mione, se estamos falando de mulheres bravas e mandonas.

Harry estava quase caindo da cadeira de tanto que ria.

– Você contou quantas vezes eu perguntei? Sabe que um desavisado que ouvisse isso, poderia achar que você não tinha muita certeza sobre o seu casamento, sabia?

Harry desviou com rapidez de um porta-penas que voou na sua direção. Os dois ainda riram por um tempo antes que Harry levantasse e começasse a juntar suas coisas. A conversa com Rony tinha mexido com ele e Harry pretendia seguir aquela pista o mais rápido possível.

– Aonde vai? – Perguntou o amigo.

– Para a sede da Ordem. Acho que vou ter uma conversinha com o Ranhoso.

– Acha que ele pode saber de alguma coisa? Quero dizer, sobre a tal “mente pensante”?

Harry deu de ombros.

– É o melhor que podemos conseguir no momento. Não que me agrade ter de extrair informações do Snape, mas... se ele souber de alguma coisa, ele vai contar. Ahh se vai! – Harry pegou o casaco, a manta e a capa que estavam pendurados em um cabide de chapéus próximo à porta. – Você vem comigo?

– Agora não – disse Rony olhando sem entusiasmo para a própria mesa. – Tenho que terminar umas coisas que interrompi para... hum... meditar. – Harry riu. – Vou mais tarde. Também quero passar em casa antes para pegar umas coisas que a Mione me pediu e tomar um banho, você sabe que eu detesto aquele banheiro lá da Ordem.

– Só porque os canos gemem um pouco? – Harry perguntou divertido.

– Um pouco?! Aquilo parece um condenado arrastando correntes.

– E é um condenado arrastando correntes... tem um fantasma preso no encanamento – Rony resmungou algo como “esses Black eram uns malucos” enquanto Harry ria. – Me faz um favor, então, Rony? Antes de sair, deixa estes pergaminhos aqui com o Stewart – ele separou três rolos na pilha sobre a sua mesa e entregou para Rony e depois consultou o relógio no seu pulso. – Ele ainda não deve estar na sala dele, mas disse que passava aqui no fim da tarde antes de ir para casa e eu preciso que estes relatórios cheguem às mãos dele ainda hoje.

Rony olhou os pergaminhos.

– Sem problema – depois, como quem lembra de alguma coisa, fez uma careta – fora o fato de que vou ter olhar para a cara do insuportável do Oates.

Harry parou na porta.

– Cara, eu vou ter que concordar com as garotas. Você não acha que a sua implicância com o Richard é um pouquinho além da conta?

– Não – respondeu Rony com calma. – O Carlinhos concorda comigo que ele não é confiável – falou como se isso encerrasse a questão.

– É claro que ele não é confiável. Mas não é por isso que você e o Carlinhos não gostam dele, é?

Rony cruzou os braços sobre a mesa e encarou Harry.

– Não te incomoda o jeito como ele olha para a Gina?

Harry revirou os olhos.

– Rony, se eu fosse me incomodar com todo o cara que olha para a Gina, eu já tinha conseguido um tique nervoso. Além do mais – arrematou de um jeito presunçoso – ela é MINHA mulher. Os outros coitados só podem fazer isso: olhar.

Rony fez uma careta. Estava decidido a não engolir nada que viesse de Richard Oates. Se Harry não tinha ciúmes, bom para ele. Mas isso não mudava o fato de que havia uma vozinha no fundo da cabeça de Rony que dizia que eles deviam tomar cuidado com o colega. Harry se despediu e saiu apressado em direção aos elevadores.

O resto da tarde se arrastou de forma bem mais tediosa enquanto Rony lutava bravamente contra o sono. Ao mesmo tempo, tentava manter a mente alerta e analisar a papelada a sua frente. Só não estava xingando Sirius a cada 10 minutos por causa da foto do filho que tinha sobre a sua mesa. Era só olhar para ela que ele derretia e até esquecia a dor nas costas, a cabeça pesada e a areia que insistia em ficar nos seus olhos.

– Vou começar a por poção do sono na sua mamadeira, pestinha! – Falou carinhoso para a foto na qual Sirius tentava dar os primeiros passos, caia e ria. – Sem que a sua mãe saiba, é claro.

Voltou a sacudir a cabeça. Já estava começando a falar sozinho. “Primeiro sinal de perda completa da razão”. Olhou para os pergaminhos abertos à sua frente, as letras iam e vinham num borrão embaralhado. A pena, para qual ele estava ditando suas anotações sobre os relatórios, pendia parada sobre um pergaminho no qual havia mais palavras riscadas do que frases com sentido. Rony consultou o próprio relógio. Já passava das 16:30. “Provavelmente o Stewart já está na sala dele.” Deu outro enorme bocejo. Estava cansado demais para continuar e como o expediente terminaria em meia-hora, ele provavelmente não teria de esperar mais pelo colega. Puxou a varinha de dentro das vestes e com um movimento fez os relatórios se enrolarem e empilharem em um dos lados da sua mesa, a pena caiu ao lado do tinteiro e suas anotações amassaram a si próprias em uma bola se atiraram no lixo ao lado da mesa.

Com os três rolos deixados por Harry em uma das mãos, Rony saiu num passo lento e arrastado até a sala do colega. Pediu mentalmente para que Stewart estivesse na sala e ele não precisasse nem olhar para o Oates. Nossa, ele realmente tinha pego aversão ao garoto. Parou em frente à porta onde se lia:

AURORES
Tibério Stewart
Richard Oates


Rony até chegou a erguer o punho para bater, mas ao se aproximar da porta ouviu um som esquisito vindo de dentro da sala. Algo como um sibilado forte. Intrigado e sem conseguir conter a curiosidade colocou a mão suavemente na maçaneta, girando-a e empurrando a porta tentando fazer o mínimo de barulho possível.

– Pare de me atormentar!

Ouviu Richard resmungar. O rapaz estava em pé, de costas para a porta, as mãos apoiadas sobre a mesa e o rosto voltado para baixo. A voz era um sussurro angustiado. Rony olhou rapidamente o resto da sala. Era um cubículo igual ao que Harry e ele trabalhavam, mal cabiam as duas mesas e, como a de Stewart estava vazia, Oates aparentemente estava falando sozinho. Rony ia dar um novo passo para dentro da sala e, talvez, incomodar o colega, mas parou ao ouvir outro sibilado.

– Já disse que não sei! – Richard encobriu o sibilado com a resposta ríspida. – Não sei o que eles estão fazendo... eles nem me deixam chegar perto... Você sabe que eles não vão com a minha cara e...

Rony estava congelado. Com quem diabos aquele idiota estava falando? E aquele sibilado? O que era...? Ele arregalou os olhos. Não! Não parecia ser língua de cobra. Era mais gutural, mais rouco, como um rádio mal sintonizado. Mas certamente estava falando coisas, a julgar pelo jeito como o jovem Auror reagia cada vez que o sibilado aparecia.

– Pare! Pare... com... isso! – Implorou Oates. O rapaz parecia torturado. – Eu não a tenho visto. Não sei! – Ele parecia à beira das lágrimas, mas respirou fundo, tentando se recompor. – Acho que está tudo bem com ela, bastaria olhar para o Potter para saber se algo estivesse errado. – Agora, definitivamente o queixo de Rony tinha caído e ele mal ousava respirar. Houve um novo silêncio, acompanhado de outro sibilado e Oates mexeu a cabeça com violência. – É claro que eles não estão parados. O que acha? Têm virado isto aqui do avesso com estas malditas investigações... Claro que estão fazendo coisas fora daqui, mas eu já disse que não sei o que são e nem onde...

Um sibilado interrompeu a fala dele soando furioso e fazendo com que Rony sentisse os pelos da nuca arrepiarem num sinal claro de perigo. Richard tirou as mãos da mesa e recuou um pouco e quando falou a voz continuou a soar insegura e amedrontada.

– Estou fazendo o que eu posso, ok? Você disse que não exigiria muito de mim... Eu... – ele ofegou – sim, eu vou fazer por merecer o que você me prometeu. Vai cumprir a sua parte no nosso trato, não vai?

Um som mais alto, parecendo um ronco e um cheiro esquisito invadiram a sala. No mesmo instante, Richard se virou em direção à porta com as faces completamente sem cor.

– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI, WEASLEY?

Rony escancarou a porta e largou os pergaminhos que carregava sobre a mesa mais próxima.

– Eu trabalho aqui, Oates. Com quem você estava falando? – Inquiriu Rony com a voz gelada.

– Olhe a sua volta, Weasley – Richard ergueu os braços de um jeito cínico, continuava pálido, mas já recuperara a empáfia costumeira. – Parece haver alguém aqui além de nós dois.

– Você estava falando com alguém. Eu ouvi muito bem. E falou sobre o Harry – Rony ia jogando as palavras, cada vez mais furioso, enquanto avançava em direção ao outro, o rosto em brasa. – E quem é ELA a quem você se referiu, hein? FALA!

– Está ouvindo coisas que não existem, Weasley! E imaginando também!

– Não banca o espertinho comigo, Oates! – Rony avançou de vez e o pegou pelo colarinho, quase erguendo o outro do chão. – Eu espero mesmo que você estivesse falando sozinho, que não tenha mencionado o nome do Harry e que ELA não seja nem de longe quem eu estou pensando, ou então...

Richard olhava Rony com ódio e não parecia estar intimidado.

– Então, o que Weasley? Vai fazer uma procissão de ruivos malucos para me bater? – Ele deu um empurrão forte em Rony, forçando-o a soltá-lo. – Não tenho medo de você, Weasley! Nem do seu tamanho, nem da sua cara feia! Ouviu eu dizer alguma coisa? É? Prove? Vá correndo chorar nos ouvidos do seu amiguinho “poderoso” que o Richard malvado anda falando sozinho. Vá dizer para o Quim, vai! É a minha palavra contra a sua! – Richard ergueu o queixo em desafio.

Rony puxou rapidamente a varinha das vestes e apontou para o colega.

– Fala logo, com quem você estava falando, antes que eu perca a cabeça! – Berrou Rony.

– Me obrigue – provocou Oates com uma expressão de desdém.

– Seu...

A porta novamente escancarou.

– Ronald! Richard! O que está acontecendo aqui? – A voz chocada de Tibério Stewart chegou por trás dos ouvidos de Rony. – Garoto, baixe isso! – Ele pegou o braço de Rony, forçando-o para baixo. – Pelas barbas de Mérlin! Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Vocês parecem moleques de escola.

Rony baixou a varinha e se recompôs sem tirar os olhos raivosos de cima de Oates. O rapaz sustentou seu olhar com o mesmo jeito debochado.

– Vim lhe entregar uns relatórios a pedido do Harry, Tibério. Estão sobre a sua mesa. – O Auror mais velho lançou um olhar para trás, verificando a informação, mas ainda parecia atordoado com a cena entre os dois colegas. Rony deu um passo à frente e colocou o dedo na cara de Richard. – Estou de olho em você, cara! Dê um escorregão, mesmo que seja assim, pequenininho, e você nem vai saber o que te atingiu, entendeu?

– Isso é uma ameaça, Weasley?

– Não, não é – Rony virou-se para sair e apertou amigavelmente o ombro de Tibério, que continuava a olhar de um para outro com uma expressão estupefata. Antes de chegar à porta, ele guardou a varinha nas vestes e se virou de novo para Richard. – Mas se eu pegar você olhando novamente na direção da minha irmã, o pessoal do Saint Mungus vai ter um bocado de dificuldade em identificar qual parte do seu corpo era a que ficava a sua cara. E isso sim, companheiro... é uma ameaça!

Rony deixou a sala absolutamente zonzo. O sono tinha evaporado. Aquilo tudo cheirava muito mal. Não só a conversa que ele tinha ouvido – e tinha certeza de que era uma conversa, mesmo que não soubesse com quem – mas também era estranha a própria reação de Richard. Ele não era assim nem tão corajoso, nem tão seguro. Rony nunca achou que Oates pudesse um dia desafiá-lo daquele jeito, afinal ele era maior, mais forte e hierarquicamente superior ao colega... Tinha alguma coisa aí. Era o comportamento de uma pessoa que parecia fora de si. Rony estava em frente aos elevadores quando uma das estagiárias passou por ele dando-lhe uma idéia súbita.

– Hei, você! É você, venha cá! – A garota era uma morena baixinha, de óculos e cabelos muito crespos, Rony se esforçou para lembrar o nome dela. – Erm... Lina...

– Lisa, Sr. Weasley.

– É, certo, desculpe. Lisa. – Em outra ocasião Rony teria tentado lhe retribuir o sorriso simpático, mas não estava com humor para as formalidades do trabalho. – Escute, você sabe como funciona a hierarquia aqui dentro?

A menina piscou umas duas vezes.

– Certamente. Sr. Wealey. Existem três categorias de Aurores. Os nível 1 só respondem ao Sr. Shacklebolt. Os nível 2 se submetem aos do nível 1 e os do 3 a todos que lhes são superiores e... os estagiários só obedecem... – completou achando graça da própria piada.

– Então, se eu lhe pedir algo você vai responder somente a mim, certo?

– Bem, sendo o senhor um Auror nível 2... eu acho que sim.

– Ótimo! Quero que você levante a ficha completa do Richard Oates. Tudo. Onde nasceu, nome dos pais, quem eram os amigos na escola, comida favorita, cor das cuecas... Tudo! – A garota arregalou os olhos, corando um pouco. – Em sigilo. Pode fazer isso?

A menina parecia francamente constrangida.

– Poder eu posso, mas... isso não é...?

– É só um pedido, Lisa. Como dezenas dos que você recebe aqui dentro. Me consegue a ficha dele para amanhã e não comenta nada com ninguém?

Ela confirmou com a cabeça.

– Ótimo!

A porta do elevador abriu e Rony deu um pequeno aceno para a garota antes de entrar por ela. Queria ver se o Harry ia continuar tão estóico em relação ao Oates depois que ouvisse o que ele tinha para contar. A cabeça de Rony estava um nó. Não era só a questão de saber de onde vinha o maldito sibilado com quem Oates parecia falar, mas também por que ele tivera a impressão de que Richard estava vigiando as atividades dele e de Harry dentro da seção. E para quem ele estava fazendo isso? E... – Rony sacudiu a cabeça irritado – tinha certeza de que a tal “ELA” a quem Richard tinha se referido era Gina. “Ahh eu vou dar um jeito dele abrir a boca! Isso não vai ficar assim, mesmo!”

Desaparatou em casa para pegar as coisas que Hermione havia pedido, antes de se deslocar para a sede da Ordem. Estava com tanta pressa de chegar lá que desistiu do banho demorado que pretendia e optou por uma ducha rápida, apenas para esfriar um pouco a cabeça, e também para se livrar de ter de tomar um banho com o fantasma de um condenado preso no encanamento. Já tinha colocado tudo o que pretendia levar em duas mochilas, quando ouviu a voz de Hermione chamando por ele. Correu para a sala e viu a cabeça da esposa flutuando nas chamas verdes da lareira. Hermione parecia transtornada.

– Mione? O que houve?

– Rony, vem pra cá agora.

– Eu estou indo... Aconteceu alguma coisa?

Ela confirmou com a cabeça e Rony viu duas lágrimas escapando dos seus olhos.

– Apenas vem logo – disse ela sumindo em seguida.

Rony não esperou nem mais um segundo. Saiu correndo do apartamento e aparatou em frente ao número 12 do Largo Grimmauld em tempo recorde. Entrou na casa como um furacão indo direto para a cozinha. Procurou nem pensar no que poderia ter deixado Hermione daquele jeito. Foi com alivio que ele percebeu que todos os membros da Ordem, que estavam envolvidos na tradução, estavam na cozinha. Foi só quando Hermione pulou no seu pescoço com o rosto vidrado de lágrimas que ele percebeu que ela não era a única que chorava. Ana estava deitada no ombro de Carlinhos igualmente arrasada e Tonks, sentada ao lado de Remo, não parecia melhor. Snape olhava a todos de longe, mas parecia sério. Quim estava sentado, com uma aparência derrotada olhando fixamente para o chão, e também havia lágrimas nos seus olhos. Harry estava em pé, logo atrás de Hermione, com uma expressão que Rony conhecia bem. Já vira o amigo daquele jeito diversas vezes. Ele emanava uma raiva surda. O que quer que estivesse deixando os outros tristes, somente atingiria Harry depois. Era óbvio que, no momento, ele estava furioso.

– Pelo amor de Deus... o que foi que aconteceu? – Rony perguntou olhando para Harry enquanto segurava Mione nos braços e acariciava o seu cabelo, consolando-a.

– Draco Malfoy desapareceu da sua casa em Wiltshire.

Rony franziu a testa sem compreender.

– ‘Tá, e daí? Desde quando isso é motivo de choro?

Harry fez um barulho estranho com a garganta, abriu a boca, mas a voz não saiu.

– Pegaram o Gerard, Rony – informou Tonks dolorosamente. – Ele foi assassinado.

– Santo Deus! – Rony sentiu o chão fugir por um instante. Gerard estava vigiando Draco e... se Draco tinha sumido e Gerard estava morto, então Draco tinha se juntado à família e... Por Mérlin! Gerard era um cara legal, um ótimo colega e... ele nem sabia o que pensar.

– Ele estava... – Ana deu um soluço – no turno dele... e hoje de tarde quando eu fui rendê-lo... eu...

Ela recomeçou a chorar copiosamente, sendo consolada por Carlinhos.

– Um Avada? – Perguntou Rony olhando novamente para Harry, sem nem mesmo saber por que estava perguntando. Afinal, que diferença fazia se o colega estava morto do mesmo jeito?

Harry fechou os olhos e sentou numa cadeira, afundando a cabeça entre as mãos. Hermione se soltou de Rony, mordendo o lábio inferior cheia de dor.

– Pior, Rony... muito pior – Rony prendeu a respiração esperando que ela continuasse. – A boca foi costurada com alfinetes, as mãos mutiladas e...

Rony não precisou ouvir mais nem uma palavra para entender do que se tratava.

– Usaram o ritual do Roubo de Poder.


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Na medida em que o Natal se aproximava, o humor de Hector piorava sensivelmente. As investigações dos cinco continuavam dando pouco ou, para usar a palavra exata, nenhum resultado. Archibald Widenprice III era, provavelmente, a criatura mais aborrecida e sem graça de um raio de 100 km e Josh costumava perguntar se os outros dois, isto é, o Widenprice I e o Widenprice II eram tão enfadonhos. A verdade é que os garotos exageravam. O professor nem era tão chato assim, a não ser, claro, se você estivesse esperando dele o comportamento imaginado de um Comensal da Morte. Se bem que, prestando atenção à História, essa era provavelmente a opinião de todos os que haviam se aproximaram do Prof. Quirrel no primeiro ano de Harry Potter em Hogwarts. Sendo assim, Hector ainda não havia desistido. Tentava sempre que possível ficar um pouco mais depois das aulas e fazer perguntas (algumas quase absurdas), como quem não quer nada. Mas fora um ou outro olhar aturdido do professor não conseguira arrancar muita coisa dele.

Para piorar ainda mais aquele início de dezembro, a notícia de que um Auror tinha sido assassinado deixara os garotos um pouco assustados.

– Eu conhecia ele... era amigo do meu pai – comentou Josh tristemente mexendo o cereal do café da manhã de um lado para outro no prato, sem muita vontade. Era uma manhã excepcionalmente fria e o teto encantado do Salão Principal exibia nuvens cor de chumbo, enquanto pelas janelas era possível perceber que começara a nevar novamente. – Ele foi lá em casa algumas vezes... era um cara legal...

Os outros se olharam sem saber muito o quê dizer. Era uma sensação ruim perceber que coisas realmente sérias estavam acontecendo. Que pessoas “de verdade”, próximas, e não desconhecidos de quem nunca se ouvira falar ou personagens de livros, estavam realmente morrendo.

O Profeta noticiara o fato com alarde. Afinal, era a primeira notícia realmente bombástica em quase dez anos. Ainda mais um caso envolvendo a morte de um Auror em serviço. Algo assim não acontecia desde que o Lord das Trevas fora destruído por Harry Potter. O fato é que, mesmo que todos achassem ótimo viver em um período de paz, eram as notícias realmente escabrosas que vendiam jornais, então, as manchetes sobre o episódio se estenderam por semanas. Contudo, estava claro que as informações sobre o caso não eram completas: o lugar e as circunstâncias da morte de Gerard Griffin permaneciam um mistério para os repórteres do Profeta e para seus leitores. E isso foi o suficiente para que Rita Skeeter não se furtasse a lançar dúvidas sobre a forma como o Ministério estava conduzindo o caso, sobre a competência de Kingsley Shacklebolt como chefe da Seção de Aurores e, claro, não deixou de citar o nome de Harry Potter. Algo do tipo: “E onde estava o nosso grande “herói” quando seu colega foi brutalmente assassinado?” Mel fingiu que ia vomitar quando Andrew acabou de ler a coluna dela no jornal.

– Será que teremos uma terceira guerra? – Perguntou Andrew fechando o jornal.

Nenhum dos outros ousou responder. Não era realmente um pergunta que queria resposta, mas um medo dito em voz alta. Estavam no final da segunda semana de dezembro, há poucos dias das férias e o Prof. Flitwick, vice-diretor da Escola, acabara de passar com a lista para ser assinada pelos alunos que ficariam em Hogwarts para o Natal. Nenhum deles assinou.

– Hector... – começou Mel.

– Eu vou contar – ele respondeu rispidamente antes que ela prosseguisse. Conhecia o tom de voz da amiga o suficiente para saber onde ela queria chegar.

– Isso está ficando realmente perigoso e...

– Eu já entendi, Mel! Não quero sermões a esta hora da manhã, ok?

– Não precisa ser grosso – retrucou Mel, também perdendo a paciência. – Eu vou para a aula. Vejo vocês depois. – E jogando a mochila sobre o ombro saiu em direção à porta, com o nariz empinado e as pernas duras de indignação.

Hector baixou os ombros, bufando.

– O que foi que deu nela?

– Você FOI grosso, Hector! – Sentenciou Andrew juntando os livros e levantando. – Vamos atrás dela, Danna? É melhor ela não ir sozinha para a aula.

Danna concordou com um movimento de cabeça, se levantando também.

– Mas ajuda bastante quando você pede desculpas, Hector – ela falou parecendo igualmente chateada com ele, embora de um jeito irritantemente piedoso. – Você sabe que a Mel tem razão.

Os dois saíram em direção à porta principal e Hector os acompanhou com o olhar antes de se voltar para Josh.

– Tem dias que a gente não devia nem sair da cama.

Josh não pareceu se condoer.

– Não faz drama, Hector. Até parece que você e a Mel não brigam pelo menos duas vezes por dia.

– ‘Tá contando, é?

– ‘Tô. E o escore dela é maior que o seu – Hector revirou os olhos. – Vem, vamos também ou a gente vai acabar chegando atrasado na aula de História da Magia.

Quando os dois chegaram à sala de aula já encontraram Andrew e Danna instalados em uma das mesas e guardando lugar para eles. A idéia de que História da Magia era a melhor aula para estar quando se estava com a mente ocupada com tantas preocupações, ocorreu a Hector tão logo o professor fantasma atravessou a parede do quadro-negro e começou a falar. Em geral, Hector se deixava levar e caía no mesmo torpor sonolento da maioria dos colegas, com exceção talvez de Andrew, enquanto Bins lia com a voz monótona anotações que falavam sobre o estabelecimento do Estatuto Internacional de Sigilo da Magia, de 1692. Mas naquele dia, ao que parece seria vítima apenas do outro “grande poder” do professor Bins, isto é, o de tornar o tempo tão lento durante a aula que parecia que o relógio estava andando para trás.

Não estava reclamando em absoluto. Isso lhe daria tempo para pensar no que faria. Como Andrew e Danna continuavam a tratá-lo friamente, isso significava que ele teria de pedir desculpas para Mel. Mas essa era a menor das suas preocupações. Duas coisas realmente o estavam incomodando. A primeira era ter de contar tudo o que tinha ouvido para os pais e para Harry. Isso podia significar (e provavelmente significaria) o fim de todos os seus sonhos de aventura naquele ano. Ele não podia negar que também ficara um pouco assustado com a proporção que as coisas estavam tomando, mas a idéia de entregar tudo nas mãos dos adultos estava acabando com ele. A segunda coisa que o incomodava estava imediatamente ligada à primeira. Na verdade, esta era a garantia de que ele continuaria no jogo mesmo que contasse tudo para os adultos. Hector precisava por as mãos no Mapa do Maroto. E teria de fazer isso no Natal e antes de contar tudo. O problema era como.

O Mapa estava com Harry. Isso dificultava um pouco as coisas, mas não muito. Podia ir à casa dos Potter e como quem não quer nada pedir para dar uma olhada no Mapa. Já fizera isso outras vezes. Aí, era só achar um jeito de ficar sozinho e passar a mão nele. O problema seria que, quando dessem por falta do Mapa, viriam exatamente para cima dele. Bancar o bom menino e pedir para ficar com o pergaminho também estava fora de questão. Mesmo que Harry concordasse, assim que Hector falasse sobre os novos acontecimentos na escola, tinha certeza que lhe arrancariam o Mapa das mãos mais rápido do que ele conseguiria dizer “espião”. Não, ele não conseguiria de nenhuma destas maneiras.

Quando o sinal tocou, Hector juntou o material com um mau humor ainda maior que o da manhã. Sua mente, normalmente brilhante quando se tratava de fazer alguma travessura, o estava deixando na mão. É certo que não se tratava de uma das peças bobas que ele costumava pregar nos outros, era uma coisa bem mais séria. Mas mesmo assim, incomodava o fato dele não estar conseguindo achar uma saída. Acompanhou os amigos para fora da sala e os quatro seguiram direto para o Salão Principal, estavam absolutamente esfomeados depois de quatro tempos de “de Bins”. Hector caminhou quieto, ia apenas ouvindo a tagarelice de Josh, os comentários ocasionais de Andrew e as risadinhas tímidas de Danna, mas sua mente continuava funcionando furiosamente.

O problema é que por mais que pensasse a saída não aparecia. “Droga!” Os quatro já entravam no Salão Principal, cuja decoração natalina parecia ainda mais exuberante que a do ano anterior, quando lhe ocorreu que seria ótimo se sua mãe não fosse sua mãe. Tinha certeza de que se ela não fosse sua mãe, ela o ajudaria e conseguiria dar um jeito no problema. Tio Carlinhos sempre contava que ela era dona de idéias fantásticas sobre como pegar coisas que não deviam ser pegas e fazer coisas que não deviam ser feitas. Os dois tinham aprontado muito em sua época em Hogwarts, embora quase sempre Tonks assumisse as culpas. Deu um suspiro triste, lembrava dos gêmeos falando o quanto tinham se inspirado nela em seus primeiros anos na escola e...

Um raio luminoso atingiu Hector naquele mesmo momento. Como não pensara nisso antes? Tudo o que ele precisava era das duas mentes criminosas mais brilhantes de todos os tempos. E, o melhor de tudo, mentes criminosas que haviam passado razoavelmente por cima do processo enfadonho de se tornar adulto. Hector deu um sorriso interno cheio de satisfação. Pelo que conhecia de Fred e Jorge não precisaria nem mesmo elaborar muito a história para conseguir que eles o ajudassem. Por outro lado, era pouco provável que eles entregassem Hector para os outros após saberem da história do espião. Pelo menos, não o entregariam se estivesse igualmente implicados, ou seja, os dois o protegeriam para proteger a si mesmos. Bem, não era um plano perfeito, mas era o melhor que ele tinha.

Sentou-se à mesa realmente satisfeito e comeu com apetite. Quando Josh e Mel vieram comer a sobremesa teve início o processo normal pelo qual ele e Mel costumavam fazer às pazes. Ele tentava pedir desculpas de um jeito enviesado. Ela desfazia dele e o provocava até ele ficar furioso e ela se sentir vingada. Os dois ficavam sem se falar por exatos quinze minutos e depois retornavam às boas como se nada tivesse acontecido. Estavam já no último estágio do processo quando Hector achou que poderia dividir com os amigos sua nova grande idéia. Ia convidá-los para irem a um canto abrigado do pátio para conversarem quando viu a profa. Medéia se aproximar. Estava com uma veste de lã roxa tão colada no corpo que se o tecido não desse de si, ela certamente não estaria respirando. Chegou sorrindo ao lugar da mesa onde o grupo estava sentado e deu um “bom dia” animado antes de se inclinar sobre Danna.

– Srta. O’Brien – a menina virou-se para ela. – Querida, você poderia vir a minha sala no intervalo das suas aulas da tarde? Eu gostaria de trocar umas palavrinhas com você.

– Claro Prof. Shadowes. – Danna pareceu meio insegura. – Hã... eu fiz alguma coisa?

O sorriso de Medéia se alargou.

– Oh, claro que não querida. Apenas gostaria de continuar nossas fascinantes conversas sobre o seu povo... quero dizer, sobre as selkies.

Danna assentiu e Medéia despediu-se rápida e saiu.

– Não estou gostando nadica desta história dela ficar interrogando você sobre as selkies – comentou Mel.

– Nem eu – concordou Andrew.

– Por quê? – Josh saltou imediatamente em defesa da bela professora. – Ela não pode ficar curiosa? Nós quatro ficamos quando a Danna nos contou que era descendente de focas. Vai ver que ela nunca encontrou uma. Que mal tem nisso?

Andrew e Mel não quiseram discutir, mas trocaram um olhar preocupado com Hector. O garoto também estava começando a desconfiar daquele súbito interesse da diretora da Sonserina na amiga deles. Assim, quando chegou a hora do dito encontro, Andrew e Hector fizeram questão de escoltar Danna até as masmorras e esperar do lado de fora da sala, mas deixando bem claro que estavam ali. Josh e Mel tinham aulas em partes mais distantes do castelo, assim os cinco somente puderam se encontrar no fim da tarde na mesa já cativa que tinham na Sala de Estudos. Apesar de Danna dizer que não estava contando nada de extraordinário e, na maior parte das vezes, apenas confirmando coisas que a professora já sabia, o grupo, fora Josh, permanecia tremendamente desconfiado.

– Bem – disse Hector – depois de amanhã já estaremos indo para casa e então quando voltarmos será mais fácil ficarmos de olho nela também, por causa do Mapa.

– Você já sabe como vai consegui-lo? – Mel se inclinou sobre a mesa, curiosa.

– Aham – confirmou e passou a narrar seus planos de envolver os gêmeos Weasley no assunto.

– Acha realmente que eles vão ajudá-lo? – Andrew não estava convencido. – Quero dizer, eles são adultos, pais...

Mel não tinha apreciado nada a idéia de surrupiar o Mapa da casa de Harry, mas ela prometera que não ia interferir no caso. Mexeu a cabeça afirmativamente para o amigo.

– O pior é que vão... Pelo que conheci dos dois, idade, casamento e filhos não os mudaram nadinha. Eles vão ajudar e – ela fez uma careta – não se impressionem se o Hector voltar cheio de dicas de como ser um mal-feitor escolar em tempo integral.

O dia da partida para as férias de Natal foi o maior atropelo. Arrumar malas, juntar livros, fugir de uma irmã mais velha controladora e procurar um gato fujão foram apenas algumas das coisas que eles tiveram de fazer antes de tomarem a carruagem que os levariam a estação de Hogsmead para pegarem o Expresso Hogwarts. Josh foi todo o caminho do castelo até a vila reclamando de Lane. Dizia que estava ansioso para chegar em transfiguração avançada, quando ele ia mudar de rosto ela nunca mais ia reconhecê-lo para colocar uma maçã na frente dele.

– Não tem uma daquelas bruxas dos contos trouxas que está sempre atrás da princesa com uma maçã? – Perguntou para Mel, ainda furioso.

A menina riu enquanto acariciava Ferdinando, o gato de Hector, que ia escarrapachado em seu colo.

– Tinha sim. Mas a maçã era envenenada.

– Credo! Pensei que só por ser maçã já era ruim o bastante.

Os dois acabaram rindo do comentário, seguidos por Andrew e Danna. Hector preferiu manter a cara de bravo, enquanto olhava magoado para o gato. Era a segunda vez no dia que o bicho saia de perto dele para ficar com a Mel. “Ainda vou dar esse gato traidor,” pensou quando tentou pegar o gato para descer da carruagem e o bichano grudou as unhas nas vestes da garota impedindo-o de tirá-lo dela. Já estavam embarcando quando uma enorme sombra se postou ao lado dos cinco.

– Vão todos para casa, então? – Perguntou Hagrid.

– Oi Hagrid!! – Cumprimentaram em uníssono Mel, Andrew, Danna e Josh. Hector apenas resmungou, continuava magoado com o professor. Hagrid pareceu notar e olhando diretamente para o menino, limpou a garganta umas duas vezes antes de falar.

– Hem hem... Hector... erm... será que nós... podíamos dar uma palavrinha?

O menino deu de ombros.

– Certo – concordou Hagrid – então... bem você podia vir... hã... até... ?– Ele indicou um canto mais afastado e começou a se dirigir para lá, Hector logo atrás. O resto do grupo ficou os olhando de longe.

Hagrid parecia bastante constrangido, mas Hector se recusava a olhar para ele. Os dois nunca foram apenas professor e aluno – até porque Hagrid ainda não era, tecnicamente, professor de Hector. Os dois se conheciam desde que Hector fora salvo pela ordem e sempre se deram muito bem. Talvez por isso, o menino estivesse ainda mais magoado. Ele nunca negara que aprontava, mas na ocasião da detenção na Floresta Proibida, Hagrid nem sequer tinha querido ouvi-lo.

– Hum... Hector, eu... bem, eu acho que fui muito duro com você... hã... – Hector o olhou, mas não alterou a expressão. Não ia ajudar um adulto daquele tamanho a pedir desculpas. Não ia facilitar. – Acho que, bom, eu deveria ter ouvido você... quero dizer, você disse que tinha um motivo e eu... quero dizer, seu motivo eu ouvi, mas eu não acreditei... erm... Veja bem, alguém conversando com Bellatrix Lestrange na Floresta é... Podia ser apenas uma história sua para...

– Eu não ia mentir com uma coisa dessas! – Assegurou o garoto.

– Não... Claro que não, Hector. Eu fiquei chateado, sabe? Estava tentando impor um pouco de disciplina... Minerva sempre diz que sou muito mole... e bem, você sabe como é... Quero ser um professor respeitado e...

Hector acabou sorrindo. Desde pequeno tinha a impressão de que Hagrid, no fundo, tinha apenas tamanho.

– Não tem problema, Hagrid.

– Você me desculpa, então?

– Claro.

Hagrid tentou torcer os cantos da boca, mas não conseguiu sorrir. Foi só aí que Hector percebeu que o amigo tinha os olhos muito vermelhos.

– Aconteceu alguma coisa, Hagrid?

O professor confirmou parecendo não conseguir conter mais as lágrimas. Tirou do bolso um lenço que mais parecia uma enorme toalha de chá xadrez e assoou fortemente o nariz.

– Acho que você realmente viu alguma coisa, Hector.

– Por que diz isso?

Hagrid fungou alto.

– O rebanho de trestálios... eles... – Hector prendeu a respiração. – Há uns dias dei falta de alguns, sabe? E, hoje... hoje eu encontrei... – Hector se aproximou e pôs a mão no cotovelo do amigo dando umas palmadinhas. – Só carcaças, Hector... nada mais... Tem algo muito ruim lá na Floresta, mas muito ruim mesmo, porque... Porque chegar a um unicórnio, qualquer um chega, mas... – Hagrid teve um novo acesso de choro antes de dizer entre soluços – só um assassino pode matar um trestrálio.


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– Então? – Questionou Rony já batendo os dentes de frio. – O que você vai fazer a respeito?

– Sobre o quê, exatamente? – Harry sentia os dedos perderem a sensibilidade mesmo sob as grossas luvas de pele de dragão.

Eram quase seis horas da tarde do dia 24 de dezembro e os dois estavam do lado de fora da Toca fazendo reparos nas luzinhas de Natal que enfeitavam as bordas da casa, e que a faziam parecer um estranho bolo glaceado, com os andares como camadas muito tortas, e os pisca-piscas fazendo às vezes de cerejas coloridas sobre a neve. A novidade de enfeitar a casa com luzes natalinas tinha sido obra do Sr. Weasley, que enfeitiçaram metros e metros de fios para fazer um agrado para as noras de origem trouxa e para sua própria esposa. Mas, ao que parecia, os pisca-piscas são um dos artefatos mais poderosos que os trouxas já inventaram, pois do mesmo jeito que eles costumam dar problema quando funcionam a base de eletricidade, eles enguiçavam com magia.

– Sobre o Oates! – Respondeu Rony sem paciência.

– Um problema de cada vez, Rony.

– Hei rapazes! – O Sr. Weasley gritou do outro lado da casa. – Vamos fazer mais um teste!

Harry e Rony empunharam novamente as varinhas. O Sr. Weasley tinha convocado todos os homens da casa para o serviço salvamento das ditas luzinhas. Ele tinha ficaria muito frustrado se justamente na noite de Natal, elas resolvessem não funcionar. Os filhos e o genro foram ajudar, mas o frio congelante já estava fazendo com que começassem a maldizer os enfeites e a fixação do Sr. Weasley em artefatos trouxas.

– Você vai esperar que ele se torne um problema? – Rony recomeçou. Batia há semanas na mesma tecla.

– Não... Mas você mesmo disse que não achou nada de estranho na ficha dele.

– Desde quando isso é indício de que não devemos nos preocupar.

– Eu estou preocupado, Rony! E não só com o Oates. O Snape não sabia de nada que pudesse ajudar com aquela coisa de ter mais alguém ao lado da Bellatrix. Ainda não achamos o tal ritual, o Hagrid me disse que quer me falar umas coisas depois que as festas passarem e eu tenho a impressão que não é nada de bom... – Harry respirou cansado e o ar gelado entrou cortante pelo nariz – Mas... não tem nada que a gente possa fazer, agora... então... vamos ter pelo menos um Natal normal, ok?

Rony pareceu constrangido. Dezembro não tinha sido um mês fácil para eles. A morte de Gerard Griffin fora um choque e uma tristeza. A Seção inteira de Aurores mergulhara em uma profunda depressão. Quim era o mais abalado. Além de ter perdido um de seus melhores homens, perdera um amigo e de uma forma... O fato de que os Comensais estavam realmente usando rituais do Livro de Fausto não só era uma confirmação desagradável, como esfregava na cara deles todos que seus inimigos eram capazes de tudo e que não iriam deter-se por nada. Com um quadro destes, Harry achava que, embora as desconfianças de Rony tivessem sentido, elas eram ainda uma parte menor dos seus problemas.

– DEU CERTO!!! – Gritou o Sr. Weasley triunfante.

Urros de alegria teriam ecoado dos quatro cantos da Toca, onde estavam posicionados, além de Harry e Rony, Gui, Carlinhos, Fred e Jorge, mas nenhum deles conseguiu dar mais do que um resmungo com as faces congeladas.

Menos de dois minutos depois, os seis rapazes estavam sentados em volta da lareira com os rostos sofridos, enquanto a Sra. Weasley brindava a cada um com uma caneca de chocolate quente e um beijo pelo esforço. O Sr. Weasley, no entanto, não parecia ter sido abatido pelo frio. Com sua caneca e um entusiasmo infantil ficou admirando a obra da janela e levando cada um dos netos no colo para mostrar as luzes de todos os ângulos em que era possível vê-las.

– Boa noite, família! – As chamas da lareira tinha se tornado subitamente verdes e o rosto de Percy Weasley flutuava nelas.

– Querido! – Exclamou a Sra. Weasley encantada dirigindo-se para a lareira, enquanto o resto da família cumprimentava sem o mesmo entusiasmo. Os gêmeos disseram um “boa noite, Percy”, com os sorrisos mais estudadamente falsos que conseguiram dar. – Estamos esperando você e a Patrícia.

– Desculpe, mamãe, mas não poderemos ir hoje. Os pais de Patrícia vão dar uma enorme festa para o embaixador do Ministério da Magia do Japão e nós não podemos deixar de ir. – A Sra. Weasley soltou os braços ao longo do corpo, desapontada. – Adoraríamos estar aí com vocês, mamãe, mas a senhora sabe como esses compromissos são importantes para a minha carreira.

– Claro Percy. Eu entendo – falou ela com um sorriso compreensivo que contrastava fortemente com o rosto impassível do Sr. Weasley e as caras francamente desagradadas dos irmãos, com exceção dos gêmeos. Fred e Jorge exibiam enormes sorrisos de satisfação.

– Todos entendemos, Percy querido – falou Jorge.

– É, Percy querido, tenha uma excelente festa com a sua adorável Patrícia querida – continuou Fred.

Percy fechou a cara para os irmãos, mas eles continuaram.

– Ah, e se amanhã estiver muito cansado da festa, Percy querido... – sugeriu Jorge.

– Ou tiver outro compromisso qualquer... – Fred prosseguiu fazendo cara de santo.

– Não precisa se incomodar em aparecer, viu?

– É... mande os presentes e nós nem sentiremos a sua falta, e nem tampouco da Patrícia querida.

A Sra. Weasley lançou um olhar ameaçador para os dois. Mas Percy retomou a palavra.

– Tentaremos aparecer aí amanhã pela tarde, mamãe. Não poderemos ir para almoçar... – Percy nem ao menos parecia constrangido. – Mas iremos aí dar um Feliz Natal para vocês.

– Eu vou esperar, querido.

– Ansiosamente – arrematou Fred com uma expressão nauseada e recebeu em troca um cutucão de Cátia.

Depois que Percy sumiu da lareira seguiu-se uma rodada de xingamentos de todos os irmãos por causa da insensibilidade dele. Fred, Jorge, Rony e Gina eram os mais revoltados e só pararam quando o Sr. Weasley pediu que eles maneirassem para não deixarem Molly ainda mais triste. Rony já começara a resmungar que Percy tinha que vir estragar o Natal quando Hermione resolveu liderar uma espécie de operação salvamento da noite. Com uma rápida troca de olhares com Cátia, Alicia e Fleur as quatro noras pegaram os filhos e cercaram a Sra. Weasley com os netos. Em quinze minutos, Percy era passado e Arthur e Molly riam sem parar das conversas das crianças.

Harry estava sentado no chão escorado nas pernas de Gina admirando a cena. Amava os Natais na Toca. Adorava aquela família grande e barulhenta. Adorava fazer parte daquela família grande e barulhenta. Sorriu inclinando a cabeça para trás e deitando-a sobre os joelhos de Gina. Ela devolveu o sorriso e tentou inclinar-se para lhe dar um beijo, mas a barriga a impediu. Gina jogou-se para trás num suspiro conformado.

– Estou enorme!

– Está maravilhosa – ele falou dando um beijo no joelho dela.

– Você sempre diz isso.

– É por que é verdade.

Harry levantou para sentar ao lado de Gina e poder namorar sem esforço, mas não conseguiu levar seu intento adiante.

– Mantenha as mãos à vista, Potter!

Gina revirou os olhos.

– Essa brincadeira perdeu a graça há pelo menos 8 anos, Fred.

– Quem disse que é brincadeira? – Perguntou o irmão com ares falsamente indignados.

– É isso mesmo, Gininha – continuou Jorge, que vinha da cozinha com um enorme pedaço de pastelão nas mãos. – É nossa função de irmãos proteger nossa irmãzinha grávida do tarado da cicatriz!

Gina e Harry caíram na gargalhada. Os gêmeos tinham dado este apelido a Harry durante a época em que eles namoravam, mas os dois continuavam a achá-lo engraçado. Até porque, nunca os gêmeos tinham conseguido ser muito eficientes em “proteger” a irmãzinha.

– Hei, Gina – Fred sentou num banco ao lado deles. – Você disse que ia nos entregar um novo produto para lançarmos na virada do ano. Já terminou de desenvolvê-lo?

– Aham – confirmou a ruiva. – Ana! Querida, você pode me alcançar aquela caixa que está perto da porta...? É, essa mesma.

Ana pegou a caixa, que era mais ou menos do tamanho de uma caixa de sapatos, e trouxe para a cunhada.

– O que é, Gina? – Perguntou curiosa.

A jovem deu um sorriso e abriu a tampa retirando dela uma porção de aros que lembravam pulseiras coloridas e entregou para os gêmeos, Harry e Ana, que estavam a sua volta. Fred e Jorge analisaram os aros, desconfiados. Rony se aproximou também comendo.

– O que isso faz? – Perguntou com a boca cheia.

– Bem – começou Gina separando dois aros da mesma cor – na verdade é um dispositivo de segurança. As pulseiras têm um raio de alcance que pode ser ajustado com o auxílio da varinha pessoal do comprador. Pensei que poderíamos vender para pais, sabem? As pulseiras podem ser colocadas nas crianças e se elas se afastam mais do que é seguro, a pulseira dos pais fica mais luminosa e a das crianças começa a apitar.

– Como um alarme de trouxas? – Jorge não parecia muito convicto da utilidade do objeto.

– É... mais ou menos – confirmou Gina, parecendo um pouco sem graça. – Eu achei que... Desculpem, garotos... mas minha cabeça só tem funcionado para coisas de segurança para crianças.

Fred ergueu a pulseira contra a luz e falando em voz baixa.

– A gente entende, irmãzinha. Mas não sei se isso vai vender muito, sabe? Quero dizer, é meio neurótico e...

– Eu quero uma – gritou Hermione ajeitando Sirius na cadeirinha para dar-lhe o jantar antes da ceia dos adultos.

– Eu tambén – assegurou Fleur que estava terminando de arrumar a mesa para o jantar.

– Guarde um par para nós, Jorge – Alicia estava lutando num canto da sala para fazer com que Kenneth aceitasse trocar um suéter já completamente inutilizado de tanta sujeira.

– Eu quero duas!

– Duas? – Fred virou-se assustado para Cátia que folheava calmamente o Semanário das Bruxas.

– Ahan – confirmou a jovem sem tirar os olhos da revista. – Uma para o Sean – apontou para o menino que brincava de cavalinho no colo do avô – e outra para você, querido.

Seguiu-se um estouro de gargalhadas na sala, enquanto Fred resmungava aborrecido.

– Bem – sorriu Jorge, pegando a caixa das mãos de Gina – parece que já temos um público consumidor! Acho que devemos fazer a propaganda dando a entender que elas podem ser usadas em maridos e esposas também. O que acha, Fred?

Fred considerou a expressão zombeteira do irmão, inclinou-se sobre a caixa pegando um jogo de pulseiras lilázes.

– Ótima idéia, Jorge! Aliás, vamos começar a fazer propaganda agora – levantou resoluto e seguiu até Alicia. – Meu presente de Natal cunhadinha.

Seguiu-se uma nova rodada de gargalhadas enquanto Jorge tentava tirar a pulseira de Alicia e Fred que a jogavam de um para outro através da sala. Em pouco tempo, Carlinhos e Gui também tinham entrado na brincadeira, enquanto Rony rolava apertando a barriga, jogado sobre o sofá. A confusão só terminou quando a Sra. Weasley finalmente os mandou pararem para jantar.

O jantar se seguiu por horas, a comida apreciada com a mesma satisfação que as conversas e piadas. Os assuntos tristes e incômodos foram cuidadosamente evitados, o que pareceu servir como um tônico para todos, pois eram quase três da manha quando a Sra. Weasley resolveu que todas as crianças tinham de ir para a cama. É claro que, para Molly, os únicos adultos na casa eram Arthur e ela mesma. E, para não desmenti-la, muitos dos filhos fizeram pirraça para não se recolherem aos seus quartos.

Na manhã seguinte, mesmo que os adultos quisessem esticar o sono com o frio convidando a permanecer sob as cobertas, as crianças (as de verdade) não deixaram. Chantal foi a primeira a acordar e, sem que se soubesse como, conseguiu carregar Kenneth e Sean escada a baixo para começarem a abrir os presentes deixados debaixo da árvore de Natal. Em minutos o som de risos e a algazarra de papéis rasgados e ruídos de brinquedos novos acordaram a casa toda.

Harry e Gina foram os últimos a descer e já estavam quase no fim da escada quando precisaram abaixar-se rapidamente e desviar de um vôo de Chantal em sua vassoura miniatura nova.

– Chantal! – Ralhou Gui. – Eu já disse que não é para voar dentro de casa!

– Mas papai, está muito frio lá fora e mamã não quer que eu vá para lá...

– Sem “mas”, Chantall. Ouça o seu papa! – Recomendou Fleur. – Este non é um comportment adequado a uma mocinha, n’est pas? Agorra, vá brrincarr com seus outrros brrinquedos.

Chantal fez um pouco de birra, mas um novo olhar de Gui fez com que ela voltasse para junto da árvore de Natal com os primos. A menina só retornou ao humor normal quando Hector chegou. Chantal correu para se atirar no pescoço do garoto, a quem ela simplesmente adorava, e Hector a carregou no colo até a árvore para que ela lhe mostrasse os seus presentes. Lupin e Tonks quase sempre vinham para o almoço de Natal e, nesse dia, ainda vieram acompanhados de Andrômeda e Ted Tonks. Arthur e Molly adoraram. Imediatamente Andrômeda e Molly engataram um papo de avós, enquanto Arthur começava seu habitual questionário sobre os trouxas para Ted, fazendo o pai de Tonks rir muito.

Harry passou a manhã mimando a esposa. Ele vinha trabalhando muito no último mês e sentia falta de ficar apenas colado com Gina, sem ter que pensar em coisa alguma. Os dois ficaram atirados em um sofá, apenas observando Ana inventar brincadeiras para conter as crianças e organizar, sem muito sucesso, a algazarra delas com os presentes. Rony e Hermione também estava aproveitando estarem juntos. Afinal, fazia tempo que eles não tinham um dia em que a garota não estivesse trabalhando em livros demoníacos e rituais maléficos. Os dois estavam eufóricos acompanhando as primeiras caminhadas de Sirius, com Mione o guiando pelas mãozinhas e Rony sorrindo e tirando fotos, sem parar.

Pela hora do almoço, Carlinhos e Harry começaram a lançar feitiços para ampliar a mesa e a sala de jantar e deixar todos mais confortáveis. Num canto da sala, Hector havia se afastado das crianças e confabulava muito sério com os gêmeos. Harry cutucou Carlinhos e os apontou com a cabeça.

– Acha que algo bom pode sair dali?

Carlinhos deu um sorriso de lado, dando de ombros.

– Quando tivermos um Natal com clima tropical na Inglaterra.

Os dois riram imaginando que tipo de crime os gêmeos estariam ensinado para o pequeno Lupin aprontar. Dava até pena de pensar nos professores de Hogwarts com Hector tendo esse tipo de “aula” nas férias. A certeza de que Fred e Jorge é que seriam má influência para Hector fez com que Harry nem sequer ligasse os acontecimentos quando, em meio a conversação do almoço, Jorge pareceu ter um novo e súbito interesse.

– Hei, Harry! A Gina me falou que o Colin passou para vocês algumas das fotos que ele tirou do julgamento da Umbridge. – Harry confirmou com a cabeça, tentando engolir o bocado de comida que tinha na boca. – Eu gostaria de ver isso! – Comentou o cunhado com uma cara maldosa.

– Wow, eu também – animou-se Fred.

– Estão lá em casa – informou Harry tomando um gole de hidromel para engolir a comida. – Posso passar para vocês depois e...

– Ahh... a gente pode ir buscar? Nós queríamos ver hoje. Quero dizer, se você não se importar? – Falou Fred com displicência.

Harry trocou um olhar rápido com Gina, Mione e Rony. Os outros tinham as mesmas expressões de “aí tem!”.

– Posso saber o porquê da vontade incontrolável de ver as fotos do julgamento da sapa velha? – Gina perguntou largando o garfo sobre o prato.

Fred e Jorge fizeram expressões malvadas idênticas.

– Estamos pensando em fazer um pequeno agrado... – começou Jorge.

– É... uma lembrança singela, sabe? – Continuou Fred. – Algo apenas para marcar a memória...

– Achamos que seria um presente interessante para nossos colegas dos tempos de Hogwarts.

Hermione ergueu a sobrancelha.

– Presente?

– Na verdade... – Fred consultou Jorge – hum... temos encomendas!

– Agora ‘tá explicado – comentou Rony, rindo.

Harry também achou graça.

– Por mim tudo bem. Vocês querem que eu pegue? O Dobby está de folga e eu...

– Nãnnn – recusou Jorge – depois do almoço, se você não se importar o Fred e eu vamos lá... Você pode ficar aqui com a Gi... Basta nos dar sua permissão para entrar na casa e nos dizer onde está.

– Ok – concordou Harry, achando um pouco estranha tanta solicitude, mas o mais provável era apenas que os gêmeos estivessem aprontando alguma coisa. Harry relachou sabendo que não poderia ser nada contra ele, pois os dois sempre tiveram medo de Gina e do que ela era capaz quando resolvia azará-los ou se vingar deles..

Depois do almoço, Gina subiu para descansar, os gêmeos foram até a casa de Harry. Voltaram em pouco tempo e foram se reunir com Hector para verem e rirem das fotos. Harry ficou conversando com Carlinhos, Ana e Lupin, enquanto o resto da família se distribuía em pequenos grupos de bate-papo e a Sra. Weasley mantinha o rádio a todo o volume, com seu programa favorito que mesclava músicas e participação do ouvinte. Pela hora do chá, ela pediu a Harry que fosse chamar Gina.

O rapaz subiu os degraus até o primeiro andar de dois em dois e entrou com cuidado no quarto de solteira da esposa pensando em não acordá-la de imediato. Mas seu plano frustrou-se ao ver que a ruiva estava olhando para o teto com os olhos muito abertos.

– Pensei que estivesse dormindo – Harry sentou na beirada da cama.

– Não... Só estava com preguiça de levantar.

– Sua mãe pediu para chamá-la para o chá.

Gina segurou a mão que ele havia colocado carinhosamente sobre a sua barriga.

– Humm... bom... Já estava mesmo com fome.

– Fome? Depois de tudo que você comeu no almoço?

Gina fechou a cara.

– Comentário infeliz, Potter.

Harry mordeu o lábio, percebendo a mancada.

– Erm... quer dizer... você comeu, mas as crianças, provavelmente não e...

Ela acabou rindo.

– Deixa pra lá. Apenas me ajude a levantar.

Mas Harry ao invés disso, inclinou-se sobre ela.

– Já? Sua mãe nem colocou o chá na mesa ainda... – falou insinuante levando os lábios em direção aos dela.

– Ahh – Gina segurou-o pelos ombros – mas você não vai querer ficar aqui com a sua mulher enorme e os seus filhos esfomeados, vai?

Harry puxou as mãos dela eliminando a barreira que ela havia colocado.

– Não seja má – falou preguiçoso – eu também estou esfomeado...

Gina ia continuar a protestar, mas ele a calou com um beijo. Foi um barulho forte no andar de baixo que fez com que se separassem. Seguiu-se o som de vozes alteradas e furiosas.

– O que será que houve? – Perguntou Gina. – Será que o Percy apareceu e os garotos estão brigando com ele? Me ajuda aqui, Harry.

Harry a ergueu.

– Espero que não, Gi. Não tem porque estragar o Natal da sua mãe. Acho que seus irmãos iriam se conter e...

– HARRY! DESCE!

A voz de Rony o chamou no pé da escada e Harry e Gina trocaram um olhar curioso antes de se precipitarem pela porta e pela escada. Harry desceu na frente, ajudando Gina com a mão e cuidando os degraus pelos quais ela descia. Foi só quando ela estacou olhando para a sala que ele se virou. Um silêncio estranho parecia ter tomado conta da Toca. Os Weasley, especialmente Rony e os gêmeos, olhavam para o canto próximo à porta com os rostos muito vermelhos e o resto de seus convidados não parecia menos aturdido. Andrômeda Tonks exibia uma palidez de assustar. Harry acompanhou os olhares da família. O que se passou a seguir foi muito rápido.

Harry sacou a varinha numa fração de segundo sentindo a raiva ferver dentro do si. Do outro lado da sala, Draco Malfoy fez o mesmo, a expressão destilando ódio. Molly, Hermione e Andrômeda soltaram gritinhos. Harry só não atacou o inimigo no mesmo momento, porque lembrou que Gina estava atrás de si. Deu um passo para o lado cobrindo o corpo dela com o seu.

– Fiquem calmos, os dois! – Ordenou Snape, nervoso. O ex-professor estava ao lado de Draco e se moveu um pouco para frente do rapaz. – Baixem as varinhas, agora!

– O que... ele... está fazendo aqui? – As palavras de Harry saíram com dificuldade de entre os dentes.

A sala mantinha um silêncio amedrontado.

– Se você se comportar mais como um homem e menos como um moleque, Potter – falou Snape ríspido – poderemos conversar a respeito.

– Eu não tenho... nada para conversar com esse... esse...

– Assassino? – Draco torceu o rosto com fúria. – Devo lembrar que o assassino aqui é você, Potter!?

Harry ofegou. Odiava Draco. Não havia nada que pudesse mudar isso. Todavia também não havia o que pudesse mudar a culpa que ele tinha em relação ao ex-sonserino. Estava com o coração aos pulos, mas a mão quente e firme de Gina em seu ombro pareceu ser capaz de lhe transmitir calma, sem que ela dissesse uma única palavra. Baixou a varinha lentamente.

– O que você está fazendo aqui?

Draco seguiu o seu movimento e também começou a baixar a varinha.

– Acreditaria se eu dissesse que vim lhe pedir ajuda?



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N/A: Bem, sei que já está virando uma praxe incômoda, mas peço desculpas pela demora. Minha vontade é realmente de atualizar mais rápido, mas neste capítulo, em especial, muitas coisas tiveram de ser ajeitadas na minha cabeça antes que ele fosse para a tela do computador. Como podem perceber a fic está entrando em uma outra fase e teremos elementos mais sombrios daqui pela frente, espero não correr ninguém com o que vem por aí.

Tomara que a espera tenha sido compensada. Senão pelo capítulo, pelo menos não há o que reclamar do tamanho (para os que apreciam os capítulos growpe, claro, fiquem sabendo que esse foi um dos maiores que já escrevi).

Meus agradecimentos para:

Geia: Ahh querida! Seu comentário me encheu de ternura. Obrigada, amiga. Sim, eu tenho muito carinho por estes personagens, eu não consigo negar isso em cada linha que escrevo. As fics me permitiram realizar o sonho de escrever sobre Harry Potter e eu realmente curto isso. Muito obrigada por todo o seu carinho e a sua amizade, querida. Um beijo enorme para vc!
Brunaa: Sim, Brunaa tenho total consciência que superar o capítulo 22 (passei meses pensando nele) seria difícil. Obrigada pelos elogios, fiquei muito feliz :D. Sobre o Snape, não acho que ele esteja diferente, quero dizer não da minha visão do sétimo ano...rsrsrs Mas para mim ele continua ranhoso, hehe. Quanto ao livro... é um sonho... quem sabe? Vontade não me falta, obrigada pelo apoio. Beijo grande.
Priscila: Não Pri, a Ana não está grávida, os rituais são mesmo indigestos, viu? Sim, o Ranhoso tem consciência, mas ainda é o Ranhoso, hehe. Beijocas.
Victor Farias: Não tem que agradecer nada, Victor. É sempre um prazer conversar e trocar idéias com vc. Quem tem de agradecer, sou eu. Agradecer a comunidade no Orkut, seu carinho e seus elogios. Muito obrigada mesmo! Um beijo grande.
Paty Black: Vc se redimiu, hihi, veio duas vezes \o/ Brigadão!! Ahh Paty, vc é das que gosta do Tiago como eu. Já te falei que adoro o teu Tiago? Sério. Acho ele simplesmente PERFEITO! E vc o escreve separando bem as personalidades dele e do Harry. Adoro. Que bom que gostou dos dois capítulos e das partes do Harry com a Gi, pq em matéria de emoção com estes dois juntos, vc é mestre. Beijos amada!
Saliva: Valeu, querido!!! Obrigada pelos elogios todos e pelos comentários aqui e no Grim. Beijão!
Bernardo: Meu amigo, acredite, minha opinião sobre o Snape não é muito melhor que a sua e a minha opinião sobre o Draco é muito pior do que sua, mas acho que vc deve se divertir escrevendo o Draco e eu me divirto escrevendo os dois. Gosto tanto de escrever esses ranhosos que até inventei mais um, hihi. Beijos!!
MarciaM: Hahaha eu sabia que vc ia delirar, hehe. Beijos!
Gina W. Potter: Brigadão Gina! Eu não consigo separar os dois, hehe. Deixo isso para aquela escritora inglesa chata que nos faz sofrer  (hihi). Beijo grande!
Maria Luisa: Me add? Mas nós ainda não conseguimos nos encontrar, né? Quando vc entra? O Sev, sensível? Humm não sei se colocaria as coisas desse modo, hehe. Mas obrigada pelos elogios e suspiros :D. Beijão querida!
Nicole Evans: Nossa, Nicole, quantos elogios... puxa... obrigada mesmo. Vc tem razão, a cena inicial ia ficar subentendida, mas como vc pediu, não sei... ela acabou aparecendo na minha cabeça tão redondinha que não pude deixar de escrevê-la. Também adoro a Danna e o Andy e vc vai ver mais dos dois adiante, aguarde. Leia a fic da Belzinha... tenho certeza absoluta que vc vai amar. Agora atendi seu pedido de novo. Esse capítulo ficou ridiculamente enormeeeee! Bjão linda!
Doug Potter: Valeu, Doug! Seu comentário foi do tipo que escritor lê e pensa: “graças a Deus não fiz uma salada”. :D Brigadão!
Regina McGonagall: Muito obrigada, Regina! Menina, ando com saudades de vc, mas meu tempo de dia, durante a semana no MSN é tão pouco . Mas continuamos nos lendo, né? E vc, quando posta coisa nova *ansiosa*. Bjão.
Belzinha: Capítulo Rowlinguiano?!?! Huahuahuahuahua... Vc é ótima em inventar termo como esse, Bel. Hahaha... adorei! Achei um tremendo elogio. E a senhora, heim dona moça? Cadê o 10??? Estou com síndrome de abstinência! Beijos querida!
Molly: Muito obrigada pelo carinho, Molly. Pode deixar, desistir não existe no meu vocabulário, hihi... Meu sangue grifinório é forte prá caramba. Beijo enorme para vc!
Sônia Sag: O que posso dizer, Sônia? O Hecotr é carismático. Faz parte dele, mesmo sendo um peste, hihi. Viu que tem mais gente apaixonada por ele? Para a Chantal ele é o garoto mais maravilhoso do universo, hehe. Quanto à visão do Snape... eu tenho umas idéias para o fim da fic. Aguarde. Beijocas, colega (adorei isso, me senti hihi)!
Charlotte Ravenclaw: Tb não fiquei com nenhuma pena do Ranhoso. Na verdade achei esse livro um fracote, hihi. Será que não dava para pegar mais pesado? Hummm... Idéias... hahaha! Quanto ao Hector... quando eu digo que o garoto precisa de limites... hihi. Mas o Draco no F.A.L.E só no dia que o inferno congelar. Beijos amada!!
Clow Reed: Acho que vou ganhar uma maldição, né Rafa? Hihi! Mas o que posso fazer: mistery is my busness (mistério é o meu negócio) e não vou afrouxar, viu? Sou má! Obrigada pelos elogios à fic. Sua leitura e seus comentário sempre me deixam muito feliz. Beijão, amigo!
Bruna Perazolo: Tem gente que gosta de capítulo growpe... eu amo comentário growpe (apesar da Floreios não gostar ). Adorei o seu Bruna, como sempre. Mas olha, minha intenção não foi que deixar o pessoal com pena do Snape, não viu? Eu não fiquei, hihi. Beijos querida!
Kika: Não Kika, vc não foi a última e valeu por mesmo estando enrolada vir ler. Tb acho o Harry o cara mais fofo que existe... mas o Siriusinho está à caminho, hihi. Bem, acho que o Ranhoso como Comensal viu muita gente morrer e algumas vezes deve ter até participado, mas ele (pelo menos nesta fic) ajudou realmente o Dumbledore, então imagino que lidar com isso tenha se tornado difícil para ele. Mas que eu não tenho pena, não tenho. Beijão linda!
Grazi DSM: Sabe que tb gosto do Rupert? Sério. Acho legal ele ter torcida, hehe. Quanto ao Draco... não, definitivamente não é o Draco do Bernardo (e olha que eu adoro o Draco do Bernardo). Mas aqui, terei de silenciar sobre o assunto (hehe). Beijão amada!
Sara Weasley: Os “miúdos” estão é meter-se onde não devem... e isso vai virar encrenca, acredite (hihi... adoro o jeito português de falar, é tão charmoso). Obrigadão!
Lu Felton: Em capítulo vc está agora? Espero que continue gostando. Beijo grande!
miwa: Brigadão, miwa! Valeu pelo coment.
Morgana Black:Dessa vês teve um bocado de Toca, não? Tb adoro. Eles parecem a minha família, hihi. Sério, tenho até uma versão dos gêmeos (meu marido e mau cunhado). E sim não só vou aprontar... estou aprontando, hehe! Bjão, amiga!
Luisa Lima: Muito obrigada Luisa. Que bom que correspondi à propaganda. Fiquei muito feliz lendo o seu comentário. Quanto às dicas, não tem esquema. Adoro trocar idéias com o Victor. Beijos e continue me dizendo o que está achando. Quando ao JK versão Brasil :D Brigadão!
Carolzinha:Mesmo sendo rapidinho eu adorei o coment, viu? Obrigada por mesmo estando sem tempo, vc vir ler e deixar uma palavrinha. Beijo grande!
Carline Potter: Como sempre Carline, não posso responder às suas perguntas. Mas ó... a coisa da carraspana no Hector. As 3 palavras juntas eu nunca ouvi, mas sei que a palavra “decepção” dói mais do que palmada. Rony e a Gina tem uma relação muito próxima por causa das idades e sempre fico pensando que o tadinho tinha só um ano quando ela nasceu. Perdeu o trono de caçula e para uma menina de uma única vez. Aí, não tem como os dois não viverem às turras apesar de se adorarem, né? Beijão!
Lili N.(Liz) : Puxa, Lili, obrigada! Sei como são difícies as pós-Hogwarts e fico feliz que vc tenha gostado dessa. Vou ler sua fic, sim. Vou começar a me atualizar assim que postar. Beijão!
Raiza: Tá aqui!! rsrsr. Beijos!

Gente, muito obrigada pelo apoio, comentários, votos, elogios e, principalmente pela leitura. É muito bom escrever para vcs.

Beijos e até o próximo!



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