O Espelho dos Desejos (Parte 2



Capítulo 16



O Espelho dos Desejos (Parte 2)


Hermione e Gina passaram a manhã inteira na Biblioteca. Sentaram-se em uma mesa próxima a Seção Restrita e, lá pelas onze horas, já haviam consultado pelo menos algumas dezenas de volumes. Mme. Pince fora “quase” simpática com elas, no que, provavelmente, havia dedo da diretora McGonnagall. Gina jurava que se elas tivessem apertado os olhos, virado a cabeça para a esquerda e desfocado um pouquinho a visão teriam surpreendido a velha bibliotecária sorrindo. Mas não deixou que Hermione, que já segurava o riso a todo custo, tentasse o artifício, porque ver Mme. Pince sorrir provavelmente iria contra a alguma lei do universo. Ainda assim, a velha bruxa não deixou de revisar a forma como usavam os livros, indo na mesa em que pesquisavam a cada 15 ou 20 minutos, exatamente como fazia quando elas eram meninas.

Mas a pesquisa não era a única coisa que ocupava a mente das garotas. Cada hora sem notícias de Harry e Rony era um tormento. De vez em quando, elas trocavam olhares silenciosos, ansiosos e preocupados. Consultavam continuamente os relógios de pulso e os conferiam com o grande existente na biblioteca. Como se estivessem num complô, os ponteiros dos três pareciam estar muito, mas muito lentos naquela manhã.

– Aqui estão Sra. Potter, Sra. Weasley – falou sorrindo um rapaz louro com uniforme da Corvinal e um grande distintivo de monitor, colocando mais uma pilha de livros sobre a mesa.

– Muito obrigada! – falou Hermione. – Sr. ...?

– Grant, Colin Grant – respondeu o rapaz, pressuroso. – Sou monitor-chefe – informou pela segunda ou terceira vez – então, o que as senhoras precisarem é só pedir. Eu estou aqui para ajudá-las.

– Obrigada, Colin. Você é muito gentil, – disse Gina – se precisarmos, nós o chamaremos.

A ruiva sorriu e o rapaz pareceu inchar, depois se inclinou e saiu, sentando numa mesa próxima e à vista, para o caso delas precisarem dele. Hermione e Gina tiveram de fazer um esforço enorme para não caírem na risada.

– Solícito ele, não? – Conseguiu, finalmente, comentar Hermione.

– Muito... Todos eles, aliás – respondeu Gina, abafando o riso e lançando um olhar rápido para as diversas mesas ocupadas por estudantes que fingiam estudar e a todo o momento vinham perguntar se elas estavam precisando de alguma coisa.

Hermione, que estava acostumada a carregar livros pesados, só conseguia tocar neles quando chegavam à mesa, pois sempre que ia até as prateleiras era seguida por um ou mais garotos que insistiam em trazê-los para ela. Gina até tinha tentado ir fazer sua busca nas estantes, mas o esmeradíssimo monitor-chefe lhe pedira que escrevesse o nome dos livros que queria e se ocupou de buscá-los, afinal, disse ele numa simpatia reverente, “a senhora não deve fazer muito esforço, Sra. Potter!”

Mas apesar do ar divertido, tanto Gina quanto Hermione estavam se sentindo um pouco incomodadas com aquilo tudo. Não eram do tipo de pessoas que procurassem fama ou popularidade. Conviver com Harry tinha ensinado muito a elas sobre isso desde a época em que estiveram na escola. Nos anos que se seguiram a guerra, porém, elas perceberam que o fato de serem as duas mulheres mais próximas dele, sem falar que ambas estiveram presentes à batalha final contra Voldemort, as tinha tornado quase tão famosas quanto o amigo. Logo, não foi difícil perceber que quando se é o foco das atenções, tudo o que você faz vira notícia e se você não faz nada, as pessoas inventam que você fez só para poder falar a seu respeito.

Os quatro amigos haviam perdido a conta de vezes em que haviam surgido boatos sugerindo brigas, traições, separações. Hermione tinha certeza em ver o dedo de Rita Skeeter em muitas das matérias desse nível, mas não conseguira provar. Na sua opinião, a repórter tinha o cuidado de não assinar as matérias que davam início aos boatos, só os comentando depois que metade da impressa bruxa já estava em cima deles. Assim, ela posava de inocente e Hermione não podia fazer nada.

Por outro lado, a tietagem dos alunos de Hogwarts tinha um quê inesperado, afinal, nenhum dos quatro estava acostumado a se portar como alguém famoso, pedindo favores especiais ou tendo o cuidado de não misturar-se ou deixar de fazer coisas que estavam habituados a fazer.

– Quero ver como vai lidar com isso quando vier ser professora aqui, Gina? – Perguntou Hermione se referindo ao fato de que Gina e Minerva tinham feito grandes planos durante o café-da-manhã para que a garota assumisse DCAT no próximo ano letivo, quando o Prof. Troop, atual titular da cadeira, se aposentasse.

– Ah – a cunhada jogou o cabelo para trás – eles vão estar acostumados, não serei novidade.

Mas Hermione não tinha o mesmo sangue frio e aquilo já estava realmente lhe incomodando. Tinha até considerado a possibilidade de pedir ao monitor-chefe que pedisse para os que não estivessem efetivamente estudando que saíssem da biblioteca, pois o zum-zum das conversas a estava enervando. Gina é que não deixou.

– Seria muito antipático, Mione! – E continuou com firmeza quando viu que a amiga ia argumentar. – Você consegue se concentrar tendo o meu irmão, o Harry e o Sirius na sua volta, não são esses garotos que vão atrapalhar a sua leitura.

Hermione fez um muxoxo, mas não discutiu.

Já eram quase meio-dia e elas haviam encontrado um bocado de coisas sobre os poderes que ligavam as sétimas filhas ao “sete mágico”. Hermione retomou alguns livros que ela e Rony haviam pesquisado logo após a morte de Voldemort para entender os poderes de Gina e percebeu que tinha deixado muita coisa escapar. Tentou se dar o desconto de que tinha sido uma época muito tensa, mas toda vez que passava por uma informação de que não se lembrava, soltava um xingamento baixinho para si própria. Assim, tinha passado uma boa parte do tempo consultando o livro da famosa aritmante Bridget Wenlock, uma bruxa do século XIII, que foi a primeira a descrever as propriedades mágicas do número 7*. Embora o houvesse estudado em seu curso de Aritmancia, quando estava em Hogwarts, ela nunca tinha prestado grande atenção ao excelente capítulo que a autora havia escrito sobre Aradia. Descobrira, por exemplo, que Aradia havia sido uma dentre inúmeros outros bruxos e bruxas que, ao longo da história, tinha se colocado contra o uso de rituais de sangue em magia e que ela denominava o seu maior poder de: “religare”. Hermione agora, tentava descobrir exatamente em que consistia o tal poder “religare” e se ele poderia ser acionado pelas sétimas filhas, que Aradia considerava suas herdeiras.

Gina não tinha encontrado muita coisa em “7 Motivos para ter 7 filhos”, nem em “Uma vida entre os Bruxos do Tibet: revelações dos poderes do número 7” ou em “Os Mistérios do Misterioso Número 7”. Mas, “Rowena Ravenclaw: uma biografia” tinha sido bem interessante, assim como um livro sobre a stregueria italiana – “Stregas e bruxas do sul da Europa: estudos e fontes de pesquisa” – e um outro, para Gina o mais interessante, apesar do título pouco inspirador: “A estrutura do Heptágono: as sete faces da magia”. Neste, uma frase tinha lhe chamado bastante à atenção: “O sete representa ao mesmo tempo: o número da criação e o número do fim. Ele se harmoniza com a vida e a morte. Ele encerra em si a UNIÃO de todas as coisas”. Não era uma frase muito diferente das muitas definições que tinha lido, mas o grifo na palavra “união” parecia entrar em acordo com o que Mione estava encontrando. Contudo, elas ainda precisavam de mais informações.

Gina sentiu um pequeno desconforto na barriga. Estava sentada há muito tempo e o bebê já começava a reclamar. Resolveu ir até a prateleira do fundo da Seção Restrita, ver se achava algum outro livro sobre o assunto e, assim, dar uma caminhada para esticar as pernas. Foi ela fazer menção de se levantar e Colin Grant já estava ao seu lado.

– Precisa de alguma coisa, Sra. Potter?

Gina completou o movimento evitando olhar para a cara de “não te disse” de Hermione.

– Preciso caminhar um pouco, Colin – e acrescentou, num sorriso gentil, quando o rapaz fez menção de acompanhá-la – mas posso ir sozinha, não se preocupe. Fique por aqui, a Hermione pode precisar de você.

O rapaz assentiu satisfeito e Gina se encaminhou rápido para o fundo da biblioteca, antes que Hermione a atingisse com alguma coisa pesada. Ela caminhou até a prateleira mais ao fundo da Seção Restrita. Estava cheia de volumes grossos e antigos de cores variadas. Capas cinzentas de tecido, capas marrons e negras feitas em couro, capas vermelhas com letras douradas já perdendo o pigmento. Gina ia observando os livros, lendo os títulos nas lombadas. Todos pareciam interessantes e alguns, como o próprio título denunciava, eram claramente perigosos. Ela pousou uma mão sobre a barriga e ergueu a outra, traçando uma linha com o dedo entre os volumes.

Mme. Pince que nunca a visse fazer isso, mas Gina tinha esse costume desde a época da escola. Ela tinha certeza que sempre achara os livros que precisava desse jeito. Claro que estar um ano atrás de Hermione e ser sua amiga ajudava. Bastava comentar que precisava fazer um trabalho e a colega lhe passava uma extensa e comentada bibliografia de consulta. Mas mesmo assim, Gina gostava de percorrer as prateleiras. Tinha uma impressão de que alguns livros a “chamavam”. Bem, ela não gostava muito de pensar nisso, não desse jeito, pois acabava sempre voltando ao episódio do Diário de Riddle. Mas a verdade é que ela tinha uma espécie de intuição sobre que livro deveria ou não abrir. Uma intuição, aliás, que apenas se afiara após sua experiência do primeiro ano.

Terminou a prateleira que estava diante de seus olhos e passou para a logo abaixo. Foi o quinto livro que lhe chamou a atenção. Era um volume cinzento, escuro, com a lombada gasta e com o título, “Sonhos”, quase apagado. Ela o puxou, segurando com as duas mãos e aproximou-se um pouco da janela antes de abri-lo.




***********


Depois que o café da manhã terminou, Andrew sugeriu que os cinco esperassem um tempinho antes de irem até a cabana do Hagrid, “para ele não desconfiar, sabem?”

– Desconfiar do quê? – Quis saber Mel, enquanto eles se acomodavam nas escadas de uma das portas do castelo que dava para o pátio e de onde eles podiam observar o meio-gigante cortar lenha em frente a sua casa.

Andrew e Joshua trocaram olhares e depois se voltaram para Hector.

– Digamos – falou Josh, enquanto Hector fazia uma cara de que não tinha nada a ver com o assunto – que o Hagrid conhece as manias investigativas do nosso amigo aqui.

As meninas deram risadinhas.

– E, às vezes, ele nos põe a correr por causa disso – completou Andrew.

– É... – disse Hector rapidamente – mas hoje ele não vai desconfiar por causa das meninas, a não ser que um de vocês dois fique fazendo cara de culpado. É sempre um de vocês que nos entrega.

Os dois meninos protestaram e a discussão prosseguiu por algum tempo, acompanhada por piadinhas ocasionais de Mel. Danna, no entanto, permaneceu calada e com os olhos fixos na cabana do atual Diretor da Grifinória. Ela sabia que os amigos estavam encarando tudo aquilo como uma aventura, quase uma brincadeira, mas algo lhe dizia que não era assim. A sua intuição lhe dizia coisas bem mais graves. E mesmo tendo só 12 anos, Danna tinha aprendido a jamais desconfiar de sua intuição.

– Ele acabou de cortar lenha e entrou – anunciou levando-se e seguindo o caminho que levava à cabana de Hagrid – Vamos!

Nenhum dos outros contestou, apenas trocaram olhares e a acompanharam. Danna não era muito de falar. Quase nunca participava das discussões ou das piadinhas. Acompanhava o riso e ouvia atentamente a todos. Quem a olhava de longe podia até acreditar que ela fosse uma menina tímida. Mas em poucos dias de convivência, seus novos amigos já não pensavam mais isso. Danna era só, na opinião deles, diferente, e eles gostavam disso nela.

Seguiram caminhando juntos. Mel e os garotos tagarelando e Danna sorrindo das brincadeiras dos quatro até chegarem à porta da cabana. Foi Hector que se adiantou e bateu. Puderam ouvir os latidos altos do Canino vindo do lado de dentro e Hagrid ralhando com ele antes de abrir a porta.

– Quem... ? – a cara peluda do professor se abriu num sorriso e ele deu espaço para os visitantes entrarem – Ora, ora, que surpresa boa! Hector, Andrew e Josh, não achei que vocês apareceriam aqui hoje. Não com seus heróis andando pelo castelo – falou em tom de piada. – Mas o que vejo aqui? Vocês estão acompanhados...

– Estas são Danna O’Brien e Mel Warmilling, Hagrid – apresentou formalmente Andrew.

– Ora, eu sei quem elas são! Como vão meninas?

As duas sorriram respondendo que estava tudo ótimo. Hagrid lhes apontou as cadeiras pedindo para que sentassem e os convidou para um chá, o que eles prontamente aceitaram. A casa parecia menor com o dono se movimentando, assim os garotos se acomodaram o mais rápido que puderam para sair do caminho, enquanto Hagrid colocava a chaleira no fogo e descia 6 imensos canecos sobre a mesa de madeira gasta. Canino levantou pesadamente de sua cama e veio até eles. A idade já era aparente no velho companheiro do guarda-caça e ele não deu muitos pulos, mas ainda assim cheirou um por um e deixou que as crianças o agradassem. Depois se deitou no chão entre os pés das meninas. Enquanto a chaleira aquecia, Hagrid foi até o armário e trouxe uma lata de biscoitos de aparência um pouco enferrujada e a abriu.

– Sirvam-se – disse oferecendo os biscoitos com um sorriso – eu os fiz ontem. Eram os preferidos de Harry, Rony e Hermione. Achei que eles viriam aqui, mas... – pigarreou – bem, eu não sei se terão tempo.

Os cinco se serviram fazendo caras simpáticas, mas conheciam suficientemente a fama culinária de Hagrid para olharem tristemente para os enormes biscoitos que ficaram em suas mãos. De ontem ou anteontem ou de 10 dias atrás, os dentes seriam testados do mesmo jeito.

– E então? – Hagrid falou com um sorriso colocando a lata sobre a mesa e pegando a chaleira para servir o chá. – Vejo que fez amigos, Mel. E dos bons. – O grupo sorriu. – Fico contente que esteja se adaptando. Mas fico ainda mais contente de ver você acompanhada, Danna. Andava preocupado com você tão sozinha.

– Agora ela não anda mais sozinha, Hagrid – apressou-se em dizer Andrew.

– Eu sei, eu sei... – falou Hagrid servindo as canecas deles. – Afinal, não é bom uma mocinha tão bonita andar sozinha por aí. – Largou a chaleira e sentou-se. – Você está ficando ainda mais bonita que a sua mãe, Danna! – A menina fez um gesto rápido puxando o cabelo de trás da orelha para cobrir o rosto, já estava púrpura e sorria sem graça diante do elogio, mas Hagrid não pareceu perceber. – Claro que não estou surpreso, afinal, é comum entre as filhas das focas serem muito bonitas.

Danna arregalou os olhos e abriu a boca como se não esperasse que Hagrid fosse dizer justo aquilo. Mel virou a cabeça tão rápido para olhar para a amiga que seu pescoço estalou. Josh ficou olhando de Danna para Hagrid com o biscoito a meio caminho da boca. Andrew meio que engasgou com o chá e Hector deu uns tapinhas nas costas do amigo e deu voz ao espanto dos outros.

– Foca??? Você disse foca?

– Sim – falou Hagrid como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. – Você não contou para eles, Danna? Não me diga que se envergonha disso, porque...

– Não... – apressou-se em dizer a menina. Mas ela tinha voltado a se encolher, parecendo de novo querer sumir debaixo dos cabelos compridos e das roupas folgadas – eu... só não... não tive tempo.

– Mas como você pode ser uma foca? – Mel olhava a amiga incrédula. – Eu não entendi. Isso é algum tipo de nome que os bruxos dão? Quero dizer, tipo: trouxa, aborto, ou coisas assim.

Danna fez menção de responder, mas Hagrid, que agora parecia um pouco desconcertado com o que sua fala causara, interviu.

– Não, Mel... – ele consultou Danna com os olhos e a garota pareceu grata por ele querer explicar. – A Danna vem de uma família de bruxos irlandeses muito antiga. A família dela é originária de um lugar chamado Ilha das Focas. – Os quatro garotos colaram os olhos em Hagrid, a visita estava sendo ainda mais interessante do que esperavam. – Bem, as focas que vivem nessa ilha são mágicas. Elas podem se transformar em belas mulheres para seduzir os pescadores e depois que os conquistam, elas voltam para o mar.

Os três meninos arregalaram os olhos para Danna que, agora, admirava as tábuas furadas do chão da cabana com enorme atenção. Hagrid deu uma risadinha e prosseguiu.

– Parece que o tataravô de Danna se apaixonou mesmo por uma dessas mulheres e descobriu um jeito de não deixá-la voltar para o mar.

– Como? – Quis saber Andrew com interesse.

– Ah, bem... quando elas se tornam mulheres, as focas deixam sua pele escondida nas pedras e depois elas as vestem para voltar para o mar...

– E o tataravô da Danna pegou a pele – concluiu Mel.

– Exatamente! Assim, eles se casaram e tiveram muitos filhos. Alguns eram louros como o pai, mas outros eram morenos, como a mãe. As crianças que têm cabelos negros, na família da Danna, são as que herdaram os genes das focas.

– Nossa!! – Josh mirava abismado o cabelo escuro da amiga. – Você também troca de pele?

– Claro que não, Josh! – Ralhou Hagrid. – Nossa Danna é uma bruxa! Uma bruxa especial, mas uma bruxa como qualquer um de vocês. Vocês não vão tratá-la diferente por causa disso, vão? – Pela primeira vez o meio-gigante pareceu assustado. Tinha sido tão difícil ver Danna com amigos e ele podia ter estragado tudo. Hagrid, sendo meio-gigante, sempre se dera bem com as Focas desde a sua época na escola, mas e se algum dos garotos se sentisse mal em andar com uma mestiça como ela?

– Claro que não – respondeu Hector de um jeito calmo, pois a história apenas tornara Danna, a seu ver, uma amiga ainda mais interessante. – Só se a Danna não quiser andar comigo porque o meu pai é um lobisomem.

– Ou porque eu sou um joão-ninguém na escola mesmo tendo irmãos populares – completou Josh.

– Ou porque eu nasci trouxa – disse Mel, empinando o nariz.

– Amigos não se separam por coisas assim – terminou Andrew muito sério.

Hagrid abriu um grande sorriso e viu que Danna fazia o mesmo, olhando agradecida para os outros quatro. Amigos de verdade! Dava para ver que aqueles cinco já haviam conquistado isso.

– Ah! – Recomeçou Hagrid, satisfeito por continuar a contar a sua história – crianças muito especiais as filhas das focas. Lembro que a mãe de Danna era uma bruxa fantástica e se não me engano foi... foi a sua avó que ensinou a língua dos sereianos para o Dumbledore, não foi? – Danna assentiu. – Uma pena... – continuou Hagrid – uma pena que eles não estejam mais aqui. Nem sua avó, nem sua mãe, nem... Dumbledore... – A morte do melhor amigo ainda abalava Hagrid. Ele bebeu um grande gole de chá e passou meio rispidamente a o punho da camisa sobre os olhos. – Fazem falta, sabem... muita falta. Se Dumbledore estivesse aqui agora... acho que nada disso estaria acontecendo...

Pimba. Tinha bastado ter deixado o professor falar e, finalmente, Hagrid dera a deixa que eles esperavam. Os cinco trocaram olhares excitados.

– Acontecendo o quê? – Perguntou Hector com sua cara mais inocente.

– Ah! Nada para vocês se preocuparem – acrescentou Hagrid rapidamente e tomou um grande gole de chá. – Nada que Harry e os amigos não possam resolver.

Hector resolveu arriscar.

– Que bom! Pensei que tivesse algo a ver com o bebê de Harry e Gina estar em perigo.

Hagrid deixou cair a caneca no chão, a qual se arrebentou com um grande estardalhaço e deu um banho de chá no Canino. O velho cão que se ergueu do chão com um ganido indignado.

– Onde você ouviu isso? – Hagrid foi ríspido na pergunta, mas parecia assustado.

– Ouvi meu pai dizer – respondeu Hector sem se abalar.

– Hector! Não se meta nisso, garoto! – Hagrid conhecia Hector desde que ele tinha dois anos de idade e sabia do que o menino era capaz para arrumar encrenca, e agora ainda tinha uma turminha que embarcava com ele. O professor levantou da cadeira, parecendo ainda maior. – Isso não é assunto para vocês – sentenciou.

– Ninguém vai se meter em nada, Hagrid – disse Mel suavemente – só ficamos preocupados, quero dizer, por que eles viriam até Hogwarts num momento como este? Será que tem alguma coisa perigosa na escola ou vieram porque aqui é mais seguro?

– É claro que não tem nada perigoso na Escola! – Rosnou Hagrid enquanto pegava uma pá para juntar os pedaços da caneca. – Por que teria algo perigoso na Escola?

– Ora, o histórico não é muito animador, não é Hagrid? – Josh começou a contar nos dedos. – Um cão de três cabeças, um basilisco, um Comensal da Morte disfarçado de Professor...

– Vocês nem eram nascidos quando essas coisas aconteceram – cortou Hagrid varrendo os cacos para a pá do lixo. – E o Livro de Fausto só seria perigoso se alguém o abrisse e não acho que Dumbledore o deixou solto por aí... – Hagrid parou de falar enquanto erguia o corpo. Virou-se e olhou para os garotos. Os olhinhos deles brilhavam. – Eu não devia ter dito isso... – falou mais para si e colocou a pá e a vassoura sobre a mesa. – Agora escutem, vocês não ouviram o que eu disse e não vão se meter em nada disso, estão entendendo? – Olhou muito sério para Hector, Andrew e Danna. – Sou diretor da casa de vocês. Se eu souber que vocês andam procurando encrencas vou lhes dar detenções até o sétimo ano, ouviram? E quanto a vocês dois – disse se voltando para Mel e Joshua – posso fazer com que Flitwick e a Profa. Sprout façam o mesmo.

O grupinho ficou mais sério, mas não pareceu realmente intimidado.

– Não vamos procurar encrencas, Hagrid – falou Andrew com uma pose estudada de aluno modelo – nós apenas ficamos curiosos. Como você disse, eles são nossos heróis. Ficamos preocupados.

– Sei... – rosnou Hagrid pegando a pá e levando-a para o lixo.

Hector, Mel, Josh e Danna olharam para Andrew. Ele continuava com o jeito inocente e um sorrisinho no canto dos lábios. Hector foi o primeiro a compreender e não pode evitar uma piscadela debochada para o amigo, afinal ver Andrew Bennet mentindo descaradamente para um professor não era algo que se pudesse apreciar todos os dias.

– Humm.... – recomeçou Andrew sério quando Hagrid voltou – foi isso que eles vieram buscar em Hogwarts? Esse livro.

Hagrid deu um bufo, perdendo a paciência. Parece que Hector estava fazendo escola e a até o certinho do Andrew estava virando um encrenqueiro.

– Acho que está quase na hora do almoço e eu tenho umas aulas para preparar – disse indo até a porta da frente e a abrindo. – É melhor vocês irem andando.

Os cinco perceberam que não adiantaria insistir. Deixaram as canecas sobre a mesa e saíram despedindo-se de cabeça baixa. Mel foi a última a sair e podia jurar que quase viu Hagrid amolecer diante das carinhas decepcionadas deles, mas antes que ela pudesse fazer outra tentativa o professor fechou a porta.

– Voltamos a estaca zero – reclamou Josh chutando uma pedra enquanto eles subiam o caminho em direção ao castelo.

– Pelo menos sabemos o que eles vieram buscar aqui – observou Mel. – Você tinha ouvido seu pai comentar do tal livro, Hector?

– Não... eu disse que só tinha ouvido uns pedaços... Ele e a mamãe estavam falando muito baixo. – O garoto estava com uma expressão frustradíssima.

– Bem – comentou Andrew – acho que nossa investigação termina aqui, não é? Porque se eles vieram buscar o livro, provavelmente vão achar e aí não vai ter mais nada de misterioso em Hogwarts que a gente possa procurar. Acho que poderemos nos dar por satisfeitos se um dia viermos a saber a história toda.

Andy estudou os rostos dos amigos. Nenhum parecia muito feliz e era óbvio que concordavam com ele. Mel deu uma fungadinha e Josh e Hector chutavam os pedregulhos cada vez com mais força. Por fim, os olhos de Andrew se encontraram com os de Danna. A garota não parecia nem triste, nem decepcionada.

– Vocês desistem bem fácil, não é? – Comentou no seu tom de voz baixo e seguro fazendo com que todos a olhassem. Danna deu um sorrisinho e passou a frente do grupo. Os garotos ainda demoraram uns dois segundos para entender, mas, com seus novos conhecimentos sobre a amiga, não foi difícil se darem conta de que talvez ela houvesse percebido alguma coisa a mais do que eles.

Como se houvessem sido espetados por alfinetes invisíveis os quatro se puseram a correr atrás da menina morena que se afastava.




*******************


“Eu não mostro o teu rosto, mas do teu coração o desejo”.

A capa de invisibilidade escorregou até o chão e Harry viu-se inteiro no espelho, a respiração levemente ofegante. De tudo o que ele queria naquele momento, pensou, seu maior desejo era que aquilo funcionasse. Que o Espelho realmente o levasse até o livro. Lentamente, como se névoas existentes atrás dele se dissipassem, ele pôde perceber que estava olhando para a sala da sua própria casa. Gina esta sentada confortavelmente em uma poltrona, com um livro sobre as pernas encolhidas. Ela acariciou a barriga, já num estado mais avançado da gravidez, e sorriu para ele. Claro! Esse era o seu maior desejo. Sua vida! Exatamente como ela era antes de todo aquele pesadelo começar. Gina, o bebê deles, a casa deles! Mas isso não era o que ele queria ver ali! O que ele queria era uma forma de conseguir tudo isso de volta. Conseguir a sua paz de volta. Fechou os olhos e se concentrou. Tinha que fazer o Espelho lhe revelar o que queria. Encarou-se novamente. A imagem permanecia a mesma.

Harry não saberia dizer quanto tempo gastou tentando quebrar o encanto e forçar o Espelho a lhe revelar senão o Livro, pelo menos uma pista. Uma sensação de frustração e desespero começou a se apoderar dele. Tinha sido em vão. Tudo o que Rony e ele tinham feito até ali, nada tinha adiantado. Não ia conseguir quebrar o feitiço lançado por Dumbledore. Olhava o Espelho da mesma forma ambiciosa que Quirrell. Queria um objeto e esperava que o Espelho o entregasse. Mas certamente não era assim que as coisas funcionariam. Ele continuava a ver a sala da sua casa e Gina feliz. Sentiu uma fisgada dolorosa sobre o peito, como se uma coisa muito pesada tivesse sido colocada sobre ele, ao mesmo tempo, suas pernas pareceram estar cansadas demais até mesmo para ficar em pé.

Ele praticamente desabou no chão enquanto admirava a imagem no Espelho. Olhar aquilo o aquecia e desesperava ao mesmo tempo. Daria qualquer coisa para que aquela imagem se tornasse realidade... Mas ela não era real, era um desejo, uma ilusão de algo que ele não tinha mais. Harry colocou os braços sobre os joelhos e afundou a cabeça entre eles. Seu próprio cérebro parecia ter se voltado contra ele e o xingava sem piedade: “incompetente, fraco, arrogante”! “O grande e poderoso Harry Potter é incapaz de proteger sua própria família”! Se ao menos... se ao menos alguém pudesse lhe dizer o que fazer. A idéia de sair daquele lugar e continuar no escuro sobre o perigo que rondava o nascimento do seu filho era simplesmente aterrorizante. Uma parte da sua mente parecia ter se acostumado de tal forma ao fato de que, ao final de tudo, as coisas sempre explodiam em suas mãos, que ele tinha certeza de que não saberia lidar com a sensação de impotência que o invadia. Se sentiu sozinho, como há muito tempo não se sentia. Sentiu que iria decepcionar todos os que dependiam dele. Se ao menos houvesse alguém que pudesse ajudá-lo.

– Ora, finalmente! – Disse satisfeita uma voz conhecida, muito próxima a ele.

Harry levantou a cabeça como se tivesse sido escaldado. No espelho, em pé ao seu lado, com vestes longas de um roxo berrante e bordada com galões em ouro, a longa barba prateada presa ao cinto e os olhos azul-claro cintilando por trás dos óclinhos de meia-lua, olhava-o Alvo Dumbledore.

– Professor... – Harry ergueu-se do chão francamente surpreso.

– Achei que havia se esquecido que, às vezes, mesmo o mais inteligente ou poderoso dos homens precisa pedir ajuda. – Dumbledore o fixava bondosamente, embora parecesse claramente examiná-lo. – Mas, eu não o censuro Harry. Eu mesmo cometi esse erro vezes sem conta.

Passado o momento de susto, Harry começava a sentir uma espécie de calor que aliviava a pressão dolorosa sobre o seu peito. A presença daquela imagem de Dumbledore certamente indicava que ele havia conseguido alguma coisa. Uma onda de confiança o invadiu quase imediatamente.

– Professor, como o senhor...?

– Ah! Bem, foi um feitiço realmente difícil, sabe? Mas achei que nesse caso... Bem, achei que seria importante ter uma parte minha aqui. – Harry arqueou a sobrancelha esperando ter compreendido mal o comentário do professor. Dumbledore sorriu do mesmo jeito que sorria quando parecia ler algo na mente de Harry. – Uma parte da minha inteligência, é claro. Por segurança – acrescentou.

Harry soltou a respiração.

– Eu estou à procura de uma coisa, professor.

– Eu imagino que sim... Ou você não teria vindo até aqui. – Dumbledore olhou Harry atentamente e depois para a imagem às suas costas. – Você cresceu! – Comentou com um certo orgulho na voz. – A última vez que o vi, ainda era um garoto. Agora é um homem! E, o que vejo aqui é...?

– Minha casa e... minha família, professor – explicou Harry. Mas a verdade, é que ele estava bastante confuso. Ainda não fora capaz de compreender qual feitiço o permitia falar com Dumbledore através do Espelho de Ojesed.

– Humm, você deseja algo que já tem! Interessante! Diga-me Harry, com que idade você está?

– Vinte e seis.

– Por Mérlin, são quase 11 anos! Sabe, Harry, eu fiz esse feitiço logo após o retorno de Voldemort. Na época, achei que haviam algumas coisas em meu poder que ele gostaria de por às mãos, agora que tinha um corpo novamente. Coloquei aqui, uma parte do meu eu inteligente para guiar e ajudar a alguém que quisesse impedi-lo e, claro, para ser um obstáculo a mais, caso ele ou algum de seus aliados conseguisse chegar aqui.

– Quer dizer que – Harry tentou organizar a informação – o senhor... isto é, essa parte do senhor está aqui desde...

– Desde, precisamente, um mês após o retorno de Voldemort. Devo confessar que minhas memórias também terminam por aí, pois não retornei aqui para me atualizar nos acontecimentos desde então. Devo ter ficado ocupado, imagino. – Harry assentiu em compreensão e Dumbledore voltou-se novamente para a imagem atrás dele. – Essa jovem me é familiar...

– É a Gina, professor, Gina Weasley – respondeu Harry com um sorriso que Dumbledore correspondeu.

– Oh, sim! É ela mesma. Então, você se casou com a pequena Gina... Meus parabéns, Harry! – O ex-diretor parecia genuinamente encantado com o fato.

– Obrigado, professor.

Dumbledore voltou-se para ele com o rosto sério.

– Mas, se está aqui, Harry, eu devo supor que existe uma grave ameaça em nosso mundo. – Harry assentiu. – Voldemort continua vivo então?

– Não! Voldemort está morto! – Harry nem pareceu se dar conta do prazer com que disse aquelas palavras ou que elas saíram ofegantes e num tom mais alto que o necessário. Talvez, porque, em muito tempo, ele parecia estar realmente falando com Dumbledore. Os quadros do ex-diretor tinham a sua imagem, mas nunca foram capazes de lhe transmitir a presença do amigo e mentor com tanta força quanto ele a sentia naquele momento. – Eu o matei há 9 anos.

Dumbledore deu um sorriso amplo e satisfeito, cheio de orgulho.

– Eu tinha certeza que conseguiria Harry. Sempre tive.

– Eu não consegui sozinho – não sabia por que a necessidade de dar esse detalhe, mas achou que Dumbledore merecia, de algum jeito, saber. O ex-diretor o olhou por sobre os óculos, inquisitivo. – Eu o fiz com a ajuda dos meus amigos. Rony, Hermione e Gina estavam comigo.

– Ah! Nesse caso, creio que Voldemort não teve a menor chance – falou Dumbledore com um sorriso zombeteiro, mas parecendo ainda mais orgulhoso. – Mas, então, por que você está aqui, Harry?

Harry ficou sério e resolveu ser objetivo.

– Querem trazê-lo de volta, professor. – E com o máximo de detalhes que pôde narrou para o velho professor cada um dos últimos acontecimentos. Enquanto falava, uma onda de energia e urgência o invadiu e ele passou a andar de um lado para o outro na frente do espelho, sem conseguir ficar parado.

Dumbledore ouviu tudo com atenção e seriedade, os longos dedos unidos em frente ao corpo, e apenas voltou a falar quando pareceu que Harry tinha finalmente acabado.

– O que mais eu lhe disse quando conversamos?

– O que? – Harry estava confuso. Não entendeu imediatamente o que Dumbledore havia perguntado.

– Você contou que eu lhe disse para procurar o Livro de Fausto aqui.

– Sim, mas... – Harry sentiu uma bola se formar na garganta e subitamente ele não sabia para onde olhar – erm... hum... Na verdade... não foi exatamente o senhor... foi o seu quadro que me indicou vir até esse lugar...

Dumbledore ergueu a sobrancelha.

– Entendo – falou o professor numa voz mais baixa. Harry ficou esperando qualquer outra reação dele, mas ela não veio. Dumbledore apenas lhe lançou um olhar compreensivo. Não parecia estar abalado. Harry sentiu uma raiva e uma vergonha imensas tomarem conta de si. De repente, ele percebeu que não conseguia encarar Dumbledore. Ele ainda se sentia culpado pelo que acontecera. Um gosto que lembrava cabo de guarda-chuva lhe invadiu a boca.

– Eu sinto muito, professor – conseguiu murmurar finalmente. – Eu não pude fazer nada... Me desculpe.

– Não vejo do que desculpá-lo, meu rapaz – o tom calmo, tão familiar, disse exatamente o que Harry imaginava que diria, mas isso não fazia com que ele se sentisse melhor. – Não sei exatamente o que aconteceu – prosseguiu Dumbledore – mas provavelmente foi mais culpa minha do que sua. E é provável que por isso... quem lhe deva pedir desculpas, sou eu.

Harry enfiou as mãos nos bolsos da calça e manteve a cabeça baixa. Dumbledore podia falar o que quisesse. Snape podia provar como quisesse que estava apenas cumprindo ordens do diretor. Ainda assim, ele jamais aceitaria que Alvo Dumbledore tivesse partido de um jeito tão estúpido. E que ele tivesse assistido a tudo impotente.

– Nesse caso... – o professor interrompeu seus pensamentos no mesmo tom de conversa – creio que teremos de chegar a algumas conclusões por nós mesmos. – Harry voltou a encará-lo meio atordoado, não era tão fácil para ele simplesmente trocar de assunto, como se estivessem repassando uma lista. Mas Dumbledore não lhe deu atenção e prosseguiu. – Se esses Comensais da Morte de que você falou pretendem trazer seu mestre de volta em algum ritual retirado do Livro de Fausto, será preciso descobrir qual ritual e que elementos estarão envolvidos. O que você contou sobre o desaparecimento das crianças trouxas é bastante perturbador. De qualquer forma, acho que nossa... digo, a tarefa de vocês é impedir que eles consigam todos os “ingredientes” necessários para o ritual. Você tem razão, Harry! O Livro pode ajudá-los.

– E ele está com o senhor? – Harry quase pulou no Espelho tal a sua ansiedade. – O senhor pode me entregá-lo?

Dumbledore sorriu, os olhos faiscando.

– Desculpe, Harry, mas eu certamente não seria tão óbvio e nem me repetiria desse jeito – fez um gesto abarcando o Espelho de Ojesed. – Se fosse assim acha que eu teria me dado todo esse trabalho? – E lançou um olhar significativo para os inúmeros espelhos que ocupavam a sala em que eles se encontravam.

Harry deixou os ombros caírem.

– Eu terei que procurar em todos eles? – Sua voz saiu muito cansada. – São todos mágicos, não são?

– Sim! Objetos extraordinários os espelhos. Podem nos mostrar o que desejamos e o que não desejamos ver. Podem nos iludir, confundir e até nos desnudar sem piedade. Podem até mesmo ser repositórios de memórias. O reflexo num espelho pode ser o maior inimigo ou o maior aliado de um homem.

Harry, no entanto, não estava nem um pouco inclinado a se deixar levar por divagações sobre a natureza dos espelhos. Testar o feitiço existente em cada um, naquele momento, era uma perigosa perda de tempo a qual ele não sentia a menor vontade de se dedicar.

– O senhor falou que estaria aqui para guiar quem quisesse impedir Voldemort. Não pode me dizer em que espelho o livro está?

– Mas é claro, Harry! – O rapaz achou estranho Dumbledore responder de uma forma tão animada. – Você só precisa dizer a palavra mágica!

Palavra mágica? Harry realmente não entendeu. Conhecia milhares de palavras mágicas, cada uma devia ser acompanhada de movimentos específicos e... Não, não era nada disso. Dumbledore dissera “a” palavra mágica. Lógico! Provavelmente era mais uma piada do velho professor. Harry não pode deixar de rir.

– O senhor devia estar de ótimo humor quando arrumou isso aqui.

– Na verdade – Dumbledore se inclinou como se contasse um segredo – eu estava de péssimo humor. Tinha discutido com o Ministro pela milésima vez em menos de um mês e tinha acabado de ser convidado a me retirar da Confederação Internacional dos Bruxos. Acho que foi por isso que resolvi fazer coisas que eu achasse engraçadas. Acho que teria sido bem mais sério se estivesse bem humorado.

Harry repassou mentalmente os obstáculos que tivera de passar para chegar até ali.

– Bem, acho que aquela fera no lugar do Visgo do Diabo não foi tão engraçada assim.

– O Mimoso? – Dumbledore riu diante do espanto de Harry. – Ele é um Pargo Vermelho e se alimenta só de insetos, não é realmente perigoso, sabe. Tudo o que pode acontecer se ele o morder é você acordar fora da toca dele, no caso, à porta do corredor do terceiro andar. A mordida tem um feitiço de retorno porque ele não gosta de intrusos em sua casa.

– Mimoso? – Definitivamente devia ser um dos bichinhos do Hagrid.

– Ah! Bem, é um bom nome, não? Você certamente não o machucou para chegar até aqui?

– Não... – e acrescentou em voz mais baixa – espero que não.

– Ótimo! E, então?

Ah, a palavra mágica! Harry pensou em diversas delas. Achou que fosse provável que tivesse algo a ver com trouxas. Dumbledore jamais negava sua condição de amante do povo não bruxo. Já dera provas disso nos tipos de segurança que instalara na descida. Ao fim do raciocínio ficou entre duas possibilidades. Achou que seria melhor arriscar as duas.

– Erm... Hã, eu posso estar errado, mas quando a gente quer uma coisa as palavrinhas mágicas são: “por favor”, mas os trouxas acham que palavra mágica é “abracadabra”? – Olhou para Dumbledore cheio de incerteza. Provavelmente nenhuma das duas funcionaria.

Mas o bruxo sorria como um menino.

– Perfeito, Harry! – E num movimento elegante saiu de dentro do espelho parando em frente ao rapaz. Harry notou que a imagem fora do espelho, embora bastante sólida tinha uma aparência meio vítrea, meio aquosa. Dumbledore o olhou diretamente nos olhos. – Você realmente cresceu! Venha, não podemos perder tempo. Mas acho melhor você vestir essa sua capa extraordinária, antes de me seguir.

Harry ainda estava um pouco tonto, mas puxou a capa do chão e a jogou rapidamente sobre a cabeça. Antes de sumir, porém, não se conteve.

– Qual das duas era “a” palavra, professor?

– Na verdade, eu também fiquei indeciso – respondeu Dumbledore já se pondo a caminhar pelo corredor recoberto de espelhos mágicos.

Harry não conseguiu segurar uma gargalhada. Dumbledore era fantástico. Genial e, sim, um pouco e maravilhosamente maluco.

– Senti sua falta, professor – as palavras escaparam antes que ele pudesse contê-las e perceber o quanto elas pareciam impróprias de serem ditas. A vontade de rir desapareceu sendo substituída novamente por uma dor que ele conhecia desde muito cedo. A dor que nos causam os vazios que as ausências deixam.

Dumbledore lançou um breve olhar para ele, não pareceu ter dificuldade em vê-lo sob a capa, e sorriu, mas continuou a andar, os saltos das botas fazendo um barulho de vidros batendo no chão. Os dois prosseguiram em silêncio até o fim do corredor, depois dobraram à esquerda e seguiram por outro corredor apinhado de espelhos colocados lado a lado. Tornaram a virar a esquerda no fim deste e depois à direita e mais uma vez à esquerda.

Harry já estava pensando se conseguiria retornar até Rony e sair daquele labirinto quando finalmente Dumbledore se reteve. Harry, então, arriscou contemplar o espelho a sua frente. Tinha até ali seguido a estratégia de não se olhar em nenhum deles mesmo sob a capa de invisibilidade. Mas este era certamente um espelho muito estranho. Tinha uma moldura de latão que parecia ter sido feita à marteladas, as quais eram bem visíveis. Sobre ela foram incrustadas, num metal que já estava enferrujado, uma série de símbolos que Harry não conseguiu reconhecer, mas que lembravam um pouco as ilustrações dos livros de Runas Antigas de Hermione. Mas nada era mais estranho que a superfície. Ao invés de ser lisa, a face do espelho era toda crespa, como a de um cristal lapidado, além disso, ela parecia ter sido quebrada em diversas partes. Em resumo, era impossível de qualquer coisa ser refletida ali sem ser completamente distorcida. Harry notou que nem ele, nem Dumbledore pareciam refletir-se ali.

– É um espelho de memória. Não se preocupe, ele não vai refleti-lo, pode tirar a capa – disse Dumbledore como que respondendo a uma pergunta que ele não formulara. Harry obedeceu e o professor continuou – no caso, este espelho guarda memórias de batalhas.

– Que tipos de batalhas?

– Grandes batalhas! Batalhas do mundo bruxo, é claro. As memórias das batalhas do mundo trouxa estão no 176º espelho do corredor 27 – disse ele apontando para a direita como se indicasse um endereço qualquer. Depois voltou-se muito sério. – É aqui, Harry!

– O Livro está aí dentro?

Dumbledore assentiu.

– Sim, mas antes de entrarmos aí, quero lhe dizer algumas coisas. Primeiro, se não estou enganado entraremos em um terreno de onde será possível ver três grandes batalhas, porque estamos ligados a elas de algum modo. Localize a que nos interessa, aquela que lutei com Grindelwald, e siga para lá. Terá a tentação de tentar olhar as outras, entendê-las, vê-las do ângulo do espectador... Não faça! O espelho sempre tentará convencê-lo de que há outra forma de ver o que aconteceu. E você pode ficar para sempre lá dentro buscando entender as infinitas possibilidades de se compreender uma guerra.

Harry achou aquilo um pouco confuso, mas concordou. Por muito tempo ele tinha pensado que uma batalha dependia apenas de se saber de que lado se estava, mas o tempo e a experiência já tinham lhe ensinado que nem sempre era assim.

– O Livro que você procura está nas mãos de Grindelwald – continuou Dumbledore. – Eu achei melhor mantê-lo preso aí dentro, junto à memória da batalha, como uma forma de impedir outros de usá-lo. Quando chegar o momento, você deve simplesmente tomar o Livro das mãos dele. As pessoas que virmos não poderão nos ver, são apenas sombras do passado e, pelo mesmo motivo, magia não vai funcionar lá dentro. Entendeu?

– Entendi. E o que eu devo fazer depois, professor?

– Não se preocupe com isso. Apenas pegue o Livro.

– Certo – disse Harry enquanto dobrava a capa e a enfiava sob o casaco.

– Outra coisa, Harry – chamou suavemente Dumbledore e o rapaz se voltou para ele. – Quando sair daqui, por favor, recoloque todos os feitiços de proteção no lugar. O Livro de Fausto é apenas uma das coisas que coloquei aqui em baixo. Seria bom se as outras continuassem protegidas. Também peço que, quando isso tudo acabar, este livro desapareça novamente, está entendendo?

– Pode deixar, professor.

– Ótimo! Sei que posso confiar em você – disse colocando a mão sobre o ombro de Harry, o que lhe causou a sensação de estar sento tocado por um cristal frio e maleável. – Agora, acho que você pode perguntar.

– Perguntar o quê?

– Há uma pergunta que o está atormentando, meu jovem. Eu posso senti-la mesmo sem poder ver a sua mente.

O estômago de Harry baixou alguns centímetros, enquanto os olhos azul-claros de Dumbledore, que naquela forma vítrea pareciam duas águas-marinhas brilhantes, o devassavam.

– Tudo isso começou... – falou devagar, as palavras custando a serem ditas – quando Gina engravidou... Os sonhos, os desaparecimentos... É... é por ser o meu filho, professor? É por ser o meu filho e de Gina? É por isso? Somos nós? Não devíamos...?

Ele engasgou e não conseguiu completar. O velho professor ficou em silêncio por alguns instantes esperando que Harry voltasse a ter forças para encará-lo. Ele respirou profundamente e quando voltou a falar sua voz era ao mesmo tempo triste e confortadora.

– Harry... eu poderia lhe responder que se não fosse você, seria outro, mas sei que isso não consola. Acredito que um bebê nascido de você e da pequena Weasley será uma criança extraordinária, exatamente como os pais dele são. As pessoas valorizam demais a presença dos poderes mágicos e a sua extensão. Mas você, tanto quanto eu, sabe que não são seus poderes ou os de Gina que os tornam especiais... mas coisas que seus inimigos jamais serão capazes de entender: desprendimento, amizade e uma capacidade incondicional de amar...

– Meus pais também eram assim... e eles morreram... – Harry já não conseguia conter as lágrimas que saiam quentes de seus olhos. – Eu...eu quero ver meu filho crescer...

– Harry – a voz do professor também parecia ter se embargado – eu adoraria poder poupá-lo dessas coisas. Acredite, também acho que não é justo você passar por isso. Eu vi seu pai com essa mesma angústia nos olhos e me é quase insuportável vê-la novamente nos seus. Mas pense, Harry, se você soubesse do que sabe hoje antes, teria deixado de construir sua família? Teria deixado de ter um filho com a mulher que ama? – Harry se sentiu forçado a encará-lo. Era claro que não! Teria movido céus e terra, mas não teria aberto mão disso. Certamente que não! Dumbledore leu a resposta muda em seus olhos e sorriu. – Eu sei que você não deixaria de lutar por isso, Harry. Então, qual é a diferença? Lutar pelo que quer é o que você fez melhor em toda a sua vida. Não se esqueça que você foi mais longe do que qualquer outro apenas para ter direito ao que você tem hoje!

Ele completou a última frase dando um forte aperto no ombro de Harry.

– Você é forte como seu pai jamais chegou a ser. Passou por coisas que o fizeram mais capaz que muitos bruxos mais velhos e mais sábios. Guarde minhas palavras: a natureza é sábia e antes do que espera ela vai lhe dar respostas muito mais satisfatórias do que as que você pode imaginar sozinho.

Harry sentia o coração bater acelerado. As palavras de Dumbledore eram reconfortantes, mas não lhe traziam paz. Ele fechou os olhos por um momento, sentindo que seus pensamentos o engoliam num turbilhão. Mas de repente, em meio ao caos de sua mente, a imagem que ele vira no espelho de Ojesed lhe apareceu tão nítida e clara que ele podia até sentir o suave aroma floral que ele sabia que envolvia aquela cena. Quando abriu seus olhos novamente tinha certeza que nada se colocaria entre ele e a realidade daquela imagem. Custasse o que custasse.

Dumbledore lhe sorriu satisfeito. Depois, se voltou para o espelho e fez um sinal para que Harry o seguisse. No instante seguinte, ele deu um passo em direção à superfície lapidada e desapareceu. Harry respirou fundo e deu um passo em direção ao espelho, afinal, Dumbledore não mandaria segui-lo se ele não pudesse entrar também.

Testou a superfície com a mão e seus dedos afundaram como se entrassem em água. Mas ao contrário da sensação fria da superfície de um espelho, Harry teve a sensação que mergulhava os dedos em água quente. Antes que ele pudesse pensar em retirar a mão ou em dar um passo adiante, algo o puxou fortemente e seus pés deixaram o chão. Harry sentiu como se o corpo inteiro estivesse passando por uma cortina de água fervendo que fazia com que cada milímetro da sua pela ardesse de calor. A sensação acabou no instante seguinte quando seu corpo caiu pesadamente sobre um terreno seco e duro.

Ele se levantou desajeitado e dolorido. Dumbledore esta em pé, ao seu lado. Os olhos fixos na imagem à frente. Harry acompanhou seu olhar. Estavam num lugar que se assemelhava a um deserto. Tudo era seco, inóspito, banhado por uma luz amarelada que lembrava o fim da tarde, mas que tinha um colorido doentio e sufocante. Harry sentiu que seu coração começava novamente a bater muito rápido. Uma mistura de medo, raiva, dor e outras tantas sensações revolviam-lhe as entranhas, como se a própria atmofera o fizesse respirar esses sentimentos. Só então, ele percebeu os barulhos. Eram gritos. Maldições. O som de feitiços que se chocavam. A angústia vinda deles também parecia trespassá-lo.

Na colina em frente aos dois, era possível ver dois bruxos numa batalha violenta. Um deles era facilmente reconhecível. Um Alvo Dumbledore mais jovem com os cabelos e a barba acaju num traje azul bem menos elegante do que os que ele costumava usar. A sua frente estava um homem alto, bem mais largo e maciço que Dumbledore, com longas vestes cinzentas com frisos vermelhos. Tinha cabelos grisalhos e também longos, mas que começavam apenas após uma calva pronunciada. Um grande bigode quase encobria a boca que estava arreganhada de fúria. A mesma fúria que emanava dos olhos escuros. Devia ser Grindelwald. Numa das mãos ele segurava a varinha, com a qual atacava sem parar. Na outra, sob o braço, um livro de capa negra.

– Em alguns instantes – disse Dumbledore ao seu lado – um feitiço meu vai atingi-lo e ele irá cair. Você deve pegar o livro o mais rápido que puder, antes que a luta termine.

– Por quê?

– Porque quando a luta terminar, ela irá recomeçar e aí você terá de esperar até esse momento chegar de novo. E não creio que você deva ficar tanto tempo aqui dentro. – Dumbledore pôs-se a caminhar em direção à colina. – Venha comigo.

Harry o seguiu. Notou que numa colina um pouco mais adiante havia uma outra batalha. Também eram dois bruxos que lutavam. Um deles vestia-se como um cavaleiro medieval e o outro era um homem moreno e forte que usava longas vestes verdes. Harry voltou-se para a luta entre Dumbledore e Grindelwald, era nesta que devia se concentrar. Porém, quando estavam quase chegando, algo passou por perto do canto de seu olho esquerdo. Harry sabia que não devia olhar, mas tinha certeza que vira a sombra de um cabelo castanho e crespo, muito familiar. Virou-se quase instintivamente. Suas pernas congelaram. Em meio a um círculo de pedras ele via a si mesmo, com 17 anos, lutando contra Voldemort. Hermione estava sendo erguida do chão por Rony e eles começavam a contornar o círculo de pedras tentando manterem-se ocultos de Voldemort. No segundo seguinte, ele pode ver o rosto assustado de Gina assistindo a tudo de trás de uma enorme pedra.

– Harry – a mão fria de Dumbledore estava novamente em seu ombro – eu disse que você devia concentrar-se em apenas uma batalha. – Falou numa voz era firme e imperativa.

– Mas, professor é...

– Eu sei o que é... Mas não foi o que você veio fazer aqui. Concentre-se!

Harry respirou fundo e forçou-se a não olhar para si mesmo e os amigos. Voltou o corpo novamente para a colina em que se digladiavam Dumbledore e Grindelwald. Foi bem a tempo, porque naquele mesmo momento um raio dourado saiu da varinha de Dumbledore e atingiu o outro bruxo com enorme violência. Grindelwald saltou no ar como se houvesse sido arrebatado por uma onda e arqueou o corpo para trás. As mãos que prendiam firmemente o livro e a varinha afrouxaram. A varinha foi arremessada longe e o bruxo caiu pesadamente no chão ainda segurando o livro.

Grindelwald pareceu ficar ainda mais furioso, se é que isso era possível. Virou-se para convocar a própria varinha e Harry percebeu que nesse momento o livro estava quase solto sob sua mão. Num movimento rápido ele correu em direção ao bruxo caído deixando de prestar atenção em qualquer coisa que estivesse a sua volta. Tudo o que ele via era o livro de capa negra, sobre o qual o bruxo, ainda sentado no chão, apoiava a mão. No segundo entre o momento em que Grindelwald recuperou sua varinha e ergueu-se do chão com o livro ainda mal seguro, Harry jogou-se sobre a mão do bruxo dando um puxão e sentindo os dedos se fecharem sobre a capa áspera. Uma tontura o invadiu no mesmo instante e de novo ele foi jogado sob uma cortina de água escaldante e depois no chão duro.

Quando ele abriu os olhos estava em frente ao Espelho da Memória das Batalhas. A superfície lapidada e quebrada refletindo o nada. Harry se ergueu. Sentia o corpo imensamente dolorido depois de tantos tombos e de ser esmagado pelas sebes vivas. Então, olhou para sua mão direita e lá estava. A capa áspera de couro negro, um fecho cadeado do mesmo ouro que se repetia nas ponteiras das bordas. O Livro de Fausto estava em suas mãos.

Olhou para os lados apenas para constatar que Dumbledore não estava mais ali. Harry esperava por isso, mas não pode conter a sensação de desapontamento e uma enorme tristeza. Puxou a capa de dentro do casaco e jogou-a sobre si, antes de começar a fazer o caminho de volta até onde Rony o esperava.




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* Bridget Wenlock (1202-1285), famosa aritmante que foi a primeira a descrever as propriedades mágicas do número 7. (Apareceu nos Bruxos do Mês no site da J.K. Rowling).

N/A: Oi gente! Desculpem a demora na atualização, sei que isso é ainda mais chato quando se trata de um capítulo em duas partes, mas passei a última semana bem gripada e só pude escrever o capítulo, mesmo, nos últimos três dias.
Como não pode deixar de ser quero agradecer imensamente a leitura (2000 acessos hoje, Ebaaaaa!!!), os votos (226!!!!!!) e os comentários que tb chegaram a 201 (thanks, Morgana e Bruna!). Números para deixar qualquer autor sorrindo de orelha a orelha de felicidade! Valeu mesmo, pessoal!

Darla: Para você sempre meu maior carinho, pela sua paciência e disposição em betar os capítulos. Te adoro!
Bernardo: Adoro seus comentários e como acho você um escritor fantástico, respeito muito quando você diz que gosta do que eu escrevo. Valeu! Algumas das suas respostas já estão aí! Bjus.

Charlotte Ravenclaw: Desculpe, mas se eu não acabasse desse jeito o capítulo ia ficar grande demais, além disso, você sabe que não resisto a um suspensesinho básico. Acho que é algum tipo de doença, hehe! Desculpe a demora pela parte 2. Beijo imenso!

Belzinha: Seus comentários são sempre uma felicidade. Adoro saber que você acha que estou dando conta dos nossos personagens. Sim, Archibald é um sarro (as cenas com ele vêem quase prontas porque a gente definiu a personagem tão claramente que nem preciso me esforçar para ver como ele se sente). Quanto ao resto do comentário, só posso agradecer e dizer que você continua lendo a minha mente: É claro que aquela Harpa já teve um outro endereço, hehe! Beijo grande!

Grazi DSM: Obrigado mesmo! Eu adorei escrever aquela parte do Rony, afinal, ele demorou um bocado para se revelar para a Mione, então, acho que ele é um cara que tem tudo o que quer. O que, simmmm, deixa ele muito “fofo”, hehe! (O pior é que esse negócio de “fofo” pega mesmo). Bjus!!

Aisha: Valeu garota, tanto pelo comentário dizendo que você gostou (eu realmente não resisti em homenagear o livro 1 – ele é simplesmente demais) quanto pelas perguntas. Você não foi chata, não! Suas perguntas são ótimas para não deixar que eu me perca. Espero que tenha conseguido te dar as respostas. Beijo grande!

Bruna: Fiquei feliz de você ter gostado (adorei sua frase “ganhei meu dia”). Obrigada! Também adorei o pedido de atualização (comentário 201, hehe). Beijão!

Morgana Black: Linda, querida, fofa!! Obrigada pelo comentário 200 e obrigada pelo comentário ao capítulo. Será que consegui te deixar como você me deixa ao final dos seus capítulos? Sério! Eu sempre acho que não consigo dizer tudo! Quanto ao Dumbie, bom, ele é o cara, não é? Fora o erro de morrer cedo! Acho que escrevi estes capítulo só para matar as saudades. E, sim, acho que “ruivos são fofos” é um ótimo dístico (aguarde o próximo capítulo, hehe). Beijo imenso!!

Trinity Skywalker: O que eu vou dizer do seu comentário, mulher? Obrigada, obrigada, obrigada!! Sabe que respeito de monte a sua opinião, porque sou sua fã e adoro o que você escreve. Sim, acho que você pegou direitinho... essa garotada que fica se implicando hihi. Quanto a história dos capítulos, juro que não quis imitar a JK, é que eu fico inventando coisa e depois vejo que não consigo botar tudo junto, aí acaba saindo uns capítulos tão Growpes que não tenho alternativa senão cortar. Também amo aquele jogo de xadrez assim como amo o primeiro livro. De novo, obrigada, querida! Beijo grande!

Carolzinha: Valeu de verdade, Carol! Alguém dizer que tenho talento para cenas de aventura é um tremendo elogio, pois sempre tive medo de escrevê-las. Fiquei muuuiiitooo feliz em ler isso (e tb que as cenas de romance não estão piegas). Obrigadão! Beijo!

MárciaM: Obrigadão pelo comentário! Sim, sim, sim, me tornei uma H/G quase incontrolável depois do 6º livro. Culpa da JK que os descreveu tão lindos. O pior é que acho que comecei a ler e escrever fic só por causa dos dois (queria vê-los juntos de novo, depois daquele fim frustrante). Mas a verdade é que em todas as fics com eles que entro, já vejo o seu nome, logo, quem vai pedir indicações sou eu, ok? Beijão!

Luna Weasley: Que saudade de você, garota! E da sua fic tb! Você ainda não atualizou (snif)! Obrigada pelo comentário ao capítulo, adoro ter a sua opinão! Beijo imenso!

Andressa: Obrigada pelo comentário e por você estar acompanhando a fic. Recebeu meu mail com a resposta para as suas perguntas? Espero que sim. Mas graças a isso lembrei de colocar uma frasesinha nesse capítulo para o pessoal lembrar do que eu escrevi antes sobre a profissão da Gina. Valeu pelo lembrete! Beijão!

Marcela Calura: Obrigado mesmo, Marcela! Sei que nem todo mundo curte as pós-Hogwarts, então é muito bom quando alguém diz que está gostando, que não acha muito sem noção. Valeu mesmo! Um grande beijo!

Rafael Delanhese: Puxa, seu comentário me fez me sentir o Dobby! Não cheguei a prender as orelhas no forno, mas peguei uma gripe que valeu por isso. O problema foi que atrasou a segunda parte do capítulo. Espero que agora eu não mereça outra “bronca”, hihi. Beijão!

Ao pessoal que leu, votou ou não votou e não comentou, meu muitíssimo obrigada!
Espero que vocês continuem aparecendo por aqui, de um jeito ou de outro!
Beijo grande e até o próximo capítulo!
(Mas sempre que puderem digam o que acharam, tá? COMENTEMMM, please!!!)








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