O Mal que se esconde



Capitulo 14



O Mal que se Esconde


Ana achava que uma expressão assustada ia se congelar no seu rosto para sempre, já que não conseguira desmanchá-la desde o momento em que chegara em casa. Casa? Lançou um olhar abatido para a bagunça a sua volta. Sua casa estava quase irreconhecível. Está certo que ela não era nenhuma Petúnia Dursley em termos de arrumação. Aliás, ela era um pouco bagunceira até mesmo para os padrões de sua tia Bianca. Mas o fato é que Carlinhos tinha colocado, em poucas horas, o aconchegante apartamento onde moravam de pernas para o ar e se ela não soubesse que tudo aquilo poderia ser arrumado com um movimento de varinha, estaria francamente desanimada.

Livros e mais livros. Caixas com pergaminhos repletos de anotações que vinham desde a época em que Carlinhos cursara Hogwarts. Mapas. Mais livros. Ele os consultava de forma quase febril. Anotava. Falava sozinho em voz baixa. Será que era isso que ele estava tentando dizer com ela ficar apavorada? Sim, porque Ana já estava apavorada com o fato de ter voltado para casa com um Carlinhos que ela não reconhecia.

As únicas palavras que ele havia lhe dito ao chegarem em casa foi: “deixa eu ter certeza!” Depois, se pusera a colocar todas as estantes literalmente a baixo. Ana perguntou se poderia ajudar, mas o marido fez que não com a cabeça, já muito concentrado, e ela não teve alternativa senão sentar e ficar olhando.

Horas e horas se passaram. À meia tarde, Ana lembrou que não haviam almoçado e fez uns sanduíches, mas Carlinhos apenas devorou o que ela lhe pôs na mão sem ao menos olhar para o que comia. A jovem estava perplexa. Era a primeira vez na vida que alguém a deixava completamente sem ação. Tentou falar com Carlinhos algumas vezes, mas tinha certeza que ele nem sequer a ouvira.

O sol já estava se pondo quando ele pegou um livro grande e antigo encadernado em couro e o abriu pela enésima vez numa página pré-marcada. Ana reconheceu o livro como um dos presentes de casamento que eles haviam ganhado. Era uma obra antiga e valiosa, que fora comprada, provavelmente, em algum antiquário. A amiga que o tinha dado quis agradar simultaneamente a uma Auror e um estudioso de criaturas mágicas. Ana já o tinha folhado algumas vezes. Era uma fascinante enciclopédia sobre seres mágicos ligados às Trevas: grindilows, acromânulas, basiliscos, quimeras, erklings, kappas, kelpies, manticores, pixies... Mas a verdade é que Ana, embora tivesse gostado do livro, não achava que ele fosse mais que uma versão antiga de uma obra como a que Newt Scamander havia escrito e que era usada pelos alunos de Hogwarts.

Carlinhos afundou a cabeça entre as duas mãos com uma expressão derrotada e Ana achou que finalmente conseguiria falar com ele. Levantou da poltrona ao lado da lareira, de onde o observava, e seguiu até a mesa a qual ele estava sentado, desviando dos livros e das caixas pelo chão.

– Amor? – Chamou colocando a mão no ombro dele.

Carlinhos pareceu sair do transe. Passou a mão na cintura de Ana puxando-a para si e recostando a cabeça no peito dela. A jovem acariciou os cabelos vermelho-escuros.

– Você achou? Quero dizer, achou o que procurava? O que queria ter certeza? – O marido confirmou num aceno de cabeça. – Carlinhos... – ela começou – fala comigo! Você me deixou de lado a tarde toda e agora está desse jeito, quer me deixar maluca? Por favor, me diz o que é.

O marido se afastou um pouco e depois a puxou fazendo-a sentar em seu colo.

– Os garotos com quem conversei esta manhã – Ana assentiu – eles viram quem levou uma das crianças raptadas.

– Sério? – Ela fez uma expressão encantada. – E eles disseram para você quem era? Porque nós tínhamos conversado que não parecia coisa de bruxo porque não tinha resquício de magia e que não podia ser um trouxa porque os Comensais não se associariam...

– Ana – ele interrompeu a tagarelice dela e a garota ficou quieta – não foram nem bruxos nem trouxas que levaram as crianças. Esses... esses desgraçados, os Comensais, eles... eles se associaram com a pior raça de criaturas que existe.

A voz dele estava tão cheia de indignação e raiva que Ana nem se surpreendeu quando ele a fez levantar de seu colo e saiu caminhando pela sala como uma fera enjaulada, apertando os punhos como se quisesse socar algo.

– Você não faz idéia de com que estamos lidando – continuou com a voz alterada. – A bruxidade levou séculos para conseguir mantê-los sob controle, para impedi-los de agir a não ser que fossem chamados. Nossos livros modernos mal se referem a eles para que a leitura não seja considerada uma invocação. – Ana seguia atentamente o que ele dizia, mas mesmo sem perder nenhuma palavra, não fazia idéia do que o marido estava dizendo. – Mesmo em Hogwarts, apenas alunos de N.I.E.M.S que pretendam se especializar em DCAT os estudam...

– Por Mérlin, Carlinhos! Do que você está falando?

– Demônios, Ana!

– Do quê? – A garota deu um sorrisinho meio de lado, ou o marido estava brincando, ou tinha enlouquecido. – Carlinhos, qualquer livro de escola fala de várias raças de demônios, e se estuda eles desde o primeiro ano em DCAT – começou a repetir os que se lembrava apontando nos dedos como se fosse Hermione – grindilows, erklings, kappas, kelpies... São perigosos sim, mas nenhum deles tem inteligência para o que você está dizendo.

– Não estou falando das sub-raças, Ana – retrucou impaciente – estou falando... – ele parou e a pegou pelo braço levando até a frente do livro que ele havia consultado e apontou para uma página com uma ilustração grande. – Estou falando disso!

A página continha um desenho de página inteira. Nela podia-se ver a imagem de uma criatura de aparência vagamente humana. Tinha uma altura mediana, um pouco encurvado, a pele era de um cinza escuro, macilento e doentio. Os dentes, em forma de serra, se mostravam num esgar que lembrava um sorriso malvado. Mas nada parecia pior em sua aparência que os olhos. Eram vermelhos, frios, injetados. Tinham uma expressão tão maligna que era desconfortável olhá-los mesmo na gravura, neles não parecia haver nada além da escuridão. Olhá-los causava um terror gelado que parecia comprimir peito como uma garra de ferro, impedindo quem os mirasse de fugir... ou mesmo de gritar.

Ana lembrou imediatamente das imagens que se via em livros trouxas sobre demônios, inferno e coisas assim, e que tanto a perturbavam na infância. Mas eram medos de criança! Fazia tantos anos que ela relegara aquela idéia a um canto da sua mente como algo que não existia, que nem mesmo quando entrara no mundo bruxo tinha se perguntado se coisas assim poderiam ser reais. Isto é, se teriam um tipo de existência que os bruxos reconheciam e que os trouxas, como tudo que era estranho, tinham decidido que não era algo aceitável pelas pessoas que fossem minimamente razoáveis.

Ela encarou Carlinhos que respirava pesadamente ao seu lado.

– Ok – forçou-o a tirar os olhos do livro e se voltar para ela – acho que meus conhecimentos como trouxa e como bruxa não são suficientes aqui. Então, você vai se acalmar – ela falou devagar como se a voz dela pudesse diminuir a alteração dele – e vai me explicar o que exatamente isso significa, ok?

O ruivo concordou com um aceno de cabeça. Ana pegou da mão dele e o guiou pela sala atulhada até um sofá que ficava próximo a janela. Ela teve de tirar uma caixa e uma pilha de livros de cima dos assentos antes que os dois pudessem se instalar ali.

– Certo! Aquilo que você me mostrou no livro são demônios, de acordo com o que os bruxos conhecem – ele confirmou. – Eles têm algo a ver com o que as histórias dos trouxas contam?

Carlinhos fez um leve ar de impaciência.

– Sim e não. Os trouxas fantasiam muito! – Ele deu uma risadinha nervosa. – Isso deve soar esquisito na boca de um bruxo, mas é assim. Sim, eles são maus. Provavelmente a raça de criaturas mais horríveis do planeta. Tem poderes maléficos, mas acho que se assemelham muito pouco com o que os trouxas acreditam. Desculpe, mas eu sei pouco sobre isso – deu um risinho de lado – eu não fiz estudo de trouxas na escola, sei apenas algumas coisas que meu pai conta ou o que ouvi Percy falar quando ele fazia essa cadeira em Hogwarts.

– Tudo bem, esquece as idéias dos trouxas e me fala o que eles são.

– Essa raça de demônios é conhecida pelo nosso povo como Beusclaihn e, ao contrário dos outros que você citou, são extremamente inteligentes e tem poderes muito amplos. Lembra que os dementadores se alimentavam de sentimentos e emoções boas? – Ana concordou. – Os beusclainh se alimentam de emoções e sentimentos ruins. E ao contrário dos dementadores eles não exaurem as pessoas de que se alimentam, mas a incentivam por sua presença a produzir cada vez mais sentimentos e emoções ruins. Eles são invisíveis a não ser que sejam chamados ou invocados, como se costuma dizer, e nesse caso podem assumir outras formas para não espantar quem os chamou. Eles gostam de seduzir suas vítimas antes de mostrarem sua verdadeira face, porque isso as deixa totalmente entregues as vontades deles. Somente as crianças podem vê-los como eles são mesmo sem chamá-los.

– Mesmo as crianças trouxas?

– Claro! Você não tinha medo deles quando criança?

– Tinha, mas era por causa das coisas que eu ouvia...

– Não, querida... – ele explicou carinhosamente. – Acredite, você deve tê-los visto alguma vez, isso ficou na sua memória como um sonho ruim, porque provavelmente lhe disseram que você estava vendo coisas que não existiam ou estava inventando. É assim com todas as crianças trouxas... elas são ensinadas a não acreditar no que vêem e no que sentem.

Ana sentiu uma pontada desconfortável no estômago. Não era sua memória que concordava com Carlinhos, mas alguma coisa mais antiga, mais fundamental, algo que mexia diretamente com as suas entranhas.

– Foi pelo que as crianças te contaram que você percebeu do que se tratava?

– Aham... Elas descreveram algo bem próximo do que te mostrei e ainda me disseram que eles pareciam temer dragões, algo que eles têm em comum com os dementadores.

– Portadores da felicidade e da sorte – ela comentou pensativa, lembrando das crenças sobre dragões que tinham feito a Ordem treiná-los para lutar contra os demetadores durante a guerra contra Voldemort. Ela fez um gesto mudo para que ele continuasse.

– Eles têm poderes mágicos, mas não os usam com freqüência, e quando o fazem preferem fazê-lo em rituais complicados. Como os dementadores, em geral, apenas a presença deles é suficiente para conseguirem o que querem. Eles vivem muito tempo e são capazes até mesmo de habitar os corpos de outros seres.

– Você diz possessão? Como Voldemort, que era capaz de possuir as pessoas?

– Onde você acha que ele aprendeu isso?

Ana levou as mãos à boca.

– Você diz que ele já havia se associado a esses... demônios naquela época.

– Bem... Foi algo que chegamos a desconfiar na Ordem. Mas Dumbledore acreditava que embora Voldemort tivesse aprendido algumas coisas com os beusclainh, ele era muito inteligente para fazer uma associação permanente com eles. Porque se tem uma coisa que essas criaturas não são é confiáveis. É muito difícil fazê-los seguir um plano. Eles amam o caos. Gostam de guerras, em outras palavras, de ver o circo pegar fogo. Trairiam qualquer um se isso fosse significar mais confusão, coisa que eles acham extremamente divertida. Voldemort era cuidadoso demais para se meter com aliados que poderiam por sua causa a perder.

– Então, foi assim que ele aprendeu a possuir as pessoas?

– Provavelmente. Algumas das piores coisas que os bruxos das trevas fazem foram aprendidas com os beusclainh, como por exemplo, a fazer inferis ou partir a alma. Mas parece que Voldemort ainda aprendeu a causar e a se alimentar do medo.

Ana fez uma expressão confusa.

– Como? Eu não entendi...

– A história de ninguém dizer o nome dele. Os beusclainh sempre se utilizaram disso como forma de causar medo. Usar seus nomes tinha o poder de chamá-los e as pessoas sempre tentavam ao máximo nunca fazer isso, mas isso também ajudava a temê-los ainda mais, para a satisfação deles.

– Minha nossa! – Ana tinha uma expressão estupefata. – E quanto ao que você falou de “se alimentar de medo”?

– Ana você se lembra do que Harry conta sobre a conversa dele com Ridle na Câmara Secreta? Do que Ridle disse sobre como havia conseguido dominar Gina?

Ana fez um esforço de memória e logo as palavras se formaram na sua mente: “Então Gina me revelou sua alma, e por acaso essa alma era exatamente o que eu queria... fui ficando cada vez mais forte com a dieta de seus medos mais arraigados e segredos mais íntimos. Fiquei poderoso, muito mais poderoso que a pequena Srta. Weasley*”. A jovem levou as duas mãos à boca quase que para se impedir de gritar.

– Então, foi assim...

– É... Os beusclainh não são muito bons em possuir crianças, porque apesar do medo que têm dele, as crianças sempre vêem sua verdadeira face o que dificulta para eles seduzi-las. Além disso, eles preferem adultos, que têm mais sentimentos ruins. Mas Voldemort não tinha esse impedimento. Gina não o via, via apenas o “simpático e amável Tom” – completou ele com amargura.

Ana respirou fundo e começou a fazer as perguntas que agora vinham em turbilhão a sua mente.

– Você disse que os bruxos levaram séculos para controlá-los e que haviam conseguido?

– Sim. Os beusclainh eram mais livres no passado. Conseguiam chegar mais fácil nas pessoas, fossem trouxas ou bruxos. Foi o próprio Mérlin que convenceu os bruxos a começarem a usar seus poderes para limitar os poderes dessas criaturas.

– Tem uma lenda entre os trouxas que diz que Mérlin era filho de uma mulher e de um demônio, isso é verdade?

– Não sei... Mérlin é uma figura misteriosa, mesmo para nós bruxos. Muito do que se diz sobre ele é lenda, não temos como ter certeza. Mas sei que foi ele que começou a cruzada para impedi-los de espalhar mal. A própria Ordem de Mérlin foi originalmente criada para abrigar aqueles que caçavam os beusclainh. Foram séculos de luta. Até que a decisão de esconder a existência da magia dos trouxas acabou rendendo os resultados mais eficazes.

– Como assim?

– Ora, se as pessoas estavam convencidas que coisas como demônios não existiam não tinham porque ter medo deles e como é difícil para eles se aproximarem das crianças... eles perderam muito de seu poder sobre as pessoas. Entre os bruxos não foi possível fazer de conta que os beusclainh não existiam, então foi decidido que se os referíssemos o mínimo possível, eles teriam pouco espaço para se aproximar de nós. Além, é claro, que não existe nenhuma casa bruxa que não tenha um bom feitiço que impede a aproximação dos demônios.

A garota olhou instintivamente para a própria casa.

– Você não lembra da lista de feitiços que a mamãe nos deu para fazermos antes de nos mudar? – Ana assentiu. – Ali no meio tinha um justamente para isso.

Ana respirou fundo outra vez. Mais uma pergunta.

– O que você acha que os Comensais querem se associando com essas... coisas?

O ruivo enrijeceu o maxilar, na verdade, ele enrijeceu inteiro.

– De todos os poderes que eles têm, o mais terrível é o de se comunicar com o mundo dos mortos. – Ana prendeu a respiração. – Acho que os Comensais se associaram aos beusclainh é porque acreditam realmente que existe algum meio de trazer o senhor deles de volta. Por outro lado, os beusclainh vão querer ser pagos para ajudá-los e eu não quero nem pensar no que os Comensais prometeram para ter seu mestre de volta.

Ana encostou a cabeça no encosto do sofá. Parecia que sua mente estava sendo perfurada com tantas informações.

– Isso é um pesadelo!

– A verdade é que eu devia ter desconfiado quando Snape falou para o Harry do tal Livro de Fausto, e também acho que quando o tivermos teremos realmente uma idéia do que eles pretendem.

– Por quê?

– Porque, segundo a lenda, metade dos rituais que existem naquele livro foram criados por Fausto com a ajuda de um beusclainh, chamado Mefistófeles. – Ana ergueu a cabeça, o coração acelerado como se ela tivesse corrido. – Os beusclainh adoram rituais... em especial os de sangue.




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As batidas frouxas na porta começavam a se tornar impacientes, e Severo Snape acabava de perder de vez o pouco humor que lhe restava. Quem diabos viria bater na sua porta àquela hora? A casa tinha alguns feitiços anti-trouxas, mas ainda era visível para eles, então, por vezes algum vinha bater ali tentando bancar o vizinho bem educado. Em geral, a simples aparição do homem desagradável vestido de preto era suficiente para colocar a correr o trouxa mais simpático e bem intencionado. Podia ser também algum bruxo, mas pouquíssimos sabiam onde ele estava. Pensou que poderia ser alguém enviado por Potter. Fechou o livro que lia com um profundo desagrado e resolveu parar de ignorar o visitante. Ergueu-se da cadeira apoiando-se na bengala e rumou pesadamente para a porta. A expressão irritada, no entanto, foi imediatamente substituída por uma genuína surpresa quando ele reconheceu o homem bem vestido parado a sua frente.

– Draco!!?

– Como vai, professor Snape? – Cumprimentou Draco Malfoy, cínico, com um movimento de cabeça. O rapaz cobria-se com uma capa escura de viagem, ornada de peles, que denunciavam sua vinda de um lugar bem mais frio.

– O que você está fazendo aqui? – Perguntou Snape com urgência na voz enquanto puxava Draco pelo ombro para dentro da casa e fechava a porta apressadamente. – Alguém viu você chegar aqui?

– Claro que não – respondeu Draco entediado tirando as luvas e lançando um olhar enojado para a sala poeirenta e atulhada da casa do ex-professor.

– Você não estava em...?

Draco bateu com as luvas no assento de uma cadeira para retirar o pó e sentou-se elegantemente, mantendo o ar cheio de tédio.

– Durmstrang. Sim... sou professor de Poções lá. Insuportavelmente frio, mas o pessoal não é muito de fazer perguntas, o que é bem conveniente.

– Se pegam você na Inglaterra...

– É... seria realmente incomodo... Muitas explicações a dar. Mas mesmo tendo fugido sem nenhum julgamento, pelo que eu soube, as acusações contra mim foram retiradas – comentou com a voz arrastada ainda examinando o resto do aposento. – Se me recordo, o Profeta fez uma reportagem lamentando a sorte de minha família. Quais eram mesmo as palavras... pobre rapaz, muito jovem, mal influenciado pelos pais, tios, professores... – arrematou com um sorriso cínico.

– Como me descobriu? – Perguntou Snape sentando em sua poltrona de aparência quebrada com o ricto de dor que aquele movimento sempre lhe provocava.

– Ah, Severo, você é bom, mas não é tão bom assim. Não foi tão difícil quanto eu esperava, na verdade...

– O que veio fazer aqui, Draco? – Snape cortou bruscamente a fala do rapaz.

– Meu pai fugiu de Azkaban.

– Eu sei.

– Ele procurou você? – Havia uma certa ansiedade na voz de Draco.

– Não. Sou um traidor, está lembrado? Se me procurasse estaria morto. Procurou você?

– Não – respondeu sério – não creio que ele confie em mim no momento. Eu certamente usei meios que ele não aprovaria para fugir. Talvez, se quisesse sumir da Inglaterra, ele me procurasse... Mas, se ele estivesse planejando algo grande, tenho certeza de que não iria atrás de mim. Tem idéia de quem o ajudou a sair de lá?

– Você não tem? – Snape devolveu a pergunta, cheio de ironia.

– “Titia”?

– Pelo o que eu soube, sim.

Draco manteve-se sem expressão. Os olhos azuis considerando as pontas dos dedos longos e brancos sobre as vestes escuras de viagem.

– Bem, então deve ser algo grande – falou num tom baixo e pensativo. – Não creio que “tia” Bellatrix iria sair de sua tão benfazeja morte se não fosse por algo que realmente valesse a pena. Tem idéia do que seja?

Snape não pode deixar de notar o tom de raiva na voz do jovem ao se referir a tia. Bellatrix tinha se beneficiado da morte da mãe de Draco para escapar do Ministério da Magia. Nos últimos dias da guerra, Narcisa Malfoy havia se jogado em uma missão desesperada e de resultado fatal. Numa tentativa de resgatar o filho, capturado pela Ordem da Fênix e jurado de morte pelo próprio Voldemort, ela tomara uma poção polissuco para se fazer se passar pela irmã Bella e acabara sendo morta.

Snape estudou Draco com atenção, mas o rapaz era um bom oclumente, era difícil saber o que lhe ia de verdade na alma. Obviamente ele o havia procurado em busca de respostas, mas Severo não tinha a menor idéia do que ele pretendia fazer com elas.

– Acredito – respondeu medindo as palavras – que os dois tenham em mente tentar fazer algo que parece impossível...

– Como o quê? Inventar um feitiço para extinguir os trouxas da face da terra?

Snape ignorou o cinismo e o ar de troça do jovem.

– Creio que eles querem trazer o Lord das Trevas de volta – Draco estreitou os olhos incrédulo – e de quebra, é claro, se vingar de seu “amigo” Potter.

Draco não conseguiu conter uma expressão de asco ao ouvir o nome do antigo colega.

– Acha que eles têm alguma possibilidade de conseguir fazer isso?

– Ainda não consegui entender exatamente o que os dois pretendem, mas temo que haja uma possibilidade de conseguirem uma ou outra coisa.

– Reviver o Lord das Trevas ou vingar-se do cicatriz? – Snape deu de ombros. – O que me interessa saber, Severo, é se você acha que a vingancinha que meu pai e “tia Bella” estão planejando vai incomodar somente ao Potter ou vai nos incomodar também?

– Se eles conseguirem, Draco, vai incomodar a todos. Infelizmente, acho que isso não será saudável, especialmente, para nós dois. Não creio que estejamos entre os favoritos se o Lord das Trevas realmente retornar.

Draco voltou a escorar-se no espaldar da cadeira, procurando aparentar mais calma do que realmente sentia.

– Que pena! Eu verdadeiramente não me importo em ver o heroizinho do mundo mágico na lama, acho que até apreciaria o espetáculo, mas não gosto quando isso corre o risco de se aplicar a mim mesmo.

Snape arqueou a sobrancelha, mas não respondeu. Sabia que Draco odiava Harry Potter, talvez tanto quanto ele mesmo havia odiado Tiago Potter. Harry e Draco nunca haviam se suportado e isso só piorara quando a guerra os colocou fatalmente de lados opostos. E não se podia esquecer que, mesmo que por engano e sem ter a intenção, Snape e Draco sabiam que fora Harry – com a ajuda de Neville Longbotton – que havia matado Narcisa Malfoy.

– Ele sabe? Quero dizer, além da fuga do meu pai, ele sabe o que eles estão pretendendo?

– Potter? Sim. Ele pode ser um tolo, mas sempre teve os instintos apurados. Pressentiu que algo estava acontecendo antes mesmo de seu pai fugir.

– E como você sabe disso?

– Potter me procurou. Achou que como especialista em Artes das Trevas eu poderia ajudar a descobrir o que os partidários de Lord Voldemort estavam tramando. – Snape resolveu não ser muito especifico sobre como Harry intuíra as intenções dos Comensais, nem revelar detalhes sobre os sonhos de Gina Potter. Não confiava em Draco.

– Você o está ajudando? – Era mais uma afirmação que uma pergunta, embora as palavras estivessem carregadas de incredulidade.

– Estou – respondeu Snape, seco.

– Por quê? Está certo que não se queira um retorno do Lord das Trevas. No nosso caso, por amor aos nossos próprios pescoços. Mas ajudar o Potter e aquela gentinha dele... é um pouco demais, não acha?

– Eu tenho os meus motivos, Draco. Mas não posso negar que o fato dele estar me ameaçando e pagando também conta.

Draco franziu a testa e logo depois caiu na gargalhada.

– Ameaçando e pagando?? Por Mérlin! Ele continua o mesmo idiota inacreditável. E ele confia em você?

– Certamente que não. Mas não creio que no momento Potter tenha muita alternativa.

– Diga-me, Severo, se meu pai te procurasse – Draco se inclinou para frente estudando o outro, a voz cheia de malícia – você entregaria ele ao Potter e continuaria nessa sua vidinha miserável? Ou... entregaria o Potter para ele e tentaria se redimir perante o Lord das Trevas?

Snape manteve-se impassível.

– O que quer dizer com isso, Draco?

– Exatamente o que eu disse. Você é um traidor, mas poderia se arrepender... Se entregasse ao meu pai e a “titia Bella” o que eles querem... Se os ajudasse a trazer o Lord das Trevas de volta...

– É isso que está pensando em fazer quando os encontrar, oferecer ajuda, em troca de perdão? Em troca de um lugar ao lado do Lord das Trevas, se ele voltar?

– Eu não disse isso – Draco voltou a se recostar na cadeira – apenas perguntei o que você faria? Olhando para a sua “casa”... não pude deixar de ficar curioso?

Snape percebeu a manobra do rapaz. Nenhum dos dois sabia exatamente de que lado o outro estava, nem o que planejavam fazer a seguir. Ele resolveu dar um pouco mais de corda para ver o que o jovem Malfoy fazia com ela.

– É... – falou como se estivesse considerando seriamente as palavras – mas parece que não é bem do Potter que Lucius e Bella estão atrás.

– Não? – Questionou o loiro erguendo a sobrancelha.

– Pelo que pude averiguar, acho que estão atrás da mulher.

– Mulher?

– Da mulher do Potter, Draco! – Respondeu Snape com impaciência. – Você soube que ele casou, não soube?

– Li alguma coisa no Profeta, mas, como deve imaginar, nos últimos anos tenho perdido o interesse pela coluna social. E na verdade, não tenho interesse nenhum pela vida do Santo Potter.

Draco praticamente cuspiu as últimas palavras. A frieza estudada dele não conseguia se sobrepor à barreira de raiva que sentia pelo colega grifinório.

– Ele se casou com a irmã do amigo. – Snape aguardou qualquer reação do rapaz, mas ela não veio. – Esta é casado com Gina Weasley.

Draco deu um sorrisinho de lado.

– Bem, não se pode deixar de admirar uma garota persistente. Ela o cercava desde de que tinha o que? Onze anos?

– Ela está grávida – informou Snape sem alterar o tom de voz.

– Ah! Por favor, Severo, eu acabei de jantar – Draco fez uma careta de náusea. – Com a Weasley é? – Considerou pensativo. – Engraçado, cheguei a até a achar que ele acabaria com a sangue-ruim da Granger. Sempre foram tão amiguinhos.

– Bem, os dois parecem gostar de ruivos. A Granger casou com o idiota do Weasley em pessoa. Pelo que sei, os dois já tem um filho, inclusive.

– Mérlin nos proteja! E eles ainda se reproduzem! O mundo bruxo está realmente perdido!

Draco terminou o comentário com outra careta enojada. Essa era a justiça do mundo, então? Ele tinha de viver escondido, escorraçado, sem ao menos poder viver em seu país, enquanto Potter, Granger e os Weasley brincavam de casinha. Ergueu os olhos e viu que Snape o olhava com muita atenção, como que esperando suas reações.

– Você tem idéia – recomeçou o rapaz – do que meu pai e minha tia querem com a... weasleyzinha? O que acha exatamente que eles pretendem fazer?

Snape abriu lentamente o que pareceu a Draco um sorriso cheio de maldade.

– Ora, Draco! Isso é exatamente o que o idiota do Potter está me pagando para descobrir.





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Harry desceu a escada em caracol aos pulos e saiu correndo em direção aos aposentos em que McGonnagal os tinha alojado. Com certeza, Rony, Hermione e Gina o estavam esperando e ele mal podia se segurar para contar sobre a pista que o quadro de Dumbledore lhe havia dado. Enquanto corria, com o coração quase saindo pela boca, não pode deixar de sentir uma certa nostalgia da época em que cruzava os corredores do castelo para encontrar com Rony e Mione e dividir com eles suas descobertas. Na verdade, estava mais descuidado, pois no momento não carregava consigo nem a Capa de Invisibilidade, nem o Mapa do Maroto, coisas de que não se separava quando estava na escola.

Quando dobrou o corredor do sétimo andar para a ala leste, um miado alto o informou que embora ele estivesse descuidado, Madame Nor-r-ra continuava a mesma. A gata de Filch estava mais feia, se era possível, e com uma aparência decrépita. Harry parou de correr e a olhou com o mesmo desagrado que tinha por ela nos tempos de garoto.

– Passa – ralhou – eu não sou mais aluno! Não me incomode!

A gata sentou e o ficou o observando se afastar com aqueles olhos vermelhos. “Por Mérlin”, pensou Harry, “quantos anos afinal vive um gato? Esse bicho não vai morrer nunca?” Manteve os passos largos até a frente do quadro que escondia a porta dos aposentos para hóspedes. Era o quadro de um bruxo gordinho, de bigode fino, com os cabelos escuros untados separados numa risca fina e impecável. Apesar das vestes bruxas, ele lembrava muito um daqueles mordomos que aparecem em antigos filmes trouxas.

– Senha – disse pressuroso o homenzinho do quadro.

– Em casa – respondeu Harry sorrindo enquanto o quadro se curvava para frente e deixava a mostra uma sólida porta de madeira, com imensas dobradiças de ferro, que se abriu antes que ele a tocasse.

Ele entrou no aposento aquecido por uma imensa lareira esculpida que dominava boa parte da parede do fundo. A sala comum, que havia entre os dois quartos que eles estavam ocupando, lembrava vagamente a sala comunal da Grifinória. As cores fortes, os sofás e poltronas, uma mesa próxima à janela. Mas certamente, essa era uma sala bem menor que a da Grifa, mas Harry tinha gostado dela.

Exatamente como ele havia imaginado, nenhum dos outros havia ido para os quartos, apesar de ser já bem tarde da noite. Gina estava enroscada em um sofá de dois lugares, coberta por uma manta e obviamente tinha pegado no sono. Rony estava esparramado no sofá maior com Hermione deitada sobre ele, mas não pareciam estar dormindo.

– Ham-ham – pigarreou Harry divertindo-se com o susto dos amigos.

– Ah! Oi Harry – Hermione ergueu-se rápida e desajeitadamente.

– Aiii! – Reclamou Rony levando a mão ao estômago. – Olha onde se apóia, Mione.

Hermione revirou os olhos.

– Ah, Rony, nem machucou! Desculpa, tá? – Era incrível como os dois conseguiam passar tão rapidamente de um estágio ao outro. Rony continuou reclamando. Mas Hermione resolveu cortar a briga que já começava virando-se para o amigo. – E então, Harry? Como foi?

Harry, que estava de braços cruzados rindo dos dois, fez um gesto com a mão para que aguardassem um minuto e foi até onde Gina ainda dormia. Ajoelhou-se ao lado do sofá e deu um beijo suave nos lábios da esposa.

– Acorda bela adormecida – falou baixinho, mas a garota apenas se mexeu um pouquinho, meio sorrindo. Harry beijou-a de novo. – Não quer ouvir as novidades?

Gina abriu os olhos de vagarinho e espreguiçou-se toda manhosa.

– Boas? – Ele confirmou sorrindo. – Que bom – falou lenta e cheia de sono – porque você me tirou de um sonho tão bom... – A garota fez um beicinho pedindo mais um beijo, o que ele prontamente atendeu.

– Hei! Vocês têm platéia, sabiam? – Reclamou Rony que parecia já ter cansado de pirracear com Hermione.

Harry voltou a cabeça para o amigo.

– Qual é Rony? Já devia ter se acostumado, cara!

– Queria ver se você ia se acostumar com um cara sempre agarrando a sua irmãzinha.

Gina e Hermione reviraram os olhos. Aquela discussão era antiga. De início, Harry se retraía um pouco com as implicâncias de Rony, depois ele passara a revidar. Em resumo, as duas se perguntavam se eles nunca iam crescer. Harry levantou e encarou o cunhado.

– Bom, se for para pensar desse jeito, a Mione é quase como se fosse minha irmã. Assim, como você é também um irmão para mim, eu não só tenho que enfrentar a visão de “um cara agarrando a minha irmã”, como tenho que me controlar para não achar que é incesto. – Arrematou com uma seriedade fingida, enquanto Rony ficava exatamente da cor dos cabelos e as duas garotas rolavam de rir.

– Ra-ra-ra... – retrucou o ruivo sem o mesmo humor dos outros três – muito engraçado! Vai nos contar o que aconteceu lá ou não?

Gina se moveu para Harry sentar ao lado dela e ele começou a contar toda a conversa com Dumbledore desde que entrara na sala da Profa. McGonnagal.

– Desejo mais profundo... – falou Mione franzindo a testa quando Harry terminou de reproduzir a última fala do quadro de Dumbledore – você conseguiu pegar essa pista?

Mas Rony já se jogara para trás no sofá, esticando os braços compridos no encosto, exibindo um sorriso de satisfação no rosto. Ele adorava quando conseguia chegar numa resposta primeiro que Hermione.

– Claro como água – disse o ruivo, enquanto a mulher e a irmã o olhavam com as sobrancelhas erguidas. – Se “ele” continua no mesmo lugar – Harry confirmou deixando o amigo continuar o suspense – então tudo o que a gente tem a fazer é descer pelo alçapão do corredor do terceiro andar.

O queixo de Hermione caiu.

– O espelho de Ojesed? – Perguntou olhando de Rony para Harry, os dois confirmaram. – Essa é a pista, então?

– Beleza – exclamou Rony – a gente já fez isso uma vez, não tem mistério. Vai ser mole!

– Rony – ponderou Gina – você não acha que, depois de três crianças e um bruxo das trevas como o Prof. Quirrel terem superado os feitiços que guardavam o espelho, eles tenham permanecido os mesmos, acha?

– A Gina tem razão, Rony – completou Harry. – A McGonngal me disse que na época ela perguntou ao Prof. Dumbledore se ele ia remover o espelho de lá, já que ele já havia cumprido sua função. Dumbledore respondeu que a Pedra era apenas um dos mistérios que o espelho guardava e que, por via das dúvidas, ele continuaria escondido no mesmo lugar. Ela também me disse que ele se encarregou pessoalmente de levantar novas barreiras mágicas para dificultar o acesso ao espelho.

– Tá, vai ser mais difícil – conformou-se Rony – mas ainda sim vamos ter de descer lá, não é? – Perguntou ao amigo, ansioso.

Harry confirmou, mas também notou que Gina murchou do seu lado.

– O que foi?

– Acho que eu fico de fora de novo, não é? – Comentou sem ânimo.

– Desculpe, Gi... mas acho que seria perigoso no seu estado. A primeira vez que a gente foi, o Rony quase morreu naquele jogo de xadrez.

– Sem falar no visgo do Diabo – completou o irmão.

– Tudo bem – atalhou a ruiva sensatamente – eu espero vocês três aqui.

– Quando vamos? – Quis saber Rony.

Harry lançou um olhar para a esposa. Estava doido de curiosidade, sem falar que cada vez mais queria respostas que o ajudassem a defender sua família. Mas umas horas a mais ou a menos não fariam diferença. Afinal, ele não teria de ir ao corredor do terceiro andar escondido dos professores.

– Vamos amanhã cedo. Não tem porque perdermos uma boa noite de sono, a gente teve um dia bem puxado hoje.

– Hãã... certo! – Concordou o ruivo e olhou para Mione para ver se ela também estava de acordo.

– Na verdade... – começou Hermione – acho que vocês dois vão sozinhos e eu vou ficar com a Gina.

– Mione, não precis...

– Não se trata de te fazer companhia – disse Hermione, cortando a cunhada. – Apenas acho que encontrar o Livro de Fausto é só uma parte do que viemos fazer aqui e vai ser mais produtivo se nós nos separarmos. – Os outros três a olharam pedindo explicações e Hermione jogou o cabelo para trás assumindo uma expressão didática. – Encontrar o livro de Fausto vai nos permitir saber com o que estamos lidando, mas ainda precisamos saber como enfrentaremos o que vem pela frente. Até hoje, sempre contamos com os poderes de Harry, mas dessa vez, é Gina quem parece estar sendo mais atingida pelo que vem acontecendo. – A jovem tomou fôlego. – Se queremos estar preparados, temos que saber exatamente como Gina pode acessar os poderes de Aradia e o que eles podem fazer. Então, vocês dois vão em busca das pistas do Livro de Fausto e Gina e eu iremos para a Biblioteca descobrir tudo o que pudermos sobre os poderes dela.

Gina olhava encantada para Hermione. A amiga era realmente incrível. De forma muito lógica, ela tinha feito a todos verem que não havia nada a lamentar em não ir se bater contra visgos do diabo ou peças de xadrez gigante (supondo que eles ainda estivessem lá). Harry também tinha uma expressão feliz.

– Brilhante, Mione! Rony, me faz um favor, dá um beijão na sua mulher por mim!

– Não precisa mandar duas vezes – respondeu o amigo, puxando a esposa pelo pescoço e colando os lábios nos dela, enquanto a garota ria.

– Hei! Vocês têm platéia! – Berraram Harry e Gina às gargalhadas, recebendo uma almofada em reposta, atirada por Rony.

– Tudo bem, crianças – falou Hermione se levantando e pondo ordem na casa. – Hora de dormir! Vai ser bem melhor se acordamos todos bem cedo amanhã. E isso inclui você, Ronald! – O rapaz resmungou, mas levantou segurando na mão da esposa que o puxava. – Vem, ainda quero falar com a sua mãe pela lareira do quarto para ver como está o Sirius.

Rony resmungou alguma coisa sobre ser a quarta vez que ela fazia isso naquela noite, mas o resto da discussão, Harry e Gina perderam porque os dois fecharam a porta. Harry levantou e virou-se para que Gina subisse em suas costas. A garota enlaçou o seu pescoço e pôs as pernas em torno da cintura dele.

– Você está ficando pesadinha, hein? – Comentou rumando para o quarto.

– A culpa não é minha. Seu filho é que quer comer o tempo todo.

– Sei... Aquela parada na Dedosdemel antes de virmos para cá, foi a pedido do bebê, certo?

– Claro – respondeu a ruiva de um jeito sapeca.

Os dois cruzavam a porta do quarto quando ele perguntou.

– Onde foi mesmo que parou o sonho “tão bom” que você estava tendo? – Gina riu e sussurrou algo no seu ouvido. – Ok – respondeu com seriedade fingida – acho que a gente pode seguir daí.




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* Ver a página 261 de HP e a Câmara Secreta.

N/A: Oi gente!!
Antes de tudo eu quero agradecer pela votação dessa semana, foi tão rápida e expressiva que cheguei a me perguntar se era algum erro do site. Como os números não se alteraram para baixo, eu só posso é agradecer a vocês por terem embarcado nessa história. Valeu mesmo!!!
Quanto aos comentários, vocês sabem, em especial os que são autores, o quanto eles são valiosos e importantes. Muitíssimo obrigada, também! Vocês têm sido o máximo! Por isso não consigo me conter em fazer alguns agradecimentos pessoais.

Bernardo: Viu? Bem no prazo, uma semana (hehehe). Valeu pelos comentários, adorei vc ter dito q gostou dos “pivetinhos”.
Eddy: Seu comentário entusiasmado pelo capítulo me deixou super feliz. Simmm, a turminha do Hector ainda vai aprontar muito, tanto aqui, quanto na Fic da Belzinha (HP e o Segredo de Corvinal).
Belzinha: Nossa amiga! Seu comentário me deixou sem fala! Obrigada, mesmo! Mas devo parte de minha inspiração às conversas que tenho com você. Essa fic não seria a metade sem nossos papos, via MSN. Obrigada mesmo, de coração!
Morgana Black: Você sabe que amo seus comentários, não é? Esse então foi quase uma resenha, hehehe. Que bom q vc achou a garotada *fofa*, a Belzinha e eu estamos nos sentido umas mamães orgulhosas dos nossos pimpolhos. Quanto ao mistério? Bem, espero não ter decepcionado.
Luna Weasley: Que dizer do seu comentário, garota? Você e a Morgana planejaram isso de me comparar com a JK só para eu ficar sorrindo de orelha a orelha, não é? Que bom que vc gostou da turminha, da conversa com o Dumbie e da McGonnagal mostrando o lado menos durão dela. Valeuuuu!!
Grazy DSM: Aiiiii, o sucesso dos ‘marotinhos’ me deixa contente demais, pois eles foram criados com muito carinho e pode ter certeza que nós “mamães” estamos para lá de orgulhosas. Brigadão!
Trinity Skywalker: Que delicia ler seu comentário! Sim, a Mel tem a paixão pelos livros da Hermione e o sangue-quente da Gina, sem falar que adora bancar a defensora de “frascos e comprimidos” hehehe, quanto ao Hector, eu concordo, ele é abusado, mas é uma paixão. A cena Carlinhos e Ana: Sabe que vc não foi a única a lembrar do Arquivo X? Eu assistia sim e fico feliz de ter ficado uma boa cena, mesmo que na hora eu não estivesse pensando no Molder e na Scully. Quanto aos paralelos com a sua fic maravilhosa (leiam a fic da Tinity, gente) eles sempre me vem a cabeça quando leio sua Fic e sim, eles certamente vão continuar... desculpe, não posso dizer mais nada.
Charlotte Ravenclaw: Simmm, a turminha vai longe e aguarde a Danna, ela é muito mais do que aparenta. Beijãooo!
Kika: Valeuuuu!!! Amei seu comentário. Nossa, tô super feliz que a turminha tenha agradado. Não se preocupe, eles já estarão de volta no próximo capitulo. Quanto ao mistério, bem... uma parte dele já foi revelada aqui, acho que deu para entender pq a Ana ia ficar desesperada, né?
Sheil@ Potter: Obrigada pela leitura e pelo comentário Sheil@. Sim, é uma história em que o Harry pode sentir um pouco do que os pais dele sentiram quando o cara de cobra resolveu persegui-los e vai ter que usar tudo o que sabe para defender a sua família, isto é, a Gina e o bebê.
Aisha: Brigadão pelo comentário e, escute, vocês andam muito demoradas para atualizar as fics de vcs, a dos Marotos está completamente esquecida... Please, atualizemmm!
Carolzinha: Brigadão!!! Tenho me inspirado relendo os primeiros livros para escrever sobre a garotada, é bom lidar um pouco com quem tem menos problemas na cabeça e só pensa na aventura e não nas conseqüências. Acho que é por isso que não tem como escrever os adultos sem passar um pouco de aflição, hehe.
Maria José Andrade dos Santos: Gente nova comentando!!!! Adorei! Obrigada pela leitura e pelo comentário também. Valeu!
Xufi Weasley: Hehehehe, esse foi um comentário realmente entusiasmado e que me deixou entusiasmada também. Só de ler já deu vontade de escrever mais. Obrigadão, mesmo!!!
Paty Black: Valeu pelo comentário garota, brigadão mesmo! E parabéns pelo casamento, só não esquece da gente, ok? Você escreve um das fics que eu mais gosto e vou ficar órfão sem ela.
Carline Potter: Você merece Carline. Sabe o quanto gosto das suas “resenhas”, não podia ficar sem, não é? Depois li seus outros dois comentarios! Minha nossa! Sua reflexão sobre a literatura foi 10. Sim, eu concordo temos um produto nacional de muita qualidade, mas acho tb q autores como a JK tem revelado um mercado fantastico para a fantasia, que até bem pouco tempo era pouco considerada pelos editores brasileiros. Tomara que coisas como as fics venham a ser mesmo um celeiro onde novos autores possam se exprerimentar e serem guiados pelo proprio publico q os le. Tomara q logo, os editores se deem conta disso e abram espaço para o q a gente tem visto se ensaiar num lugar como a Floreios. Sera muito bom ver nosso pais ter uma nova geração de autores e leitores, vamos torcer por isso fazendo o que a gente mais gosta: ler e escrever. Valeu demais pelos comentarios ao capitulo, Carline! Como sempre fiquei encantada com o que vc consegue perceber da Fic. Simmm, a Danna é muito mais do que parece, a Bel e eu estamos apenas esperando o momento exato para revela-la e tenho certeza q vcs vão amar a historia dessa garota. Beijão (vou parar antes q o agradecimento fique maior q a fic, hehehehe).
Rafael Delanhese: Puxa, garoto! Rainha do Mistério! Fiquei me achando! Tô me sentindo a Agatha Christie, hahaha. Brigadão pelo comentário e espero continuar a altura. Beijão.

A todos que tem lido, votado e comentado: Muito obrigada mesmo!
Um grande beijo e até o próximo capítulo.


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