De Volta a Hogwarts
Capítulo 12
AVISO!!! Nesse capítulo aparecerá um grupo grande de personagens novas. Elas foram criadas em conjunto por mim e pela Belzinha e vão aparecer nesta fic e nas próximas fics dela (“O Segredo de Corvinal” já está estourando por aí gente, NÃO PERCAM!). Mais precisamente, o Hector é cria minha, a Mel, da Bel e os outros são nossos. Criados em tardes memoráveis no MSN. Esperamos (a Bel e eu) que vocês gostem deles!
De volta à Hogwarts
Na segunda-feira, já de manhã cedo, Hermione estava sentada em frente à lareira do apartamento com um pergaminho no colo, uma pena entre os dedos e um vidro de tinta próximo aos pés. Perto de seus joelhos aninhava-se uma massa de pelos alaranjados e cara amassada. Bichento lançava um olhar interessado para a lareira onde, em frente aos dois, a cabeça de Ana flutuava mal humorada dentro das chamas verdes.
– Devíamos comprar um celular – reclamava a garota de dentro da lareira – meus joelhos estão me matando.
– Você sabe que os aparelhos trouxas não funcionam bem em lugares com muita magia, Ana – retrucou Hermione, sem erguer a cabeça do pergaminho em que fazia anotações.
– Bom, então a gente devia enfeitiçar um ou achar um outro jeito de se comunicar – bufou Ana, o que a fez se engasgar e tossir com um monte de cinzas que lhe entraram pelo nariz. – DROGA!! Viu o que eu disse? Esse não é um meio de comunicação muito inteligente, é? Além disso, a gente fica toda suja, vou ter que lavar meu cabelo de novo – lamentou entremeando xingamentos baixinhos em português.
Hermione teve de rir. Vivia a mais tempo no mundo mágico que Ana e já se acostumara a algumas coisas que os trouxas chamariam de excentricidades. A brasileira, no entanto, tinha uma posição bem definida: achava aparatar simplesmente o máximo, apesar da sensação desconfortável, mas era da opinião que telefones eram muito mais cômodos que lareiras e sujavam menos que corujas, embora ela adorasse os bichinhos.
– Vamos pensar em algo mais prático – respondeu Hermione divertida. – Anotou tudo o que eu disse?
– Ãhãm... O Carlinhos está mais acomodado que eu e anotou para mim. Pode deixar, hoje mesmo eu já começo a me mexer.
Hermione ouviu uma voz masculina vinda da lareira.
– E eu vou junto.
A cabeça de Ana se voltou para trás e sorriu para o marido.
– Hehe... O Carlinhos saiu em férias. Vai ser bom – voltou-se de novo para a amiga – aí poderemos investigar isso juntos.
– Tem certeza, Ana? Quero dizer, isso não vai te atrapalhar muito. Afinal, VOCÊ não está em férias!
– Ahh, mas eu vou tirar licença do trabalho.
– Mas... – Hermione pegou na hora a intenção da outra.
– Sem “mas”, Mione! Não vou ficar naquele Ministério compactuando com o que estão querendo fazer com o Harry. Não enquanto o ministro e os idiotas da Suprema Corte (desculpe Mione) derem ouvidos para gente como a sapa velha da Umbridge. A Gina está coberta de razão, aquele atentado ambulante ao bom gosto devia estar em Azkaban, ela e todos os seus lacinhos de veludo! – Respirou devagar porque já estava engolindo cinzas de novo. – Eu só volto ao trabalho quando o Harry e o Rony voltarem e essa confusão estiver esclarecida. Afinal, estávamos todos juntos na invasão da prisão, somos uma equipe. Ah... e a Tonks disse que vai fazer o mesmo.
Hermione mordiscou o lábio inferior.
–O Harry não vai gostar disso.
– Bem, ele que se acostume – retrucou Ana decidida – Somos todos adultos e podemos arcar com as conseqüências de nossos atos. Harry não pode continuar achando que é responsável por tudo. Além disso, somos uma família Mione, se mexeu com um de nós, mexeu com todos.
Hermione não pode deixar de sorrir com o discurso inflamado de Ana. A atitude do Ministério tinha pisado em dois calos da brasileira: sua fortíssima noção de justiça e seu herói Harry Potter. Hermione, por vezes, achava que Ana ainda o via como um garotinho, mesmo que agora eles tivessem a mesma idade*. Mas quando ela ia responder apareceu uma pequena distração na forma de uma “bolinha” de cabelos ruivos e macacão verde que engatinhava feliz em direção à lareira. Hermione segurou Sirius antes que ele pudesse alcançar o rosto de Ana, que o garotinho fitava com alegria. Foi o suficiente para Ana se derreter e começar um tatibitati animado na sua língua natal com o bebê. Sirius parecia fazer força para responder com os arremedos de palavras que conhecia (e que apenas Harry e Rony achavam que eram palavras de verdade). O menino ria e batia palmas para as caretas e festinhas da tia.
– Ah! Você está aí! Vem cá seu pestinha! – Rony vinha de dentro do apartamento, ainda sem camisa e vestindo calmamente um suéter, os cabelos úmidos e despenteados. – Oi Ana! – Cumprimentou. – Você já tá falando com o Sirius aquela língua esquisita de novo!
– Isso é português, Rony – corrigiu Hermione.
– Mione, isso é QUALQUER coisa, menos português, acredite – completou o ruivo com uma careta para a cunhada. Ele se ajoelhou ao lado de Hermione, dando um empurrão sem cerimônia no Bichento e a puxou suavemente pelo pescoço, dando-lhe um beijo carinhoso na boca. – Você já está trabalhando a essa hora. – Não chegava a ser uma censura, tinha mais o tom de constatação que se usa quando se sabe de cor os hábitos da outra pessoa. Hermione sorriu em resposta. Rony ainda fitava a esposa quando falou no mesmo tom divertido de antes: – Pode desmanchar essa cara, Ana!
– Cara de quê? –Perguntou a cabeça da garota, se segurando para não rir.
– Essa sua cara de: “ai, que fofo!” – disse o ruivo imitando os trejeitos da cunhada.
Ana caiu de vez na gargalhada e respondeu cheia de ironia.
– Tá bom, Ronald! Você é um cara durão! Todas as suas fãs sabem disso e eu juro – beijou os dedos em cruz – que não vou contar para ninguém os seus momentos fofos – completou com um beicinho.
Rony estreitou os olhos cheio de falsa indignação e ia responder, mas Sirius tinha fugido das mãos de Hermione e estava começando a escalar o colo dele, engrolando palavras e rindo enquanto tentava puxar os cabelos mais longos do pai.
– Ele fugiu de você? – Perguntou Hermione.
– É... eu me distraí por um minuto – respondeu o marido desviando o rosto das mãos ávidas do filho que lhe beliscavam as bochechas.
– Distraiu, fazendo o quê? – Quis saber a garota.
– Ah... Nada de mais... – tinha um tom esquisito e displicente na voz – Mione, você gostava muito daquele seu baton cor de rosa e do lençol listradinho?
– Por quê?
– Um pequeno acidente... – disse ele levantando do chão com Sirius no colo – digo, um acidente pequeno e ruivo.
Hermione gemeu desolada, enquanto Ana parecia que ia ter uma coisa de tanto rir.
– Dá para salvar alguma coisa? – Perguntou Hermione.
– Talvez o lençol, mas sem garantias. Ah, mas não lamente, tenho certeza que ele estava tentando escrever o nome da mamãe, não é mesmo campeão? – Começou a falar com Sirius – Foi o nome da mamãe que você quis escrever... Mi-o-ne... – virou-se para a esposa sorrindo divertido – Hermione é ainda muito difícil para ele, mas como ele puxou a você garanto que logo vai estar escrevendo esse também. Vem pestinha, vamos tentar salvar o resto do quarto! – E sumiu com o garoto para dentro do apartamento, enquanto Hermione perguntava chocada: “O QUÊ?” e Ana se acabava de tanto rir.
– Pare de rir! Eu me sinto como se vivesse com dois furacões. Um grande demais para ser controlado e outro tão pequeno e rápido que me deixa zonza.
– Está falando isso para mim? – Reagiu a amiga. – Eu não quero nem pensar quando eu começar ter “dragõezinhos”.
Hermione acabou acompanhando Ana nas gargalhadas, até que de repente esta ficou séria.
– Mione... Com quem vocês vão deixar o Sirius enquanto saem?
– Ele sempre fica com a Molly ou com a minha mãe. Por quê?
– Você pode me chamar de paranóica, mas eu não acho que você deveria deixar o Sirius sem nenhum bruxo por perto – Hermione arregalou os olhos. – Não estou dizendo nada, Mione, fique calma! É apenas uma precaução, ok? Acho que devia... Sei que não gosta... Mas, talvez fosse bom vocês terem, digo, contratarem um elfo. Eles são muito dedicados aos bebês e... Bom, acho que tem magias próprias que poderiam, sabe, proteger ele.
Hermione estava chocada. A verdade é que tinha se recusado a formular qualquer pensamento nesse sentido. Mas não podia deixar de dar razão para Ana. Embora não soubessem exatamente com o que estavam lidando, a idéia da ocorrência de Missas Negras já era aterrorizante o suficiente para colocar qualquer pai ou mãe em sobressalto. Hermione concordou com a amiga. Sirius ficaria com Molly por enquanto, mesmo que sua mãe ficasse zangada, e ela pensaria em alguma coisa sobre o elfo. Talvez Dobby pudesse ajudar, mas ela preferia que ele ficasse sempre por perto de Gina. Ou talvez pudessem conseguir contratar, com um salário, frisou mentalmente, algum outro... Decidiu que conversaria sobre isso com Rony, mais tarde. Ana preferiu mudar de assunto para não preocupar mais a amiga.
– Bem... Vou ao Ministério falar com o Quim e de tarde vou com Carlinhos ver o que consigo investigar, mas podemos almoçar juntas. A Tonks vai estar por lá e poderemos ir as três. O Carlinhos disse que precisa ver umas coisas no Ministério por volta do meio-dia, aí eu espero ele com vocês.
– Ótimo, a Gina também ficou de encontrar comigo pela hora do almoço.
– Excelente! Vamos as quatro então... Isto é, se eu conseguir andar depois de todo esse tempo ajoelhada aqui – encerrou com uma careta e jogou um beijo cheio de cinzas para Hermione.
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Remo Lupin conhecera nos últimos anos a vida mais confortável que já tivera em décadas. Vivia com Tonks e Hector num pequeno chalé, próximo a Oxford. Não tinham dinheiro sobrando, mas também não faltava. Tonks, apesar do jeito estabanado, era uma Auror conceituada, e ele finalmente havia conseguido exercer suas vocações de professor e pesquisador, só que agora junto à Ordem da Fênix.
Após o fim da guerra, a Ordem tinha sido reestruturada. Todos os membros haviam sido da opinião que o grupo deveria permanecer ativo e vigilante, pois concordavam ter sido uma grande falha ele ter se dissolvido quando Voldemort desapareceu pela primeira vez. Harry dispôs parte da herança que recebera do padrinho Sirius Black para custear a manutenção da Ordem. O testamento de Dumbledore também especificava que todo o seu dinheiro existente no Gringotes deveria ser usado para esse mesmo fim. Harry sugeriu, então, que a Ordem deveria ter, além do líder (cargo que ele assumira após a segunda aposentadoria de Olho-Tonto Moody), uma espécie de funcionário em tempo integral. Alguém que estivesse sempre atento às movimentações que pudessem indicar atividades de bruxos das trevas, que fizesse pesquisa sobre novos tipos de defesas contra o mal e que também pudesse treinar e qualificar membros novos e mais jovens que viessem a fazer parte da Ordem. É claro que Harry tinha sugerido isso pensando especificamente em Remo, o que até fez este pensar em recusar, mas a proposta tinha sido tão boa que ele acabou aceitando. Principalmente porque, no fim da guerra, contra todas as suas expectativas, Remo Lupin tinha uma família.
Primeiro fora aquele tufão de cabelos rosa chiclete que invadira a sua vida sem se importar com o que ele era, queria ou tinha a oferecer. Poucos teriam resistido a um assalto tão feroz, pensou Remo sorrindo sozinho enquanto caminhava do pequeno escritório até a cozinha de onde vinham risos familiares. Depois, apareceu Hector... Por Mérlin, apesar das circunstâncias terríveis em que ele entrara na vida dos dois, Hector era um verdadeiro presente. Amoroso e inteligente, ainda que declaradamente traquinas, o garoto era o sonho de qualquer pai ou mãe.
Remo parou na sala devolvendo um livro a estante e pegando outro. A memória da noite de Natal de 1997, quando Hector viera para eles, ainda era muito viva em sua mente. Foi o ataque que marcou o fim da trégua forçada com Voldemort, após a derrota deste na Batalha dos Dragões. Ele e Tonks haviam sido acionados por outros membros da Ordem com a notícia de que a casa de Ezra McLellan estava em chamas e que sobre ela pairava a Marca Negra. McLellan era funcionário do Ministério da Magia e um membro recente da Ordem. Remo o tinha conhecido na época que estudara em Hogwarts e gostava do rapaz alguns anos mais jovem que ele. Sabia que McLellen era um bom bruxo, que era de origem trouxa e que havia casado com uma jovem que não tinha um pingo de sangue mágico nas veias. Contudo, a esposa de McLellan, Jane, era filha de um político importante, assessor do Primeiro Ministro inglês e Ezra acabou se tornando valioso para o Ministro da Magia da época, Rufus Scrimgeour, por fazer uma ligação mais próxima com o governo trouxa.
Os membros da Ordem chegaram ao local ainda a tempo de lutar contra os Comensais que permaneciam em volta da casa como chacais em torno de uma presa abatida, mas não foram rápidos o suficiente para salvar Ezra e Jane. O casal tinha sido torturado e assassinado. Fenryr Greyback havia pegado o filho dos McLellan, que na época tinha uns três anos, e pretendia levá-lo. Como era lua minguante, o plano do lobisomem era de, provavelmente, morder o menino na próxima lua cheia. Tonks e Lupin arriscaram a vida para impedi-lo e conseguiram salvar o pequeno Hector.
Órfão, o garoto teria sido entregue aos avós maternos trouxas, seus únicos parentes, mas estes não o quiseram. Ficaram com medo. Achavam que tudo o que havia acontecido era culpa da filha que tinha se metido com aquela gente esquisita, o que, para eles, incluía o neto, mesmo que eles não soubessem se Hector seria um bruxo no futuro ou não. Hector acabou ficando sob a proteção da Ordem até o fim da guerra, com vários dos membros se revezando para tomar conta dele. Mas, dentre todos, foram Remo e Tonks que mais se apegaram ao menino e o carinho foi recíproco. Quando o Lord das Trevas foi finalmente derrotado, Lupin sugeriu a Tonks adotarem Hector – ele sempre achou que não haveria a menor possibilidade de ter seus próprios filhos, por causa da maldição (o que, aliás, tinha sido um dos argumentos fracassados para que Tonks desistisse dele) – e Tonks concordara exultante. Foi assim que Hector McLellan Lupin – o próprio menino tinha escolhido ser chamado desse jeito, com os nomes dos dois pais, quando foi para Hogwarts – entrou na vida deles.
Remo parou na porta da cozinha observando Tonks e Hector. Os dois estavam sentados na mesa da cozinha ainda posta com o café da manhã. A toalha já tinha grandes marcas de geléia, leite e suco derramados, havia uma porção de torradas que mais pareciam carvões e que tinham sido jogadas dentro da pia e outras tantas, muito brancas, tiradas antes da hora do fogo, colocadas num prato sobre a mesa. Um quadro bem típico da casa era verdade. A única coisa que realmente parecia apetitosa era um grande bolo de abóbora com cobertura de chocolate, que Remo tinha certeza que havia sido mandado por sua sogra, Andrômeda. Hector já estava com as vestes de Hogwarts e se divertia vendo Tonks fazer mutações de narizes, queixos e cabelos.
– Vocês não cansam dessa brincadeira? – Perguntou bem humorado quando o cabelo da esposa tinha acabado de atingir um tom azul especialmente escandaloso.
– NÃO!! – Responderam os dois em uníssono. Remo riu. Ele quase sempre se questionava se a mulher e o filho não tinham a mesma idade.
– Você já arrumou as suas coisas, filho? Tem que chegar a tempo da primeira aula. Minerva está esperando você na lareira da sala da Diretora em dez minutos.
– Tá tudo na mão! – Respondeu o garoto com a boca cheia de bolo. Ele tinha vindo passar o fim de semana em casa, depois de a mãe ter sido ferida durante a retomada de Azkaban. Sua vinda contrariava um pouco as regras de Hogwarts, mas Minerva McGonnagal, apesar de sua conhecida severidade, tinha o mesmo fraco por Hector que a maioria dos membros da Ordem que o haviam conhecido após a morte dos pais biológicos. Isso significava que ela, tanto quanto os outros, tinha dificuldade em negar os pedidos do menino, tanto mais os que envolviam seu enorme carinho com os pais adotivos. Por causa desse tipo de coisa é que Remo tinha que admitir que, por vezes, o seu garoto era excessivamente mimado. Até mesmo Harry, Hermione e os Weasley em peso costumavam fazer quase tudo o que Hector queria. Lupin já tinha comentado com Tonks que o menino, um dia, teria que aprender a lidar com os “nãos” da vida, mas a verdade é que Hector era tão seguro e persistente que era de se duvidar que ele viesse a se abalar com isso.
– “Tudo na mão”? Isso inclui o Ferdinando? – Falou Remo, fingindo rigidez. – Tenho a impressão que seu gato está no telhado de novo e se você não estiver com ele em cinco minutos “na mão”, ele não vai voltar para Hogwarts com você.
O garoto fez uma careta, largou o bolo e saiu correndo xingando o gato baixinho. Toda a vez que ele ia voltar para a escola era a mesma coisa. Ferdinando parecia, por algum motivo, não gostar de Hogwarts.
Mas apesar dos sorrisos de Remo, Tonks já tinha aprendido a decifrá-lo.
– Algum problema? – Ele a olhou sério e confirmou. Remo havia rejuvenescido nos últimos anos. Estava até menos grisalho e certamente com as roupas bem menos amarrotadas e gastas. Mas quando seu rosto sombreava daquele jeito, Tonks podia que ver o homem que já tivera a vida tantas vezes destruída ainda estava ali. Ela se levantou e foi até onde ele estava.
– Acabei de falar com o Harry – comentou diante do olhar inquisitivo dela. – Estou preocupado Tonks. Acho que estamos muito lentos em tentar entender o que está acontecendo. Tenho medo do que está por vir. Nada que envolva rituais de Magia das Trevas e crianças é algo fácil de se lidar. O que tenho encontrado nos livros é verdadeiramente apavorante. E ainda assim não achei nada que nos indique um caminho.
– Mas o Snape não está pesquisando isso também?
– Está. Mas fora aquela informação sobre do Livro de Fausto, não acho que ele tenha avançado muito mais do que eu. Harry vai tentar conseguir alguma outra pista, talvez sobre o paradeiro do livro, com o quadro de Dumbledore em Hogwarts.
– Acha que o quadro pode ajudar? – Tonks tinha uma expressão incrédula.
– Não sei... O quadro guarda impressões de alguns dos conhecimentos de Dumbledore tinha quando foi pintado, e isso foi depois dele ter derrotado Grindelwald. Mas Dumbledore era um grande bruxo. Se ele achasse que algum conhecimento dele poderia ser útil mais tarde ele teria deixado chaves para alguém alcançá-lo. E nisso eu tenho que concordar com o Severo. Ninguém tem mais condições conseguir tais informações que Harry, que sempre foi o seu favorito.
– E, nesse sentido, o quadro pode ser realmente um caminho – completou ela e o marido assentiu. – Bem, eu vou estar por aqui para ajudar você e os garotos. Ana e eu decidimos nos afastar junto com Harry e Rony até o Ministério cair em si.
Remo fez um carinho nos cabelos dela, que agora tinham retornado ao rosa “natural” que ela tanto gostava.
– Harry resolveu fazer uma espécie de divisão de tarefas – falou. – Snape vai continuar investigando os rituais e as possibilidades da Magia das Trevas nesses casos. Hermione e Gina vão investigar algumas coisas relacionadas à morte de Voldemort. Ana vai atrás de informações sobre as crianças trouxas que sumiram, acho que com a ajuda do Carlinhos. E, Harry quer que eu tente descobrir que tipo de ameaça os sonhos de Gina representam para o bebê deles.
– E quanto à captura do Malfoy e dos outros?
– Harry quer ir atrás dele também, mas acho que vai ser difícil encontrar o cara e os amiguinhos. Eles tiveram ajuda do lado de fora para fugir e devem também estar tendo para se esconder. Harry disse que o Quim garantiu que a Seção dos Aurores vai se empenhar especialmente nessa busca, mas... Você sabe como ele é, vai fazer muita coisa por conta própria.
– Acho que é aí que eu entro, não é? – Perguntou erguendo as sobrancelhas.
– Acho que o Harry vai apreciar sua ajuda nisso sim, Tonks. Mas acho que ele vai querer também que você cole na Gina – completou muito sério. – Ele não quer que ela fique sozinha por nada desse mundo.
Tonks concordou com os olhos vidrados, como quem contempla um pensamento particularmente incômodo.
– Ai... Desde que vocês me contaram essa história eu me arrepio só de pensar. Pobre da Gina, pobre do Harry... Os dois estavam tão felizes... Será que essas crianças não vão ter folga nunca!
Remo a abraçou. Conhecia os sentimentos de Tonks, eram os mesmos dele. E essa não era a primeira vez que ele sofria por causa do desespero de amigos.
– Não se preocupe, Ninpha – chamou-a pelo apelido que usavam apenas entre os dois e encheu a voz de confiança – eles não estão sozinhos e nem são mais crianças. Já passaram por muita coisa, assim como nós. E nós todos vamos superar mais essa, está bem?
Tonks assentiu com a cabeça, os olhos fixos nos dele. Remo era um sobrevivente. E quando um homem como ele dizia que era possível, apesar de tudo, ir em frente, não havia como não se acreditar. Hector entrou na cozinha nesse exato momento fazendo barulho e quebrando o momento romântico que já ia se seguir. Carregava Ferdinando debaixo do braço e a mochila nas costas, pronto para seguir para escola. Despediu-se carinhosamente dos pais e marchou para a lareira com um sorriso maroto nos lábios.
Tinha ouvido quase toda a conversa porque Ferdinando, afinal, não tinha ido para o telhado e ele o encontrou rápido. Não que fosse seu costume ouvir as conversas dos outros. Ainda mais dos adultos. Mas não pudera evitar ou resistir quando percebeu que havia mistérios e perigo no ar. Tinha percebido que havia algo estranho o fim de semana inteiro. O pai ficava todo sério quando achava que ele não estava olhando, os dois interrompiam a conversa quando ele entrava, ele tinha ouvido os nomes de Harry e Gina várias vezes, sempre de um jeito preocupado.
Hector crescera ouvindo falar das histórias da turma que seu pai tinha na escola – os Marotos – do famoso Harry Potter, do Trio Maravilha e de suas aventuras. Aliás, crescera ouvindo Lupin, Harry e Rony, que era de longe o mais empolgado nas narrativas, contando essas aventuras. Acabara tendo a idéia de que estar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts tinha que necessariamente envolver mistérios, perigos e ação. Assim, a idéia de que havia um mistério ligado ao quadro de Dumbledore em Hogwarts acendeu uma lâmpada em sua cabeça. Mal podia esperar para chegar à escola e contar o que ouvira para seus dois melhores amigos, Andrew Bennet e Joshua Shacklebolt. Uma investigação, pensou maravilhado, era tudo o que eles precisavam para salvar o segundo ano da terrível pasmaceira que tinha sido o primeiro.
Para desespero dos pais, especialmente de Remo, Hector achava que não ter nenhum bruxo do mal saindo da cabeça de um professor ou a falta de um basilisco habitando o banheiro das meninas significava um ano escolar quase tão entediante quanto o de uma escola trouxa e normal. Felizmente para o casal Lupin, eles ainda não sabiam o que o seu menino era capaz de aprontar para garantir um ano letivo digno dos seus ídolos.
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O homem apressou os passos para cruzar logo os corredores gelados. O início do outono parecia estar prenunciando mais um inverno terrivelmente frio e úmido na região. Os campos que se estendiam ao redor de Durmstrang eram tristes e pouco convidativos como se a primavera e o verão não tivessem deixado marcas por ali. O castelo, que parecia muito mais uma fortaleza inóspita naquela paisagem desolada, já tinha começado a ser varrido por correntes de ar que tornavam ainda mais desconfortável habitá-lo. A maior parte dos seus moradores, no entanto, estava habituada ao frio intenso ou a condições de vida normalmente severas. Isso, porém, não se aplicava ao homem que agora atravessava os corredores em direção a sua sala de professor na mais misteriosa instituição de ensino mágico do mundo. Um lugar onde um homem poderia fazer ou reconstruir a sua vida sem ter de responder a muitas perguntas.
Entrou nos aposentos contíguos a sua sala de aula e acendeu, num movimento displicente de varinha, a imensa lareira procurando esquentar o ambiente. A sala tinha uma decoração que certamente destoava do clima austero do resto do castelo. Das paredes pendiam ricas tapeçarias de lã que tinham também a função de dar mais calor às pedras que formavam as paredes. Duas poltronas de veludo se punham diante da lareira sobre grossos tapetes de pele. Num canto, uma escrivaninha de madeira em linhas rebuscadas e seguindo a mesma parede uma estante com um número necessário de livros, sem extravagâncias. No estremo contrário à janela, havia um magnífico leito com dossel e grossas cortinas do mesmo veludo azul escuro das poltronas. O homem manteve-se parado em frente à lareira enquanto retirava as luvas e o chapéu de couro de dragão forrados de pele de mink. Jogou-os descuidado sobre uma das poltronas. Um elfo apareceu no mesmo instante fazendo uma profunda reverência e perguntando em que poderia servi-lo. O homem nem ao menos o olhou enquanto tirava a capa negra e a jogava sobre criaturinha.
– Me prepare um copo de vodka azul – ordenou. A bebida fabricada pelo povo anão do Norte era a única realmente capaz de aquecer naquelas longitudes.
Sentou-se elegante sobre a poltrona mais próxima da lareira e estendeu as pernas sobre o puff, aproveitando o calor revigorante da lareira. Fitou as chamas sem interesse pensando vagamente no conteúdo que planejava ministrar durante o ano letivo. Sentia um tédio voraz da vida que levava, mas estava se acostumando a isso também, como a tudo mais... a solidão, a falta de contato com pessoas que ele considerasse, o esquecimento. Uma coruja castanha encarrapitou-se no balcão da janela naquele instante. O homem fez um movimento para o elfo, que estava lhe entregando o copo com a bebida, para abrir a janela, o que este se apressou em fazer. A coruja entrou parecendo hirta de frio, com um jornal amarrado na pata. O elfo silencioso pegou o jornal e colocou alguns nuques na bolsinha de couro que ela carregava. A coruja ainda olhou sequiosa para o copo que o homem bebia, mas voltou-se para fora e partiu. O elfo fechou a janela e entregou o jornal ao amo, desaparecendo logo em seguida que este o dispensou.
Ele tinha há anos uma assinatura especial do Profeta Diário, que deveria ser entregue onde quer que ele estivesse. O jornal nunca chegava na data certa, em geral, tinha o atraso de alguns dias, mas ainda assim ele podia se manter informado do que estava acontecendo na Inglaterra. Naquele dia a primeira página foi suficiente para acabar com seu tédio, sua paz e seu humor – COMENSAIS DA MORTE FOGEM DE AZKABAM – estava escrito em letras garrafais sobre uma foto que mostrava a fortaleza com o mar batendo nas rochas. Seguia a notícia:
“Em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas pelo Ministério da Magia, nossa reportagem foi informada que pelo menos três perigosos Comensais da Morte fugiram na noite de domingo da prisão de Azkaban”.
Os nomes dos fugitivos e as fotos de seus rostos envelhecidos não foram exatamente uma surpresa para o homem, nem tampouco o fato de o nome de Harry Potter ser citado várias vezes. Ele leu a reportagem num único fôlego e quando acabou amassou o jornal com raiva e o atirou ao fogo.
Jogou-se na poltrona afundando o corpo e tomou um gole grande da bebida que desceu queimando por sua garganta. “DROGA!!!” Era tudo o que ele precisava: problemas! Como se já não tivesse o bastante. O pior de tudo, pensou amargo, é que deste tipo de problema não havia distância suficiente a não ser que ele pretendesse dar aulas de poções na Escola de Magia do Inferno.
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Depois de falar com Hermione, Remo, Snape e Quim pela lareira, Harry voltou a subir para o andar de cima. Enquanto caminhava pelo corredor, completando com a pena umas anotações que fizera em um pergaminho, notou que uma música alta parecia vir do seu quarto. Gina andava viciada em música nos últimos tempos e elas em geral refletiam o seu estado de espírito. O volume mais alto e os acordes dançantes eram certamente um bom sinal, pensou Harry. Identificou a música com nostalgia. “Do the Hippocriff”, das Esquisitonas. Tinha tocado no naufragado Baile de Inverno do seu quarto ano em Hogwarts. Harry tinha ficado sentado o baile inteiro, remoendo o fora que tinha levado de Cho Chang, tendo por companhia um Rony furioso com Hermione e por algum tempo das indignadas gêmeas Patil. Mas Gina tinha ótimas lembranças do baile. Tinha dançado a noite inteira com um entusiasmado Neville. Parou na porta do quarto para observá-la. A ruiva dançava descalça pelo quarto ainda vestindo a camisola. O rock alegre e agressivo do grupo que fizera tanto sucesso na adolescência deles saindo do rádio bruxo sobre a penteadeira.
Harry se escorou na porta e ficou admirando. Gina tinha duas manias que o enlouqueciam, de formas diferentes. Se ela estava triste, como na noite anterior, se encolhia num cantinho como se doesse ocupar mais espaço. Ele simplesmente odiava esses dias, se sentia incompetente por ela não estar alegre, mesmo que não tivesse nada a ver com a tristeza dela. Porém, quando Gina se sentia leve, cheia de esperança ou simplesmente estava feliz, ela dançava. Naquele dia, Harry tinha certeza, ela estava se sentindo poderosa. Uma reação bem diferente da que ele achava que ela teria quando soubesse o que tinha acontecido na noite em que Voldemort morrera. Ele não havia apreciado ter descoberto ou ter de lidar com os poderes estranhos que adquiriu. Já achava extraordinário ser um bruxo comum. Mas Gina parecia encarar o que tinha descoberto sobre si mesma com uma calma impressionante, como se aquilo não a surpreendesse de fato.
Ela ficava deliciosa daquele jeito. Na verdade, achava que ela ficava deliciosa de qualquer maneira, mas dançando assim, sem saber que era observada... Céus, ela era linda! Harry observou que seu filho começava a aparecer no corpo dela, mas isso só a deixava mais perfeita. Como uma pessoa que você conhece quase a vida toda pode, de repente, tomar conta de você inteiro? Harry lembrava de desejar Gina por perto, de querê-la, antes mesmo que sua consciência se desse conta disso. E, agora, ela estava ali, dançando no quarto deles, tão sua que ele tinha vontade de gritar isso para o mundo inteiro ouvir.
Meio sem querer um pensamento sombrio se insinuou em sua cabeça. Lembrou dos pais. Da ameaça que os rondou quando ele próprio estava para nascer. Será que Tiago sentiu o mesmo pânico que ele estava sentindo? Será que quando ele olhava sua mãe grávida tinha essa mesma certeza? A certeza de que faria qualquer coisa para que sua mulher e seu filho não sofressem nada... NADA.
Gina deu uma pirueta e o viu. Ficou imediatamente da cor de um pimentão e com um sorriso meio envergonhado, meio divertido, como o de uma criança surpreendida. Harry deu uma gargalhada ao ver a expressão dela.
– Eu não acredito que ainda te deixo vermelha, Ginevra!
– Você me pegou de surpresa – devolveu a garota meio se desculpando.
Ele atravessou o quarto, largando o pergaminho e a pena ao lado do rádio e indo ao encontro dela. Passou os braços em torno da sua cintura.
– Pois eu acho que você devia dançar mais! Talvez para mim, e não só quando acha que não estou olhando.
– Vou pensar no seu caso – murmurou rindo. Jogou os braços em torno do pescoço dele e o beijou demoradamente.
– Quais são os seus planos para hoje? – Harry perguntou quando as bocas se afastaram.
– Vou fazer umas compras – fez um gesto impaciente – minhas roupas não me servem mais... Depois fiquei de almoçar com a Mione e ela me mandou uma coruja agorinha dizendo que a Ana e a Tonks vão junto. E você?
– Vou encontrar com seu irmão e o Lupin na sede da Ordem. Quero planejar algumas coisas com eles e também tenho que falar com a McGonnagal, quero ir até Hogwarts ainda essa semana.
– Eu vou com você quando for lá. Hermione e eu queremos ver algumas coisas na Biblioteca.
– Tudo bem – concordou aparentemente brincando distraído com a alça da camisola dela – eu te deixo no Ministério antes de ir para a sede da Ordem.
Gina pensou em dizer que não era necessário, mas sabia que não ia adiantar nada, então, deixou como estava. Os dois ainda demoraram em sair de casa e Harry acabou enviando uma coruja para Rony dizendo que ia se atrasar. Não tinha menor intenção de deixar Gina ir sozinha a lugar nenhum. Assim, resolveu ir com ela até a loja da Mme. Malkin, no Beco Diagonal, e onde mais ela quisesse e só a deixaria quando ela estivesse no Ministério com as amigas. Um acordo silencioso tinha se estabelecido entre eles. Gina não reclamava do excesso de super-proteção – que quando não a excluía não a incomodava – e Harry não o expunha o tempo todo. Agiam como se fosse apenas mais uma desculpa para ficarem juntos.
A manhã passou rápida para Gina e lenta para Harry. Compras não eram a sua diversão favorita. Mas ele reconhecia que tinha sorte. Gina era rápida em suas escolhas. Ou gostava ou não gostava e quase nunca ficava indecisa sobre o que queria levar. O que era realmente uma benção. Para agradá-lo, ela ainda inventou de entrarem na ARTIGOS DE QUALIDADE PARA QUADRIBOL e comprarem algumas coisas da linha para bebês da loja. Saíram de lá levando um móbile feito com miniaturas de pomos de ouro e que eram enfeitiçados para se aproximarem e se afastarem das mãos do bebê; um mordedor no formato miniatura da saudosa Nimbus 2000 do Harry e que tinha três sabores diferentes que se alternavam ao longo do dia; e umas gravuras com figuras de jogadores em traços infantis que eram enfeitiçadas para que, depois de coladas na parede, voassem pelo quarto.
Depois, eles caminharam pela Londres dos trouxas até o Ministério. Harry sentiu todos os olhares se voltarem para ele quando os dois adentraram no saguão do prédio do governo bruxo. Pelo jeito a sapa velha andara fazendo um bom trabalho espalhando dúvidas e fofocas sobre o menino que sobreviveu, observou com amargura. Ficou pensando quanto tempo demoraria para que sua prolongada “lua de mel” com a imprensa bruxa acabasse e o Profeta começasse a questionar sua sanidade de novo. As palavras Potter Pirado soaram na sua cabeça com uma voz muito semelhante a do Pirraça. Embora Harry estivesse acostumado a lidar com assédios e desconfianças, deu graças por Quim ter aceito a sua licença. Tinha muito mais com o que se preocupar do que com os olhares atravessados.
Deixou Gina no corredor do nível dois com Hermione, onde as duas ficariam esperando por Ana e Tonks que estavam falando com o chefe. Ele ficou meio chateado quando Hermione lhe contou sobre a disposição das duas Aurores em acompanhá-lo na licença. Não queria que elas prejudicassem as carreiras por causa dele. Mas imediatamente Gina e Hermione começaram a defender a atitude das amigas e Harry achou melhor ficar quieto. Não teria a menor chance caso resolvesse enfrentar as duas juntas (ou as quatro), ainda mais quando se achavam cheias de razão. Por outro lado, o fato disso aumentar o número de membros da Ordem que estariam se dedicando exclusivamente às investigações das ações dos Comensais só servia para deixá-lo satisfeito. Despediu-se de Gina e Hermione, sussurrando no ouvido da amiga quando a abraçou que não perdesse Gina de vista até ela estar segura em casa. Hermione assentiu discreta como se Gina não houvesse percebido.
Harry estava já no elevador quando viu Tibério Stewart se aproximar para cumprimentar às duas. O velho Auror acenou simpático para ele enquanto as portas do elevador se fechavam. Bem, pelo menos, nem todos pareciam achar que ele era um leproso ou algo assim.
O Sr. Stewart conversou com as duas jovens por alguns minutos. Ficou encantado quando soube que Carlinhos Weasley estava no prédio. Tinha ótimas lembranças dele ainda garoto, quando vinha ao Ministério acompanhando o pai e há muito tempo não o via. Pediu para Gina e Hermione que pedissem para o rapaz procurá-lo antes de partir para que ele pudesse cumprimentá-lo e rumou para a pequena sala que dividia com Richard Oates.
Richard estava sentado encurvado sobre a sua mesa. Pálido, com a barba por fazer, as vestes um pouco frouxas no corpo. Não tinha sido uma semana fácil e ele, que gostava de estar sempre falando, andava bem quieto nos últimos dias. As pessoas o vinham crivando de perguntas desde que voltara de Azkaban e ele não tinha gostado nada disso. Não pelo excesso de atenção, que não o incomodava, mas porque ele não sabia exatamente o que responder. Primeiro, porque ficara apagado durante boa parte da ação. Segundo, porque novamente o mundo parecia girar em torno de “Sua Excelência” Harry Potter. Uns queriam motivos para pegar no pé do cara. E isso ele não podia dar mesmo, justamente por estar estuporado quando os prisioneiros fugiram. Outros queriam motivos para defendê-lo e Richard não sabia precisamente qual o tipo de gente que o irritava mais. Viu quando Tibério entrou na sala. Parecia estar satisfeito com alguma coisa.
– Tudo bem? – Perguntou para o colega.
– Ah sim, tudo bem, apenas encontrei com a filha do meu amigo Weasley aí fora.
– A mulher do Potter está aí fora? – Ele aprumou as costas e perguntou de um jeito bem mais afoito do que pretendia. Achava a tal ruiva realmente muito atraente e não era nenhum crime querer olhar para ela, especialmente se o Potter não estivesse por perto.
Tibério sentou em frente a ele recostando-se na cadeira com uma expressão maldosa, os olhinhos cínicos brilhando de malícia.
– Se gosta tanto de viver perigosamente rapaz devia dar umas olhadas na mulher do garoto Weasley. Ela é bem bonita também e, se não me engano, acho que ele é mais ciumento que o Potter.
Richard fez uma careta para a frase cheia de veneno do colega mais velho.
– Quem você acha que eu sou Tibério? – Perguntou indignado enquanto o outro ria bobamente. – Só acho... Ah, não vem ao caso, ok? E quanto à mulher do Weasley, além daquele ruivo ser maluco, eu nem chegaria perto de uma garota daquelas. Ela tem uma coisa que me incomoda... Sei lá... É metida demais – sentenciou.
Uma batida educada na porta interrompeu a conversa e uma cabeça ruiva adentrou na sala. Richard respirou aliviado ao perceber que não era Ronald Weasley, mas outro homem. Tibério levantou-se com um sorriso satisfeito indo cumprimentar o recém-chegado e Richard não chegou a se surpreender quando o colega chamou o homem também de Weasley. Céus, quantos eles eram afinal? Esse na sua frente era tão grande quanto o Ronald e bem mais forte, mas era mais velho e tinha um ar mais relaxado e gentil que o colega de trabalho. Levantou-se para cumprimentar e ser apresentado a Carlinhos Weasley. E por algum motivo, que nem ele entendeu, resolveu ser simpático.
– Eu estava com seu irmão e seus cunhados em Azkaban – falou apertando a mão do outro.
– Cunhados? – Repetiu Carlinhos inquisitivo.
– Sim, o Potter e a garota brasileira. A morena bonita, cheia de curvas! Ela é sua cunhada, não?
– Não – Carlinhos deu um sorriso indefinível estreitando os olhos – na verdade, aquela é a minha mulher.
O jovem Auror achou que Tibério, que estava atrás de Carlinhos, teria uma coisa tentando segurar a risada. Porque o desgraçado não tinha falado? Aliás, porque ELE tinha falado. Richard Oates e sua grande boca! Isso era para ele aprender a ficar quieto. Carlinhos não parecia ciumento como Ronald, mas o encarava de braços cruzados esperando paciente ele sair da situação em que se metera sem a menor intenção de ajudá-lo. Richard deu um sorriso constrangido e resolveu tentar ser bem humorado.
– Parece que acabei sendo espaçoso e falei mais do que devia – forçou uma risada e tentou trocar de assunto mantendo o tom simpático. – Então, você é o cara que trabalha com dragões, não é? Carlos. Lembro de já ter lido o seu nome nos jornais. Um trabalho perigoso... Sua família parece que não se importa em se envolver com coisas perigosas. Isso tem a ver com o tamanho? Me diga: todos os Weasley são grandes como você e o Ronald?
– Não – respondeu Carlinhos com calma – mas somos seis Weasley Junior, mais o Sênior, além da minha mãe e a minha irmã. Acho que com essa quantidade, o tamanho não é tão importante, não é?
Richard entendeu a indireta e realmente não sabia onde se enfiar. Acabou inventando que tinha de levar um documento nem sabia aonde e saiu da sala apressado. Carlinhos achou divertida a confusão do garoto. Mas havia algo nele... Algo que Carlinhos não soube definir. Nada perigoso, mas ele não poderia afirmar que tinha gostado do jovem e isso nada tinha a ver com o que ele falara sobre Ana. O ruivo não era tolo. Sabia que tinha uma mulher bonita e não seria ridículo incomodar-se porque outros também achavam isso. Não. Não tinha a ver com essa parte da fala do outro. Na verdade, ele se incomodara quando Richard dissera o nome do Harry. Algo no tom da voz tinha disparado um alarme na sua cabeça. Um alarme que dizia que Richard Oates não era uma pessoa confiável.
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Hector surgiu na lareira da sala da Diretora McGonnagal já sabendo que estava mais do que atrasado. A velha professora o mirou severa por cima dos óculos quadrados, os lábios comprimidos numa risca fina, mas havia um tom quase condescendente quando ela falou.
– Apresse-se Lupin, ou vai perder a primeira aula – lhe disse ela a guisa de bom dia. – E tente não sujar o tapete.
O garoto saiu da lareira e deu uma olhada no quadro de Dumbledore, que estava na parede atrás dele. O ex-diretor parecia dormir profundamente com a cabeça escorada em uma das mãos, mas Hector teve a sensação de que o viu entreabrir os olhos muito discretamente e o olhar.
– Está esperando o quê, Sr. Lupin?
– Hã? Nada não professora – respondeu dirigindo-se rapidamente para a porta do escritório.
Tão logo passou pelas gárgulas, saiu correndo em direção a torre da Grifinória para largar Ferdinando e pegar os livros das aulas do dia. Hector nunca tinha duvidado que iria para a Grifinória quando chegasse em Hogwards, afinal tanto seu pai biológico quanto os adotivos tinham pertencido à casa do Leão. Mas ele ficou realmente satisfeito quando o Chapéu Seletor desceu sobre sua cabeça e comentou: “Aham! McLellan Lupin, hein? E um bocado de sede de aventura, posso ver. É... sem dúvida! Grifinória!” Anunciou em alto e bom som.
No início do ano anterior, ainda ficou um pouco incomodado que o único garoto que ele conhecia antes da escola, Joshua Shacklebolt, tivesse ficado em outra casa. O caçula do chefe dos Aurores foi para a Lufa-Lufa, assim como os seus irmãos Otwani e Magdalene. Hector sabia que os dois Shacklebolt mais velhos eram já figuras conhecidas na escola. Otwani que agora estava no sétimo ano e era o goleiro menos vazado da história do time de Quadribol da Lufa-lufa, um verdadeiro craque, já tinha até propostas de times profissionais para quando terminasse a escola. Lane, como a garota era chamada, era uma aluna muito popular do quinto ano. De um tipo que era um inferno para qualquer irmão que se incomodasse com gracejos, suspiros e piadinhas dos outros garotos. Joshua era de boa paz, mas às vezes ficava desconfortável com o sucesso dos irmãos mais velhos, que, para o cúmulo, ainda tinham a mania de tratá-lo como a um bebê.
Mas, apesar das casas diferentes, Hector e Josh tinham ficado ainda mais amigos em Hogwarts. Faziam várias aulas juntos e era comum ver Josh saltar as mesas de Lufa-lufa e Corvinal para se acomodar entre Hector e Andrew durante as refeições. O trio de amigos era completado por Andrew Bennet, que também era da Grifinória, e que tinha se aproximado dos dois logo na primeira semana de aula.
Embora se dessem muito bem, os três meninos eram bastante diferentes. Hector era simpático, sempre sorrindo, mas tinha um jeito arrogante e meio cara dura que incomodava alguns colegas, em especial os da Sonserina. Gostava de pregar peças e se proclamava o último dos Marotos, embora pouca gente entendesse do que ele falava. Além disso, ele tinha aquele tipo de inteligência irritante que o permitia ir bem nas aulas que prestava atenção sem que precisasse estudar muito fora delas. Josh era o mais calmo e o menor dos três. Apreciava Hector porque o outro o fazia rir e era sempre seu companheiro para armar peças. Nos estudos, era o que em geral levava bomba, especialmente em Transfiguração e Feitiços, embora fosse bem em DCAT e Poções – esta última principalmente porque era apaixonado pela professora. Andrew era um menino sério, moreno e muito alto para a idade, o que o deixava com um ar ainda mais empertigado. Estava sempre estudando ou dizendo o que os outros deviam fazer. Provavelmente, o único aluno, além de Hermione Granger, que leu o MANUAL DE REGRAS DE COMPORTAMENTO PARA OS ALUNOS DE HOGWARTS, coisa que, embora existisse desde 1922, tinha sido ignorada por gerações e gerações de estudantes que nunca tinham lido os documentos anexos existentes no fim da edição de 1957 de “Hogwarts: uma História”.
Hector entrou ventando na torre da Grifinória, subindo os degraus para o dormitório de dois em dois. Largou Ferdinando de qualquer jeito sobre a cama junto com o conteúdo da mochila, que ele esvaziou sobre o gato indignado. Pegou os livros do dia e saiu na mesma velocidade acelerada. A primeira aula era de Herbologia, o que significava que até ele chegar na estufa três teria perdido uns 20 minutos de aula. Pelo menos tinha certeza de que a Profa. Sprout o deixaria entrar, porque ela sempre preferia ter os alunos dentro da classe ao invés de fora dela.
Entrou na aula mais vermelho do que nunca, os cabelos castanhos claros encaracolados empapados de suor. Pediu licença para a professora que assentiu com um olhar cheio de reprovação.
– Sr. Lupin! Finalmente! Vista o guarda-pó e vá auxiliar o Sr. Bennet e o Sr. Shaklebolt a por fertilizante nos vasos das Mandrágoras.
Hector respirou aliviado por ela não ter tirado nem um ponto da Grifinória, o que não o livrou de enfrentar as azucrinações de Andrew.
– Não tive culpa! – Rosnou baixo para o colega.
– Por que não acordou mais cedo? – Continuou o outro no mesmo tom.
– Eu queria ficar com a minha mãe! Que, aliás, não é você!
Andrew diminuiu um pouco o ar indignado e Josh resolveu intervir para que os dois não acabassem brigando. Enfiou um saco de adubo nas mãos de Hector e fez sinal para que ele começasse o trabalho porque a professora os estava observando.
– Sua mãe já tá legal, cara? – Perguntou baixinho desviando do assunto do atraso.
Hector assentiu com a cabeça. Estava recuperando o fôlego e ainda tinha ficado chateado com o Andrew. Que mania que ele tinha de controlar tudo! Andrew notou que tinha exagerado e começou a passar para Hector as explicações da aula que ele havia perdido. Os quatro períodos nas estufas passaram rápido e quando terminaram já estava tudo em paz entre os dois amigos. Era comum eles se estranharem por causa das regras da escola que Andrew achava perfeitas e que Hector não se importava em quebrar, mas isso nunca durava muito tempo.
O problema é que com o atraso, a discussão e a aula, ele não conseguiu contar para os amigos as novidades que descobrira em casa. Na hora do almoço também não deu para colocar Andrew e Josh a par de tudo, porque Hector havia esquecido de fazer uma enorme redação de Poções. Ele tinha certeza que nem que escrevesse durante as duas horas do intervalo conseguiria alcançar os noventa centímetros de pergaminho que a Profa. Shadowes tinha pedido. Abdicou do almoço e foi para a sala de estudos da Biblioteca tentar terminar o dever. Escreveu furiosamente as duas horas, aumentando a letra da redação o máximo possível enquanto descrevia as propriedades da Artemísia, seus principais tipos e usos em poções, mas tendo certeza de que não conseguiria nada além de um Aceitável.
Matou a fome com umas coxas de frango que Andrew e Josh trouxeram do almoço para ele e que devorou enquanto os três iam para a aula de Poções, que foi seguida de um período duplo de Feitiços. Hector esperava que os dois professores não passassem muitos deveres, mas seu desejo só foi realizado com Flitwick, que pediu apenas para que a turma treinasse os movimentos de pulso com a varinha para feitiços de levitação de objetos pesados. Mas Medeia Shadowes foi bem menos condescendente com o fato de recém ser segunda-feira. Pediu uma redação de um metro sobre as propriedades das lesmas de jardim como ingrediente para poções debilitantes. Quando, no fim da aula, Hector lhe entregou a redação da aula anterior, a professora mediu o trabalho com os olhos e deu um dos seus famosos sorrisos de batom vermelho. Ele não teve dúvidas de que se tirasse um D ao invés de um T estaria com sorte.
Hector e Andrew saíram da aula de Feitiços direto para a sala de estudos contígua a Biblioteca. Queriam adiantar alguns os deveres antes do jantar e ainda daria para conversarem. Sentaram-se numa mesa do canto, próximos a uma menina da Grifinória e outra da Corvinal que trabalhavam sozinhas aparentemente muito concentradas.
– O que você quis nos contar o dia todo? – Perguntou Andrew curioso.
– Espera o Josh chegar.
Não tiveram que esperar muito, Josh chegou jogando os livros sobre a mesa por cima de Danna O’Brian, a menina da Grifinória que era do mesmo ano que eles e que era tão quieta e tímida que os três tinham certeza de que não saberiam dizer qual era o som da voz dela. Ela se limitou a afastar os próprios livros para longe deles e continuou a estudar de cabeça baixa.
– Hei, Cuidado! – Reclamou a menina da Corvinal, que, pelo tamanho pequenino devia ser do primeiro ano.
Josh pediu desculpas educado e se empoleirou no banco para aproximar a cabeça dos outros garotos.
– E aí? Fala logo! Você disse que tinha uma coisa para nos contar! – O menino tinha passado o dia doente de curiosidade desde que Hector dissera que tinha uma novidade bombástica.
Hector começou a narrar todos os acontecimentos do fim de semana, em especial, os fragmentos de conversa que tinha ouvido e a última que escutara naquela manhã. Os outros dois garotos pareciam querer engolir as palavras dele, deliciados com a história. No entanto, Hector teve de interromper duas vezes a narrativa porque a garota da Corvinal parecia estar se colocando perto o suficiente para ouvi-los. Da primeira vez, os três acharam que tinha sido por acaso e Josh se debruçou mais sobre a mesa para fechar o círculo em que os três conversavam, mas da segunda vez Hector não se conteve.
– Perdeu alguma coisa aqui?
– Não – respondeu a garota sem se abalar. Ergueu o queixo e virou de costas para eles balançando os cabelos castanho dourados.
Hector fechou a cara. Menina intrometida! Andrew, porém estava com o queixo caído com a história que o outro tinha contado.
– Caraca! Tudo isso acontecendo e a gente sem saber de nada. O que será que esses Comensais querem?
– Sei lá... Quero dizer, essa é a pergunta de um milhão de galeões, não é? Mas pelo que ouvi meu pai dizer uma parte do mistério está aqui em Hogwarts – Hector baixou a voz cheio de excitação – mais precisamente, existe uma pista que deve estar com o quadro do Dumbledore na sala da Diretora!
– UAU! – Exclamou Josh.
– E será que o Harry Potter vai vir aqui na escola falar com o quadro? – Perguntou Andrew que nunca tinha visto Harry pessoalmente.
– Eu acho que sim – confirmou Hector.
A menina do primeiro ano da Corvinal já não disfarçava que estava tentado ouvir a conversa.
– E não há nenhuma notícia do tal do Malfoy e dos outros? – Perguntou Andrew que não tinha se dado conta do movimento da garota em direção a eles.
Hector e Josh negaram juntos.
– Meu pai está bem preocupado – comentou este último. – O ministro está no pescoço dele exigindo que ele ache logo os bandidões, mas os Aurores não têm nenhuma pista.
– Esse tal de Malfoy é muito escorregadio – afirmou Hector com cara de quem tinha total conhecimento de causa. – Meu pai me contou que ele enganou o ministério por anos. Todo mundo achava que ele era um excelente membro da sociedade bruxa enquanto ele era partidário de Voldemort durante todo o tempo. – Os outros dois tremeram um pouco ao ouvir o nome do bruxo, mas Hector não deu bola, pois fora ensinado a chamar o Lord das Trevas pelo nome que ele tinha. – Mas eu sei coisas sobre ele, que nunca saíram no Profeta ou nos livros sobre a segunda guerra, e que são de arrepiar os cabelos.
– Tipo o quê? – A garota da Corvinal finalmente não resistiu e entrou na conversa sem convite.
Os três garotos trocaram olhares estupefatos com a cara de pau dela, mas Mel Warmlling, esse era o nome da menina, sustentou o olhar. A curiosidade a estava roendo mais que o receio de que os meninos fossem grosseiros com ela. O que será que o tal garoto sabia sobre Lucios Malfoy, Harry Potter e a segunda guerra que ela não? Hector pensou seriamente em mandar a garota metida passear, mas resolveu se divertir.
– Coisas que só quem conhece pessoalmente Harry Potter pode saber – disse com desdém.
– Eu conheço Harry Potter pessoalmente – devolveu Mel no mesmo tom para o espanto dos meninos.
Do outro lado da mesa, a garota da Grifinória, Danna, manteve a cabeça baixa, mas observava a cena entre a corvinal e os três meninos com interesse.
– De onde? – Pergunto Hector incrédulo.
Mel ergueu o queixo cheia de segurança.
– Eu sou Mel Warmlling, sou sobrinha, quero dizer, ela é como se fosse irmã da minha mãe... da Ana Weasley – falou com orgulho frisando o sobrenome – e Harry Potter esteve com a Gina, o Rony e a Hermione no casamento da minha tia. E você, conhece ele de onde?
– Meus pais são amigos íntimos deles, ok? Eu sou filho de Remo e Ninphadora Lupin – Mel fez uma expressão de imediato reconhecimento – e o Josh é filho do chefe dos Aurores. Quero dizer, a gente conhece Harry Potter desde que era bebê! – Ele estava furioso. Lembrava da tia Ana ter lhe dito que a filha de uma prima do Brasil iria entrar em Hogwarts naquele ano, mas no primeiro dia de aula, ele tinha passado mal de tanto comer doces no trem e não tinha podido ir à seleção das casas. Depois acabou esquecendo de procurar a tal menina. A tia Ana bem que poderia ter avisado que a tal da Mel era intragável.
– Nossa! – Josh estava de boca aberta. – Você é parente daquela gata?
Ela confirmou com um sorriso simpático para Josh, mas Hector não se deixou encantar. Pelo contrário, decidiu que iria queimar a garota sem dó, nem piedade.
– Pôxa, eu jamais notaria se você não dissesse. Quero dizer, você não se parece nem um pouco com ela. E... bem, você é meio descascada e sem graça para ser uma brasileira, não é?
Mel abriu a boca indignada, mas foi Danna, que aparentemente nem estava por ali que falou.
– Nossa! Isso não foi nada gentil... – interrompeu-se como quem se dá conta de que tinha expressado um pensamento em voz alta.
Os quatro a olharam surpresos, mas Mel já tinha se recuperado da grosseria de Hector e rebateu.
– O mesmo vale para você! Porque a gente pensaria que sendo filho de Remo Lupin você deveria ser inteligente e saber que no Brasil tem gente de tudo o que é jeito. Mas porque exigir? Você deve ser adotado, não é? – Mel sabia disso vagamente, mas achou que seria um ponto fraco em alguém tão arrogante.
Hector perdeu a cor e teria batido na menina se Andrew e Josh não o tivessem segurado. Ela lhe lançou um olhar superior juntando suas coisas enquanto ele se debatia para que os amigos o soltassem e se encaminhou para a saída da sala de cabeça erguida. Tinha ficado roxa de curiosidade com o que tinha ouvido, mas ela tinha outras fontes além de Hector Lupin.
Danna reuniu suas coisas e saiu atrás da menina da Corvinal, antes que os três garotos se lembrassem que ela tinha ouvido tudo e tinha defendido a outra. Caminhou para a saída de cabeça baixa e nem viu que estava indo direto para um grupinho falante de meninas do primeiro ano da Sonserina que estava parado na porta. A trombada foi inevitável. Os livros que Danna carregava nos braços caíram todos no chão. Uma das meninas do grupo, muito loura e com cachos cuidadosamente feitos, a olhou de cima a baixo fazendo uma expressão de nojo ao notar as vestes puídas da grifinória. Danna se abaixou para pegar os livros enquanto pedia desculpas toda sem jeito.
– Olhem meninas! Parece que o Sr. Filch esqueceu de tirar o lixo da sala hoje. – A frase foi acompanhada por uma chuva de risinhos maldosos.
Danna baixou a cabeça ainda mais como se quisesse sumir sob os cabelos muito escuros e sem corte. Sentiu os olhos arderem com a humilhação e passou a tentar juntar os livros o mais rápido possível, queria fugir para a torre e se esconder no seu quarto, de preferência, em baixo da cama. As sonserinas se afastaram ainda caçoando dela. As mãos de Danna tremiam tanto que os livros que ela juntava caíam novamente no chão. Uma sensação de quase desespero estava se apoderando dela quando um outro par de mãos passou a juntar os livros para ela. Danna olhou para frente e deu de cara com mais um menino da Sonserina, chegou a recuar o corpo esperando mais um ataque, mas o garoto ruivo sorriu quase com bondade.
– Não liga para a minha irmã, não! Ela é bem indigesta mesmo – os dois se ergueram e ele lhe entregou os livros. – E para o seu próprio bem eu sugeriria que ficasse o mais longe possível dela. – Ele parecia verdadeiramente envergonhado pela atitude da menina que devia ser mais moça que ele. – Meu nome é Rupert Bothwell e o dela é Caroline – informou simpático – e o seu nome, qual é?
Danna ainda estava em choque e não tinha nem forças para agradecer o menino, quanto mais para lhe dizer seu nome. Assim o que saiu de sua boca foi pouco mais que um grunhido que ele não entendeu se era o nome dela, um agradecimento ou um tchau, porque no segundo seguinte ela saiu correndo pelo corredor já sem conseguir segurar as lágrimas.
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N/A: Bom, gente, esse foi um capítulo de ligação! Eu disse que ia baixar um pouco a adrenalina (mas não se acostumem, ok? hehe). Espero que tenham gostado, mesmo que eu tenha deixado os mistérios um pouco em suspenso. COMENTEM PLEASE!!
O capítulo saiu intencionalmente grande porque não sei quando poderei postar de novo. Talvez demore umas duas semanas (espero que menos).
Para o pessoal que tem me deixado convite para ir nas fics que estão escrevendo: olha gente, eu sempre apareço, ok? Não achem que sou cheia nem nada, mas minha vida está meio atribulada e meu tempo de leitura tem que ser dividido com o de escrever. Assim, pode ser que eu demore, mas estou com tudo anotado e logo vou aparecer e deixar comentário. Me aguardem!
Obrigado pelos votos e pelos comentários. Beijos mil!!
Darla: Minha amada Beta!! Obrigada por tudo, mesmo! Vou sentir muito a tua falta, mas estarei sempre on line!
Bernardo: Sim, aprendi sim! Vc sempre me deixa com o coração na mão ao final de cada capítulo (mas eu confesso que adoro, hehehe). Ah, e aqui vai o Logo de minhas comunicações com vc: CAMPANHA: Bernardo, não mate o Harry na Quadribol!(hahaha).
Evaldo Gomes Silva: Puxa! Fiquei vaidosíssima com seu comentário. Dizer que usei com perfeição o gancho da sétima filha é demais para qualquer autor. Valeu mesmo! Quanto ao rubi do broche, bem... ele não se liga a Rowena (que talvez tivesse escolhido outra pedra), mas a Aradia. E aí tinha que ser um rubi mesmo. Quanto à coisas drásticas... rsrs, não prometo, mas o que é a vida sem perigo?
Luna Weasley: Fico feliz que tenha gostado das explicações Luna, elas dão trabalho (hahaha). Mas como boa virginiana (já disse que sou do dia da Mione), gosto de tudo muito bem acertadinho e espero não deixar furos daqui por diante. Quanto, ao romance... acho que tb sou incurável (basta ver esse capítulo, hehe).
Rafael Delanhese: Puxa, eu nunca pensei em trapacear... *cara de inocente*, mas o que seria de uma fic de aventura sem suspense (hehe)? Nunca dei dicas sobre a Lily, mas de qualquer forma eu adorei as teorias (meu momento de J.K, haha), e acredite, Aradia estava programada desde o início.
Sônia Sag: Ai... Sônia, valeu mesmo! Fiquei super feliz que vc tenha gostado. Como tenho dito, não sei o que aconteceu comigo depois do livro 6, virei uma fã ardorosa dessa ruiva e... bem, ela é a garota do Potter, não? Isso já deixa ela bem poderosa, afinal, ganhar o cara não é para qualquer uma e, simmm :D tirar o fôlego era o objetivo do último pedacinho (hehe).
MarciaM: Obrigada pela leitura! Pois é, tb tenho pensado nisso (daí minha teoria viajante), até porque a JK tem usado um jeito reticente demais para comentar sobre o assunto nas entrevistas. Vamos esperar (ai...que ano que vai passar devagar 2006, grr).
Morgana Black: Minha fada (adoro te chamar assim), sabe que amo os seus comentários, muito mesmo!!! Que bom que gostou das explicações, eu tenho adorado fazer essa trama e, sim, aguarde, mais coisas vem por aí, espero que goste delas tb. Quanto às ceninhas do quarteto (ai...ai... longos suspiros tb), eu não resisto, o que fazer? Sim, sim, Siriuzinho É a coisa mais cute do universo. Vc não achou ele fofíssimo nesse capítulo? Quanto à propaganda, sua fic merece tudo ; )!!!
Belzinha: Bem, vc é co-autora, então, parte do mérito tb é seu (especialmente nesse capítulo, hihi). Que tal a estréia das “nossas” crianças? Espero que o pessoal goste. Nós, “mães”, já estamos orgulhosas deles, não? Valeu pelo comentário sobre o Quarteto, adoro a química deles! Acho que nem sou eu que escrevo, só os coloco numa sala e eles já começam a agir desse jeito (hehe). Eu tb A-M-O o Sirius (ele não ficou uma gracinha de macacão verde?). Mulher, eu to ficando esquizofrênica mesmo (hahahaha).
MoneJP: Puxa, Mone, estou louca para saber suas teorias, mas nunca te encontro no MSN (quem sabe vc manda para o meu e.mail)! Agora quem está morrendo de curiosidade sou eu, hehehe. Obrigada pelo comentário!
Trinity Skywalker: Amei sei comentário! Ainda mais vindo de uma super autora como vc (já disse que seu último capítulo foi a perfeição?!!!). Aliás, fiquei pensando que agora vai ter um pouco de paralelo nesta fic com a sua, não é? Pais preocupados com o destino de um bebezinho que não nasceu... O Harry tem se dado conta disso... (*humm, Sally maquinando*). Obrigado pelos elogios às cenas caseiras, eu simplesmente adoro escrevê-las (fico feliz de não estar enchendo a paciência dos outros com isso). Beijos!
Carolzinha: Obrigada mesmo pelo comentário! Como falei para a Sônia tb AMO a Gina e adoro escrevê-la e valeu pelo comentário sobre as cenas de romance (como pode ver eu acabei me empolgando de novo neste capítulo, hehe). Espero que vc tb goste dos outros ships que vão aparecer a partir de agora: Carlinhos e Ana, Lupin e Tonks, e, claro, a turminha nova (hihi). Beijo grande!!
Shayera Hol: Seu comentário me deixou feliz por vários motivos. Primeiro, por vc ter finalmente conseguido ler, não só a fic como a JK toda tb, eu não disse que vc ia viciar? (Na JK, claro, ou melhor no Harry). E, segundo, é vc se revelar que não é uma heroína tão durona quanto parece (hehehe). Tenho certeza que em algum lugar tem uma mistura de Harry com Falcão Negro, esperando por vc. Eles existem, sabe? E vc sabe que eu falo com conhecimento de causa.
Carline Potter: Menina, como vou agradecer seu comentário? Melhor, acho que ele foi uma resenha (haha). Brigadão mesmo!! Fiquei saltitante quando li. Que bom q gostou da morte do Voldie (o coro de vozes na minha cabeça grita: ele merece! Ele merece!) E amei seu comentário sobre eu conseguir dar a dimensão da amizade dos 4, puxa, isso é um super elogio! Hehe... tb adorei o Rony tão a vontade com a Mione e o Sirius (adoro ele adulto, mais seguro e até metidinho, ele tinha que aprender algo com os amigos, não? Sem falar que é difícil não ser seguro com todo aquele tamanho). Nossa, garota, não quero estragar a vida amorosa de ninguém, viu? Mas como eu disse para a Shayera: eles existem simm (escondidos, mas existem)!
Zay_lion: Nossa, valeu mesmo pelo comentário! Fiquei encantada com tudo o que você disse. É legal saber como os leitores acham a fic e se gostam do jeito da gente escrever e da história. Fiquei super feliz! Quanto ao Snape, fique à vontade! É muito bom escrever sobre o morcegão, a gente coloca ele numa sala e ele já começa a falar daquele jeito sem que a gente se esforce. Um caso de personagem que domina qualquer autor, hehe. Mas para se inspirar mesmo, dê uma olhada nas fics da Trinity Skywalker (o Ranhoso está demais, por lá). Beijo!
Andressa: Obrigada pelo comentário! Mande outros sempre que gostar ou odiar, ok? É tão bom receber as opiniões de quem lê, elas são um estímulo imenso! Beijo grande!
Eddy: O que mais gostei no seu comentário foi vc dizer que consegui fazer suspense com uma coisa que todo mundo sabia o fim. Fiquei nas nuvens!! Valeu!!!! E sim, muitos perigos aguardam os nossos heróis! Fique na torcida (eles vão precisar, hehe)!
Neali: Brigadão pelo comentário!
Charlote Ravenclaw: A mais nova autora de fics (hehehe)! Já sou sua fã! Gostou do capítulo?
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