O Velho Morcegão
O Velho Morcegão
Uma chuva fina, bem pouco característica para aquela época do ano, parecia vir dar alento aos habitantes do pequeno vilarejo de Morton, após um fim de semana de temperaturas escaldantes para os padrões britânicos. As janelas das casas estavam agora abertas à brisa fresca que o fim de tarde soprava pelas ruas lavadas. Nuvens cinzentas cobriam cada parte do céu parecendo ter antecipado a noite e a maioria das pessoas já se ocupava em preparar o jantar. Quem passasse pelo lado de fora poderia ouvir os risos despreocupados de um perfeito final de domingo.
Ninguém notou, portanto, quando, aparentemente do nada, uma mulher surgiu no início de uma ladeira que descia para os arrabaldes da aldeia. Nem mesmo o estalo alto que antecedeu seu misterioso aparecimento foi notado, disperso pelos barulhos mais naturais que escapavam pelas janelas.
Ana esperou uns dez segundos para ver se alguém a havia notado, depois ajustou a capa azul escura que usava e começou a descer a escorregadia ladeira calçada de pedregulhos. Agradeceu mentalmente ninguém estar olhando chuva naquele momento, quanto menos pessoas a vissem por ali, melhor. Não que os trouxas a identificassem, mas preferia não ser vista. Seria mais seguro. Inclusive para eles. “Estou ficando paranóica”, pensou, “continue assim, Ana, e vai acabar como o Moody, vendo bruxos das trevas até em gatos de rua”. Mas ela não era tola de achar que sua missão não envolvia riscos. Harry jamais a teria enviado para procurar Snape, se algo não estivesse definitivamente errado. Ela talvez não tivesse dado atenção aos pesadelos da cunhada, mas tinha aprendido rápido a não contradizer as intuições de Potter. Ele até podia aumentar, mas não se enganar.
No fim da ladeira, virou a esquerda e seguiu por uma viela de chão batido. As casas iam rareando. Já estava quase fora do vilarejo quando chegou ao seu destino. Uma casa sem jardim, de tijolos escuros e de aparência mal feita e velha. Era meio inclinada para o lado e o teto parecia ter afundado no meio. O terreno tinha um desnível para trás o que lhe dava a aparência de equilíbrio precário, como se apenas a porta da frente, de um marrom descascado, não estivesse sendo engolida pelo chão.
Ana prendeu a respiração e deu três batidinhas. Alguns segundo depois, um movimento dentro da casa lhe informou que estavam vindo recebê-la. No instante seguinte, Severo Snape abria a porta com uma expressão entediada, como se visse a moça todos os dias e isso o cansasse.
- Smith!
- Como vai Severo? – Ana notou que ele usara o sobrenome de sua mãe ao invés do seu, mas achou que podia ser um bom sinal. Tentou dar a voz um tom simpático, afinal fazia quase oito anos que não se viam e ela não podia negar que estava um pouco chocada com a aparência dele. As vestes negras pareciam rotas e gastas. Os cabelos escuros e gordurosos estavam salpicados de fios brancos. A mão direita apoiava-se pesadamente em uma bengala enquanto a esquerda segurava a varinha. Pelo visto, recebê-la não era o mesmo que confiar nela. No rosto mais vincado e enrugado, apenas os olhos pareciam ser exatamente como ela lembrava: frios, astuciosos e impenetráveis. – Achei que ia demorar mais para atender. – Falou com um sorriso que pretendia ser gentil.
- Você iria embora se eu demorasse mais? – O sorriso sumiu e ela negou levemente com a cabeça. –Foi o que eu pensei. O que quer aqui, Smith?
- Não creio que este seja o lugar para conversarmos, Severo. Não seria melhor me convidar para entrar. – Ele ergueu o queixo olhando-a nos olhos como se quisesse ver através dela. – Acha que eu viria até aqui se fosse algo que desse para conversar na porta – acrescentou.
- Entre.
Ana deu um suspiro de alivio e cruzou a soleira, baixando o capuz da capa. A má vontade óbvia era esperada, mas ela não ia se deter por isso. Dentro, a casa parecia ainda mais sinistra e miserável. Era abafada, cheirava a umidade, ratos e alguma outra coisa que ela não pode identificar. O chão rangia sob seus pés como se tivesse pisando em areia. Havia uma poltrona velha e uma cadeira encostada a uma mesa pequena cheia de livros. Aliás, havia muitos livros por ali. Não em estantes, mas dispersos por todo o ambiente, empilhados no chão, em caixas, escorados na parede. Parecia a casa de alguém que estava de mudança e que nunca recebia visitas.
- Seria conveniente para ambos, que você fosse direto ao assunto que a trouxe aqui, Smith. – Não havia nenhuma emoção aparente na voz dele, o que a convenceu a manter o tom simpático.
- Erm... eu me casei, sabe, ...então ... tecnicamente, meu sobrenome ag...
- Sei qual é seu sobrenome, agora, Smith – ele falou a ultima palavra bem devagar – não veio aqui me noticiar seu estado civil. O que quer?
O tédio tinha sumido e Ana xingou mentalmente a sua falta de habilidade. Ele provavelmente não a chamaria de Weasley a não ser que a estivesse insultando.
- Ok, ... então? Posso me sentar?
- Não. Vá direto ao assunto.
Ana fechou o punho, irritada, ele não iria facilitar, mas ela sabia que não podia perder a calma.
- Harry quer falar com você?
Ele pareceu estudá-la.
- Só isso?
- Ele quer que você o procure. Pediu que eu viesse porque só eu poderia saber a sua localização, já que sou seu contato no ministério e ...
- Você é quem monitora as atividades de minha vida de proscrito então? – Ele a interrompeu de novo, mas agora com um tom debochado.
- Isso não é novidade para você, Severo.
- Não, não é. Os trouxas têm um nome para isso, não é? Como é mesmo? - Ele franziu a testa.
- Agente de condicional.
- Isto! Então, devo acreditar que você está aqui em missão oficial – ele pareceu ter chegado onde queria. – E que eu devo obedecê-la – a voz dele ficava cada vez mais debochada e a garota já estava perdendo a paciência.
- Se quer encarar assim Severo, por mim tudo bem, mas eu preferia que você visse como um pedido.
- Potter não faz pedidos, menina. Ele sempre foi arrogante demais para isso. Mandou-a aqui para me dar uma ordem, achando que porque vinha da única do grupinho dele que vale alguma coisa, eu aceitaria como se fosse a sugestão de um velho encontro de amigos. – Ele jogou para trás os cabelos oleosos num gesto de desdém. – Eu até simpatizo com você, Smith, mas não tanto assim.
- Então, que seja como você quer Severo – ela viu que não conseguiria que ele visse a idéia por outro ângulo, além disso, sangue de barata não era uma das suas virtudes – é uma ordem e eu, se fosse você, não desobedeceria. Harry pode dificultar muito a sua vida – Snape fuzilou-a com um olhar de profundo rancor – quero dizer, pode torná-la ainda mais difícil. Pense Severo, ele só quer conversar. Quer algumas informações. Só isso. Não é mais fácil simplesmente ver o que ele quer?
Snape não respondeu. Olhou para Ana, avaliando cada uma de suas palavras. Seria uma benção se ele nunca mais tivesse que olhar para cara do Potter em sua vida, mas ela tinha razão quanto ao fato de que ele não o deixaria em paz até conseguir o que queria. Retomou a expressão vazia.
- Onde ele quer se encontrar comigo?
- Harry acha melhor que você vá a casa dele. Não correm o risco de serem ouvidos e você não se expõe. É mais seguro.
Snape ergueu a sobrancelha.
- Potter vai me revelar onde mora. E eu vou entrar na casa dele. Diga-me, Smith: para quem você acha que essa situação é segura?
- Ele não vai fazer nada contra você, Severo, e eu duvido que qualquer bruxo, por mais poderoso que seja, possa fazer algo contra ele dentro daquela casa. Então, eu posso garantir que é seguro sim. Para os dois.
O antigo professor de poções de Hogwarts pareceu ficar, de repente, muito cansado.
- Já deu seu recado Smith. Vá embora, sim. Seu ... maridinho deve estar esperando.
- Você não me disse se vai?
- Acho que ficou bem claro que eu não tenho escolha, não é?
Ana encaminhou-se para a porta que ele abria e lhe entregou um pedaço de pergaminho com um endereço. Snape o pegou, leu e devolveu para a garota. Não havia mais nada para dizerem um ao outro. Ela murmurou um adeus e puxou o capuz saindo para a noite fresca, finalmente voltando a respirar.
*********
Harry, Rony, Hermione e Gina tiveram um final de semana bem movimentado. A cena na casa de Jorge, na sexta-feira, modificara os planos dos quatro de manter a maioria dos Weasleys numa confortável ignorância. Harry e Rony tentaram argumentar com os gêmeos que deveriam esperar por mais informações antes de preocuparem o Sr. e s Sr.ª Weasley. Os dois amigos eram da opinião que depois de tudo o que haviam passado, os dois mereciam uma velhice tranqüila e deveriam ser poupados. Mas Fred e Jorge foram irredutíveis. Podiam ser os maiores quebradores de regras que se tinha notícia em décadas no mundo bruxo, mas quando o assunto envolvia Gina, os irmãos perdiam todo o humor. Ela era, sem dúvida, o ponto fraco daquele bando de garotos. Mexer com ela equivalia a uma declaração de guerra com os ruivos. Os gêmeos decretaram que era um assunto de família e que azarariam Harry e Rony, de forma horrível e definitiva, se eles não abrissem o jogo.
Com a interferência de Hermione, e da própria Gina, eles concordaram em adiar a conversa com os pais e os outros irmãos para domingo. Até lá, eles esperavam poder ter mais informações do que suspeitas. Assim, passaram os dois dias seguintes enfiados até o topo da cabeça em livros. Retiraram todos os volumes que puderam carregar da biblioteca do Ministério. Hermione ainda fez questão de passar na Biblioteca Pública trouxa e retirar mais alguns, já que, de acordo com ela, era possível que estes tivessem dados que os livros bruxos não tinham. Nenhum deles se espantou que ela fosse sócia ou que soubesse mexer no computador para fazer a pesquisa. Mas Harry acabou arrastando Rony para fora do prédio depois da terceira vez que ele, com olhos arregalados como pratos, soltou um assobio alto em comemoração a alteração da tela do programa de busca.
Ficou combinado que se encontrariam na Toca no fim da tarde de domingo. Mas quanto mais a hora se aproximava, mais desanimados eles ficavam. Tudo o que haviam acrescentado ao que já sabiam era ainda mais perturbador e também não tinham nenhuma pista do porque Gina vinha sendo torturada com aqueles pesadelos. Eram quase cinco horas quando deram a busca por terminada e seguiram para a Toca. Hermione e Gina foram de pó Flu, já que não era seguro aparatar com Sirius ou, no caso da ruiva, estando grávida. Harry e Rony aparataram.
Os Weasleys já pareciam ter sido informados pelos gêmeos sobre o teor da conversa, pois quando os dois amigos entraram na casa viram a Sr.ª Weasley agarrada na filha, aos prantos e soluços com um lencinho na mão. Gina dava tapinhas nas costas da mãe enquanto fuzilava Fred e Jorge, que tinham vindo sozinhos, com o olhar. O Sr.Weasley estava um pouco alterado também, parecia bem mais pálido do que o normal quando os cumprimentou. Na sala ainda estavam Gui, Fleur e Carlinhos. Ana tinha avisado a Harry que estaria cumprindo a sua “tarefa”, o que deixava o rapaz sozinho para limpar a barra dela com o marido, como ela fez questão de frizar. Percy, não apareceu, mas Harry já tinha deixado de se preocupar se ele tinha feito isso por conta própria, ou porque os cunhados, de comum acordo, haviam decidido deixá-lo de fora.
O clima foi quebrado por uma pequena distração de cabelos prateados que entrou na sala. Chantal, a filha de seis anos de Gui e Fleur.
- Mamã, por que a vovó está chorando? Aconteceu alguma coisa?
Gina aproveitou a deixa, empurrou a mãe para o lado e respondeu antes que Fleur o fizesse.
- Não aconteceu nada, querida. Vovó chora por qualquer coisa, não é mesmo? – Num ato continuo ela pegou Sirius dos braços de Hermione e cruzou a sala em direção a sobrinha. – O que acha de subirmos e irmos nós três brincarmos lá em cima, heim?
- No quarto do tio Fred e do tio Jorge? – Ela falou aos pulinhos. – É o mais legal. Tem um monte de coisas lá e...
- Claro, claro - concordou Gina dando-lhe a mão e falando em voz baixa para Hermione, - eu não preciso ouvir isso de novo, só me chamem quando acabarem.
Ela saiu com as crianças, dando um selinho em Harry na passagem.
O Sr. Weasley foi até a mulher e passou a mão pelos seus ombros, fazendo-a sentar numa das pontas da mesa. Fez um sinal para que os filhos, o genro e as noras fizessem o mesmo.
- Por favor, Rony, Harry e Hermione, comecem. – Apesar do tom gentil, Arthur estava lhes dando uma ordem, como se eles tivessem de novo doze anos e tivessem aprontado.
Hermione e Rony olharam para Harry. O rapaz limpou a garganta e começou a contar sobre os sonhos, sem narrá-los na íntegra, e sobre o que Gina e Hermione haviam encontrado nas pesquisas iniciais. Sobre como eles acharam que poderia haver bruxos envolvidos e a aparição da marca negra nos pesadelos. Por fim, mencionou o desaparecimento das crianças trouxas e o fato de que sobre isso não existia nenhuma pista, já que elas pareciam ter desaparecido praticamente diante dos olhos dos pais. Acrescentou que Gina acreditava fortemente que havia ligação entre as duas coisas e que ele, Rony e Hermione estavam inclinados a concordar. Também falou que havia conseguido com Quim que os Aurores investigassem os casos.
Voltou-se para Carlinhos, sentado ao seu lado, sem encará-lo.
- A Ana não te falou nada porque eu pedi, cara. Ela bem que queria, mas nós esperávamos ter mais certezas antes de preocupar vocês.
O cunhado concordou sem muita convicção.
- Ela me disse que ia trabalhar, hoje à tarde. Tem algo haver com essa história?
Harry confirmou com um balanço de cabeça. Depois Ana explicaria para Carlinhos o que tinha ido fazer. Harry não tinha forças para mais explicações do que as que estava dando. Ele estava se sentindo muito cansado, e apesar dos seus vinte e seis anos, sentia-se como se tivesse muito, muito mais. Não ousava olhar de frente para os sogros e os cunhados. Não queria ver as expressões chocadas nos seus rostos. Talvez nem estivessem tanto, já que falado como ele falara, quase sem nenhuma emoção, não parecia ser uma ameaça tão real. Mas eram anos de prática com pesadelos, profecias e presságios para que ele desprezasse todos aqueles sinais. E Harry sabia que os Weasleys pensariam do mesmo jeito.
Na verdade, estava se sentindo muito incompetente também. Anos de luta, sofrimento, guerra, mortes. Nada fora suficiente. O mundo ainda não era seguro para ele e as pessoas que amava. Tantos sacrifícios, tantas perdas, tudo parecia em vão. Uma bola quase sólida de fúria e frustração começou a queimar na boca do seu estômago, esquentando-lhe o peito, os músculos dos braços e retesando seu pescoço e o maxilar. Uma janela atrás dele explodiu, cobrindo o chão de cacos de vidro. Harry forçou-se a engolir a bola.
- Erm, ... desculpem – disse fazendo um gesto com a varinha e recompondo a vidraça.
- Tudo bem, querido – conciliou com doçura a Sr.ª Weasley. Ela, como o marido, estava com um olhar assustado, mas já parecia um pouco mais recomposta – acho que todos nós precisamos de um chá agora, não?
Fleur, que de forma bem incomum, tinha até agora ficado quieta, ofereceu-se para ir fazer o chá. Uma gentileza ainda mais surpreendente, em se tratando dela. Mas Molly apenas agradeceu. Foi Carlinhos que retomou a palavra.
- Tudo bem, hum, você disse que é isso que vocês sabem e suspeitam até agora, certo? – O trio confirmou. – Essa, erm ... Missa Negra é um ritual trouxa. Bom, os trouxas gostam de símbolos. Então, eu acho que se nós observarmos a simbologia do ritual , poderemos ter uma idéia do que estamos enfrentando. Certo? – Ele olhou para os outros para ver se concordavam.
Gui, cujo rosto marcado de cicatrizes voltava-se fixamente para o tampo da mesa, concordou com a cabeça. Os outros olharam para os três. Rony se mexeu desconfortavelmente na cadeira e Harry lançou um olhar para Hermione com cara de “História da magia é com você”. A garota respirou fundo e começou a falar.
- Bem, nós pensamos nisso. Humm, primeiro, hã, vocês sabem mais ou menos o que é uma missa?
Os Weasleys lhe devolveram expressões confusas. Hermione sorriu. Sabia que embora os bruxos comemorassem o Natal e a Páscoa, a simbologia e parte das crenças cristãs haviam apenas sido incorporadas a festas muito mais antigas. Contudo, a maior parte da bruxidade manteve-se a parte das religiões oficiais. Principalmente, após a totalmente despropositada caça às bruxas. Era natural que os Weasley não compreendessem muito os significados de uma missa.
- Tudo bem – ela prosseguiu, tentando simplificar ao máximo – a missa é um ritual de celebração de uma das religiões dos trouxas. O ritual é composto basicamente de um ofertório, um sacrifício e uma comunhão. Como Carlinhos falou, o simbolismo é o mais importante. O sacrifício é apenas a lembrança da morte de Jesus de Nazaré e a comunhão é feita com pão e vinho que representam o corpo e o sangue dele.
Fleur voltou trazendo uma grande bandeja com xícaras e um enorme bule de chá.
- Mas o Harry disse que numa Missa Negra é tudo ao contrário, - falou Fred pegando uma das xícaras que a cunhada oferecia – como é que isso funciona aí.
Rony e Hermione trocaram olhares. Harry fez uma careta.
- Digamos que as coisas são mais literais.
Gui se ajeitou na cadeira.
-Como assim, Harry? Vocês querem dizer que nesse caso eles fazem sacrifícios de verdade é isso?
Os três confirmaram.
- Sacrrrificios d quê? – Perguntou Fleur.
- O que você acha? – Respondeu Jorge, sem paciência – com esse monte de crianças sumindo, não é de gatinhos, é?
Fleur deu um grito abafado e pulou no pescoço de Gui. Rony jogou, indignado, uma bolinha de pergaminho na cabeça do irmão e Arthur repreendeu a falta de tato do filho, já que a Sr.ª Weasley recomeçou imediatamente a chorar. Depois disso, um silêncio pesado baixou sobre eles, até que Carlinhos desenterrou as mãos da cabeça e formulou a pergunta que os outros não haviam até agora tido coragem de fazer.
- Nesse caso, - engoliu seco – a comunhão é... – não conseguiu dizer nem foi preciso, visto que era claro que nesta teria de haver carne e sangue de verdade.
Hermione ficou parada com um das mãos na boca como que para contê-la de falar e a outra firmemente presa a de Ron. Harry assumira a mesma postura de Gui e não tirava os olhos da mesa. Foi Rony que olhou para os pais e os irmãos e confirmou.
- Mas não temos provas, mamãe – acrescentou rapidamente por que a Sr.ª Weasley afundou a cabeça no ombro do marido aos berros.
Fred tinha uma expressão de profunda náusea.
- Acho que vou vomitar.
- Quer platéia ou dá para fazer isso sozinho, e lá fora? – Caçoou Jorge, como se quisesse diminuir a tensão no ambiente.
O Sr. Weasley apenas apontou o dedo para eles e os dois murcharam, quietos. Arthur nunca fora exatamente enérgico com os filhos, a não ser quando achava que não era hora para brincadeiras e era o caso naquele momento. Foi Gui que retomou a palavra.
- Por que crianças trouxas?
- Não sabemos – respondeu Harry.
- As crianças bruxas correm perigo? – Fleur apertou ansiosa a mão do marido após ele fazer a pergunta.
- Não sabemos.
- Por que é a minha Gina que está vendo essas coisas? – A voz chorosa da senhora Weasley quase suplicava.
Harry bufou de pura frustração. Jogou a cadeira para trás e saiu da mesa. Não conseguia mais ficar sentado. Então, foi Rony que respondeu.
- A gente também não sabe mamãe.
- Meninos – Arthur Weasley tentou dar um tom de maior calma a voz do que realmente sentia – vocês ainda não disseram uma coisa. Sei que não sabem o objetivo deste ritual macabro, caso seja feito por bruxos. Mas, afinal, o que é que os trouxas, quero dizer, os que faziam isso no passado, pretendiam? Qual era a finalidade de tanto horror?
Hermione desviou os olhos das costas de Harry, que estava voltado para a janela encarando a noite com os punhos cerrados, e encarou o sogro.
- Bom, na missa tradicional, o ritual acaba com a celebração da ressurreição do seu senhor, que representa tudo de bom e justo que existe, no coração dos fiéis – ela tinha decorado isso de um dos livros trouxas. – O objetivo da Missa Negra não era muito diferente, só que era ao contrário.
- Não entendi – disse Fred com uma expressão intrigada.
- Não está claro? Eles queriam invocar as Trevas. De forma literal, fazê-las ressurgir. Não apenas o Mal ocasional, mas o Senhor do Mal encarnado. Um ser que fosse poderoso, incontrolável, ... ETERNO. Uma criatura com tal poder que poderia vencer tudo que há de bom e instaurar o caos em seu lugar.
- Isso feito por bruxos das trevas teria um outro significado – o Sr. Weasley falou muito lentamente, quase para si. – Invocar o mal da forma como você diz, exigiria um bruxo das trevas muito poderoso. Nesse caso, o que você está descrevendo mais parece... – mas foi Harry, ainda de costas para eles que completou.
- A idéia de paraíso do Voldemort.
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N/A: Gente!!! Valeu para quem chegou até o fim deste capítulo. Tomara que tenham gostado e que não tenha ficado muito obscuro. Se ficou, prometo que vou tornar mais claro adiante. O título saiu de uma conversa com a Belzinha por e.mail e eu não resisti, me pareceu perfeito para o que eu tinha em mente. Parece que estamos mesmo “conectadas”, não é Bel?
Sei que a fic está classificada como aventura e até agora só teve papo, mas é que tinha um mooooonte de informações que eu queria passar antes. Mas, boas notícias aos resistentes, o próximo capítulo vai sair da pasmaceira. E já adianto o título: “Rebelião em Azkaban”. Por isso aguardem e não desistam de mim, ok?
Brigadão para a minha Beta Darla, que chegou da praia e corrigiu tudinho em tempo recorde. Beijos, amada!
Aliás, quero fazer um agradecimento especial para a Belzinha, a Morgana e a Sônia. Tenho a maior paixão pelas fics delas. A da Sônia e a da Morgana me seduziram para a leitura do universo das fics e a da Belzinha foi meu pontapé para começar a escrever. Então, só o que eu posso dizer pela leitura e apoio de vocês é um imenso: MUITO OBRIGADOOOO!!!
Ao pessoal que tem lido e deixado comentários: Belzinha, Morgana, Sônia, Pedro, Sir Potter, Fillipe, Darla e Shayera, sei que já agradeci por e.mail, mas faço de novo aqui. Vocês são o meu estímulo e a minha bússola. Muito obrigada mesmo!!
A todos que tem lido, muito obrigado! E se possível, postem um comentário, ok?
Beijos grandes.
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