Tentativas...




Harry acorda com uma coruja tentando entrar pela janela do dormitório masculino. O animal era negro, com os olhos amarelados e penetrantes. Em sua pata havia um pergaminho, que o rapaz pegou imediatamente.

“Estou perto de você... Mais do que imagina Potter...”.

Suas mãos tremiam e suavam. A coruja, que parecia observar a reação do garoto, levantou vôo e saiu janela afora. Harry debruçou-se no peitoril da janela e perseguiu-a com o olhar, na pequena esperança de ter alguma pista sobre a localização do “assassino”, mas esta, por sua vez, deu três voltas sobre a Floresta Proibida e depois, provavelmente para despistar, voou para a área que se localizava na região dos fundos do castelo.
Quando Harry desviou o olhar do animal que já desaparecera de seu campo de visão e tornou a observar o pergaminho que acabara de receber, viu que as letras escuras haviam se dissolvido de modo misterioso, formando uma grande mancha no centro do bilhete. Quem quer que estivesse fazendo aquilo, não queria deixar evidências...
--- Harry? Aconteceu alguma coisa?
Rony havia acabado de despertar. Ainda sonolento, com os olhos levemente fechados, ele levantara da cama e se posicionara em frente ao amigo. Este amassou rapidamente o pergaminho em sua mão direita, logo após dizer que não havia ocorrido nada. E, apesar de estar mentindo, foi convincente. Rony se retirou do dormitório e foi até o banheiro lavar o rosto.
Harry, quando olhou a mão que estava com o pergaminho, viu que a tinta preta agora...Estava vermelha como o sangue... O pergaminho havia sumido em sua própria mão...Como se tivesse se aderido a ela...

--- Estou cansado disso... – Murmurou Potter para si mesmo, enquanto andava apressadamente pelos corredores de Hogwarts, até a biblioteca. – Não agüento mais essa brincadeira idiota que estão fazendo comigo...
--- Harry?
O rapaz parou subitamente. Aquela voz era conhecida...
--- Harry? Pode me ouvir?
--- Sirius...- Sussurrou o rapaz, olhando em volta. – Sirius...Onde você está?
Uma porta próxima a Harry se abriu lentamente, provocando um arrepiante rangido. O Grifinório largou sua mochila ali mesmo no chão e andou cautelosamente até a sala.
Ele nunca havia reparado naquele local. Talvez pelo fato de que a entrada para chegar nele era extremamente escondida. Colocou o pé direito no interior da sala. De repente, sentiu como se tivesse perdido o chão. Um vento gelado socou seu estômago, fazendo com que seu instinto animal lhe proporcionasse uma posição arqueada de seu corpo, na tentativa de amenizar a dor que sentia. Tudo a sua volta ficou escuro e Harry perdeu a consciência rapidamente, rendendo-se ao desconhecido.
Uma brisa massageou seu pálido rosto. Harry Potter abriu os olhos com dificuldade. Um lugar estranho. Sentou-se e observou que, ao seu lado direito, havia um grande jardim florido...Porém, a sua esquerda...Havia um local sombrio, repleto de pessoas encapuzadas, tristes, que aparentavam chorar. Parecia que ele se encontrava na divisão de dois mundos distintos. De um lado, o paraíso, e do outro, o inferno.
O que estava acontecendo? O que era aquilo? Porque estava ali?
Perguntas e mais perguntas surgiam no pensamento do rapaz a cada momento que se passava. Levantando-se, pôs-se a fitar uma pessoa que andava em sua direção. Uma pessoa alta, encapuzada, que viera do lado sombrio. Ele retirou o tecido que impedia o garoto de 16 anos de ver seu rosto... Era ele...
--- Sirius!!
O rosto, que um dia fora atraente, agora estava extremamente pálido, magro, sem vida... Os olhos que antes eram cheios de luz, agora eram vazios... As mãos esqueléticas tocaram o braço do garoto num gesto de desespero, ele imediatamente sentiu algo, como se estivessem colocado em contato com sua sensível pele, algo escaldante, algo muito quente... Harry jogou-se para trás num movimento rápido, querendo, pela primeira vez, manter distância de seu padrinho. Este fitava o afilhado com um olhar repleto de desespero, como se estivesse implorando alguma coisa. Alguma ajuda talvez...
--- Harry... Ajude-me Harry... – Implorava, com os dois olhos como um lago, repletos de água.- Não quero ficar aqui...Não gosto daqui Harry... Ajude-me...
Ele estendeu a mão mais uma vez na direção do garoto, que se afastou novamente para o mais distante que conseguiu. O céu foi ficando escuro em ambas as partes...A parte sombria ficava mais negra ainda e a parte clara ganhava uma tonalidade acinzentada. Harry tornou a fitar o padrinho. Quando o fez, sua branca pele foi se decompondo lentamente... Ele foi perdendo a altura e o rapaz pôde ver que ele aparentava estar derretendo...Derretendo de um modo assustador...
--- Nãooo!!!!!!!!!!!!!!! Sirius!!!!!!!!!!

Chão do corredor. Harry estava sentado, ofegando como se tivesse corrido mais de 50 Km sem parar. Seus olhos esmeralda estavam arregalados e seu corpo tremia loucamente. Mais a frente dele, a mochila estava aberta, jogada no mesmo local onde ele deixara antes de desmaiar. Não tinha forças para se levantar. Apenas consultou seu relógio de pulso enquanto se escorava no piso gelado com o braço esquerdo. Já haviam se passado três horas. A aula de Astronomia já havia terminado. Sua testa molhada de suor pingava em seus óculos, dificultando sua visão. O rapaz arrastou-se até a mochila. Precisava reunir forças... Nem que isso durasse mais de um dia para acontecer...
--- Meu Deus! Harry!
Era a Professora de Adivinhação, Sibila, que passava pelo corredor para chegar até o local de sua aula. A mulher correu com suas pulseiras e suas vestes roxas brilhantes até o rapaz estendido no chão.
--- O que aconteceu? – Indagou, demonstrando preocupação.
--- Adivinhe. – Brincou o garoto.
A mulher não sorriu. Apenas abaixou-se, oferecendo ajuda para Potter e levou-o até Sala de Adivinhação.
--- Conte-me o que aconteceu Harry!
O garoto sentou-se numa poltrona. Não via motivo em contar, mas precisava colocar tudo aquilo que ocorrera para fora.
--- Eu vi meu padrinho...Meu padrinho que morreu ano passado...Num sonho...E, tem alguém querendo me matar... Manda-me bilhetes estranhos que se decompõem sozinhos...
--- Se acalme... – Pediu Sibila. – Deixe-me trabalhar nisso...
A Professora foi até sua mesa e retirou uma pequena toalha que se encontrava sobre uma bola de cristal do lugar. Ela sentou-se numa cadeira e fechou os olhos. Se estivesse numa situação mais agradável, Harry teria achado tudo aquilo a coisa mais ridícula que já vira na vida, mas este estava tão nervoso, que aceitava qualquer coisa que clareasse sua mente em relação às coisas que estavam acontecendo.
Aproximadamente dez minutos se passaram. A Professora movimentava as duas mãos sobre o objeto mágico simultaneamente. De repente, seus olhos abriram e ela fitou atentamente a bola de cristal. Harry, que já estava adormecendo, ao ver a expressão curiosa da professora, ajeitou-se na cadeira e perguntou ansiosamente:
--- E então? Viu alguma coisa?
--- Seu padrinho... Quer falar com você Harry... Ele quer falar contigo...
O rapaz de 16 anos aproximou-se da mulher e olhou a Bola de Cristal. No início, não via nada. Mas, após alguns segundos, quando ele resolveu se concentrar, uma pequena mancha se formou no centro da mesma e a figura de seu padrinho começou a surgir...
--- Sirius...
A figura sorriu. Ele aparentava estar bem agora.
--- Não se preocupe tanto comigo Harry...Eu estou bem... Ter te encontrado agora a pouco me fez encontrar um lugar melhor...Obrigada...
Os olhos esmeralda do rapaz encheram-se de água.
--- Sirius...Você sabe que não foi culpa minha...
--- Sei disso Harry... Você foi uma vítima...Não se preocupe...Siga em frente com sua vida...Seu pai ficaria orgulhoso se fizesse isso e eu também... E atenção...Tem alguém que lhe ama...Fale com ela...
Harry pensou em Mione. Aos poucos, a figura de seu padrinho desapareceu.
--- Bom... – Começou Sibila. – Encontre essa pessoa agora...
--- Sim, mas...Sirius é que estava fazendo tudo aquilo? Ele queria me chamar à atenção?
--- Ele queria mostrar que está bem Harry... Agora vá em busca de sua felicidade.
O garoto, que agora recuperara suas forças, saiu da sala e foi até o 1oandar. Quando chegou lá, encontrou Rony e Mione.
--- Onde você estava? – Perguntou a garota – Estávamos preocupados.
--- Estava descobrindo algumas coisas... Mione preciso lhe contar uma coisa...
--- Eu também Harry. Eu e Rony estamos namorando!
A expectativa do filho de Tiago Potter desceu um nível gigantesco e caiu no chão, se espatifando. Rony havia chegado mais rápido.

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