GRAWP
A história do vôo para a liberdade de Fred e Jorge era narrada tão freqüentemente durante os dias que se seguiram que Harry estava apostando que a matéria logo se tornaria lenda de Hogwarts: dentro de uma semana testemunhas estavam meio convencidas que tinham visto os gêmeos mergulharem bombardeando Umbridge nas vassouras e tinham jogado Bombas de Bosta antes de zunir pela saída. E imediatamente depois desta partida houve um grande falatório sobre os copiar. Harry freqüentemente ouviu estudantes que diziam coisas como "Honestamente tem dias que eu tenho vontade de saltar em minha vassoura e deixar este lugar" ou então "Mais uma lição como esta e posso fazer como o Weasley".
Fred e Jorge tinham certeza que ninguém os esqueceria tão cedo. Em primeiro lugar não tinham deixado instruções em como remover o pântano que agora enchia o corredor do quinto andar da ala oeste. Umbridge e Filch tinham sido vistos tentando vários meios diferentes de o remover mas sem sucesso. Eventualmente a área era interditada por Filch enquanto rangendo os dentes furiosamente chutava os estudantes para as salas de aulas. Harry tinha certeza que professores como McGonagall ou Flitwick teriam removido o pântano em um segundo mas no caso de Fred e Jorge terem se espalhado com tanto divertimento eles pareciam preferir assistir a luta de Umbridge.
Haviam dois buracos moldados em forma de vassoura na porta do escritório de Umbridge, que as Cleansweeps de Fred e Jorge fizeram pra retornar aos seus mestres. Filch fixou uma nova porta e retirou a Firebolt de Harry da masmorra, foi o que disseram, Umbridge tinha colocado um trasgo como segurança e armado para vigiá-la. Porém seus problemas estavam bem longe de acabar.
Inspirados nos exemplos de Fred e Jorge, um grande número de estudantes estavam agora competindo pelas vagas recentemente desocupadas de Encrenqueiros-Chefes. Apesar da nova porta, alguém conseguiu pôr um peludo Pelúcio dentro do escritório de Umbridge, a qual prontamente vasculhou separadamente o lugar a procura de objetos brilhantes, pulando em Umbridge quando entrou, roendo os anéis em seus dedos grossos.
Freqüentemente foram jogadas Bombas de Bosta e Bolotas Fedorentas nos corredores e se tornou uma nova moda para os estudantes executarem feitiços Cabeça-de-Bolha antes de deixar a aula, para assegurar uma provisão de ar fresco, embora quando usassem suas cabeças tivessem uma aparência peculiar embaixo da bolha de peixe dourado.
Filch rondava os corredores com um chicote pronto nas mãos dele, desesperado para pegar um miserável mas o problema é que havia tantos deles agora que nunca sabia de que modo prosseguir. O Esquadrão Investigador estava tentando ajudá-lo mas coisas estranhas estavam acontecendo com seus sócios, Warrington, do time de quadribol da Sonserina, chegou a ala hospitalar com uma irritação de pele horrível que o fez parecer coberto de flocos de milho; Pansy Parkinson, para o prazer de Hermione, perdeu todas a lições do dia seguinte, porque haviam brotado chifres de sua cabeça.
Enquanto isso, ficou claro quantas Skiving Snackboxes Fred e Jorge venderam antes de saírem de Hogwarts. Umbridge só teve que entrar na sala de aula dela para os estudantes juntos começarem a desmaiar, vomitar, tendo febres altíssimas ou então escorrendo sangue das narinas. Gritando com raiva e frustração ela tentou localizar a fonte dos sintomas misteriosos, mas os estudantes obstinados lhe falaram que estavam sofrendo de "Umbridgetise aguda". Depois de pôr quatro classes sucessivas em detenção e não descobrindo o segredo deles ela foi forçada a se render e deixar alunos com hemorragia, desmaiando, suando e vomitando deixar a classe.
Mas nem mesmos os usuários das Snackboxes podiam competir com o mestre do caos, Pirraça, que parecia ter levado boas parte das palavras de Fred no coração. Cacarejando loucamente, planou pela escola, derrubando mesas, estourando quadros-negros, tombando estátuas e vasos; duas vezes fechou Madame Nor-r-ra dentro de uma armadura da qual foi salva, enquanto berrava, pelo zelador furioso. Pirraça quebrou lanternas e apagou velas, passando tochas ardentes por cima das cabeças dos estudantes a gritar, empilhando propositalmente pergaminhos e tacando fogo ou os jogando pela janela, inundando o segundo andar quando abriu todas as torneiras dos banheiros, derrubando um saco de tarântulas no meio do Salão Principal durante o café da manhã e sempre fingia uma fratura, gastando horas do seu tempo sobrevoando Umbridge e gritando alto, palavras grosseiras toda vez que ela falava.
Mais ninguém do pessoal do Filch parecia estar se mexendo para ajudar. E naturalmente, uma semana depois da partida de Fred e Jorge, Harry testemunhou a professora McGonagall dando um sermão em Pirraça, que estava determinado a soltar um lustre de cristal e poderia ter jurado que a ouviu falar ao poltergeist pelo canto da boca "Esse não tem volta".
A propósito, Montague ainda não tinha se recuperado de sua curta estada no banheiro; permaneceu confuso e desorientado e seus pais foram vistos na manhã de terça-feira, vindo pela entrada, parecendo extremamente zangados.
- Nós deveríamos dizer algo? - disse Hermione com uma voz preocupada, encostando a bochecha dela contra a janela da sala de feitiços de forma que pudesse ver o Sr. e a Sra. Montague que caminhavam para dentro. - Sobre o que aconteceu com ele? Poderíamos ajudar Madame Pomfrey a curá-lo?
- Claro que não, ele vai ficar bem - disse Rony, indiferente.
- De qualquer maneira, mais problemas pra Umbridge, não é? - disse Harry com uma voz satisfeita.
Ele e Rony bateram juntos nas xícaras, estavam supostamente encantando com suas varinhas. Na de Harry brotaram quatro pernas muito curtas que não puderam atravessar a mesinha e serpentearam sem rumo. Na de Rony cresceram quatro pernas longas muito magras e duras pra fora da escrivaninha, tremeram durante alguns segundos, então dobraram, fazendo a xícara quebrar em dois.
- Reparo - disse Hermione depressa enquanto reparava a xícara de Rony com um movimento de sua varinha. - Quer dizer que está tudo muito bem mas e se isso prejudicar Montague permanentemente?
- Quem se preocupa? - disse Rony impaciente enquanto a xícara dele se levantava bêbada novamente, tremendo seus joelhos violentamente. - Montague não deveria ter tentado levar todos esses pontos para a Grifinória, deveria? Se você quer se preocupar com qualquer um Hermione, se preocupe comigo!
- Você? - disse enquanto pegava a xícara dela que pulava alegremente para fora da mesa com quatro pequenas pernas de salgueiro moldadas e robustas, e tirando da sua frente. - Por que eu me preocuparia com você?
- Quando a próxima carta de mamãe finalmente chegar na fortaleza da Umbridge - disse Rony amargamente enquanto sustentava a xícara e suas pernas delicadas tentaram debilmente apoiar seu peso - eu vou estar encrencado. E não ficarei surpreso se ela mandar um outro Berrador.
- Mas...
- Será minha culpa que Fred e Jorge partiram, espera só - disse Rony, zangado - Ela dirá que deveria ter impedido os dois de partir, eu deveria ter agarrado na cauda das vassouras, deveria ter feito algo... Ah, sim, será tudo minha culpa.
- Bem, se ela disser será muito injusto, você não poderia ter feito nada! Mas eu tenho certeza que ela não vai, eu quero dizer, se é realmente verdade que eles têm permissão de ir ao Beco Diagonal, eles devem ter planejado isso há anos.
- É, mas tem outra coisa, como eles conseguiram as permissões? - disse Rony enquanto batia duro com sua varinha na xícara. - É um pouco astucioso, não é? Eles precisarão de muitos galeões para alugar um lugar no Beco Diagonal. Ela vai querer saber como conseguiram ganhar tanto ouro.
- Bem sim, isso também me ocorreu - disse Hermione, permitindo que a xícara dela se sacudisse para circular em pequenos círculos ao redor da de Harry, cujas pequenas pernas curtas e grossas ainda não puderam sair do centro da mesa -, eu queria saber se Mundungo os persuadiu a vender bens roubados ou algo terrível.
- Ele não fez - disse Harry brevemente.
- Como você sabe? - perguntaram Rony e Hermione juntos.
- Porque... - Harry hesitou mas o momento para confessar finalmente parecia ter chegado. Ele não ganharia nada mantendo o silêncio e ninguém poderia suspeitar que Fred e Jorge eram criminosos - Porque eles ganharam o ouro de mim. Eu dei a eles o meu prêmio do Torneio Tribruxo no ano passado.
Houve um silêncio chocado então a xícara de Hermione sacudiu na extremidade da mesa e se espatifou no chão.
- Oh Harry, você não fez isso! - ela disse.
- Sim, eu fiz - disse Harry, rebelde. - E eu não me arrependo disto. Eu não precisava do ouro e eles teriam uma ótima loja de logros.
- Mas isso é excelente! - disse Rony, parecendo emocionado - É tudo sua culpa, Harry. Mamãe não pode me culpar de nada! Eu posso falar pra ela?
- É, eu suponho que isso ajudaria - disse Harry estupidamente - especialmente se ela pensa que eles estão recebendo caldeirões roubados ou algo assim.
Hermione não disse nada pelo resto da aula mas Harry suspeitou que ela estava se contendo para a primeira oportunidade que teria para quebrar o silêncio. Depois que deixaram o castelo pararam para aproveitar os raios de sol de maio, ela fixou Harry com um olho pequeno e abriu a boca dela com um ar determinado.
Harry a interrompeu antes que ela pudesse começar.
- Não foi nenhuma boa ação minha mas está feito - disse firmemente. - Fred e Jorge têm o ouro, gastaram uma boa parte, também, isto é certo, e eu não posso voltar atrás e eu não quero. Assim economize seu fôlego, Hermione.
- Eu não ia dizer nada sobre Fred e Jorge! - ela disse com uma voz ferida.
Rony bufou desacreditado e Hermione lhe lançou um olhar de desprezo.
- Não, eu não ia! - disse nervosa. - De fato eu ia perguntar para o Harry quando ele vai voltar ao Snape e pedir mais lições de Oclumancia!
O coração de Harry afundou. Uma vez que haviam abandonado o assunto da partida dramática de Fred e Jorge, que assumia, havia levado muitas horas, Rony e Hermione queriam ouvir notícias de Sirius e em primeiro lugar tinha sido difícil pensar no que lhes falar, terminou dizendo que, de fato, Sirius queria que Harry retomasse lições de Oclumancia. Vinha lamentado isto desde então; Hermione não deixaria o assunto por isso mesmo e continuou a insistir, o que Harry já esperava.
- Você não pode negar que teve alguns sonhos engraçados - disse Hermione - porque Rony me falou que você andou murmurando novamente ontem à noite enquanto dormia.
Harry lançou um olhar furioso a Rony. O amigo ficou sem graça até para parecer envergonhado.
- Você só estava murmurando um pouco - resmungou com uma expressão de desculpa. - Algo sobre... Ah, só um pouco mais adiante.
- Eu sonhei que eu estava assistindo uma partida de quadribol - Harry mentiu brutalmente. - Eu estava tentando fazer com que você fosse um pouco mais adiante para agarrar a goles.
As orelhas de Rony ficaram vermelhas. Harry sentiu um tipo de prazer vingativo e não teve, é claro, um sonho com qualquer coisa do tipo.
Na noite anterior estava de novo caminhando nos corredores do Ministério da Magia. Passou por uma sala circular, uma sala cheia de luzes piscando e dançando, então se encontrou de novo naquela sala cavernosa cheia de estantes empoeiradas com esferas de vidro.
Então se apressou para o corredor da porta número noventa e sete, virando à esquerda e adiante... Provavelmente foi quando ele falou em voz alta....Só um pouco mais adiante... E depois que chegou perto da porta se encontrou em sua cama de novo, envolta de seus pôsteres.
- Você está tentando bloquear sua mente, não é Harry? - disse Hermione, olhando braba para ele. - Você está continuando com sua Oclumancia?
- Claro que eu estou - disse Harry, tentando soar como se a pergunta o tivesse insultado mas não a encarou nos olhos. O curioso é que estavam mais intensos sobre aquela sala cheia de esferas empoeiradas e que fazia os sonhos continuarem.
O problema é que em um mês estaria sob exames, então todos os momentos livres seriam devotados às revisões, sua mente estava cheia de informações que levava para a cama e ficava muito difícil dormir, quando conseguia seu cérebro se enchia de sonhos estúpidos sobre provas. Suspeitava que parte de sua mente, à parte em que a voz de Hermione falava, agora se sentia culpada quando vagueava por aqueles corredores escuros que terminavam naquela porta escura, então tentava acordar antes que pudesse chegar ao fim das viagens.
- Você sabe - disse Rony, ainda com as orelhas vermelhas - que se Montague não voltar para o jogo da Sonserina contra a Lufa-lufa, nós temos uma grande chance de vencer a copa.
- É eu suponho que sim - disse Harry, contente com a mudança de assunto.
- Eu quero dizer, nós ganhamos uma, perdemos uma... Se a Sonserina perder para a Lufa-lufa sábado que vem...
- É, você tem razão - disse Harry, aceitando a última derrota. Cho Chang estava atravessando o pátio, determinada a não olhar para ele.
*
A última partida da temporada de quadribol, Grifinória versus Corvinal, aconteceria na última semana de maio. Embora a Sonserina tivesse sido derrotada pela Lufa-lufa na última partida a Grifinória não estava tão confiante da vitória, devido principalmente (embora ninguém dissesse isso a ele) ao inacreditável recorde de Rony. Porém ele parecia estar otimista.
- Bem, eu não posso me sair pior não é? - disse nervoso a Harry e Hermione durante o café da manhã no dia da partida. - Nada de perder agora, né?
- Sabe - disse Hermione quando ela e Harry caminhavam por entre a multidão excitada -, eu acho que o Rony pode fazer melhor sem Fred e Jorge à sua volta. Eles nunca lhe deram muita confiança.
Luna Lovegood os deixou passar com o que parecia ser uma águia viva empoleirada em cima da cabeça dela.
- Oh não, eu esqueci! - disse Hermione, mirando a águia agitando suas asas enquanto Luna caminhava calmamente por um grupo de sonserinos que riam e apontavam. - Cho vai jogar, não vai?
Harry, que não tinha esquecido, somente grunhiu.
Acharam acentos na fila mais alta da arquibancada. Estava bom, um dia limpo; Rony não poderia desejar melhor e Harry se encontrava esperançoso de que o amigo não desse motivo aos sonserinos de gritar em coro desencorajador de "Weasley é nosso Rei". Lino Jordan, que tinha estado muito abatido desde que Fred e Jorge tinham partido, estava narrando como sempre. Conforme os times zuniam para dentro do campo ele ia nomeando os jogadores como algo nada mais do que o habitual.
- ...Bradley... Davies... Chang - ele dizia e Harry sentia o estômago fazer um pequeno estremecimento, uma sacudidela fraca quando Cho caminhou para dentro do campo, com seu cabelo preto brilhante, ondulando na brisa leve. Ele não estava seguro sobre o que aconteceria exceto que queria estar de pé na última fila. Até mesmo a visão da conversa animada de Rogério Davies para prepararem e montarem suas vassouras causava um leve ciúme nele. - E lá vão eles! - disse Lino - E Davies leva a goles imediatamente, Davies, o capitão da Corvinal com a posse da goles, dribla Johnson, Bell, e passa por Spinnet e vai diretamente para os aros! Ele vai atirar... E... E... E... - Lino diz um palavrão muito alto. - E ele marca.
Harry e Hermione gemeram com o resto da torcida Grifinória. Praguejando horrivelmente, os sonserinos do outro lado que começaram a cantar:
"Weasley não pode salvar nada, ele não pode bloquear um aro."
- Harry - disse uma voz rouca na orelha de Harry -, Hermione...
Harry olhou à sua volta e viu a face barbuda e enorme de Hagrid, que estava atrás de seus assentos. Aparentemente ele esteve todo o tempo ali na fileira de trás, na primeira e segunda cadeira, para o primeiro e segundo ano tinha passado um pouco de arrepio, com o olhar sobre eles. Por alguma razão, Hagrid estava curvado sobre eles, como alguém que não queria ser visto, entretanto ainda era pelo menos umas quatro cabeças mais alto que todo mundo.
- Escutem - sussurrou. - Hum, podem vir comigo? Agora? Enquanto todos estão assistindo a partida?
- Er... Você não pode esperar, Hagrid? - perguntou Harry. - Pode esperar a partida terminar?
- Não. Não Harry, preciso que seja agora... Enquanto todo mundo está olhando o outro lado... Por favor?
O nariz de Hagrid estava gotejando sangue suavemente. Os olhos dele estavam assombrosos. Harry não o tinha visto daquele jeito desde o seu retorno à escola, ele o olhou totalmente abatido.
- Claro - disse Harry imediatamente. - Claro que nós iremos.
Ele e Hermione foram para a fileira de trás, fazendo vários estudantes rosnarem para que saíssem da frente deles. As pessoas na fila de Hagrid não estavam reclamando, tentando fazer mínimo quanto possível somente.
- Eu fico muito grato por isto, a vocês dois, eu realmente agradeço - disse Hagrid quando chegaram aos degraus. Continuou dando olhadas nervosas quando desceram para o gramado. - Eu espero que ela não nos note indo.
- Você está falando da Umbridge? - disse Harry. - Ela não vai, ela está com o Esquadrão Inquisitor inteiro sentada com ela, você não viu? Ela está esperando por algum problema na partida.
- Ah, bem, menos um problema - disse Hagrid enquanto parava para observar ao redor para ter certeza de que o caminho estava livre até sua cabana. - Nos dá mais tempo.
- O que foi, Hagrid? - disse Hermione, olhando para ele com uma expressão preocupada na face dela quando se apressavam para a extremidade da Floresta.
- Ah, vai ver em um momento - disse Hagrid observando pelo ombro uma grande rosa que brotou numa roseira que estava atrás deles. - Hey... Alguém fez ponto?
- Foi a Corvinal - disse Harry severamente.
- Bom... Bom... - disse Hagrid distraído. - Isso é bom...
Tiveram que correm para manter o ritmo pelo gramado, dando uma olhada para os lado em todos os passos. Quando chegaram à cabana Hermione virou automaticamente em direção a porta. Porém Hagrid passou direto indo para as sombras das extremidades da Floresta onde apanhou uma arma medieval que estava apoiada em uma árvore. Quando percebeu que não estavam com ele, virou-se.
- Nós iremos por aqui - disse enquanto apontava a cabeça peluda na direção contrária.
- Na Floresta? - disse Hermione, perplexa.
- É, venham agora, rápido, antes que nos vejam.
Harry e Hermione olharam um para o outro, então entraram por entre as árvores atrás de Hagrid, que já se encontrava longe na escuridão verde e com sua arma sobre o braço. Harry e Hermione correram para o alcançar.
- Hagrid por que você está armado? - disse Harry.
- Só por precaução - disse, encolhendo os ombros volumosos.
- Você não trouxe sua arma no dia que nos mostrou os Testrálias - disse Hermione timidamente.
- Ah, bem, nós vamos um pouco mais longe. E de qualquer jeito, isso foi antes de Firenze deixar a Floresta, não foi?
- Por que a partida de Firenze faz diferença? - perguntou curiosamente Hermione.
- Porque os centauros estão...Ah... Aborrecidos comigo, é esse o porquê - disse Hagrid baixo, olhando a sua volta. - Eles costumam ser, bem, não podemos chamar de amigáveis, mas nós estamos bem. Bandos pra lá e pra cá... Buh, sempre às voltas como se eu quisesse ordens. Nada de mais.
Ele suspirou profundamente.
- Firenze disse que eles estão irritados porque ele foi trabalhar para Dumbledore - Harry disse tropeçando em uma raiz porque se distraiu enquanto olhava para Hagrid.
- É - disse Hagrid pesadamente - Bem, não estão tão irritados assim. Estão furiosos. Se eu não tivesse aparecido aqui acho que eles o pisoteariam até a morte...
- Eles o atacaram? - disse Hermione, chocada.
- Aham - disse Hagrid asperamente enquanto forçava sua entrada por entre vários ramos. - Eles usaram metade de todo o seu bando contra ele.
- E você os parou? - disse Harry, surpreso e impressionado. - Você fez isso mesmo?
- Claro que eu fiz, não podia ficar assistindo eles o matando, podia? - disse Hagrid. - Sorte que eu estava por ali, realmente... E eu pensava que Firenze se lembraria disto mas depois ele começou a me chamar de estúpido! - adicionou calorosa e inesperadamente.
Harry e Hermione olharam um para o outro novamente, assustados, mas Hagrid, com o olhar zangado, não se importou.
- De qualquer maneira - ele disse, respirando um pouco mais pesadamente que o habitual -, desde que os centauros ficaram brabos comigo tenho tido muitas dificuldades pois eles sem muita influência na Floresta... Criaturas se abrigam aqui.
- E por isto que estamos aqui, Hagrid? - perguntou Hermione. - Os centauros?
- Ah, não - disse Hagrid, estremecendo sua cabeça ao negar. - Não, não por eles. Bem é claro, eles podem complicar o problema, ah... Mas você vocês vão ver o que eu quero dizer daqui a pouco.
Depois desta frase incompreensível ele se calou e foi um pouco mais à frente, andando com um passo largo que era três vezes maior que o seu, de forma que tiveram grande dificuldade para manter o ritmo dele.
O caminho estava se adensando cada vez mais, as árvores ficavam mais juntas conforme avançavam dentro da Floresta que estava tão escura, como se já tivesse anoitecido. Logo estavam bem longe do lugar em que Hagrid os havia mostrado os Testrálias mas Harry não se sentia preocupado até que Hagrid pisou inesperadamente para fora do caminho e começou a ir em direção ao coração escuro da Floresta.
- Hagrid! - disse Harry enquanto lutava para poder passar por uma densa amoreira na qual Hagrid passou com facilidade e, lembrou-se vividamente o que tinha acontecido na outra ocasião que tinha ido para fora do caminho da Floresta. - Aonde nós vamos?
- Mais adiante - disse Hagrid por cima do ombro. - Venha Harry... Nós precisamos nos manter juntos agora.
Era uma grande luta manter o ritmo de Hagrid, com as moitas cheias de espinhos das quais o meio gigante passava tão facilmente como se fossem teias de aranha mas que enroscavam nas vestes de Harry e Hermione, freqüentemente tinham que parar durante minutos para se livrar deles. Os braços e pernas de Harry logo estavam cheios de pequenos cortes e arranhões. Agora estavam tão embrenhados na floresta que às vezes o que Harry podia ver era uma forma escura volumosa de Hagrid à sua frente. Qualquer som parecia ameaçador no amortecido silêncio. A quebra de um galho ecoou ruidosamente e o barulho minúsculo de um movimento, embora tivesse sido feito por um pardal inocente, fazia Harry procurar na escuridão por um culpado. Ocorreu a ele que nunca tinha estado tão distante na Floresta sem se encontrar com algum tipo de criatura; a ausência delas o deixou com uma má impressão.
- Hagrid, tudo bem se nós iluminarmos nossas varinhas? - disse Hermione baixo.
- Er... Tudo bem - Hagrid sussurrou pelas costas. - Na verdade...
Ele parou de repente e se virou, Hermione, que caminhava atrás dele, bateu em suas costas. Harry bateu nela e caiu no chão da Floresta.
- Talvez nós devêssemos parar por um momento, assim eu posso... Informar vocês - disse Hagrid. - Antes de nós chegarmos lá.
- Bom! - disse Hermione enquanto Harry sentava atrás dela em seus pés. Os dois murmuraram "Lumus" e a ponta de ambas varinhas acendeu. O rosto de Hagrid vagou da escuridão para a luz das varinhas que irradiava oscilante e Harry viu de novo que ele parecia nervoso e triste.
- Certo. Bem... Vejam... A coisa é assim... - ele deu um grande suspiro. - Bem, há uma grande chance de eu ter que sair, de me demitir mais dia ou menos dia.
Harry e Hermione olharam um para o outro, então voltaram para ele.
- Mas você tem que terminar o ano... - Hermione tentou dizer. - O que te faz pensar...
- Umbridge acha que fui eu que coloquei aquele Pelúcio no escritório dela.
- E foi? - disse Harry, antes que pudesse parar.
- Não, definitivamente não fui! - disse Hagrid, indignado. - Oh, qualquer coisa que envolva criaturas mágicas ela acha que tem algo a ver comigo. É, sabem, ela está tentando se livrar de mim desde que voltei. Eu não quero ir, é claro, mas isso não... Bem... As circunstâncias especiais em que estou, tenho que explicar, eh, deixar tudo claro agora, antes que ela tenha a chance de fazer isso na frente da escola inteira, como fez com a Trelawney.
Harry e Hermione fizeram barulhos de protesto mas Hagrid os calou com um aceno de uma das mãos enormes.
- Não é o fim do mundo, eu sou capaz de ajudar Dumbledore uma vez ou outra aqui, eu posso ser útil a Ordem. E vocês terão muitas Grubbly-Plank, ah vão... Ah, vão ter que sair bem nos exames...
A voz dele tremeu e parou.
- Não se preocupem comigo - disse apressadamente quando Hermione bateu levemente no braço dele. Ele puxou um lenço manchado enorme do bolso do colete e esfregou seu olhos. - Olha, eu não queria é falar isto se eu não tivesse que falar. Veja, se eu vou... Bem, seu eu sair daqui... Tenho que falar pra alguém... Porque eu... Eu preciso que vocês dois me ajudem. E Rony, se ele estiver disposto.
- Claro que nós o ajudaremos - disse Harry imediatamente. - O que você quer que a gente faça?
Hagrid deu uma grande suspiro dando uma batida "leve" no ombro de Harry, que sentiu como se uma árvore o tivesse batido.
- Eu sabia que diriam sim - disse Hagrid por entre o seu lenço - mas eu não vou... Nunca... Esquecerei... Bem... Venham... É só um pouco mais à frente... Tomem cuidado agora, há urtigas...
Ficaram em silêncio durante mais uns quinze minutos; Harry abriu a boca para perguntar quanto mais adiante deveriam ir quando Hagrid levantou o braço para sinalizar que deveriam parar.
- Realmente fácil - ele disse suavemente. - Está muito quieto, agora...
Eles se arrastaram até mais adiante e Harry viu que estavam indo para um monte extenso, uma terra lisa e tão alta quanto Hagrid que pensou com um estremecimento de medo ser a toca de algum animal enorme. Tinham sido cortadas árvores pelas raízes ao redor do monte, de forma que isso havia feito uma depressão nua no chão cercada por troncos de árvores e ramos que formavam um tipo de cerca ou barricada atrás do qual Harry, Hermione e Hagrid estavam agora.
- Dormindo - suspirou Hagrid.
Certo o suficiente, Harry podia ouvir um estrondo distante, ritmo parecido como os de pulmões enormes em trabalho. Olhou pelo canto do olho Hermione, que estava contemplando o montículo com sua boca ligeiramente aberta. Ela olhava totalmente impressionada.
- Hagrid - ela disse num sussurro pouco audível se comparando ao som da criatura dormente. - Quem é ele?
Harry achou que a pergunta certa seria... "O que é isso?", era o que tinha pensado perguntar.
- Hagrid, você nos falou... - disse Hermione com a varinha tremendo na mãe dela. - Você nos contou que nenhuma deles quis vir!
Harry olhou dela a Hagrid e então como uma pancada compreendeu, olhou atrás para o monte com um pequeno suspiro de horror.
O grande monte de terra na qual ele, Hermione e Hagrid podiam ver facilmente estava se movendo lentamente para cima e para baixo profundamente, grunhindo e respirando. Não era um monte. Era à parte de trás curvada do que era claramente.
- Bem... Não... Ele não queria vir - disse Hagrid, soando desesperado. - Mas eu o fiz vir, Hermione, Eu tinha que trazer!
- Mas por quê? - perguntou Hermione, que soou como se ela quisesse chorar. - Por que... Isso... Oh, Hagrid.
- Eu sabia que eu tinha que lhe trazer - disse Hagrid, soando como se já fosse chorar. - E... E... Lhe ensinaram alguns modos... Eu seria capaz de o levar lá pra fora e mostrar para todos como ele é inofensivo!
- Inofensivo! - disse Hermione, guinchando e Hagrid fazendo sinais frenéticos com as mãos para silenciar os barulhos, a criatura enorme atrás deles grunhiu ruidosamente e se virou em seu sono. - É ele que tem te ferido este tempo todo, não é? É por isso que você está todo machucado!
- Ele não sabe a força que tem! - disse Hagrid sinceramente. - Ah, é que ele melhora, ele não é nenhum lutador, nada de mais...
- Ah sim, isto é porque levou dois meses para chegar em casa! - disse insensatamente Hermione. - Oh Hagrid, por que você não o devolveu, se ele não queria vir? Ele não ficaria mais contente com o pessoal dele?
- Todos o ameaçavam, Hermione, por ele ser tão pequeno!
- Pequeno? - disse Hermione. - Pequeno?
- Hermione, eu não podia deixá-lo - disse Hagrid com lágrimas rolando em seu rosto e se perdendo em sua barba. - Olha... Ele é meu irmão!
Hermione simplesmente o encarou de boca aberta.
- Hagrid, quando você diz meu irmão - disse Harry lentamente - você que dizer...?
- Bem, meio-irmão - emendou Hagrid. - Me disseram que minha mãe esteve com outro gigante depois que ela me deixou com meu pai e que ela teve o Grawp, que está aqui...
- Grawp? - disse Harry.
- É... Bem, é assim que diziam ser o nome dele - disse Hagrid ansiosamente. - Ele não fala muito inglês... Tenho tentado ensiná-lo... De qualquer maneira, ela não parece ter gostado mais dele do que gostava de mim. Veja, com os gigantes, que estão produzindo boas e grandes crianças, ele tem sido sempre um pouco tampinha para um gigante, só tem uns 5 metros.
- Oh sim, minúsculo! - disse Hermione com um tipo de sarcasmo histérico. - Absolutamente mínimo!
- Ele era chutado por todos eles... Se eu não o tivesse trazido...
- Madame Máxime queria trazê-lo pra cá? - perguntou Harry.
- Ela... Bem, ela pôde ver como era importante pra mim - disse Hagrid, torcendo suas mãos enormes. - Mas ... Mas, cansada, ela o aceitou muito tempo depois, eu tenho que admitir... Assim nós dividimos a jornada, ela prometeu não contar a ninguém, entretanto...
- Como você voltou por terra sem que ninguém o notasse? - disse Harry.
- Bem, é por isso que levou tanto tempo, veja. Só podíamos viajar durante à noite, pelo meio de áreas rurais ou selvagens. Claro que ele era bem coberto quando estávamos em terra , quando ele deixava, mas ele queria voltar.
- Oh, Hagrid, por que quando estavam em terra não o deixou ir! - disse Hermione, indo para baixo e sentando num tronco de árvore, enterrando seu rosto nas mãos. - O que você acha que vai ter com um gigante violento que nem mesmo quer estar aqui!
- Bem, agora...Violento é um pouco de severo - disse Hagrid, ainda torcendo as mãos descontroladamente. - Admito que a força dele me espanta quando está de mau humor mas ele melhorará, vai se controlar melhor.
- Para que são essas cordas, hein? - Harry perguntou.
Ele tinha notado há pouco cordas grossas esticadas nas árvores ao redor da depressão em torno do lugar que Grawp estava encolhido no chão com suas costas, voltada a eles.
- Você tem que o manter amarrado aí em cima? - disse Hermione fracamente.
- Bem, eh... - disse Hagrid, parecendo ansioso. - Olha... É como eu disse, ele realmente não conhece a própria força.
Harry entendeu agora por que tinha havido uma certa suspeita de que qualquer outra criatura vivendo nesta parte da Floresta.
- Então, o que você quer que Harry, Rony e eu façamos? - Hermione perguntou apreensiva.
- Cuidem dele - disse Hagrid com um grasnido. - Depois que eu me for.
Harry e Hermione trocaram olhares infelizes, Harry constrangido, ciente que havia prometido que faria tudo que Hagrid pediria.
- E o que... O que isso envolve exatamente? - Hermione inquiriu.
- Nada de comida ou qualquer coisa! - disse Hagrid avidamente. - Ele pode conseguir sua própria comida, sem problemas. Pássaros e cervos o alimentam... Não, é companhia que ele precisa. Se eu soubesse de alguém que pudesse o treinar ajudaria um pouco, ensinar ele, entendem.
Harry não disse nada mas virou para olhar atrás a forma gigantesca deitada dormindo no chão à frente deles. Hagrid parecia somente um homem enorme mas Grawp era estranhamente disforme. O que Harry tinha pensado ser um enorme pedregulho cheio de musgo à esquerda no monte de terra, reconheceu agora, era a cabeça de Grawp. Era muito maior em proporção ao corpo que uma cabeça humana, quase perfeitamente redondo e coberto de um cabelo cacheado, avermelhado e crescente como uma samambaia. Apenas uma única orelha carnuda era visível no topo da cabeça, dava a impressão, ser um pouco parecida com a de tio Válter, colada nos ombros, sem pescoço nenhum. Sua costas debaixo do que parecia ser um avental castanho encardido contendo peles de animais costuradas toscamente juntas era muito larga; e como Grawp dormiu parecia que tinha puxado um pouco a costura de peles. As pernas estavam enroladas debaixo do corpo. Harry podia ver as solas dos pés enormes, nus, imundos, grandes como trenós, descansando no topo de outro monte de terra no chão da Floresta.
- Você quer que nós o ensinemos - Harry disse numa voz rouca. Ele entendeu o que a advertência de Firenze significava agora. "A tentativa dele não está funcionando. Ele faria melhor se o abandonasse." É claro, as outras criaturas que moram na Floresta devem ter ouvido Hagrid tentando em vão ensinar inglês a Grawp.
- É... Até mesmo se for pra falar pouquinho - Hagrid disse, esperançoso. - Por que eu acho, que se ele puder falar com as pessoas entenderá o que nós gostamos realmente e vai querer ficar.
Harry olhou para Hermione, que observada por entre seus dedos no seu rosto.
- Tipo, você não quer que resgatemos Norberto, quer? - disse e ela deu uma risada trêmula.
- Farão isto então? - disse Hagrid, que parecia não ter captado o que Harry há pouco tinha dito.
- Nós vamos... - disse Harry, compelido pela sua promessa. - Nós vamos tentar, Hagrid.
- Eu sabia que podia contar com você, Harry - disse Hagrid, o olhos brilhando cheios de água e limpando seu rosto novamente com o lenço. - E eu não quero que venham para cá muito, como... Eu sei que vocês têm exames... Se vocês pudessem vir só de vez em quando aqui, talvez debaixo da capa de invisibilidade, uma vez por semana e ter uma pequena conversa com ele. Eu vou acordá-lo então, para apresentar vocês.
- O q... Não! - disse Hermione, pulando à frente. - Hagrid não, não o acorde, realmente, nós não precisamos...
Mas Hagrid já tinha passado pelo grande tronco de árvore à frente e prosseguido na direção de Grawp. Quando estava aproximadamente uns 3 metros de distância pegou um ramo longo, quebrado no chão, sorriu tranqüilamente por cima do ombro a Harry e Hermione, cutucou Grawp forte no meio das costas com a ponta do ramo.
O gigante de um rugido que ecoou ao redor da Floresta silenciosa. Pássaros nos topos das árvores voaram de seus ninhos para longe. Na frente de Harry e Hermione, entretanto, o gigante Grawp tinha levantado do chão, que estremeceu quando colocou a mão enorme para ajudar a se levantar e ficar de joelhos. Virou sua cabeça para ver o que o tinha perturbado.
- Tudo bem, Grawp? - disse Hagrid, em uma voz alegre, voltando com o longo ramo, pronto para cutucar Grawp novamente. - Teve um sono agradável, hein?
Harry e Hermione recuaram até onde puderam enquanto ainda mantinham o gigante dentro de suas vistas. Grawp ajoelhou entre duas árvores que ainda não tinha arrancado. Observaram surpreso o enorme rosto dele, que se assemelhava a uma lua cheia cinzenta atordoado na escuridão da clareira. Era como se seus traços tivessem sido esculpidas em uma grande bola de pedra. O nariz era curto e grosso, a boca torta para um lado e cheia de dentes amarelados, disformes do tamanho de metade de um tijolo; os olhos, pequenos para os padrões gigantescos, eram de um marrom barrento-esverdeado, agora meio fechado pelo sono. Grawp levou o nó dos dedos sujos, tão grandes quanto bolas de críquete, para os olhos, esfregou vigorosamente, então sem aviso, deu um impulso com seus pés numa velocidade e agilidade surpreendente.
- Minha nossa! - Harry ouviu Hermione gritar, apavorada, ao seu lado.
As árvores da outra extremidade das cordas que cercavam os pulsos e tornozelos de Grawp estavam presas e rangeram vacilantes. Ele era como Hagrid disse, tinha pelo menos 5 metros de altura. Contemplando ofuscadamente ao redor, Grawp, com uma mão do tamanho de um guarda-sol, agarrou o ninho de um pássaro nos galhos superiores e o virou de ponta-cabeça com um rugido de desgosto, aparentemente por não ter nenhum pássaro nele, ovos caíam como granadas pelo chão e Hagrid colocou os braços em cima da cabeça para se proteger.
- De qualquer maneira, Grawp - gritou Hagrid, observando apreensivo os vários ovos caídos diante deles - eu trouxe alguns amigos para conhecerem você. Se lembra que eu pedi a você se podia? Lembra, quando eu disse que poderia ter que fazer uma pequena viagem e os deixaria cuidar de você um pouco? Se lembra disso, Grawp?
Mas Grawp deu um outro rugido mais baixo; era difícil dizer se estava escutando o que Hagrid dizia ou se até mesmo reconhecia os sons que Hagrid estava fazendo com a fala. Agarrou um galho no topo de um pinho, puxando-o para si, evidentemente pelo simples prazer de vê-lo voltar com toda força para trás quando o fizesse.
- Agora Grawp não faça isso! - gritou Hagrid. - Aquilo que você terminou de soltar pode cair em cima dos outros...
E seguro o bastante Harry pôde ver a terra ao redor das raízes das árvores que começavam a rachar.
- Eu consegui companhia para você! - Hagrid gritou. - Companhia, veja! Olhe para baixo, você, palhaço grande, eu trouxe alguns amigos para você!
- Oh Hagrid não faça isso - gemeu Hermione mas Hagrid já tinha levantado novamente o ramo e cutucou o joelho de Grawp.
O gigante foi para o topo da árvore, que chacoalhou alarmantemente, inundou Hagrid com ramos do pinheiro, e olhou para baixo.
- Este - disse Hagrid, indo em direção a Harry e Hermione - é Harry, Grawp! Harry Potter! Ele é que virá te visitar se eu tiver que ir embora, entendeu?
Só agora é que o gigante percebeu que Harry e Hermione estavam ali. Eles olharam, em grande agitação, como ele abaixou sua enorme cabeça de pedregulho, de forma que pôde os observar.
- E esta é Hermione, viu? Ela... - Hagrid hesitou. Virou para Hermione e disse. - Você se importaria se ele a chamasse de Mione, Hermione? É um nome muito difícil para ele lembrar.
- Não, não - gemeu Hermione.
- Esta é Mione, Grawp! E ela vai vir e tudo mais! Não é adorável? Hein? Dois amigos para você... GRAWP, NÃO!
Grawp atirou sua mão na direção de onde Hermione estava; Harry a agarrou e a puxou para trás de uma árvore, de forma que o punho de Grawp raspou no tronco mas parou fraco no ar.
- GRAWP MAU! - eles ouviram Hagrid gritar, Hermione se agarrando em Harry atrás da árvore, tremendo e choramingando. - MENINO MUITO MAU! VOCÊ NÃO PODE PEGAR... AI!
Harry tirou a cabeça de trás da árvore e viu Hagrid virado para trás, a mão em cima do nariz, Grawp aparentemente perdendo interesse, tinha puxado e soltado novamente o ramo do pinheiro para ver até onde iria.
- Certo - disse Hagrid densamente, levantando a mão que segurava o nariz sangrando e a outra agarrava sua arma. - Bem... Vocês então... Estão apresentados e... E agora ele os reconhecerá quando vocês voltarem. É... Bem...
Ele olhou para Grawp, que estava soltando ramo do pinheiro com uma expressão de prazer estancada no rosto de pedra; as raízes estavam rachando o chão em volta.
- Bem, acho que já foi o bastante por um dia. Nós vamos... Errr... Nós devemos voltar agora, não é?
Harry e Hermione acenaram com a cabeça. Hagrid pôs sua arma nos ombros de novo, ainda segurando seu nariz, e os conduziu para trás das árvores.
Ninguém falou durante algum tempo, nem mesmo quando ouviram um estrondo distante, que significada que Grawp finalmente tinha tirado o pinheiro da terra. O rosto de Hermione estava pálido e rígido. Harry não conseguia pensar em nada para dizer. O que será que aconteceria quando alguém descobrisse que Hagrid havia escondido Grawp na Floresta Proibida? E tinha prometido que ele, Rony e Hermione continuariam o ato insensato de Hagrid de tentar civilizar o gigante. Como pôde Hagrid, até mesmo com a imensa capacidade de se iludir de que os monstros armados eram amavelmente inofensivos, se enganar e achar que Grawp poderia se misturar com os humanos?
- Esperem - disse Hagrid abruptamente, justamente quando Harry e Hermione lutavam contra um pedaço cheio de sanguinárias atrás dele. Arrancou uma seta do seu saco e a colocou em sua arma. Harry e Hermione levantaram as varinhas; agora que pararam de andar também conseguiram ouvir movimentação perto deles. - Oh, sublime - disse Hagrid baixo.
- Eu pensei que nós o tivéssemos avisado, Hagrid - disse uma voz masculina profunda - que você não é bem-vindo aqui?
O dorso nu de um homem parecia estar flutuando para eles em meio à meia-luz esverdeada; então viram que a sua cintura se unia suavemente ao corpo castanho de um cavalo. Este centauro era orgulhoso, tinha as maças do rosto ressaltadas e cabelos pretos longos. Como Hagrid, estava armado; uma aljava cheia de setas e um arco atirado por cima dos ombros.
- Como você está, Morgorian? - disse Hagrid cautelosamente.
As árvores atrás do centauro sussurraram e mais quatro ou cindo centauros emergiram atrás dele. Harry reconheceu o negro corpulento e barbudo Ronan, que tinha encontrado quase quatro anos antes na noite em que conheceu Firenze. Ronan não deu nenhum sinal de que alguma vez tinha visto Harry antes.
- Então - disse com uma inflexão sórdida na voz, antes de virar imediatamente para Morgorian. - Nós concordamos, eu acho, o que faríamos se víssemos o rosto desse humano novamente na Floresta?
- Este humano agora, sou eu? - disse Hagrid determinado. - Todos que passaram por aqui vocês mataram?
- Você não devia ter se intrometido, Hagrid - disse Morgorian. - Nossos modos e leis não são de sua conta. Firenze nos traiu e desonrou.
- Eu não sei como vocês são tão desinformados - disse Hagrid impaciente. - Ele não fez nada exceto ajudar Alvo Dumbledore...
- Firenze entrou em servidão aos humanos - disse um centauro cinzento com o rosto duro profundamente vincado.
- Servidão! - disse sarcasticamente Hagrid. - Ele só está fazendo um favor a Dumbledore, é tudo...
- Ele está passando nosso conhecimento e segredos para os humanos - disse Morgorian tranqüilamente. - Não há retorno para tal desgraça.
- Se vocês estão dizendo - disse Hagrid, encolhendo os ombros - mas pessoalmente eu acho que o que vocês estão fazendo é um grande erro...
- Com você, humano - disse Ronan - entrando em nossa Floresta, quando nós já o advertimos...
- Agora vocês vão ter que me escutar - disse Hagrid furiosamente. - Até agora tem sido nossa Floresta, é a mesma tanto para vocês. Não podem impedir que venham aqui...
- Não mais para você, Hagrid - disse Morgorian suavemente. - Eu o deixarei passar hoje, porque você está acompanhado por seus jovens...
- Eles não são dele! - interrompeu Bane Ronan desdenhosamente. - Estudantes, Morgorian, de dentro da escola! Eles provavelmente já tiveram proveito do que o traidor do Firenze os ensinou.
- Não obstante - disse calmamente Morgorian - o assassinato de potros é um crime terrível... Nós não tocamos um inocente. Hoje, Hagrid, você passa. Daqui em diante fique longe desse lugar. Você perdeu amizade quando você ajudou o traidor do Firenze a escapar.
- Eu não vou ser colocado para fora desta Floresta por um bando mulas velhas como vocês! - disse Hagrid estrondosamente.
- Hagrid - disse Hermione em uma voz alta e terrificada quando ambos, Ronan e o centauro cinzento avançaram. - Vamos embora, por favor, vamos embora!
Hagrid foi para frente, sua arma na frente dos olhos mirando fixo e ameaçadoramente em Morgorian.
- Nós sabemos o que você esta escondendo na Floresta, Hagrid! - falou Morgorian depois que os centauros já estavam saindo se sua vista. - E a nossa tolerância está se esgotando!
Hagrid virou, cedendo aparentemente à vontade de querer ir atrás de Morgorian.
- Você tolerará, contanto, que ele esteja aqui, ele é tanto da Floresta como você! - gritou, enquanto Harry e Hermione o empurravam com toda a força contra o colete de toupeira, esforçando-se para empurrá-lo para trás. Ainda fazendo carranca, olhou para baixo; a expressão mudou para um de surpresa moderada quando viu ambos o empurrando; ele parecia não os ter sentido.
- Se acalmem vocês dois - disse, virando-se para caminhar enquanto colocava sua arma atrás de si. - Mulas velhas grossas, então hein?
- Hagrid - disse Hermione sem fôlego, cortando retalhos da saia para cobrir os cortes das urtigas que tinham acabado de passar -, se os centauros não querem humanos na Floresta, realmente não vejo como Harry e eu seremos capazes...
- Ah, você ouviu o que eles disseram - disse Hagrid, não admitindo -, eles não feririam potros... Quer dizer, crianças. De qualquer maneira, nós não podemos deixar que ele seja expulso por aquele bando.
- Boa tentativa - Harry murmurou para Hermione, que parecia desanimada.
Afinal voltaram ao caminho e depois de outros dez minutos as árvores começaram a diminuir, puderam ver retalhos do céu azul claro novamente e ao longe os sons definidos de gritos alegres.
- Aquilo foi um outro gol? - perguntou Hagrid, parando e se escondendo nas árvores com a visão do estádio de quadribol. - Ou acham que a partida terminou?
- Eu não sei - disse Hermione miseravelmente. Harry viu que ela parecia muito pior que o usual, o cabelo estava cheio de ramos e folhas, as vestes foram rasgado em vários lugares e havia numerosos arranhões em seu rosto e braços. Sabia que ele estava um pouco melhor.
- Eu acho que terminou, sabem! - disse Hagrid, piscando para o campo. - Olha... O pessoal já está saindo... Se vocês forem depressa podem se misturar dentro da multidão e ninguém saberá que vocês não estavam lá!
- Boa idéia - disse Harry. - Bem... Até logo então, Hagrid.
- Eu não acredito - disse Hermione em uma voz muito oscilante no momento que saíram do alcance de voz de Hagrid. - Eu não acredito. Eu realmente não acredito
- Se acalma.
- Se acalma! - disse febrilmente. - Um gigante! Um gigante na Floresta! E nós provavelmente vamos lhe dar aulas de inglês! Sem dizer, é claro, que nós podemos ser expulso por um rebanho assassino de centauros caminho afora! Eu... Não... Acredito!
- Nós não temos que fazer qualquer coisa, entretanto! - Harry tentou assegurar em voz baixa quando se uniram ao fluxo tagarela da Lufa-lufa que ia na direção do castelo. - Ele não nos está pedindo para fazer qualquer coisa a menos que saia daqui e isso não pode acontecer mesmo.
- Oh, cai na real, Harry! - disse Hermione furiosamente, parando desanimada no seu caminho, tanto que a pessoas atrás dela tiveram que desviar. - Claro que ele vai sair, pra ser honesta, depois do que há pouco vimos, quem pode culpar Umbridge?
Houve uma pausa em que Harry a encarou e os olhos dela se encheram lentamente com lágrimas.
- Você não quis dizer aquilo - disse Harry baixo.
- Não... Bem... Certo... Eu não queria - disse, esfregando os olhos furiosamente. - Mas por que ele tem que tornar a vida tão difícil para ele... Para nós?
- EU NÃO ACREDITO...
- Weasley é nosso rei, Weasley é nosso rei, ele não deixa a goles passar, Weasley é nosso rei...
- Eu queria que ele parassem de cantar aquela canção estúpida - disse Hermione miseravelmente -, não nos gozaram o suficiente?
Uma maré de estudante estava saindo do campo indo para o gramado.
- Oh, vamos embora antes que nós nos encontremos os sonserinos - disse Hermione.
- Weasley pode salvar qualquer coisa. Ele nunca deixa um único aro. É por isso que a Grifinória toda canta: Weasley é nosso rei.
- Hermione... - disse Harry lentamente.
A canção estava ficando mais alta mas não estava sendo emitida de uma multidão verde e prata dos sonserinos mas de uma massa vermelha e dourada que se movia lentamente para o castelo, levantando uma única figura em seus muitos ombros.
- Weasley é nosso rei, Weasley é nosso rei. Ele não deixou a goles passar, Weasley é nosso rei...
- Não? - disse Hermione numa voz fraca.
- SIM! - disse Harry, gritando.
- HARRY! HERMIONE! - gritou Rony, levantando a taça de prata de Quadribol no ar e olhando em direção ao lado deles. - NÓS CONSEGUIMOS! NÓS GANHAMOS!
Eles sorriram para ele quando passou. Havia uma grande briga no bolo à porta do castelo e a cabeça de Rony deu uma batida ruim no batente mas ninguém parecia querer deixá-lo. Ainda cantando a multidão se apertou no corredor de entrada e saíram de vista. Harry e Hermione os assistiram, irradiados, até que os últimos versos de "Weasley é nosso rei" se extinguiram. Então viraram um para o outro, com um sorriso fraco.
- Nós guardaremos nossas notícias até amanhã, certo? - disse Harry.
- Sim, certo - disse Hermione, cansada. - Eu não estou com pressa.
Andaram juntos. Em frente à porta ambos olharam instintivamente para trás, a Floresta Proibida. Harry não tinha certeza ou se foi imaginação mas pensou que havia visto uma nuvem pequena de pássaros estourar no ar no topo de uma árvore distante, a árvore perto da que tinham estado aninhados há pouco, tinha sido levantada pelas raízes.
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