O Velho Chalé dos Tonks (posta



- Lumus! - O homem de vestes longas agitou a varinha no ar com experiência e então todas as luzes do cômodo, que provavelmente era a sala de estar, se acenderam. - Bem Harry, aqui estamos: o velho chalé dos Tonks. - Harry Potter deixou a mochila pender de seu ombro e deu uma boa olhada em volta deslumbrado com o que via. O local parecia ser feito todo de madeira, do teto ao chão e havia uma bela lareira na parede maior e alguns quadros nas outras três. Harry reconheceu logo a figura de cabelos violeta e de sorriso simpático

- Que máximo Sírius!

- Sabia que iria gostar e você não viu nada ainda Harry. Há uma cozinha enorme bem ali. - ele apontou à sua esquerda. - Podemos preparar algum prato com peixe se você quiser pescar.

- Isso seria ótimo, não tive tempo quando fui acampar com o Ron.

- Certo, cuidamos disso daqui a pouco. Logo aqui atrás há uma pequena sala de leitura, onde o velho Ted Tonks costumava guardar alguns pertences da Ordem, quando ainda fazia parte dela. - Sírius aproximou-se da escada que ficava bem no centro da sala de estar. - Lá em cima ficam os quartos, pode escolher o que achar melhor, mas sugiro o que tem vista para o lago, é sem sombra de dúvidas a mais incrível vista depois da Torre da Grifinória. - ele olhou para o padrinho sem saber o que dizer tamanha satisfação tinha em estar ali naquele momento. - Então? Por onde quer começar?

- Acho que te agradecendo. - Sírius coçou a nuca sem jeito.

- Bom Harry, só achei que precisasse dar mais atenção ao meu único afilhado, coisa que não tenho feito muito. Afinal, o pai dele confiou-o a mim com a consideração que poucos tiveram comigo.

- Ele com certeza não está arrependido e estou certo de que ele está de certa forma, usando você pra ficar sempre perto de mim porque é como eu me sinto quando estou com você, como se fosse... seu filho. - Sírius fitou-o emocionado e Harry jurou que lágrimas haviam se formado nos olhos negros dele, mas não deu pra ter certeza já que o Sírius pigarreou em seguida esfregando as mãos uma na outra e apanhando alguma coisa perto da lareira. Quando virou-se outra vez tinha em mãos duas varas de pescar.

- Pensei em pescarmos à maneira trouxa, topa Harry? - perguntou Sírius animado. Harry riu.

- Não sei exatamente qual a sensação de se pescar um peixe, mas acho que com esforço tudo vale mais a pena.

- É assim que se fala! - Sírius atirou-lhe uma das varas de pescar e depois de pegar os casacos os dois saíram em busca do dia que só começava.

Depois de horas de muita diversão e cansaço, os dois percorreram a trilha que os levava de volta ao chalé. Era quase meio dia e a conversa entre os dois não parecia ter fim. Sírius elogiava Harry por ter pegado mais peixes que ele e Harry se justificava modestamente alegando ser apenas sorte de principiante.

- Ah Harry, sorte de principiante ou não se saiu muito bem lá no lago e como recompensa hoje você vai provar o melhor cozido de peixe da sua vida. - gabou-se Sírius entrando no Chalé e colocando as varas de pesca de volta ao local em que a pegara. Depois se livrou do casaco e rumou para a cozinha. Harry o seguiu carregado de peixes frescos.

- Nossa, não imaginei que você cozinhasse... - comentou Harry surpreso.

- Bem, quando se passa muito tempo sozinho você aprende a se virar como pode.

- Hum... quer ajuda? Eu também "me virava" quando morava com os Dursleys. - perguntou prontamente depois de colocar os peixes sobre a pia e Sírius sorriu.

- Ehh... não é necessário Harry, eu me viro aqui. - respondeu lavando as mãos. - Por que não acende a lareira com os gravetos que trouxemos e aproveita para conhecer o restante do chalé, afinal é a primeira vez que vem aqui e não gozamos de muito tempo.

- Certo, vou estar por perto então se precisar. - falou esfregando as mãos e saiu do cômodo novamente alcançando a sala de estar. Sírius havia colocado o feixe de gravetos ao lado da lareira, no que Harry se abaixou e começou a arremessar um a um no espaço onde havia poeira e restos de cinzas. Quando colocou gravetos suficientes, ficou de pé, sacudiu a poeira do casaco azul marinho e da jeans que estava usando, empunhou a varinha e disse:

-Lacaio Inflamare! - e as chamas surgiram tão vivas que nem pareceu fazer tempos que não fumegavam ali.

Feito isso, Harry olhou ao redor pensando por onde desejava começar a explorar o lugar. Apanhou sua mochila ainda jogada em um dos sofás e subiu a escada que levava até o andar superior para vasculhar o tal quarto que Sírius havia sugerido. O assoalho e as paredes eram todo em madeira e o ambiente no piso superior era surpreendente. Os Tonks não eram uma família grande, mas pareciam pensar em hóspedes como os Weasleys, pois havia muito mais que dois quartos ali. Harry contou sete portas, três de cada lado do corredor e uma no final dele. Entreabria as portas e olhava rapidamente o que o interior delas escondia, estava mais interessado em descobrir logo qual era o seu quarto e talvez tirar um cochilo antes do almoço já que Sírius garantira que ficaria bem sozinho. Quando alcançou a última porta e a abriu teve a certeza de que encontrara o tal quarto, pois Harry não demorou nada para estar convencido de que Sírius não exagerara ao dizer que ele tinha uma vista incrível. Jogou a mochila sobre uma cadeira ao canto e parou rente ao vidro empoeirado da janela contemplando a vasta área que via. Era incrível: o lago, as montanhas e até mesmo o céu parecia diferente. Uma sensação ímpar, Harry observou e no devaneio daquela sensação tão agradável Hermione lhe veio a mente e ele respirou fundo pensando se fora muito frio com ela, apesar de não ser este o seu verdadeiro desejo. O quarto não era muito grande, mas tinha uma bela cama entalhada, um guarda-roupas rústico com duas portas e com alguns malões em cima, um móvel cheio de livros, uma cadeira e um pequeno banheiro. Sem querer deu uma olhada para o teto e quase assustou-se ao pensar num sobressalto que ele havia desabado. Como o teto do grande salão em Hogwarts, aquele ali também fora enfeitiçado para mostrar o céu, porém alternando vez ou outra para o teto verdadeiro, que era cheio de vigas, lembrando um pouco o sótão de Rony. De quem teria sido o quarto, Harry se perguntou, mas sua resposta veio rapidamente quando viu um porta retratos sobre o móvel, embaçado por teias de aranha. Usou o punho do casaco para limpá-lo e então reconheceu imediatamente a figura que fazia caretas. Ninfadora Tonks, porém alguns anos mais nova e usando as vestes de Hogwarts. Harry riu sentindo saudades da amiga que não via a um bom tempo. Meio que pedindo licença a ela, Harry começou a abrir as gavetas do móvel. Papéis, tinteiros vazios, penas inutilizadas e um livreto de bolso intitulado "Animagos amigos". A julgar pelo o que viu, Harry se identificou muito com Tonks e ficou feliz por isso, afinal a admirava bastante. Prosseguiu abrindo a segunda gaveta, que estava vazia. Na terceira porém algo lhe chamou a atenção; entre recortes do Pasquim e do Profeta Diário, Harry avistou uma foto de casamento muito antiga onde reconheceu logo a noiva. Recuou sensibilizado sentando-se na cama bem devagar. Era o casamento de seus pais e sua mãe estava de mãos dadas com uma garotinha de cabelos roxos, que mais parecia ser uma miniatura de noiva. Thiago e Sírius estavam do outro lado de Lílian sorrindo muito contentes. Ela usava um vestido branco muito simples mas que a fazia parecer um anjo ruivo e também muito alegre. Harry viu-se traído por lágrimas e esfregou o nariz e os olhos. Nunca parara pra pensar como teria sido aquele dia, nunca. Tão distraído estava que mal percebeu a presença de Sírius no quarto.

- Linda noiva não é Harry? - perguntou com a voz muito leve e saudosa. Harry nem se preocupou em fingir que não estava chorando, apenas concordou num aceno de cabeça. Sírius sentou-se ao seu lado. - Eu já tinha me esquecido que tiramos esta foto, mas até que fiquei bem nela hã? - Harry sorriu fino. - Sua mãe foi a noiva mais bonita que já vi e que desde mais nova gostava muito de crianças. Vê como Tonks ficou contente em ser a carregadora das alianças? Ela não desgrudou delas um só segundo desde que Lílian pediu que ela cuidasse delas com carinho. - Harry fitou Sírius limpando o rosto.

- Ás vezes, quando penso que já sei tudo sobre eles, alguma coisa acontece pra me mostrar o contrário.

- Vai ver Tonks deixou esta foto aqui porque de alguma forma sentiu que ela seria mais importante para outra pessoa em um dado momento.

- É, não seria muito estranho da parte dela, a Tonks é bem legal.

- Uma mulher incrível ela se tornou, talvez a mais corajosa Auror depois de Lílian. - Harry ficou extremamente calado observando um pouco mais a foto, tentando tirar dela toda vivez possível da situação representada. Sírius pigarreou rouco e disse? - Que tal uma refeição decente? - sugeriu tentando quebrar o clima.

- Me dê... só mais alguns minutos? - Harry pediu sério e educadamente.

- É claro. - Sírius bateu no ombro dele compreensivo ficando de pé e saindo do quarto. Harry caminhou até sua mochila e apanhou dentro dela o álbum de fotos, presente de Hagrid, e que sempre carregava consigo. Folheou quase que todo ele até encontrar um espaço vago onde depositou a nova foto. Estava certo de que Tonks jamais se zangaria com isso e que iria agradecê-la quando a encontrasse de novo.

Mais tarde depois de saborear o delicioso cozido de Sírius e ajudá-lo com a louça, Harry perguntou se era seguro enviar uma coruja à Rony e Hermione para tranqüilizá-los de sua chegada.

- Não vejo problemas já que eles sabem onde você está. Andrômeda costumava ter uma coruja aqui, só não sei se ela continua zelando o chalé. - disse Sírius espiando pela janela da cozinha.

- Vou dar uma olhada lá fora e depois se quiser podemos jogar cartas.

- Ótima idéia Harry, há muito tempo que não jogo cartas. Eu era bom em alguns truques, algumas garotas trouxas até se impressionavam com isso, sabe. - comentou brincalhão arrancando um sorriso do afilhado.

Harry saiu e andou em volta do chalé olhando para o alto para ver se não avistava alguma coruja perambulando por ali. Escutava barulho de outros pássaros ao longe, mas nada da coruja aparecer. De qualquer forma sua carta já estava escrita e voltaria para Hogwarts no dia seguinte, então caso não conseguisse enviar uma coruja naquela tarde de sábado, sabia que os amigos não ficariam preocupados e menos ainda Hermione que talvez estivesse aborrecida com ele. Entrou pela porta da cozinha e encontrou Sírius preparando a mesa com um baralho em mãos.

- Olha o que eu achei Harry, imaginei que em algum local aqui Ted teria um baralho.

- Hum, isso é bom.

- Então, não encontrou a coruja? - Harry sacudiu a cabeça negativamente. - De repente ela aparece mais tarde para comer, deixei alguns farelos de comida na janela, se ela vier saberemos.

- É, acho que sim. - ambos puxaram as cadeiras sentando-se à mesa. Sírius distribuiu as cartas e então entoaram um jogo trouxa de pôquer, mas sem nenhum galeão envolvido, apenas amendoins e duas caixas de feijõezinhos de todos os sabores que Harry tinha na mochila. Vez ou outra Sírius fazia algum truque contando vantagem do charme que tinha pra fazer isso e Harry ria um bocado pensando na cena de garotas perplexas com o conteúdo mágico tão perfeito daqueles truques. Na terceira rodada, e aproveitando o assunto das garotas, Sírius resolveu perguntar algo que o deixara curioso antes de saírem do castelo.

- Então Harry, quem era a garota? - perguntou distribuindo as cartas.

- Garota? - indagou Harry sem entender a pergunta repentina do padrinho.

- Sim, a que esteve procurando por você, enquanto conversávamos. - Harry corou ligeiramente sentindo um pouco de calor na região entre o colarinho e o pescoço.

- Ehh... uma amiga. - respondeu sem olhar diretamente para o padrinho e catando as cartas na mesa meio atrapalhado.

- Qual é o nome dela?

- Loueine Brookstorm, ela está fazendo uma espécie de intercâmbio em Hogwarts, mas estuda em Witchcrafts, uma escola só para garotas pelo o que Hermione nos falou. - Sírius permaneceu pensativo. - Mas por que a pergunta Sírius?

- Ahh... nada, é só que ela me pareceu familiar, não sei exatamente.

- Talvez você tenha se lembrado da Fleur, Loueine parece um pouco com veelas mesmo. - falou Harry com naturalidade lançando uma carta a mesa no que Sírius sorriu fino demonstrando uma certa malícia. - Que foi?

- Nada Harry, mas é engraçada a forma que você usou para dizer que a acha atraente. - Harry corou mais ainda desviando o olhar completamente constrangido. - Ora Harry, que tem de mal nisso? Ela realmente é uma jovem encantadora e parece gostar de você e nós dois sabemos que até que você se tornou um cara bonitão hum?

- Ah Sírius, que é isso... - riu nervosamente. -... eu só... a Loueine é só uma amiga e...

- Hermione também era. - cortou-o deixando Harry sem nenhum argumento cabível, afinal ele mesmo confessara à Sírius que julgava estar gostando mais de Hermione do que deveria. Harry calou-se respirando desanimado e profundamente. - Não conversou com ela estou certo?

- Na verdade eu bem que tentei, mas acho que fica mais difícil depois de beijá-la sem permissão de novo. - Sírius gargalhou parecendo empolgado. Harry baixou a cabeça.

- E até quando vão ficar assim? Acho que está bastante claro que a amizade de vocês evoluiu bastante. Ou Hermione reclamou por beijá-la sem a... permissão dela como está dizendo?

- Não, ela não reclamou e sabe, seria capaz de apostar que ela até gostou, só que não dá o braço a torcer.

- A velha e geniosa Hermione...

- Demais para o meu gosto. - falou Harry amarrando um pouco a cara, no que Sírius manteve-se tranqüilo e risonho recolhendo o baralho da mesa já que o jogo não estava progredindo.

- Há uma coisa que é comum a todas as mulheres Harry: nenhuma delas é óbvia o bastante para entendermos depressa.

- É, obrigada por me avisar isso só que agora é um pouco tarde. - Sírius levantou-se ligeiramente sério indo até o fogão preparar um chá, já que eram quase cinco da tarde. – Ehhh... desculpe Sírius, eu não quis dizer que é tarde para... para estar me falando estas coisas, afinal você nem tem que fazer isso e...

- Relaxe Harry, sei que não é uma cobrança, mas de fato devíamos ter conversado sobre coisas do gênero a mais tempo, afinal você é praticamente um homem. - Harry aproximou escorando-se na pia.

- Acho que a culpa é minha, não te dei espaço suficiente pra isso e além do quê, você tem tido coisas muito mais importantes pra resolver com a Ordem e com Dumbledore.

- Nada é mais importante que você Harry, entenda! - fitou-o com certeza e então ouviram um barulho no peitoril da janela. - Veja quem resolveu aparecer! - Sírius riu olhando para a coruja grisalha que acabara de pousar na janela da cozinha e que agora bicava satisfeita os farelos que ele havia deixado. Harry se aproximou tocando devagar a cabeça da ave que pareceu gostar do carinho. - Sei que sua vida não tem sido exatamente normal para alguém que só tem dezessete anos Harry, mas tente não levar isso assim tão a sério e comece a... curtir como vocês costumam dizer. Estar apaixonado nunca foi e nem vai ser algo ruim, mesmo que nos cause um certo desconforto às vezes.

- Eu confesso que estou meio confuso com esta história toda. A Loueine é uma garota bem legal sim e temos algumas coisas em comum sabe. Ao mesmo tempo, quando estou com a Hermione, ela sempre parece saber exatamente o que estou sentindo, menos agora é claro.

- Uma hora, quando você menos esperar, tudo se tornará mais claro e as coisas se acertarão Harry, vai ver! - concluiu Sírius animando-o.

- Assim espero. - falou Harry sem muito ânimo retirando um envelope do casaco e acoplando-o ao bico da coruja que já havia terminado seu lanche e estava pronta para voar novamente.


*******************************

- ... eu e Almofadinhas estamos bem, ele até se animou a preparar um cozido com os peixes que pescamos enquanto eu vasculho o resto do local. Estou no quarto onde vou passar a noite e a vista daqui é incrível, quase tão bonita quanto a da torre da Grifinória. Acho que era o quarto da Tonks porque ainda tem alguns pertences dela e uma coisa que ela parecia querer que eu encontrasse, depois explico. No mais nos vemos em Hogwarts e se forem a Hogsmed tragam mais feijões de todos os sabores, pois os meus acabaram! Até amanhã, Harry. - Rony terminou de ler a carta sorrindo fino, enquanto Hermione escutava atenta e se aquecia perto da lareira. Todos os outros já tinham ido dormir. - Parece que está tudo bem não acha, só fiquei curioso com o que Harry disse que Tonks deixou pra ele, o que seria? - Rony sentou-se no sofá pensativo e franzindo um pouco o cenho. Hermione permaneceu calada mirando as chamas na lareira. - Hermione...? - Ron a chamou percebendo o quão distraída ela andara, então Hermione olhou de esguelha e disse:

- Talvez não seja nada de mais, e Harry só não comentou nada por segurança. Lembra-se que Sírius ainda tem algumas pendências com o Ministério da Magia? E não é certo que eles não estejam mais interceptando o correio a mando do ministro.

- É, pode ser. - concordou Rony considerando bastante pertinente a hipótese de Hermione, no entanto observou que a amiga estava bastante quieta e até um pouco cabisbaixa. - Hermione, você está bem? - perguntou atencioso, um fato quase sem precedentes considerando de quem partia. Ela virou-se pra ele e sorriu fino.

- Estou sim Rony, obrigada.

- Eu sei que não temos conversado muito ultimamente, mas pode se abrir comigo. Notei você distante nos últimos dias.

- Não estou distante, só preocupada com tantas responsabilidades novas.

- Ah, mas isso vai ser moleza pra você, passou com louvor em todas as matérias e mais ainda nas específicas para o seu estágio. Sem contar que antes mesmo destes resultados foi aceita na Universidade de Paris, tem idéia de como isso seria motivo de orgulho para minha mãe? - perguntou não deixando de fazê-la sorrir.

- Valeu Ron, é mesmo muito gentil de sua parte estar me dizendo estas coisas. - ele coçou o queixo sem jeito.

- Imagina, os amigos servem pra isso não é, pra se preocuparem quando algo parece estar chateando o outro. - Hermione o mirou com os olhos brilhando e então abaixou a cabeça e começou a chorar fino e muito baixo. - Hermione... o que... o que foi? - perguntou realmente preocupado agora e se aproximando um pouco mais de Hermione.

- Nada... - ela fungou esfregando o nariz. - ...só que eu vou sentir falta de tudo isso quando... acabar.

- Não é pra sempre Hermione, ainda poderemos nos ver e faço questão de irmos ao Três Vassouras pra tomarmos Hidromel sem sermos expulsos, afinal já somos maiores de idade. - ela fungou um pouco mais. Ron atreveu-se a abraçá-la de lado muito sem jeito. - Ei, vai dar tudo certo, não tem que chorar por causa disso, está bem, fica calma. - Hermione o abraçou forte pensando que Ron nem fazia idéia do real motivo que fazia Hermione sentir-se daquele jeito. Mesmo ele falando que tudo continuaria como sempre, ela sentia que não seria mais assim, na verdade para ela tudo começara a mudar no dia em que beijara Harry pela primeira vez.

O domingo passou relativamente depressa, pois a professora Minerva decidiu muito amistosamente conduzir todos os setimanistas de sua casa para um último passeio até Hogsmed antes dos estágios seqüenciais começarem. Logo que a noite caiu Hermione, e especialmente Rony, começaram a contar as horas para a chegada de Harry. Hermione parecia melhor e estava disposta a agir naturalmente como se nada de diferente tivesse acontecido nos últimos três dias. Foi Hagrid quem ajudou Harry com as malas, pois Sírius achou melhor despedir-se dos dois na estação de Hogsmed mesmo. Sem saber ao certo quando veria o padrinho novamente Harry voltou ao castelo muito calado e também ansioso pra rever os amigos e de repente até se esquecera da despedida nada calorosa entre ele e Hermione na manhã anterior. Já na torre encontrou Rony, Hermione e Gina na mesa jogando xadrez de bruxo. Há alguns meses Hermione havia informado aos três que gostaria de aprender a jogar antes de concluírem o sétimo e último ano em Hogwarts. Gina estava de pé dando palpites. Harry aproximou-se sem ser notado e pigarreou.

- Tem lugar pra mais um aí? - perguntou teatralmente.

- Harry!!! - Os três exclamaram em coro. Harry despencou a mochila dos ombros enquanto Gina veio ao seu encontro lhe dando um abraço e um beijo na bochecha com carinho.

- Ooooi... como vai?

- Bem Gina e você?

- Estou legal, estávamos tentando um cheque-mate aqui. - ela brincou, Harry riu. Ron aproximou-se e apertou-lhe a mão forte.

- E aí cara, tudo certo?

- Melhor impossível Ron. Como foi o seu final de semana?

- Digamos que temos sapos de chocolate e feijõezinhos de todos os sabores para o verão inteiro.

- Bom saber! - Harry sorriu brevemente e olhou para Hermione. Ela mordeu os lábios e desviou os olhos. Ele ficou diante dela.

- Oi! - cumprimentou-a formalmente, mas sem demonstrar frieza.

- Oi! - respondeu. - Tudo bem?

- Sim. Você...?

- Tudo bem.

- Que bom. - Gina estava praticamente observando toda a situação de braços cruzados olhando de um para o outro.

- Ô gente, desde quando vocês dois ficaram tão formais hein? Querem se abraçar logo, odeio pensar que estão aborrecidos um com o outro, vocês não estão né? - Hermione engoliu em seco e se viu instintivamente esganando a amiga. Pelo tanto que a conhecia tinha certeza de que ela havia feito de propósito.

- Claro que não estamos Gina, que bobagem... - acrescentou Hermione rindo nervosamente, porém sem se mover um milímetro.

- Arreeee... então abraça ela logo Harry!! - Gina o empurrou de um jeito que Harry quase caiu em cima de Hermione e a abraçou profundamente constrangido. Fizera isso tantas vezes, mas agora aquilo parecia dificílimo.

- Que bom que está de volta... senti sua falta. - disse Hermione quase inaudivelmente depois de alguns segundos. Harry riu-se por dentro e lembrou do que Sírius falara a respeito das mulheres, eram mesmo muito confusas. Não queria mais estar distante, queria estar bem com ela. Quando se soltaram ele apenas respondeu num sorriso fino:

- Também senti a sua Hermione. - ela corou brevemente

- Ehhh... e então, que foi que a Tonks deixou pra você afinal? - perguntou Ron quebrando aquele clima sem entender nada e Gina girou os olhos. Harry e Hermione voltaram a tona, ele foi até a mochila e retirou o álbum de dentro dela hesitando um pouco antes de abrí-lo. Os três aguardaram ansiosos como se dissessem "está esperando o quê" e Harry abriu o álbum no local marcado e entregou-o à eles. Depois enfiou as mãos nos bolsos e andou até a lareira. Ron, Hermione e Gina observaram a foto com atenção e logo se entreolharam percebendo o que ela representava.

- Eu sei que não é exatamente empolgante, mas... era algo que gostaria de dividir com vocês, sei lá. - Hermione olhou da foto para Harry e depois para Ron e Gina, entregando o álbum aos dois e indo até Harry.

- Com certeza o é para você Harry, e ficamos felizes por querer dividir conosco algo tão especial que aconteceu na vida de seus pais.

- Verdade Harry, isso é tão... fofo! - Gina comentou meigamente dando uma última olhada na foto e a alisando com a ponta dos dedos. Ron fechou o álbum.

- É Harry, isso é mesmo bem legal. Papai e mamãe nunca nos contaram nada sobre a Tonks ter sido dama de honra dos Potter, na verdade eu nem conseguiria acreditar na Tonks que conhecemos usando um vestido destes, vocês sim? - Gina, Hermione e Harry sorriram em concordância.

- Acho que seria bom ter estado lá quando entrei na Penseira com Dumbledore, só pra espiar tudo o que houve naquele dia, como eles se sentiram. - falou Harry e Hermione tocou o ombro dele meigamente.

- Na verdade, acho que você já tem tudo o que precisa saber bem ali Harry, estampado nos rostos deles.

Harry sorriu e assentiu positivamente como quem dizia "tem razão" e mais uma vez teve a certeza de que seus amigos eram seu maior e mais valioso tesouro e que nada mudaria isso.


QUERO COMENTÁRIOS!!! ENQUANTO ISSO...ATÉ O CAP 26...RSRSR!!!








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