A Sala dos Espelhos (capítulo



N/A.: Atenção leitores! Para a postagem deste capítulo, o capítulo 17 sofreu algumas alterações em 16/02/08. Portanto, quem o tiver lido antes desta data, favor relê-lo antes de ler o capítulo 22. Desculpem as alterações, é para o bem da fic! Obrigada!

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Um pouco mais tarde após todos estarem mais que satisfeitos com o banquete e deliciosas sobremesas que não acabavam nunca, o professor Dumbledore sugeriu que as mesas fossem transportadas aos cantos e que dessem lugar para a dança. Desta vez não havia nenhuma banda tocando, mas as valsas escolhidas eram de bom gosto e não exigiam que todos dançassem, apenas quem quisesse mover um pouco o esqueleto. A professora McGonagall foi tirada para dançar pelo professor Dumbledore e um a um alguns pares os imitaram em um clima agradável e de muita harmonia. Em volta, os observadores que não se arriscavam na dança
conversavam descontraidamente. Rony, Luna e Neville agora se achavam parados perto de Ninfadora Tonks. Ela lhes explicava um pouco sobre como funcionaria a monitoria e os estágios.

- Vai ser ótimo estar com vocês aqui, sinto saudades da minha época de aluna. - comentou sinceramente empolgada.

- Aposto que vai monitorar D.C.A.T. não é Tonks? - Neville arriscou-se a deduzir.

- Bem que eu gostaria Neville, mas parece que a vaga já tinha sido preenchida. - eles olharam surpresos. - Dumbledore me incumbiu de cuidar de História da Magia e Transfiguração. - Luna arregalou os olhos.

- Jura? - Tonks acenou positivamente a cabeça enquanto bebericava sua cerveja amanteigada. - Fabuloso! Eu me inscrevi em História da Magia porque pretendo ajudar o papai com o Pasquim.

- Mas que ótimo Luna, vai ser muito bom tê-la como aluna. - Tonks sorriu. - Sabem, acho que Dumbledore queria me mostrar que posso fazer outras coisas além de ser uma Auror, é bem típico dele querer sempre que tentemos nos superar.

- Tonks... - Rony a chamou no que ela se virou para ele atenciosa. - ... por acaso você sabe porque Victor Krum e meu irmão estão aqui? - ele quis saber, embora já desconfiasse tristemente da resposta.

- Ehh... acho que Krum deve monitorar o Quadribol, Rony. - ele suspirou totalmente desmotivado. - E quanto ao seu irmão, bom, provavelmente Trato das Criaturas Mágicas, por causa da experiência dele com dragões e outras espécies.

- Ora, mas o que é isso, um complô? - ele resmungou no que todos abafaram um riso. - Tudo bem tolerar o meu irmão, mas ter Victor Krum como monitor de Quadribol? Argh, estava bom demais para ser verdade, ser aprovado nos dois Testes.- ele revirou os olhos e Luna lhe cutucou percebendo que Krum se aproximara para cumprimentar Tonks. Rony entortou a cara olhando para outro rumo que não fosse o deles.

- Vem, vamos dar uma volta. - Luna o puxou pelas mãos antes que Rony dissesse alguma besteira na frente do seu futuro monitor.

A um outro canto do Salão Hermione apreciava um copo de ponche embalando seu corpo distraidamente sem sair do lugar enquanto a música tocava. Às vezes desvencilhava seu olhar para Harry e Loueine e ao sinal dele a flagrar olhando, desviava rapidamente seu olhar para outro canto. Pensava se Gina estava se divertindo mais do que ela no tal "jantar particular".

- Belo jantar. - alguém comentou parando ao lado dela com as mãos para trás. Ela o olhou e sorriu.

- Que bom que gostou, não seria nada agradável causar uma má impressão destas aos nossos visitantes, não? - ela comentou sorridente e ele lhe sorriu de volta com aqueles dentes perfeitos.

- Acho que não foi tão assustador quanto pensei que seria. Algumas garotas vieram falar comigo como se eu fosse o Ced, mas nada sério, pelo contrário, até que foi divertido saber como ele era galanteador pelo jeito.

- Ele era bastante popular até onde eu sei, mas poucas vezes trocamos uma ou duas palavras. Acho que ele gostava de ler e como eu sempre estou na biblioteca...

- Entendo, de fato ele apreciava a leitura, na verdade toda a família foi capaz de apostar que se algum dia um de nós decidisse dar aulas, este alguém seria ele.

- Todos temos méritos e às vezes nós nos surpreendemos com nossas capacidades. - concluiu sabiamente e ele apenas concordou com ela num aceno e um meio sorriso. Hermione voltou a observar os casais dançando, mas ele permaneceu ao seu lado.

- Ehhh... desculpe se serei indiscreto, mas está acompanhada senhorita Granger? - perguntou meio sem jeito. Hermione hesitou um instante antes de respondê-lo.

- Se está se referindo a um par, namorado ou algo do tipo, não, eu não estou acompanhada. - riu-se. - Mas, meus amigos estão logo ali ehh... - haviam sumido. -... em algum lugar.

- Sei. Então talvez não tenha problema nenhum em... me conceder uma dança? - perguntou causando extrema surpresa nela, tanto que quase se engasgou com o pouco de ponche que acabara de beber.

- Eu não sei... não sei se devo senhor Diggory. - respondeu timidamente.

- Sandrini, por favor, e na verdade, você me deve uma.

- Devo uma? - ela franziu as sombracelhas sem entender.

- Claro, meu pé ainda está doendo sabia? - Hermione gargalhou sem conter-se e ele apenas a observou sério, aguardando a resposta. - E então? Vai me fazer esta desfeita justo na minha primeira noite aqui? - ela parou de sorrir, mas manteve o semblante sereno.

- Certo, parece que não tenho muita escolha, mas é só uma dança ou daqui a pouco vou ser estuporada por uma de suas fãs. - ela olhou na direção de algumas garotas que pareciam prestes a fuzilá-la com os olhos só porque Hermione estava simplesmente falando com Sandrini. Ele olhou delas para Hermione sorrindo marotamente.

- Elas vão entender. - cedeu-lhe o braço. - Vamos?

- Vamos. - meio trêmula ela aceitou e Sandrini a guiou até o meio do salão. Apesar de muitos casais estarem ali, a presença deles pareceu causar certa distração aos espectadores e talvez, Hermione pensou, render alguns comentários, mas ela fingiu não se importar, afinal não estava fazendo nada de errado e teve a certeza disso quando o professor Dumbledore e a professora McGonagall lhe olharam sorridentes dançando muito perto deles. Hermione respirou fundo quando Sandrini pousou uma de suas mãos em sua cintura e ela logo descobriu o bom dançarino que ele era.

- Ei, aquela ali não é sua amiga, Hermione Granger? - Loueine comentou com Harry

- Onde? - perguntou ele , que até então estava distraído ajeitando sua gravata.

- Bem ali, dançando. - imediatamente Harry olhou na direção em que Loueine indicara, onde Hermione agora sorria e dançava graciosamente com Sandrini Diggory. A sensação que teve foi a de um punhal entrando no meio de seu estômago sem que conseguisse tirá-lo. O coração pululou alguns batimentos a mais e inconscientemente Harry se viu cerrando os punhos tentando extravasar o que sentia. - Nossa, ela está maravilhosa, não está? - Loueine perguntou ainda observando o casal sem nem notar a reação de Harry. - E eles dançam bem! - as palavras dela pareciam distantes em meio a toda aquela cena. Ele ficou aturdido, sentiu vontade de ir até lá e puxar Hermione pela mão e jamais deixar que aquele sujeito um tanto quanto, atrevido, Harry assim pensou, se aproximasse dela de novo, menos ainda de sua cintura. Voltou-se para Loueine engolindo o fôlego.

- Quer dar um volta lá fora? - perguntou irritadiço.

- Tá, pode ser. - ela respondeu incerta.

- Ótimo! - Harry disse e a puxou pela mão atravessando o salão pisando duro e indo até a enorme sacada com vista para os jardins. A noite estava fria, mas a neve dera uma trégua. Haviam poucos casais ali, mas todos bastante ocupados demais para prestar atenção em quem quer que fosse. Harry e Loueine encostaram-se no parapeito; ele pensativo ainda no que vira lá dentro, ela mordendo os lábios.

- Tudo bem com você? - Loueine perguntou percebendo que ele estava disperso.

- Tudo.- ele respondeu secamente. Ela desviou os olhos procurando o que observar no que ele percebeu a grosseria. - Me desculpe, não quis ser... grosso com você.

- Tudo bem, você não foi. - sorriu fino.

- É só que... - Harry sentiu necessidade de se explicar. Na verdade queria que Sírius estivesse ali agora pra extravasar com ele o que estava sentindo. Parecia mais grave do que havia imaginado. Sentir ciúmes de Hermione era a última coisa que cogitaria em sua lista de sentimentos tumultuados, mas estava acontecendo e não conseguia evitar. - Olha, você deve estar esperando que eu a chame pra dançar e está coberta de razão. - ela analisou o que ele dissera por alguns segundos.

- Na verdade... estou aliviada que não tenha chamado! - confessou causando certa surpresa a ele. Até onde Harry sabia todas as garotas adoravam ser tiradas para dançar, Hermione estava exemplificando bem isso esta noite. Loueine riu do ar de espanto dele. - Acredite, você não é o único que não liga para estas coisas Harry. - explicou sorrindo ainda.

- Acho que... há coisas mais legais que dançar, como conversar por exemplo. - ele disse no que ela esfregou os braços instintivamente. - Ahh... ehhh... toma! - ele lhe cedeu a capa gentilmente e Loueine engoliu em seco a jogando sobre os ombros com a ajuda dele.

- Obrigada! - agradeceu meigamente e eles se fitaram por alguns segundos em total silêncio.

- Ehhh... belo broche! - Harry comentou tentando quebrar a atmosfera constrangedora. Loueine olhou dele para si e apalpou o broche.

- Ahh... é. - concordou sem muita convicção disso e o desprendeu do vestido. - Na verdade eu acho um tanto incômodo. - e o guardou numa pequena bolsinha que trazia nas mãos encarando Harry novamente. Ele escorou os braços na sacada de balaustres observando a vista. Loueine fez o mesmo esfregando as mãos uma na outra. - Jamais estive em um lugar tão bonito como este. Tudo aqui parece tão... especial e... a todo tempo.

- É, Hogwarts causa este efeito nas pessoas, não importa o quão desatento sejamos, ela sempre dá um jeito de... de lembrar-nos de que está aqui e vai estar sempre. - Harry falou sonhador e sorriu. Loueine o olhava atenta, prestando atenção no rapaz ao seu lado. Cada traço e atitude nele a faziam querer descobrir mais além do "garoto que sobreviveu". Ele era muito mais do que isso e não era complicado entender porque era bom estar ao seu lado. Harry tinha alguma coisa que aspirava à felicidade, mesmo com um passado turbulento, como Loueine sabia que ele tinha.

- Ehhh... Harry, posso te fazer uma pergunta? - perguntou em tom sério. Ele olhou pra ela.

- Se é sobre as aulas não se preocupe, vou ter tempo a noite, mesmo com os estágios. - a garota sorriu.

- Isso é bom, mas... não é o que eu gostaria de saber.

- Não? - ela sacudiu a cabeça negativamente. - Então... o que é?

- É que... eu estava me perguntando se... isso é um encontro. - mordeu os lábios ruborizada, mas olhando nos olhos dele. Harry pigarreou nervosamente, de repente o colarinho o sufocava.

- Ehhh... bem Loueine, eu... sinceramente não sei. - respondeu sincero temendo chateá-la, mas ela não pareceu triste.

- Que bom porque... eu não sei ao certo se estou pronta pra isso. - admitiu rindo e mais uma vez Harry ficou surpreso e sentiu-se aliviado, afinal não queria levantar falsas esperanças à garota que julgava ser muito legal agora. Loueine voltou a observar a vista. - Hoje é uma noite especial pra mim sabe, porque... ninguém nunca tinha me convidado pra sair sem ter um interesse maior. Meus pais são pessoas que se destacam em nosso meio pela condição social e pelo fato de serem sangues-puros. - Harry assentia com a cabeça demonstrando entendimento. - Sabe como é? Amizades acabam se tornando puro negócio, nada é verdadeiro, apenas para se manter as aparências e... eu cresci assim, rodeada destas pessoas. - ela fez uma breve pausa. - Mas com você, é diferente. - ela o olhou. - Você entende perfeitamente o que é ter de distinguir quem se aproxima porque realmente gosta de você ou quem apenas quer um pouco da fama sendo amigo de "Harry Potter". - ele levou a mão nos cabelos.

- Sabe, acho que tenho uma baita sorte em ter os amigos que tenho. São poucos, mas todos incríveis e leais. O problema é que a maioria das pessoas pensa que ter os pais mortos brutalmente até vale a pena se isso as tornar famosas. - ele riu irônico. - Trocaria cada dia destes dezessete anos só pra tê-los vivos agora. - ela o olhou compreensiva. Conversaram sobre muitas coisas e Harry conseguiu parar de pensar um pouco se Hermione estaria tendo um encontro.
Lá dentro, a música se encerrara e todos aplaudiram alegremente. Hermione ainda sorria quando deram início a mais uma valsa e ela e Sandrini decidiram sentar-se.

- Nossa, estou exausta! - falou se abanando.

- Quer beber alguma coisa, uma... cerveja amanteigada talvez? - ele perguntou meio ofegante também.

- É, seria bom. - respondeu Hermione com um sorriso.

- Eu já volto. - falou antes de sair em direção a mesa de bebidas. Um minuto depois, enquanto Hermione ainda observava a valsa distraidamente, Gina sentou-se ao seu lado dando um tapinha em seu braço.

- Mas porque não me contou que o conhecia? - perguntou num tom quase ofendido.

- Ei, pensei que estivesse no jardim!

- É, eu estava... - sorriu corada. Sua trança agora estava mais frouxa que antes e alguns fios pendiam-lhe sobre o rosto. Hermione sorriu também, pelo visto a noite de Gina estava sendo melhor do que ela planejara. - Mas não é de mim que quero falar agora, disso falamos mais tarde, quando formos dormir. - Hermione assentiu debochada como que dizendo "sim senhora". - Quero saber quando foi que você ficou íntima do tal primo gêmeo de Cedrico, que cá entre nós... - Gina deu um profundo suspiro. - ... é tão gato quanto o falecida primo.

- Gina!!- Hermione a repreendeu tentando ficar séria.

- Ora, mas é a verdade. Pode perguntar a qualquer garota aqui, todas estão morrendo de inveja de você. - a ruiva comentou francamente alisando o decote de seu vestido com um largo sorriso no que Hermione desviou os olhos corada. - Vai me contar ou não?

- Bom... lembra-se do meu sumiço de hoje mais cedo? - Gina acenou positivamente a cabeça. - Então, eu fui dar uma volta pelo castelo e acabei entrando em uma sala qualquer. Pensei que estivesse sozinha, mas então ele estava lá e veio verificar se eu era a pessoa responsável em mostrar o castelo a ele...

- E você disse que era, é claro!

- Eu quase morri de susto, isso sim. Imagina ver em sua frente alguém que pensava estar morto? Na verdade não era Cedrico, mas... como é que eu ia adivinhar?

- É, isso é verdade, quase caí da cadeira quando ele tirou aquela máscara e olha que depois que você convive com um vampiro barulhento sobre sua cabeça noite e dia, dificilmente se assusta.

- Hum. - houve uma breve pausa. - Ehhh Gina, e... a quantas anda o seu... jantar particular? - perguntou Hermione abafando um risinho. Gina olhou para os lados certificando-se de que Rony não estava por perto.

- Está ótimo! - respondeu empolgada. - Até conseguimos dançar um pouco ao som da valsa vinda do castelo. Ele conjurou uma pequena mesinha com dois lugares num ponto estratégico do jardim, onde não notem nossa presença.

- Que bom que estão aproveitando a noite, só toma cuidado com os "amigos" dele está bem? - alertou-a preocupada com o desastre que seria se Malfoy suspeitasse deste namoro. Faria questão de armar um escarcéu debochado e em público.

- Estou tomando, não se preocupe. - sorriu grata pela preocupação de Hermione. - Blázio viaja amanhã para a casa dos pais em Londres, acho que querem fazer um jantar para comemorar a aprovação dele. Eu sei que... que ele queria me convidar, mas... claro que seria demais para os pais dele né? - comentou com certo pesar e deu um sorriso vacilante desta vez. Hermione lhe afagou o rosto.

- Seus pais são pessoas adoráveis Gina e ainda sim tenho certeza de que ficarão surpresos quando souberem sobre o Blázio. Você deve pensar que não será menos complicado para os Zabbini entender a situação.

- Estou certa que não, só que... eu queria logo assumir tudo isso, entende. - Hermione acenou positivamente, no que Gina pigarreou cutucando-a.

- Sua bebida senhorita. - Sandrini acabara de se aproximar com duas garrafas de cerveja amanteigada e então notou a presença de Gina. - Ehhh, desculpe, não sabia que tinha companhia. - falou e sorriu para a ruiva. - Pego outra cerveja agora mesmo... - ele fez menção de sair.

- Ah não se preocupem comigo. - disse Gina levantando-se de um salto. - Eu já estava de saída. - sorriu a eles. - Ehhh... apreciem a noite. - desejou e gesticulou para Hermione despistadamente como quem dizia "mais tarde conversamos" e saiu.

- Espero não ter atrapalhado nada, senhorita Granger. - falou sentando-se ao lado de Hermione.

- Me chame de Hermione por favor e você não atrapalhou nada, Gina tinha mesmo que ir.

- Certo, Hermione. - disse devagar ainda sorrindo. Hermione desviou o olhar bebericando um pouco de sua cerveja, dançar a deixara com muita sede. Ele a observava apenas. - Gosta de Runas Antigas? - perguntou de supetão no que ela o encarou perplexa. Como ele poderia saber?

- Sim, bastante.- respondeu franzindo as sombracelhas desconfiada. - Como é que você sabe?

- Bem, é que... você estava lendo este livro... - tirou das vestes aquele pequeno livro de capa vermelha que Hermione reconheceu imediatamente. -... quando a encontrei hoje a tarde.

- Oh... - ela apanhou o livro folheando-o à esmo. -... sim, eu estava. É que já li tantos, mas este aqui nunca tinha visto. - fechou o livro e o fitou. - Onde conseguiu? - quis saber interessada.

- Uma das raridades da velha biblioteca do vovô. Acredite, havia livros inacreditáveis lá, muitos mesmo. Mas depois que ele faleceu, todos os livros foram destinados à crianças carentes nascidas trouxas e também à algumas instituições de ensino de magia. O pouco que restou guardei comigo, como uma espécie de... recordação dele.

- Desculpe? - ela o interrompeu. - Por que necessariamente crianças carentes nascidas trouxas? - perguntou tentando não se irritar com a impressão ligeira de preconceito.

- Bom, meu avô nasceu trouxa, assim como eu. Acho que de alguma forma ele queria fazer algo para garantir também o direito à magia para crianças que não puderam freqüentar Hogwarts. - ela trocou a expressão de leve repudia por uma totalmente comovida com a declaração dele.

- Quer dizer que você também nasceu trouxa?

- Sim, meus pais eram trouxas, meu avô paterno um grande bruxo, também filho de trouxas. Embora ninguém reconheça, é um grande privilégio compactuar com estes dois mundos e aprender a respeitar os seus limites e o dos outros.

- É, depois que completei dezessete anos, fiquei meio receosa em praticar magia dentro de casa, mesmo tendo o incentivo total dos meus pais. - ele parou de beber e a olhou com surpresa.

- Sério? Você também? - ela assentiu com a cabeça. - Puxa, vejo que temos algumas coincidências entre nós então, só falta você me dizer que se inscreveu nos estágios em Runas. - comentou e esboçou um sorriso.

- Na verdade, eu me inscrevi sim.

- Nossa, então... acho que vamos passar bastante tempo juntos Hermione. - ela franziu as sombracelhas no que ele lhe estendeu a mão. - Sandrini Leonard Diggory, seu monitor em Runas Antigas, às suas ordens. - Hermione arregalou os olhos mais surpresa que ele agora e apenas apertou-lhe a mão sacudindo a cabeça.

- É, professor, vejo que tivemos muitas surpresas esta noite. - sorriu fino. Eles se fitaram um pouco mais e depois continuaram a observar o movimento do salão. Contemplavam uma bela cena de valsa clássica agregada agora de fadinhas campestres que pairavam sobre os casais arremessando pó de estrelas sobre suas cabeças. Já estava ficando tarde quando Loueine interrompeu a conversa com um sorriso satisfeito e encarou Harry.

- Você... me leva até a enfermaria? Já passa da meia noite e minha tia não queria que eu demorasse.

- Claro, levo sim. - Harry a acompanhou até a enfermaria. O caminho estava deserto, mas todas as velas que iluminavam o corredor permaneciam acesas. Andavam lado a lado falando pouco até ela parar defronte a porta da Enfermaria.

- Bom Harry, obrigada pelo convite, foi uma noite e tanto.

- É, também gostei. - Harry respondeu enfiando as mãos nos bolsos e sorrindo.

- Seus estágios começam segunda-feira? - perguntou.

- Não sei ainda, acho que sim, se não acontecer nenhum imprevisto. - respondeu comicamente.

- Tenha cuidado. - disse meigamente e baixinho. Harry franziu as sombracelhas meio sem entender. - É que... você agora vai... seguir um caminho onde realmente terá de ser mais corajoso ainda e... me preocupo com o fato de você não ser um mero desconhecido para os bruxos das trevas. Gosto muito de você e não quero que nada de ruim lhe aconteça.

- Ahhh, obrigado Loueine, vou ter cuidado sim, não se preocupe, certo? - ele tentou reconfortá-la.

- Certo. - ele sorriu fino feliz que ela parecesse mais tranqüila. - Ehhh... sua capa. - Loueine retirou a capa dos ombros e entregou a ele no que Harry a dobrou em um dos braços. - Boa noite então. - falou sorrindo.

- Boa noite Loueine. - Harry respondeu e surpreendendo-se consigo mesmo, aproximou-se um pouco e beijou o rosto dela.- Até amanhã. - disse num breve sorriso e saiu.

- A-até! - ela parou absorta com o gesto tão gentil de Harry e depois acariciou o local em que ele beijara sorrindo sozinha.
Harry caminhava pensativo pelo corredor e agora lançara a capa nos ombros. Sírius teria ficado feliz em vê-lo com aqueles trajes, porém Harry considerou isso mais como um momento adiado brevemente. Logo chegariam as férias de verão e poderia estar junto do padrinho novamente. Teriam muitas ocasiões para usar trajes elegantes dali para frente, a começar pelo 38º aniversário de Sírius, que já estava se aproximando. Harry tinha em mente convidar os membros da Ordem mais próximos para um jantar surpresa. Riu imaginando a cara do padrinho, que não era muito apto a demonstrar suas emoções publicamente, quando descobrisse tudo. Ao virar mais um corredor deparou-se com um gigantesco vitral apreciando a vista que ele proporcionava. Vidros coloridos e bastante transparentes formavam a imagem do castelo e embora isso fosse o suficiente para chamar a atenção de quem por ali passasse, era também possível ver através dele, todo o vasto terreno de Hogwarts e a pequena silhueta de Hogsmed, lá ao longe. Ele sentou-se no chão, recostado a um dos beirais do vitral puxando as pernas para si e olhando cada detalhe como se estivesse diante de um enorme mapa. Apertou os olhos, respirando fundo e esfregando uma mão na outra.

- Era exatamente assim que você estava quando o encontrei diante do espelho de Ojesed há... sete anos atrás. - comentou a voz já muito conhecida de Harry que se virou fazendo menção de levantar-se. - Oh não, continue sentado, não vai querer perder a lua, quando ela sair detrás das nuvens. - Harry sorriu fino. Dumbledore se aproximou um pouco mais parando defronte ao vitral com as mãos para trás. - Ahh, é formidável ver como a natureza consegue ser perfeita independente de qualquer magia, não é Harry? Veja, há tanto tempo estou aqui e ainda hoje consigo desfrutar a mesma vista.

- Hogwarts tem sempre algo a nos mostrar, é o que eu acho. Não existiu um ano em que eu não tenha descoberto algum pedaço novo dela, nenhum. - comentou sinceramente entreolhando o diretor e esboçando um sorriso.

- Precisamente isso; parece que ela cresce conosco. - acrescentou com ares de uma sabedoria natural, o que Harry mais prezava nele. - E antes que eu me esqueça, parabéns pela sua aprovação! - felicitou-o e Harry desta vez quis levantar-se.

- Obrigado professor! - agradeceu ajeitando os óculos. - Os estágios começam segunda, senhor?

- Sim, às nove horas Harry. Suas salas serão informadas através de memorandos. - Harry assentiu seriamente. - Ehh Harry,... - Dumbledore se aproximou um pouco mais dele, na voz um tom bastante sério. - ... ainda não tivemos tempo de falarmos, mas estou à par de tudo o que aconteceu durante o seu teste com o professor Lupin e me sentindo inteiramente responsável por este lamentável ocorrido. Jamais em minha vida presenciei algum tipo de aprovação que dependesse mais da sorte do aluno que da capacidade do mesmo, e que garanto, você tem. - Harry engoliu em seco baixando um pouco o olhar. Tocar neste assuntou outra vez o fazia se sentir vazio, despreparado, como se nunca na vida tivesse assistido a pelo menos uma aula de D.C.A.T. e menos ainda passado por tantos desafios, na maioria das vezes correndo perigo de morte. O que fora dor por ver algo tão marcante e que até então só povoava os seus sonhos e imaginação, agora se transformara em uma enorme raiva. Ficara feliz com a aprovação, mas parte dele não julgava merecê-la tanto quanto Rony ou Hermione mereceram a deles.

- O senhor sempre esteve a meu favor professor, mesmo quando eu agi de forma errada e estou certo de que tudo o que houve fugiu ao alcance do senhor e também do professor Lupin de impedir.

- Não estou tentando me justificar Harry, mas há algumas coisas que você tem o direito de saber. – Harry o fitou com os olhos espreitados. - O seu pai também visitou aquele
lugar... em uma outra época. - ergueu a cabeça prestando ainda mais atenção ao que
Dumbledore estava falando. - Eu me lembro bem porque também para ele não foi uma experiência muito agradável. Ele e Lupin beiravam os treze anos quando durante uma de suas...expedições noturnas e secretas pelo castelo ficaram presos lá. Não que eu
desejasse puní-los de forma tão severa, ora essa, afinal eram apenas dois garotos curiosos, como você e como eu também fui um dia. - ele sorriu brevemente. - Mas a sala se encarregou disso pessoalmente e da forma mais dolorosa possível como você mesmo pode constatar.

- E...e o que aconteceu? – perguntou tenso.

-Bem, quando os encontramos naquela madrugada, Thiago alegou que a todo
custo, Lupin tentou mantê-lo distante dos espelhos, como um senso de responsabilidade de alguém poucos meses mais velho que ele, como Lupin era. Mas tornou-se tão assustador para Remo estar ali quanto era para o seu pai. Um ano antes, a melhor amiga de Lupin faleceu de forma trágica. Ele jamais soube exatamente o que foi que houve com ela porque todos acharam melhor poupá-lo da versão verdadeira. Maryanne Sperly, era o nome dela, tinha a mesma idade que Lupin e seu pai e uma habilidade incrível e precoce de prever intempéries do destino; uma garota que a professora Trelawney teria
admirado muito certamente. Naquele verão, sem avisar a mais ninguém sobre suas visões, Maryanne tentou ajudar Remo, pouco antes dele ser mordido por Lobo Greyback. - Dumbledore fez uma pequena pausa em uma expressão de lamento e Harry sentiu a boca amargar. - Mas como já era provável, ele não a poupou da morte e a matou brutalmente enquanto Lupin esteve desacordado. Ah, naquela noite, na Sala dos Espelhos, ele pode ver o que o seu coração tanto desejava saber e estou certo de que ainda hoje ele se culpa pela morte da amiga, como vem se culpando por não ter poupado você da mesma experiência.

- Professor, desculpe, mas... por que manter no castelo uma sala tão cruel com quem entra nela?

- A Sala das Ilusões ou... a Sala dos Espelhos como você a conhece é apenas um cômodo perdido, onde no passado grandes homens lutaram contra os seus próprios receios e medos. Eu aceitei abrigá-la aqui em consideração a um grande amigo meu, o senhor Fidellus Urick e que queria conservá-la em um lugar seguro se necessário fosse reativá-la em tempos difíceis. Você bem sabe Harry, que eu prezo a liberdade de escolha e que trancá-la não seria a forma mais correta de atestar isso. Mas, é claro, Fidellus teve a brilhante idéia de permitir que a sala fosse inativada de lembranças tristes antes de entregá-la a mim.

- Parece que... alguém usou algum contra feitiço muito bom então não é?

- Exatamente Harry, exatamente! E um contra feitiço bastante poderoso eu lhe asseguro. Estamos lidando aqui com magia que você ainda desconhece. – Harry franziu o cenho. Era como se o bruxo poderoso que Dumbledore representava para ele tivesse simplesmente desaparecido.

- Mas, eu pensei que Hogwarts tivesse encantamentos fortes e suficientes para manter todos seguros aqui.

- Justamente aí estabelece-se um pequeno detalhe e é o que quero que você perceba. Quando você e Lupin estiveram naquela sala nenhum dos dois viveu tudo em tempo real Harry, estou certo?

- É, era como se de repente eu e o professor Lupin pudéssemos estar na mesma sala em tempos diferentes.

- Sim e assim como naquele ano desta vez eu também não estava aqui no exato momento do ocorrido. Naquela época Fidellus ainda era vivo e me ajudou a desvendar o que havia acontecido. Tratava-se do que a história da magia e também a ciência moderna chama de: portais tridimensionais. Num curto espaço de tempo, tão mínimo que não conseguimos senti-lo, um ou mais indivíduos são transportados a outras dimensões através de pequenos portais invisíveis. Como uma viagem no tempo sem necessitar de um vira-tempo propriamente dito.

- Então o professor Lupin e meu pai na verdade estiveram na sala como ela era de verdade, antes do senhor Fidellus e o senhor enfeitiçá-la?

- Correto Harry, você entendeu precisamente. Porém, diante do fato de que
seus Testes foram realizados lá porque o Ministério assim estabeleceu, não há
dúvidas de que desta vez foi algo proposital e que provavelmente nem mesmo o próprio Ministro teve conhecimento antes de permitir o envio dos exames. O motivo, ainda estamos tentando desvendar. – Harry tentou brevemente assimilar tantas informações e acenou a cabeça a esmo ainda absorto. - Sei que talvez seja pedir muito, mas gostaria de te pedir honestamente que não permita que estes fatos influenciem o seu desenvolvimento nos estágios pois eles são tão importantes quanto os testes. - Dumbledore pousou a mão nos ombros dele e o olhou por cima dos óculos de meia lua. Harry no entanto desviou o olhar franzindo os lábios.

- Voldemort... - começou ele sem sequer ter resquícios de medo em sua voz. - ... foi derrotado, mas ainda há seguidores dele por aí que adorariam uma oportunidade mínima para reerguerem o reinado dele. - parou brevemente e encarou o professor. - Defender este propósito custou a vida dos meus pais e de muitos outros inocentes senhor e por isso decidi seguir os passos deles. Não vou decepcioná-los agora... não mesmo! - finalizou seu desabafo com frieza e também muita certeza. Porém Dumbledore jamais consideraria isso como uma afronta, mas uma demonstração explícita da coragem que Harry tinha. Depois de mais alguns instantes calado Harry o olhou de novo e desta vez tinha um olhar menos certo. - Ehhh, professor...

- Sim Harry?

- Se tudo isso foi mesmo algum encanto proposital, senhor, porque então eu... eu fui aprovado?

- Ora Harry, ainda não está claro para você qual é a principal característica
que Griffindor considerou entre os membros de sua casa? – Dumbledore
sorriu confiante. - Coragem Harry, a real coragem para encarar seus mais
perversos pensamentos! – e sorriu serenamente sem dizer mais nada, permanecendo ao lado de Harry observando a vista.
Já era bastante tarde quando Harry retornou a torre da Grifinória e a esta altura boa parte dos colegas já deviam estar dormindo ou talvez desfrutando o resto do jantar.


ESPERO QUE AINDA ESTEJAM GOSTANDO DA FIC E QUE SE MANTENHAM FIEL, POIS PRECISO DO COMENTÁRIO DE TODOS PARA QUE ELA CONTINUE PROGREDINDO. ACHO QU EO PRÓXIMO CAPÍTULO VAI AGRADAR UM POUQUINHO ALGUNS ANCIOSOS, MESMO QUE A CURTO PRASO...RSR. AGUARDEM E ATEH LÁ!!!

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