Testes Finais (capítulo altera
Capítulo XVII
Testes Finais
Como se o sol soubesse que os setimanistas precisavam de um incentivo maior naquela manhã de segunda-feira, ele atravessou todos os vitrais colorindo a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Uma boa quantidade de alunos ainda retornava do feriado prolongado e os Testes Finais haviam sido marcados para terem início ao meio dia em ponto. Tão logo Hermione fora a primeira entre as garotas a saltar de sua cama, ela desceu para apreciar seu café com tranqüilidade. No mesmo instante em que chegou ao salão comunal da Grifinória terminando de abotoar sua capa por cima do uniforme, deparou-se com uma presença incomum prestes a sair.
- Loueine...? – chamou incerta se era mesmo a visitante de Witchcrafts quem estava ali.
-O-oi Hermione! – respondeu meio que surpresa em vê-la. – Que bom revê-la! – Hermione sorriu fino.
- Desculpe perguntar, mas o que faz aqui? – Hermione quis saber.
- Ah bom, éhhh... outra daquelas festinhas entre as garotas do sexto ano, sabe como é? – explicou sorrindo timidamente. – Se... tivessem me dado tempo eu teria procurado você, apesar de que não a vi por aqui por volta das sete horas.
- Ontem demorei a voltar pra torre porque passei o dia com a minha avó.
- Sim, agora me lembro que realmente alguém comentou alguma coisa a respeito. – as duas se olharam por alguns instantes em silêncio. Hermione pensou que logo logo Loueine estaria rindo atoa com o convite de Harry para ir ao baile com ele, o convite que Hermione tanto esperara e que descartara definitivamente da forma mais imbecil que conseguia imaginar, afinal praticamente incentivara Harry a convidar Loueine na noite anterior. Não queria sentir nenhum tipo de aversão pela garota a sua frente, mas estava sendo complicado controlar isso. - E então? Pronta para os testes? – Loueine perguntou como se adivinhasse que deveria quebrar o clima.
-Por mais que tenhamos estudado nunca nos sentimos realmente prontos. – respondeu tentando não ser fria.
- Acho que entendo o que quer dizer, foi exatamente o que o Harry me falou. – era incômodo ouvi-la falar em Harry, pra não dizer odioso. – Ele está bem?
- Está ótimo! – respondeu brevemente forçando um sorriso.
- Hum, ele parecia preocupado ontem, mas não deu pra perguntar se algo o aborrecia.
- Não deve ser nada, acredite!
- Espero que não, ele já parece ter muitos problemas e...
- Loueine, desculpe, mas eu... preciso mesmo ir. – interrompeu-a Hermione querendo sair dali o mais depressa possível.
- Claro! Sem problemas! Sei perfeitamente que seu tempo é curto hoje.
- Bastante. – Hermione já estava perto do buraco da saída. – Até mais! – disse acenando e saindo antes que Loueine pudesse responder alguma coisa.
Enquanto caminhava Hermione pensava no fato de ter sido grossa indevidamente com a garota, afinal ela nada tinha a ver com o fato de que Hermione não fora corajosa o bastante para admitir o que sentia em relação à Harry.
- Hermione, espere! – alguém chamou às suas costas correndo ao seu encontro. Gina Weasley acabara de sair do banheiro feminino terminando de prender os cabelos num rabo de cavalo. Assim que alcançou Hermione as duas retomaram os passos juntas. – Puxa, que horas são? – Gina perguntou.
- São oito e meia. – Hermione respondeu depois de consultar seu relógio.
- Nem acredito que consegui acordar cedo, puxa! – comentou no que Hermione não pode deixar de sorrir. –Aonde você ia com tanta pressa?
- Tomar meu café. Lembra-se que hoje é o dia dos testes, não?
- Como eu poderia esquecer, não se fala em outra coisa por aqui. – agora estavam quase perto do grande salão e podiam ver através das janelas os últimos alunos retornando. Gina parou de repente. – Droga! – resmungou baixo. Hermione parou mais a frente e virou-se.
- Que foi? – perguntou se aproximando dela.
- Malfoy! - Gina respondeu desanimada e Hermione olhou para o jardim. Draco Malfoy acabara de saltar de uma carruagem com o brasão dos Malfoy e agora caminhava seguido, pelo que parecia ser seu criado, que carregava um monte de bagagens resmungando. Hermione voltou a olhar Gina.
- E você está mesmo ligando pra isso? Ele não tem nada a ver com a sua vida!
- É, mas pode ser forte influência para o Blázio.
- Se Draco for forte influência, então sinto muito Gina, Blázio não é o cara certo pra você! – Gina olhou para Hermione em concordância. – Olha, não sofra por antecipação, provavelmente o Draco nem faz idéia de que vocês estejam saindo, faz?
- Não, mas uma hora vai acabar sabendo, afinal eu mesma concordei em não esconder nada do Rony, se ele também não escondesse nada do Draco quando ele voltasse.
- Pode até ser justo que o Rony saiba, porque ele é seu irmão, apesar de que nem mesmo ele pode impedir que você saia ou deixe de sair com quem bem entender. Mas o Draco? Gina, ele é um grande babaca que adora se fazer de líder perto dos amiguinhos dele, quando na realidade não passa de um grande covarde se está sozinho. – Gina se afastou da janela.
- Eu sei, mas... imagine só Hermione o inferno que ele pode criar com tudo isso. Não é todo dia que uma grifinória começa a sair com um sonserino.
- Vamos ver pelo lado bom, sempre há uma primeira vez pra tudo! – animou-a Hermione com um sorriso e Gina lhe retribuiu. A melhor coisa em ter Hermione como amiga era que ela sempre tinha algo de bom a dizer, qualquer que fosse o momento. Alguns segundos depois Rony e Harry se aproximaram bastante falantes e risonhos.
- Que é que vocês duas tanto conversam? – Rony perguntou com curiosidade parando próximo a elas.
- Se fosse algo da sua conta você estaria na conversa não é? – Gina retrucou cruzando os braços e começando a caminhar. Rony resmungando alguma coisa andando atrás da irmã. Harry e Hermione ficaram pra trás abafando uns risos até seus olhos se encontrarem.
- Ainda... conseguiu ter uma boa noite de sono? – Hermione perguntou tentando quebrar o gelo.
- Sim. – respondeu curtamente, afinal sentia-se de certa forma envergonhado por ter sido meio grosseiro com ela na noite anterior. Não conseguia ficar bravo de verdade, não com Hermione.
- Que bom. – comentou e Harry apenas sorriu amarelo colocando as mãos nos bolsos que já estavam até meio gastos por excesso de uso nos últimos dias. – Vai mesmo procurar Madame Pomfrey, não vai?
- Era o que eu ia fazer antes de ir até o salão principal. – Hermione também apenas acenou a cabeça positivamente. – Quer ir até lá comigo? – ele perguntou no que Hermione ficou surpresa e feliz por ele parecer não estar chateado.
- Claro.
Lado a lado, sem falar muito, logo os dois alcançaram a enfermaria. A porta estava apenas encostada como era de costume. Harry deu umas batidas por educação e depois a abriu espiando lá dentro se não avistava Madame Pomfrey.
- Madame Pomfrey? – chamou-a observador.
- Entre! – respondeu sem aparecer. Harry olhou para Hermione.
- Quer entrar? Não devo demorar. – ele perguntou.
- Não, tudo bem, eu espero aqui fora. – falou sentando-se num banco no corredor.
- Certo. – Harry entrou em seguida, fechando a porta às suas costas. Caminhou até o fundo da sala, onde ficava a mesinha que Pomfrey costumava ocupar. Ao lado tinha uma espécie de saleta com prateleiras cheias de poções de onde Harry escutou alguns barulhos. – Madame...? – chamou-a mais uma vez.
- Sim, eu... ah é você senhor Potter? Não me diga que justamente hoje foi se aventurar a jogar quadribol, hum? - perguntou a mulher bastante afoita e caminhando entre as camas, ajeitando os travesseiros. – Porque se for por isso é muita falta de juízo e...
- Não! – Harry apressou-se em negar em um tom ofendido, antes que levasse uma bronca desnecessária.
- Então...?
- Gostaria que... me examinasse.
- Examinar você? E por quê?
- Ontem a noite, pouco antes de dormir, apareceu uma mancha... – Harry ergueu um pouco o suéter e a camisa. – bem... – olhou paralisado. –... aqui? – concluiu incrédulo.
- Não vejo mancha nenhuma senhor Potter, você deve ter sonhado. – ela falou e voltou a ajeitar as camas.
- Não, eu juro que estava aqui e... e parecia inflamada, muito inflamada! - Harry não conseguia compreender o que acontecera.
- Bem, seja lá o que for, não está mais aí. – Pomfrey, percebendo a inquietação dele, colocou os lençóis que carregava a um canto. – Sente-se aqui. – ela o fez sentar-se numa das camas e ele obedeceu ainda aturdido. – Tire seu suéter e sua camisa. – pediu com naturalidade no que Harry engoliu em seco desconcertado. – Vamos logo, vou averiguar se esta mancha não está em outro lugar. – Harry meio sem jeito não questionou e despiu o suéter junto com a camisa do uniforme. Pomfrey olhou cada parte de suas costas, peitoral e braços. – Não, não há nada mesmo. Provavelmente você deve ter esbarrado em algum lugar e a tal mancha sumiu da mesma forma que apareceu. Pode se vestir. – Harry saltou da cama vestindo-se.
- Mas como é que uma mancha some deste jeito?
- Na verdade pode acontecer devido à má alimentação ou porque seu organismo tem forte capacidade de regeneração. – ele apenas a olhou acenando a cabeça positivamente e mostrando entendimento. – E agora se não se importa, tenho muitas coisas para ajeitar. O diretor deseja tudo em perfeita ordem antes dos testes começarem. Nos últimos anos tivemos alguns casos de desmaios e fortes dores de cabeça. – concluiu e novamente saiu andando deixando Harry sozinho e pensativo. Quando ele voltou ao corredor Hermione levantou-se ansiosa.
- E então? – quis logo saber.
- Nada, a mancha simplesmente sumiu! – disse ele sem rodeios.
- Como assim sumiu? Uma mancha daquelas não some assim de repente.
- É, mas esta realmente sumiu e olha que Madame Pomfrey até me examinou e mesmo assim nada de encontrar sequer vestígio. Nem no local onde ela estava, nem nas costas, peito, braços, nada.
- Que estranho. – Hermione comentou pensativa.
- Eu que o diga. – Harry respirou fundo. - Como se eu já não tivesse problemas demais pra me preocupar.
- De qualquer forma Harry, não deve se preocupar com isso agora. Vamos tomar café e ficar prontos para os testes e depois que tudo isso passar damos um jeito de descobrir o que aconteceu, está bem? – Harry deu de ombros.
- Se não há outro jeito.
Os dois seguiram rapidamente para o grande salão, onde desfrutaram do café da manhã, que Hermione observou ser, o mais reforçado de todos que já tinham visto. Tinha todas aquelas delícias que costumavam enfeitar as manhãs e um pouco mais. Todas as comidas favoritas e variedades de sucos e de milk-shakes. Nem se preocuparam com o tempo que ficariam ali, afinal estavam por conta disso. A mesa dos professores estava vazia. Com certeza estavam revendo os últimos preparativos. Logo que terminou o café, depois de mais de uma hora comendo, Rony foi o primeiro a se levantar e apressado.
- Aonde vai? Já são onze e meia! – Harry informou-o.
- Ehhh... vou... procurar o Hagrid. – ele falou andando de costas para a saída como se não quisesse render o assunto.
- Hagrid? Mas você...
- Explico mais tarde e se não nos vermos... boa sorte pra vocês! – Rony desejou antes de apressar o passo.
- Pra... você também Rony. – Harry desejou ao amigo ainda sem entender. Hermione que fora apanhar um livro no dormitório no meio de seu café acabara de voltar.
- Ué, onde o Ronald foi?
- Acho que... falar com o Hagrid, não entendi bem.
- Hum. – Hermione olhou desconfiada e ajeitou-se no banco. - Ehh... já sabe onde vai fazer os seus testes? – perguntou bebericando a última gota de seu leite com canela. Harry apanhou seu formulário de inscrição dentro da mochila.
- Meu teste se dividiu em três disciplinas. – analisou o papel. - Primeiro: História da Magia...
- Ah sim, todos nós vamos ter que fazê-la. É uma prova teórica e comum. Ia ser aplicada em uma única turma, mas são tantos alunos que poderia acabar dando problemas. Então Dumbledore pediu aos diretores das casas que dividissem as turmas.
- Sua sala por acaso é a C? – Harry perguntou.
- Ehhh... – Hermione olhou o próprio formulário. – Não, sala D. – respondeu com pesar de não estarem na mesma sala. Harry continuou lendo.
- Depois disso tenho que ir até a sala do Slughorn, pra fazer o teste de poções, imagino.
- Deste teste eu escapei, mas tenho que fazer o de Aritmancia. – ela olhou do seu formulário para o formulário de Harry. – Diz aqui que você tem que fazer um teste de D.C.A.T e eu presumo que deve ser o seu teste de peso, ou o que será definitivo para sua aprovação, mas não diz onde vai ser feito, por acaso você sabe?
- Talvez na sala do Lupin, vou olhar depois. – ele guardou o formulário. - Acha que muitas pessoas vão fazer o mesmo teste que você? – perguntou Harry.
- Runas é fascinante, mas somente para quem está realmente interessado, ou seja, não há muitas pessoas assim por aqui. – concluiu sorrindo e fazendo Harry sorrir. A amiga era uma das poucas que ainda assistia às aulas desta disciplina tão assiduamente.
- Devemos estar na mesma situação então, não ouvi ninguém comentar alguma coisa a respeito de querer se tornar um Auror, nem mesmo o Neville.
- Tornar-se um Auror é uma escolha difícil Harry, mas você foi corajoso e também talentoso o suficiente para tomar esta decisão importante. Vai ser um grande Auror em potencial, como os seus pais foram.
Harry preferiu se calar ou denunciaria o grande orgulho que sentia. Os dois terminaram o café bastante pensativos e então se levantaram.
- Todos os setimanistas devem se dirigir às respectivas salas indicadas em seus formulários de inscrição. Os demais alunos deverão seguir o procedimento que vos foi orientado. É irrelevante qualquer atitude que comprometa a integridade de seus testes. Tenham um bom teste!
Era a voz da professora McGonagall no alto-falante, que se manifestava todas as vezes que algum comunicado importante e de grande escala devia ser feito.
- Acho que é a hora. – Harry falou virando-se para Hermione.
- É. – ela respondeu parada defronte a ele mordendo os lábios. Sentia vontade de abraçá-lo, mas seu corpo parecia paralisado e receoso em fazer isso. Ele a fitava como se esperasse ela dizer mais alguma coisa e como ela simplesmente não o fez Harry pigarreou e disse:
- Boa sorte então!
- Pra você também. – Hermione respondeu observando Harry sair em seguida.
Assim que chegou na sala indicada percebeu que só haviam rapazes e ficou feliz em ver que quem aplicaria a prova era McGonagall. Ela sorriu ao vê-lo e Harry correspondeu. Apesar de ser bastante severa, ela se simpatizava com Harry e ele lhe era grato por isso. Correu seu olhar pela sala e avistou apenas Simas e Dino já sentados em seus lugares e acenou pra eles. O restante eram alunos das outras casas que Harry mal conhecia direito. O teste de História da Magia não parecia ser um teste, mas uma prova comum como a que fazia todos os anos. Sentou-se retirando seu tinteiro e pena de dentro da mochila. Não demorou muito escutou o sino badalar doze vezes indicando o início oficial dos testes. Uma prova escrita era o que menos preocupava Harry, mas ele precisava ter toda a atenção possível. Aos poucos os alunos foram saindo e também Harry, depois de pelo menos uma hora e meia escrevendo. Rumou para as masmorras onde teria de fazer o teste de poções. Para a infelicidade dele, um dos poucos alunos que iria fazer este teste era Draco Malfoy, mas com certeza não com o mesmo objetivo de Harry. Preferiu fingir que não o vira para evitar qualquer aborrecimento, mas o garoto pálido da Sonserina foi mais rápido e parou defronte a ele.
- Com pressa Potter? Ou por acaso está com tanto medo que precisa de um banheiro antes de ser reprovado? – sorriu ironicamente.
- Na verdade um banheiro não seria má idéia depois de ver a sua cara. – Harry retrucou no que Draco não se deu por satisfeito exprimindo uma risadinha sarcástica e forçada.
- Ora, ora, soube que vai ser um... Auror, que tocante! – ele gargalhou mais, no que Harry caminhou tentando ignorar. - Agora sim está mais parecido com o seu pai, aquele bruxo nojento, mestiço e insignificante! – Harry virou-se abrupto.
- É verdade, mas pelo menos tenho orgulho de ser filho dele, afinal ele não está preso em Azkaban! – as palavras cortaram o sorriso do rosto de Draco mais rápido do que Harry virou-se novamente rumo à sala. Há muito Draco tinha plena certeza de que seu pai estava preso em Azkaban por culpa de Harry.
- Ah seu... vai se arrepender por isso! - esbravejou Draco empunhando sua varinha numa fração de segundos ao mesmo tempo em que sentiu uma mão tocar seu braço o barrando.
- Não vai querer ser desclassificado antes mesmo de fazer o seu teste não é mesmo senhor Malfoy? – perguntou o professor Orace Slughorn com um sorrisinho que deixou Draco ainda mais nervoso e o fez relutantemente recuar abaixando a varinha. – Ótimo! Acho que o senhor entendeu. – o homem baixo passou por ele entrando na sala. Draco levou as mãos trêmulas nos cabelos antes de seguí-lo.
- Boa tarde meus caros alunos! Espero que todos estejam preparados para o mais importante dia de suas futuras carreiras. – enfatizou. - Estou certo de que fiz minha parte tentando instruí-los na arte de se preparar poções, então não vão me decepcionar, ok? – o homem deu uma risadinha pomposa e foi até a sua mesa. – Sobre a mesa de cada um de vocês há a prescrição da poção que desejo que cada um prepare no prazo máximo de duas horas. Não há poções iguais, então nem devo adverti-los sobre tentar colar. Assim que terminarem, despeje algum conteúdo em um de seus frascos, entreguem a mim com os seus nomes e saiam. – ele olhou uma última vez para o seu relógio de bolso. – Podem começar e boa sorte! – deu uma leve piscadela quando seus olhos pararam em Harry, que definitivamente era o seu aluno favorito dentre os que estavam na sala. Harry engoliu em seco, sorriu fino e voltou-se para a sua poção. “Amortentia”, ele leu e sorriu para si mesmo pensando se o teste até agora não estava fácil demais. A poção do amor fora uma das poções preparadas no ano anterior junto com Slughorn e para a sorte de Harry e também porque Hermione, e ele a adorava mais ainda por isso neste momento, revisara incansavelmente esta e outras poções. Começou o preparo colocando cada ingrediente com bastante cautela e jeito. Slughorn de vez em quando passava entre as fileiras observador e sorridente. Faltava somente um ingrediente agora e se Harry sentisse o cheiro do que ele mais gostava, era porque tinha dado certo. Quando a poção finalmente atingiu o aspecto perolado e uma fumacinha branda com aroma de madeira polida, torta de caramelo e um perfume familiar ao de Hermione pairou sob o nariz de Harry, no que ele fechou os olhos por uns instantes antes de voltar à tona, ele viu que estava feito e tratou logo de despejar o conteúdo de seu caldeirão para um dos frascos já separado. Fora um dos últimos a sair depois de entregar a Slughorn.
- Ehhh... senhor Potter? – chamou-o quando Harry terminou de colocar a mochila nas costas, já no corredor.
- Sim, professor. – virou-se e o professor aproximou-se dele.
- Acho que agora é só esperar, apesar de que já posso prever o resultado não é mesmo meu caro rapaz? – disse empolgado dando uns tapinhas nas costas de Harry.
- Eu espero ter me saído bem mesmo. – falou modestamente coçando a nuca.
- Ah, eu conheço um bom preparador de poções quando vejo um e posso lhe assegurar que isso está em seu sangue. Sua mãe, que Deus a tenha, era perfeita e tenho certeza de que o senhor também o é. – Harry sorriu sem jeito. – Ah, o mundo da magia só terá a ganhar com os seus feitos senhor Potter, um futuro e promissor Auror. É uma carreira brilhante, se quer mesmo saber.
- O-obrigado, senhor!
- Agora vá! Ainda tenho que esperar por mais um aluno, que pela demora não tem o mesmo tato que o senhor. – comentou e Harry não conseguiu deixar de rir. - Até breve jovem Harry!
- Até professor Slughorn.
Ciente de que seu próximo teste seria o de Defesa contra as Artes das Trevas e também o que mais preocupava Harry, ele seguiu até a sala onde tivera aulas com o professor Lupin e não demorou para alcançá-la. Mas para sua surpresa ela estava trancada e havia um pedaço de pergaminho dobrado e pregado na porta com seu nome escrito. Ele o retirou da porta e abriu. Era familiar ao mapa do maroto, mas não continha a indicação das pessoas caminhando, somente a dele, no local exato em que estava. Começou a caminhar pelo corredor deserto olhando para os lados. Onde estaria indo? Não se lembrava de ter passado por ali antes. Começava a ficar meio receoso quando avistou Lupin esperando por ele a alguns passos.
- Professor Lupin? – indagou surpreso.
- Olá Harry, pensei que tinha desistido. – comentou num sorriso fino.
- Não, mas por um momento achei que estivesse perdido.
- Tantos anos estudando aqui e não é o bastante para se conhecer toda Hogwarts não é?
- Acabo de deduzir que infelizmente não.
- Vamos prosseguir o caminho, segundo a orientação que tenho aqui, agora falta pouco. – disse começando a caminhar.
- Ehh, professor...?
- Sim?
- Ninguém mais vai fazer este teste?
- Não agora Harry, Dumbledore achou pertinente que o teste de peso de cada aluno fosse feito individualmente. - ele explicou. Meio sem entender Harry seguiu Lupin corredor afora. À medida que iam andando o corredor se estreitava e escurecia dando um aspecto bastante tenso àquela situação toda. De repente Lupin parou e empunhou a varinha sutilmente. – Bem, parece que é chegamos! – informou no que Harry apenas observou. Lupin deslizou a ponta de sua varinha pela parede formando um arco luminoso que se materializou em porta. – Alohomorra! – disse e a porta se abriu rangendo suas dobradiças velhas. Estava totalmente escuro lá dentro, mesmo assim Lupin deu passagem à Harry. Em seguida entrou fechando a porta às suas costas.
- Lumus! – Harry falou por impulso agitando sua varinha no escuro.
- Obrigado Harry. – agradeceu o professor Lupin acendendo todos os castiçais que cercavam a sala. Conforme a claridade a invadiu Harry começou a sentir-se mais apreensivo. Aquele lugar lembrava-lhe e muito uma das salas do ministério da magia, o mesmo local em que Sírius quase fora morto dois anos antes. Também era circular, bastante extensa e com algumas estantes. Mas o que mais chamava a atenção era a quantidade de espelhos que a circundava. Se estivesse desavisado poderia até se confundir ali dentro e não encontrar mais a saída. O chão era de um piso de madeira velho coberto por alguns tapetes. – Tudo bem aí Harry? – Lupin perguntou depois que a sala estava completamente iluminada.
- Ehhh... sim, estou bem. – respondeu incerto se realmente estava bem. – Desculpe professor, mas... que lugar é este?
- Queira me desculpar Harry, mal tivemos tempo de falar sobre isso. Esta é a Sala dos Espelhos. Fazia um bom tempo que eu não vinha aqui, mas posso lhe assegurar que sua aparência está bem melhor do que da última vez em que a vi. – era difícil acreditar que aquele lugar podia ter uma aparência mais estranha do que a atual. – Eu só soube que seu teste de D.C.A.T. seria aplicado aqui esta manhã. – Harry apenas sacudiu a cabeça positivo e silenciosamente mostrando entendimento. Não queria transmitir à Lupin, um dos melhores amigos de seu pai, o nervosismo que o tomava embora notasse que Lupin também estava estranhamente tenso. Depois de colocar o envelope pardo que trazia consigo sobre uma pequena mesa no centro da sala o professor Lupin olhou para Harry fixamente. – Bem Harry... – esfregou as mãos e apoiou-as sobre a mesa. - ...começamos quando me disser que está pronto.
- Eu já estou pronto professor. – respondeu Harry decidido.
- Muito bem, vamos abrir os seus testes então! – Lupin apanhou o envelope e abriu-o. Harry esperava atento. – Parece que eu estava mesmo certo Harry, você terá de fazer dois testes de D.C.A.T. – informou Lupin sem rodeios retirando mais dois envelopes menores de dentro do envelope grande. - Eu já estava esperando por isso. – nos dois envelopes havia números, um e dois respectivamente, inscritos nas suas partes frontais. Lupin abriu logo o primeiro e fez uma expressão agradável e ao mesmo tempo surpresa. Parou alguns instantes e voltou seu olhar à Harry. – Aparatar. – falou.
- Desculpe? – Harry franziu o cenho. – O senhor disse aparatar?
-Sim disse. É estranho como isso está bastante simples, mas, é o que diz aqui. – ele circulou a mesa e se aproximou de Harry mostrando-lhe o que acabara de ler. Harry leu incrédulo.
- É só isso que tenho de fazer? – quis saber ainda espantado com a facilidade.
- Espero que esteja preparado. Você praticou ano passado não foi? Como se saiu?
- Bom, acho que bem, a medida do possível. – Lupin sorriu. – Mas não se é possível aparatar em Hogwarts, é?
- Talvez esta seja a razão de terem escolhido esta sala para a realização deste teste Harry. – Harry espreitou seus olhos verdes sem entender. – A Sala dos Espelhos foi imapeada pelo próprio Dumbledore também por este motivo.
- Entendo.
- Bem Harry, a hora em que estiver pronto me dê o aval, sim?
- Está... está bem. – Harry parou e tentou concentrar-se. Apesar de parecer bastante simples, não era nada agradável aparatar, Harry bem lembrava, mas ia tentar fazê-lo com sucesso. Fechou os olhos apertando a varinha em sua mão e de repente sentiu seu coro e cabeça girarem rapidamente e aquela sensação nostálgica o invadiu inteiro. Parecia que tudo estava dando certo, tinha que se concentrar em voltar para o mesmo lugar. Caiu com um baque tão forte que seus óculos caíram. Apalpou até encontrá-los de novo e metê-los na cara. Levantou-se sacudindo a poeira das vestes e retomando seu olhar para o lugar. Era a mesma sala, então conseguira. Mas onde estava o professor Lupin e a mesa central? Alguma coisa não saíra direito, Harry concluiu rapidamente. Olhou ao redor empunhando sua varinha. – Professor Lupin? – chamou.
- Harry, você está bem? – perguntou preocupado.
- Estou, onde o senhor está? – Lupin demorou uns instantes para responder onde estava. –Estou... estou na Sala dos Espelhos e você?
- Também... estou na sala dos espelhos professor. – a questão era que nem Harry conseguia ver Lupin e nem Lupin a Harry.
- Está... acontecendo de novo? – falou para si mesmo.
- O que disse professor?
- N-nada Harry, nada. Provavelmente faz parte do seu teste. O mais complicado você já conseguiu, aparatar. – tentou passar tranqüilidade a ele. – Preciso que me diga agora se há algo diferente onde você está?
- Hmm... não senhor, só não há a mesa, mas o restante esta a mesma coisa.
- Certo, então não é um truque.
- Truque? – aquilo o deixou tenso. – Quer dizer... como... como a taça do torneio tribruxo que era uma chave de portal?
- Eu não vou mentir Harry, foi exatamente o que me veio a mente, porém não quero que se desconcentre e fique calmo está bem?
- Sim. – Harry respondeu com firmeza.
- Certo, vamos ver se isso está inserido nos testes... – Lupin falou para si mesmo abrindo logo o segundo envelope e lendo-o rapidamente. – Sim, foi o que pensei.
- Professor...?
- Tudo bem Harry, isso faz mesmo parte do seu teste. Acabo de abrir o segundo envelope.
- E o que eu faço agora? Tento aparatar de volta?
- Não! Acho que todo este teste está abduzido de algum vira-tempo provavelmente e tentar aparatar pode prejudicar você. Não posso te ajudar mais, isso poderia invalidar o seu teste. Um dos espelhos deve revelar a saída. Tome cuidado para que não se confunda, pois dentro de cada espelho... – Lupin parou antes de prosseguir.
- Eu estou ouvindo professor. – Harry alertou-o percebendo que ele novamente se calara.
- Há uma forte lembrança sua. – ele concluiu. Harry olhou novamente ao redor e respirou fundo.
- Vamos lá Harry, são só espelhos! – disse encorajando a si mesmo, afinal não parecia ser tão difícil. Tudo o que precisava fazer era achar o espelho certo e sair dali. Recordou todas as experiências que vivera ao longo daqueles sete anos, isso poderia ser óbvio pra ajudá-lo. Ali, olhando do centro, todos os espelhos só lhe mostravam seu reflexo por enquanto. Algum deles teria algo diferente? Um sinal? Observou mais uma vez atento e desejou que os amigos estivessem ao seu lado. – Siga o seu coração! – uma voz parecia falar dentro de si, a voz de Sírius. Ele sorriu brevemente, fechou os olhos e deu o primeiro passo apontando sua varinha para um dos espelhos à direita. À medida que se aproximava ele ia tomando outras formas e o reflexo mais parecia uma Penseira gigante. – Rony? – era a lembrança do dia em que conhecera seu melhor amigo, no trem. Harry sentiu vontade de permanecer ali para rever a cena, mas não podia, tinha que prosseguir. – Bombarda!> – falou e o espelho se quebrou, mas nada de revelar a saída.
- Tudo bem aí Harry? – Lupin perguntou.
- Acabo de destruir um dos espelhos, mas não... - Houve um estalo ao centro da sala.
- Harry? – Lupin chamou-o tenso. Na outra sala, a em que Harry estava, um relógio antigo aparecera como uma espécie de cronômetro falante:
Quinze espelhos o circundam
Dez tentativas você tem.
Qualquer distração pode levá-lo à ruína,
Qualquer astúcia ao sucesso.
O tempo é seu maior desafio!
Boa sorte!
E depois disso o tic-tac do relógio indicou que o tempo se esgotaria em exatos dez minutos.
- Droga! – resmungou.
- Qual o problema?
- Uma charada e um cronômetro. Tenho dez minutos!
- Dez minutos? Então... não perca tempo Harry, continue!
- Sim! – ele respondeu agora mais preocupado que nunca, pois o tempo era curto. Concentrou-se em outro espelho do lado oposto ao que se partira e mais uma vez à medida que se aproximou ele tomou outras proporções. Então viu a cena do beijo que acontecera entre ele e Hermione em Hogsmed havia poucas semanas. Isso fora tão especial, ele suspirou, mas não podia prendê-lo agora. – Bombarda! – gritou novamente e este espelho imitou o outro, apenas se quebrando. Harry exprimiu um ruído de raiva e desapontamento. Tentou o espelho às suas costas, viu seu primeiro vôo numa vassoura, lançou o feitiço e mais uma vez nada! E outro... e mais outro! Nove tentativas perdidas, começava a ficar realmente nervoso de desperdiçar suas tentativas daquele jeito. Um teste que dependia mais da sorte do que de suas habilidades? Odiou o Conselho de magia por isso, mas não era hora para isso. Restavam agora seis espelhos e um minuto apenas para o tempo se esvair. – Concentre-se! – repreendeu a si próprio e escolheu o único espelho que não parecia tão empoeirado, quando olhado de perto. Deixou-se guiar pela intuição, afinal era sua última chance. A lembrança mais uma vez começou a se formar no reflexo e ele viu Sírius, o dia em que descobrira que ele era seu padrinho e que não estava mais sozinho. Uma sensação de que aquele espelho era a saída, pois Sírius era sua saída para nunca mais ficar sozinho, invadiu seu peito e ele não hesitou em lançar o feitiço. –Bombarda! – falou com mais convicção que das outras vezes. E uma luz ofuscou a imagem de Sírius e ele avistou Lupin a alguns passos sorrindo. Finalmente encontrara a saída. E então de relance olhou para um dos espelhos ao lado e viu aquela estranha cena, que definitivamente não parecia fazer parte de suas lembranças.
- Harry...? – a voz de Lupin sibilou parecendo distante.
Lílian o carregava no colo, devia ter pouco mais que um ano de idade. E Thiago, tentava chamar a atenção dele com algum brinquedo nas mãos.
- Mamãe? Papai? – sussurrou e seus olhos verdes flamejaram, assim como o sorriso que brotou em seus lábios secos. Aquela lembrança de repente o fizera perder a noção do tempo. Lupin começou a caminhar na direção dele estranhando a demora em que Harry tinha em atravessar aquela saída. Eram a sua família e estavam vivendo um momento realmente feliz. Mas de repente o terror tomou os olhos da mulher, como se ela antevisse alguma coisa. E tomou também os olhos do homem que mencionou alguma coisa pra ela. Harry não entendia bem o que estava havendo. Então alguém com vestes negras e de rosto coberto por um capuz invadiu a sala e lançou a maldição da morte sobre Thiago. – NÃO! – Harry berrou se aproximando do espelho um pouco mais no que Lupin apressou seu passo. O reflexo mostrou Lílian no quarto de Harry, chorando e o abraçando contra o peito. Harry espreitou seus olhos sentindo-os arder. Voldemort invadiu o quarto e ela sussurrou algo aos ouvidos de Harry antes de colocá-lo no chão e virar-se pronta para enfrentar o lorde das trevas sem o menor medo. E então ele apontou mais uma vez a varinha para Lilían. Lupin alcançou Harry, que agora empunhara a própria varinha, desnorteado pela raiva, pronto para quebrar o décimo primeiro espelho e arruinar todo o seu teste.
- HARRY NÃO! - bradou o puxando para fora daquele lugar e imediatamente o relógio virou mil pedaços e a passagem se fechou. Os dois caíram com um baque do outro lado. Lupin se levantou empunhando a varinha. – Conseguiu! – falou ainda pálido e olhou para Harry pronto para comemorar o seu feito. – AHA! Harry você conseguiu, você... – mas Harry levantou-se num impulso completamente enraivecido e atirou sua varinha ao chão saindo da sala ventando. - Harry! – chamou-o em vão antes de apanhar a varinha de Harry no chão e a fitar tristemente por tê-lo feito vivenciar tal cena. O rapaz precisava ficar só agora, Lupin bem sabia. E nem ele, nem qualquer outro podia ajudá-lo.
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