Snape
Severo Snape encontrava-se em sua masmorra, absorto em pensamentos, quando ouviu uma revoada de coruja entrando pela única janela do aposento.
Snape reconheceu a coruja marrom de Dumbledore e ficou curioso ao constatar que ela levava amarrado à pata um envelope branco muito fino com letras douradas que lembrava muito um convite. E era.
“Convidamos alunos e funcionários a participar do baile de inverno, que será uma oportunidade para socializar-nos com os visitantes estrangeiros de Beuxbatons e Durmstrang. O Baile terá início às vinte horas do dia vinte e dois de dezembro e contará com a participação da famosa banda As Esquisitonas. Contamos com a sua presença,
Alvo Dumbledore.”
O velho tinha ficado caduco de vez. Um Baile? Dumbledore tinha realmente noção do que aquilo significava?
E então, a mente de Snape foi invadida por uma série de lembranças desagradáveis (e algumas agradáveis também, ele teve de admitir a si mesmo): Seu primeiro baile em Hogwarts.
Severo Snape estava em seu quinto ano quando recebera aquele mesmo convite em seu dormitório na Sonserina.
Era um adolescente alto, magro e desengonçado, porém com certo charme no seu ar misterioso. Caladão, nunca abria a boca nem nas aulas, mas ainda assim era um ótimo aluno, o primeiro da turma. A única aluna que chegava perto de tirar as notas que Severo tirava era a bela Lily Evans, também conhecida por ser um dos objetos de afeição preferido do popular James Potter.
Pois bem, Severo recebera aquele convite e precisava de um par. Isso não pareceu incomodá-lo durante um certo período de tempo: era óbvio que ele não arrumaria nenhum par e nem queria. Achava as garotas em sua grande maioria seres fúteis e vazios. Ficavam para lá e para cá fofocando a respeito da vida alheia, comentando sobre as últimas poções de beleza e elegendo o garoto mais bonito de cada casa.
Não que os garotos também não fizessem coisas do tipo. As conversas que Severo costumava ouvir resumiam-se a quadribol e garotas. Assim, preferia manter-se calado do que adentrar naquele poço de futilidade.
E para melhorar seu estado de espírito, Severo tentou lembrar-se de sua última experiência com mulheres. Após dez minutos de uma busca cuidadosa pelo interior de sua memória, ele concluiu que não tinha uma experiência sequer que envolvesse sua pessoa e uma garota na qual seus corpos estivessem a menos de dois metros de distância.
Pensava em tudo isso enquanto descia para os jardins, afim de aproveitar os últimos raios de sol do dia para tentar melhorar um pouco o aspecto doentio que o tom de branco-pálido-esverdeado de sua pele lhe conferia. Mas então gritos femininos entraram por seus ouvidos, e segundos depois estava escondido atrás de uma pilastra, fazendo uma coisa que ele nunca pensara que chegaria a fazer: espionando a vida alheia.
Lilly Evans discutia em altos brados com James Potter:
“Eu NÃO vou ao baile com você, não adianta quantas poções do amor você me ofereça!”
“Ora, vamos, Evans, eu não precisaria apelar para uma poção do amor se você concordasse em ir ao baile comigo por livre e espontânea vontade!”
“Muito engraçado, Potter! Mas eu já disse e mantenho a minha palavra: Preferiria ir ao baile com a Lula Gigante do que com você!”
“Ah, é? Mas que eu saiba a senhorita não tem par ainda, ou estou enganado? A Lula Gigante recusou seu convite? E se quer saber, Evans, não tenho muita certeza se você conseguiria algo melhor do que o papai aqui!” – E apontou para o próprio peito – “Já que você se considera tão melhor que eu, arrume logo um par e eu paro de lhe importunar!Eu posso ter a garota que quiser!”
Lilly Evans pareceu tomar as insinuações de James Potter de que ela era incapaz de arrumar um par para o baile como ofensa pessoal.
“Pois eu digo que qualquer um nesse castelo é melhor que você! Vou convidar o primeiro garoto que aparecer na minha frente e ele vai aceitar!”
James Potter calou-se, mas permaneceu com um ar de riso debochado na face. Evans virou-se e topou com um Snape muito interessado em sua conversa. Não pareceu reconhece-lo, ou não teria dito:
“VOCÊ vai para o baile comigo!”
Não era uma pergunta; era uma afirmação. Snape ainda tentou balbuciar alguma coisa, mas desistiu ao dar com o olhar maníaco de Evans.
Potter gritou algumas vezes para que a garota voltasse, mas não obteve resultados. Então, é claro, resolveu descarregar sua frustração em cima de Severo...
“Ah, só assim mesmo que você arrumaria um par não é, Severo? Espero que Lúcio Malfoy não fique com ciúmes...”
“Como se sente tendo levado o maior fora da história de Hogwarts, Potter?” – Snape sibilou. Sabia que ela teria convidado até mesmo o Professor Binns se ele tivesse cruzado o caminho da garota naquele momento, mas ele via sua chance de arrasar Potter ali.
“Acho que o que eu dei para Evans não foi uma poção do amor e sim um poção da cegueira!”
Mas Potter retirou-se dali, cuspindo no chão e esbarrando com força propositalmente no ombro de Snape.
Mas então sua ficha caiu. Ele agora, pela primeira vez na vida, teria um par para um baile. A principio isso não parecia uma má idéia. Exceto que a dita cuja em questão era uma Grifinória, e Sangue-ruim ainda por cima... O que seus colegas sonserinos diriam? Ao mesmo tempo, via a possibilidade de humilhar Potter como nunca havia feito, e se vingar do episódio após os NOM´s, no qual ele só não teve as cuecas abaixadas em frente a toda Hogwarts devido á ligeira intervenção do Prof.Dumbledore. E de quebra, Lilly podia ser uma Grifinória Sangue-Ruim, mas não era de se jogar fora. E lá se foi Severo Snape ocupar sua mente com planos para conquistar Lilly Evans e esfregar na cara de Potter. Pelo menos era isso que pretendia ao acatar tal sugestão dada por Lúcio Malfoy...
No dia seguinte, uma sexta-feira, véspera do baile, Snape procurou Lilly na saída da sua aula dupla de poções com a Grifinória, e aprumando-se, falou com o tom de voz mais gentil e maduro que conseguiu fazer:
“Oi, Evans. Eu preciso falar com você.”
As amiguinhas de Lilly deram risadinhas afetadas, mas ela mandou que calassem a boca, e já ia dizer um “não tenho nada para conversar com você” quando notou que Potter os observava de longe. Isso pareceu fazer Lilly se animar, e a garota respondeu:
“OK. Eu precisava mesmo conversar com você.”
Ambos se retiraram sob assovios dos colegas, para um lugar onde tivessem mais privacidade.
“Evans, eu... Eu queria...”
“Não diga nada, Snape. Eu sei que você não quer ir ao baile comigo, e eu peço perdão por ontem, eu estava realmente alterada. Mas é que o Potter, ele realmente me tira do sério...”
“Eu entendo perfeitamente o que você diz. Mas... Eu tenho que dizer...” – E custou-lhe toda a astúcia sonserina para transmitir verdade nas palavras – “Eu quero ir ao baile com você. E eu gostaria também... De pedir desculpa. Por ontem e por todas as vezes que eu lhe ofendi”
Lilly acreditou piamente nas palavras de Severo. O sonserino pôde ver que os olhos de Lilly brilhavam e ela tinha corado ligeiramente.
“Bom... Tudo que eu posso dizer... Isso é realmente inesperado, eu... Tudo bem, está certo, vamos ao baile, eu aceito suas desculpas.”
Bingo! Snape tinha apelado para o lado nobre e solidários dos grifinórios. Sabia que ela ia aceitar suas desculpas, e mal podia esperar para ver a cara do Potter quando entrasse no baile com sua amada, quando estivesse beijando Lilly Evans bem debaixo de seu nariz...
Opa, pára tudo. Quem disse que Severo Snape sabia dançar? Quem disse que Severo Snape sabia beijar?
De volta ao Salão comunal da Sonserina, Severo largou-se em sua cama e lançou um feitiço imperturbável ao redor de seu dossel, e começou a treinar beijos no espelho.
Não soube quanto tempo demorou ali até que se desse conta do ridículo da sua situação. Tinha quinze anos e nunca havia beijado uma garota. Era aviltante! Ele o próprio príncipe mestiço, que conhecia mais Arte das Trevas que qualquer outro, o primeiro da turma, aclamado pelos professores como o melhor aluno de Hogwarts... Certamente não era tão feio; era mais bonito que Pedro Pettigrew (o que não chegava a ser um consolo), mais bonito que Remo Lupin, e até a bela Lilly Evans o havia convidado para o baile! Enquanto isso Malfoy vinha semanalmente desde o terceiro ano, narrar-lhe seus grandes feitos na cama, cada vez com uma garota diferente. Embora Snape duvidasse seriamente da veracidade de tais relatos, deixou pela terceira vez naquele dia a sua dignidade de lado e foi falar com Malfoy a respeito desse problema:
“Então, meu caro Severo, deixe ver se eu entendi bem o seu problema: Você quer aprender a beijar?”
Malfoy parecia bastante divertido. Já Snape, não achava a menor graça naquilo, mas estava desesperado.
“Psssiu! Fale baixo. Não quero que ninguém ouça... Mas o fato é o seguinte: Eu não tenho experiência alguma com garotas, e você sabe, eu vou levar a Sangue-ruim Evans para o baile amanhã, e eu quero me vingar do Potter... Resumindo, preciso deixar a garota caidinha por mim.”
Malfoy continuava divertido.
“Fique tranqüilo, ninguém ficará sabendo desta nossa conversinha. Em nome de nossa duradoura amizade, vou lhe sugerir uma solução, mas é arriscada.”
“Qualquer coisa para me vingar de Potter.” – Respondeu prontamente.
“Se você tivesse me comunicado antes, poderia providenciar para você uma poção do amor, mas meu estoque esgotou-se e elas demoram uma semana para ficarem prontas. A solução que eu sugiro é essa poção: A poção do desejo.”
Malfoy indicou-lhe um frasco de poção vermelha escondida em seu baú.
“Então foi assim, Malfoy, que você conseguiu arrastar tantas garotas para sua cama?” – Snape perguntou, ironicamente. Malfoy ignorou o comentário.
“Você só precisa colocar algumas gotinhas dessa poção na bebida da sangue-ruim e qualquer coisa que você fizer para ela parecerá sexy e atraente. Agora, isso é Arte das Trevas, por isso você precisa ter cuidado. E não exagere ou poderá acabar em maus lençóis, se é que me entende...”
Snape entendeu perfeitamente. Guardou o frasquinho no bolso interno de suas vestes e agradeceu Malfoy, antes que este se retirasse. Aquele baile prometia...
[...]
Severo viu Lilly Evans no Salão Principal esperando-o, e ela estava imensamente linda. Usava um vestido vermelho colante de gola alta, que combinava com a cor de seus cabelos, que estavam trançados e eram coroados com uma delicadíssima tiara de brilhantes.
Severo também não estava mal, apesar de tudo. Usava modernas vestes, (coincidentemente parecidas com as de Sirius Black, cujas vestes Severo o ouvira descrever durante a aula de feitiços do dia anterior) e finalmente tinha conseguido dar jeito nos seus cabelos muito oleosos, que agora estava soltos e brilhantes. E embora não fosse admitir nem sob tortura, tinha aproveitado a ausência de seus colegas de dormitório para lançar sobre si mesmo um feitiço que havia deixado-o com um aspecto naturalmente bronzeado.
Deu o braço para Evans, que parecia animada. Começaram a conversar sobre banalidades quaisquer, enquanto observava Potter com uma quartanista loura da Corvinal, roer-se de inveja.
Ainda era cedo quando a banda “Os Esquisitões” começou a se apresentar. Severo mostrava-se estranhamente confiante, como se a perspectiva de vingar-se de Potter e ainda por cima obter seu primeiro beijo fosse suficiente para que ele ignorasse os olhares de desaprovação que grifinórios e sonserinos lhe lançavam.
Uma hora e algumas cervejas amanteigadas depois, ambos estavam se divertindo muito. O álcool deixara o cérebro de Severo estranhamente lesado e a certa altura ele já até parara de mentalmente chamar Lilly de Sangue-ruim. Quando decidiu que era hora de por seu plano em ação.
“Espere um pouco, Evans, vou buscar umas doses de Firewhiskey para nós, volto já...”
“Oh, pare com isso, já mandei que parasse de me chamar de Evans, meu nome é Lilly...”
E do nada, Lilly Evans puxou Severo Snape para o que foi seu foi seu primeiro beijo.
Foi um beijo rápido e não pareceu significar muito para Lilly, pois ela logo em seguida lhe disse:
“Ah, certo, vá buscar mais bebidas para nós, eu vou te esperar aqui.”
Algo que o intrigou mais ainda foi o fato de Evans ainda estar quase totalmente sóbria. Abobalhado, foi buscar duas doses de whiskey, quando cruzou com Lúcio Malfoy, de mãos dadas com uma sextanista morena desconhecida, puxando-a em direção ao caminho das masmorras. E então lembrou-se do frasquinho de poção vermelha no bolso de suas vestes. Mas não derramou nenhuma gota na poção de Lilly. Decidiu que iria se vingar de Potter com seus próprios méritos.
Voltou para junto de Lilly com os dois copos da deliciosa bebida.
Beberam, mas o assunto entre os dois parecia ter se esgotado. Ficaram encarando-se num silêncio incômodo, mas milésimos de segundo depois seus corpos estavam atracados, e beijavam-se com fúria, como se Snape tivesse realmente feito Lilly beber a poção. E, para completar a perfeição da noite, Severo descobrira-se mestre na arte de beijar.
Fogos explodiam no peito de Severo Snape. Ele estava ali aos amassos (os primeiros de sua vida) com a linda Lilly Evans, que parecia estar gostando imensamente de sua companhia. O barulho do Salão parecia ir diminuindo gradativamente, enquanto ele se perdia nos lábios de Lilly, alheio a tudo mais que estivesse acontecendo a seu redor. Pela primeira vez, perdeu totalmente o controle de seu próprio corpo (e esperava que Lilly não tivesse percebido isso) e de sua mente que vagava no escuro, e não dava atenção a incômodas lembranças banais e lampejos de consciência que o lembravam de que não deveria se envolver com aquela Sangue-ruim grifinória , mas tudo isso parecia sem importância quando sentia os braços de Lilly o envolverem, estava tão bom...
Quando finalmente se largaram, trocaram olhares constrangidos. Apesar da singularidade da cena: O tímido e desajeitado sonserino beijando a linda e desejada grifinória, ninguém parecia estar prestando muita atenção nos dois. Ninguém, exceto James Potter.
Potter estava branco de fúria e apontava sua varinha diretamente para o casal.
“Você. Lá fora.”
Potter falava baixo, mas era possível sentir sua raiva pelo olhar. Mas Snape não se importava. Na verdade, nada mais importava a não ser continuar ali beijando Lilly.
“Não vai, Severo. O Potter é um babaca. Você não deve nada a ele” – Lilly ainda tentou argumentar, mas Snape estava confiante demais àquela noite para fugir da briga. Além disso, Snape ainda tinha contar a acertar com Potter.
“O que você quer, Potter?”
“Vamos resolver isso feito homem.”
“Eu ESTAVA resolvendo isso como um homem” – Snape retrucou, carregando no sarcasmo e apontando sua varinha diretamente para Potter.
“Eu só queria saber o que você fez com a Lilly, ela não está em seu juízo normal...”
Potter parecia realmente transtornado.
“Eu estou em meu juízo normal, muito obrigada” – Respondeu Lilly, secamente.
Mas James não disse nada. Respondeu com uma azaração das pernas bambas, que Severo afastou com facilidade.
“Andou treinando, Snape?”
Severo não respondeu. Revidou com um feitiço de petrificação, que também foi facilmente desviado por James. Ambos pareciam equilibrados, quando os feitiços não-verbais os atingiram: “Sectumsempra” e “Levicorpus”. O corpo de James Potter começou a sangrar muito, e Snape foi levantado no ar pelo tornozelo. Lilly assistia a tudo atônita. O vidrinho de poção vermelha escorregou do bolso de suas vestes (para desespero de Snape), e James, que sangrava aos borbotões, sorriu triunfalmente ao pegar o vidrinho e mostrá-lo a Lilly.
“Isso é poção do desejo, Evans.”
Snape sentiu vontade de gritar contra a injustiça do mundo. Não havia usado a maldita poção e agora, tinha certeza que Lilly voltara a odiá-lo mortalmente.
“Escute, Lilly. Eu não usei a poção. Eu juro que não usei. Você ficou comigo por livre e espontânea vontade, eu juro...”
Snape gritava desesperadamente, já posto no chão. Sentia vontade de chorar, mas não o fez, viu a expressão de desprezo se formar na face de Lilly, que saiu correndo, chorando, mas não sem antes dizer:
“Eu te odeio, Snape. Você me enganou... Como fui boba... Você não presta!”
Lilly cuspiu nas palavras com ódio. Snape sentou no banco e chorou até que Os Esquisitões terminaram de tocar.
Soube, três dias depois, que Lilly Evans e James Potter estavam saindo.
[...]
Snape adulto parou subitamente de vagar por suas lembranças. Não pudera fazer nada para evitar aquilo, mas ainda se culpava por ter aceitado a poção de Lúcio Malfoy. Talvez as coisas pudessem ter sido diferente. É, talvez. Mas aquilo havia ocorrido num passado distante e ele era apenas um garoto de quinze anos na época. Suspirou, cansado. Não tinha ânimo para mais um baile chato. Como professor, ele era obrigado a comparecer a tais eventos, mas em geral aparecia apenas para fazer uma social, e depois se recolhia a suas masmorras. Porém, naquela noite tinha assuntos importantes a tratar com Karkaroff...
No dia do baile todos os alunos pareciam muito ansiosos. Via as garotas andando em grupinhos e dando risadinhas – certas coisas não mudavam nunca. Mas era de certa forma divertido ver os garotos e garotas tomando foras. Sabia que aquele divertimento que sentia quando presenciava cenas como as de Ronald Weasley propondo casamento a Fleur Delacour devia-se mais a desapontamentos anteriores do que à sua natural veia sádica.
A noite chegou, e Snape se viu mais uma vez tentando dar um jeito no cabelo enquanto abotoava suas vestes pretas. Nenhuma de suas poções parecia fazer efeito; ele sempre acabava com os cabelos pretos e sebosos. Talvez aquilo fosse uma praga rogada por Potter.
Obviamente não tinha par e esperava que nenhuma professora que tivesse exagerado na bebida o tirasse para dançar, como acontecera com Sibila Trelawney no ano anterior.
Assim que chegou (atrasado, propositalmente) teve o desprazer de ver uma banda imitação dos “Esquisitões” apresentando-se. Infelizmente perdera a impagável cena de Harry Potter valsando, pelo menos assim se divertiria um pouco. Quando As Esquisitonas começaram a tocar solos de guitarra insuportavelmente barulhentos, Snape sentiu que era hora de se retirar, e foi procurar Karkaroff no jardim.
No caminho ia estourando roseiras, que astuciosamente escondiam banquinhos duplos onde muitos casais faziam aquilo que ele e Lilly faziam há exatos vinte anos. Não, ele precisava centrar-se em sua missão: convencer Karkaroff de voltar para o Lorde das Trevas. Só assim poderia manter seu disfarce de espião.
Quando, de repente, estourou uma roseira que mexia-se particularmente de forma suspeita. Deu de cara com Draco Malfoy, Pansy Parkinson no seu colo, completamente bêbado com a camisa e o cinto abertos. CÉUS! O que ele estava fazendo ali?! Prometeu a si mesmo que mandaria uma carta para Lúcio dizendo que ensinasse melhor seu filho sobre os perigos de beber demais.
E, cinco roseiras estouradas depois, quando achava que não ia mais se surpreender com mais nada, deu de cara com Hermione Granger e Vítor Krum aos beijos. Enojado e revoltado, Deu as costas ao casal assustado e ia desistir de sua busca por Karkaroff, quando encontrou-o .
O ex-comensal estava sentado e parecia observar as estrelas, mas voltou o seu olhar para Snape quando este se aproximou.
“Igor, precisamos conversar”
Karkaroff tremeu.
“Já lhe falei, Severo.”
“Se você é um vira-casaca, problema seu, sofrerá as devidas conseqüências no momento devido. Agora, não ponha o plano todo a perder, por favor.”
A conversa seguiu breve, com ambos exaltados, mas comunicando-se em sussurros gritados. Quando percebeu que estava chamando mais atenção do que pretendia, calou-se.
“Aqui não é seguro. Nos falaremos mais tarde. Você está avisado.”
E saiu, deixando Igor Karkaroff tremendo de medo.
Snape voltou para suas masmorras. A lembrança de seu rápido envolvimento com Lilly Evans havia deixado-o mais abalado do que gostaria. Foi dormir embalado em sonhos onde Harry não se chamava Potter, mas Harry Snape, e o chamava de pai.
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