O túmulo cinza



Naquele dia, de volta às masmorras, ocupou-se em desembrulhar seus presentes de natal. Rookwood lhe dera um belo conjunto de vestes verdes de quadribol (como se ele um dia fosse usar), Avery; um livro intitulado “Registro das nobres famílias mágicas – Toujours Pur”, que ele achou de extremo mal-gosto. Rodolfo Lestrange lhe dera um diário secreto que apenas o dono podia ler (que seria muitíssimo útil no futuro). Evan Rosier lhe dera uma caríssima miniatura de espelho-de-inimigos e até o professor Slughorn enviara uma garrafa de Cerveja Amanteigada especial para seu aluno favorito.
Após o incidente em Hogsmeade, Tom sentiu-se livre como há muito não se sentia. Era verdade que Francis fugia para longe cada vez que se topavam, mas ele via isso com um certo divertimento.
Como sempre, as férias de Natal foram chatas e tediosas. Voldemort passava o dia estudando Magia Avançada ou pesquisando o que quer que fosse a respeito do ramo perdido dos Slytherin. Só o que descobrira fora o nome de um desses ramos: Os Gaunt, que ele há muito tempo assumira como sendo a origem de sua mãe que ele agora sabia ter sido bruxa.
O final de Janeiro chegou finalmente, trazendo vida de volta ao castelo. O clima ainda era de apreensão devido aos recentes ataques e à morte de Murta (que agora assumia a forma de uma fantasma muito chata que assombrava o banheiro onde tinha morrido, ou atormentava Olívia Hornby nas horas vagas). Apesar do tempo sem ataques, alguns figurões do Ministério insistiam em fechar Hogwarts caso o responsável não fosse pego.
Mas as novidades fora de Hogwarts eram maiores do que os jornais anunciavam. Segundo Avery, Grindewald, o grande Bruxo das Trevas, estava crescendo em poder e influência. Então, numa noite durante uma calorosa discussão no dormitório, Avery fez uma grande revelação:
“Eles estão recrutando gente, sabe.” – Disse o rapaz, enquanto mordia a cabeça de um sapo de chocolate.
“Recrutando?” – Perguntou Voldemort, interessado.
“Sim. Ele diz que quer livrar o mundo dos impuros. Você sabe, mestiços e trouxas...E, bem, o cara tá ficando poderoso.”
“Poderoso como?” – Incentivou Voldemort, cada vez mais interessado.
“É o que disse, ele procura aliados entre todas as criaturas mágicas. Diz que não importa a idade do bruxo, desde que ele saiba como usar uma varinha... Sinceramente, não gostaria de me opor a eles... E Grindewald tem seu próprio exército de bruxos... Os Darknights e eu...”- Avery parou de falar repentinamente.
“O que foi?”
“Bem, eu me alistei.”
Completou Avery, falando quase num sussurro. O dormitório alvoroçou-se. Evan agarrou Avery pela camisa e bradou:
“Seu maluco! Você é doido, Avery? Cadê a marca?”
Então Avery ergueu a manga esquerda da camisa, onde uma cruz em chamas fora tatuada.
“Caramba, Avery!” – Riu Voldemort – “Nunca acreditei que você fosse capaz de uma coisa como essa. Teu pai já sabe?”
“Já. Foi ele que me iniciou, na verdade.”
“Iniciou?”
“Ele obriga os seguidores a fazer um Voto Perpétuo e então faz essa marca no braço da gente” – Completou, displicentemente.
Mas Voldemort continuou curioso.
“Me conte mais sobre esse Grindewald, Avery.”
“Bom, ele estudou aqui também. Foi de Sonserina, que meu pai me disse. Então ele saiu pelo mundo estudando Artes das Trevas – Ele sabe mais do que qualquer um, posso garantir – e aí voltou, poderoso. Como disse, o que ele quer é purificar a raça bruxa. Por que você não se alista, Voldemort?”
Voldemort pensou por um momento, e depois concluiu:
“Não quero ser servo de ninguém. Não quero servir de escada para outros. Acho que se alguém tiver de deter o poder, que seja eu.”
Seus colegas pareceram se impressionar. Menos Avery, que falou, com a boca cheia de chocolate:
“Bem, você vai acabar se arrependendo disso. A gente tem que ter um lado nessa guerra, e pessoalmente prefiro ficar do lado forte”.
“Não achei que fosse tão fraco, Avery.” – Concluiu Riddle.
“Eu não sou fraco, só me cuido”.
“Se você pensa assim, então...” – Riddle suspirou e desistiu de argumentar com o colega cabeça-dura. Apenas acrescentou:
“Sempre achei que o medo, mais do que o amor, institui a verdadeira lealdade.”
“Eu não temo Grindewald! Só apoio seus planos, acho que ele está certo em querer eliminar a ralé.”
Mas Voldemort havia puxado a manga esquerda, expondo novamente a marca da cruz flamejante.
“E o que acontece se eu encostar aqui?” – E enfiou com força o dedo indicador na tatuagem, fazendo Avery urrar e gritar:
“Isso arde!”
“Então você me teme tanto quanto teme Grindewald”. – Disse, e foi deitar-se sem dar maiores explicações.
[...]
O medo, mais do que o amor, institui a verdadeira lealdade. A marca flamejante de Avery era uma prova incontestável do fato. Marcas como essa, gravadas magicamente sempre no braço esquerdo, eram um sinal de submissão. A Marca de Avery ardeu ao seu toque porque ele o via assim como via Grindewald: Um mestre. E ele era seu empregado, seu serviçal, seu vassalo...

O resto do ano passou rápido, mas foi marcado por diversos incidentes desagradáveis envolvendo Grindewald e seus Darknights. Planejaram e efetuaram um grande assalto ao Gringotes, roubando toneladas de ouro, o que causou uma grande crise no mundo bruxo. Isso somado à Grande Guerra Trouxa (como chamavam os jornais bruxos) causou uma intensa recessão econômica em ambos os mundos. Muitas lojas no Beco Diagonal fechavam e famílias como as de Rosier e Lestrange perderam quase todo o dinheiro. A certa altura, Evan teve de vender a própria casa e ir morar num sítio afastado na zona rural, o que o fez ser motivo de chacota entre os Sonserinos durante algum tempo. Depois, Grindewald atacou uma reserva de dragões na Romênia e libertou três deles, instaurando o pânico entre a população e dando muito trabalho aos obliviadores do ministério, que tiveram que apagar a memória de dois mil trouxas de um vilarejo que viram os dragões sobrevoando a área.
Enquanto isso Hogwarts continuava sob ameaça de fechamento. O prazo até o fim do período letivo do ano estava quase se esgotando e ninguém ainda achara o responsável pelos ataques. Os alunos petrificados continuavam na enfermaria enquanto as mandrágoras da professora Merrythought amadureciam. É claro que Voldemort sequer cogitava a idéia de se entregar. Na verdade, já havia decorrido tanto tempo desde o ataque fatal a Murta que ele não mais levava a sério a ameaça do fechamento. Mas verdade era que, com julho se aproximando, o zelador já estava até se ocupando de fechar as janelas com tábuas.

Naquela noite de sábado haveria mais uma aula do Clube do Slug. Como sempre, os alunos chegaram primeiro e se sentaram nas carteiras da frente.
Slughorn chegou logo em seguida, com o semblante preocupado. Ele pigarreou meia dúzia de vezes antes de começar a aula do dia, que tratava de poções da Morte e seus antídotos. Mas a classe não prestava muita atenção, nem tampouco Slughorn. Ele sentou-se em sua mesa e pôs-se a observar os alunos, que por sua vez nem se mexeram para tirar caldeirões e ingredientes da mochila. O Professor sentou-se ali e esperou dez minutos até criar coragem e perguntar para a classe, com uma nota de acuso na voz:
“O que é dessa vez? O que mais vocês querem saber?”
A turma permaneceu calada. Até que Rodolfo Lestrange criou coragem e falou baixinho:
“Estão dizendo por aí que aqueles ataques aconteceram porque a Câmara Secreta foi reaberta”.
Slughorn abriu a boca e tornou a fechá-la pelo menos três vezes. Então disse:
“A Câmara Secreta, eh? Isso é conversa, rapazes. Não existe Câmara Secreta nenhuma. Aquilo que aconteceu foi um acidente, um lamentável acidente.” – Mas passou a mão nervosamente pela pança saliente. Então virou-se e começou a explicar como preparar um antídoto para a Poção da Morte, imergindo a aula novamente em tédio.
Mas no final da aula, como sempre, Voldemort ficara por último guardando suas coisas. Gostava de fazer isso; algumas vezes o Professor soltara intrigantes revelações em momentos de desespero. Como este, agora. Enquanto guardava seu caldeirão de ferro na bolsa, Slughorn parou por um momento, olhou para o chão e desatou a chorar.
Era um choro engraçado, sem lágrimas, composto apenas por uivos e soluços. Assim mesmo, Voldemort se segurou para não rir e foi consolar o Professor.
“O que houve, Professor?” – Perguntou, com uma falsa nota de preocupação na voz.
“Hogwarts... Hogwarts v-vai f-fechar...”
O choque foi imenso. Como assim, Hogwarts vai fechar? Hogwarts não pode fechar!
“F-fechar?” – Gaguejou, nervoso.
“Eu sei, eu sei, é uma tragédia!” – Soluçou Slughorn, agarrando-se nas vestes de Riddle e limpando as lágrimas no pano.
Mas o rapaz não respondeu. Seu mundo estava desmoronando, e era tudo culpa dele mesmo...
[...]
No dia seguinte Tom Riddle requeriu uma conversa com o Diretor. Já tinha todo o
plano na cabeça. Mas só não queria passar as férias de verão no Orfanato, como sempre. Cada vez que pisava naquele lugar repugnante sentia-se no inferno...

“Ah, Riddle” – Exclamou o diretor
“O senhor queria me ver, Prof. Dippet” – Disse, nervoso.
“Sente-se. Acabei de ler a carta que você me mandou.”
“Ah” – E apertou a mão no bruxo baixinho à sua frente.
“Meu caro rapaz. Não posso deixa-lo permanecer na escola durante o verão. Com certeza você quer ir para casa passar as férias?”
“Não. Preferia continuar em Hogwarts do que voltar para aquele... aquele...” – E sentiu a raiva e o nojo subindo-lhe à cabeça.
“Você mora num orfanato de trouxas nas férias, não é?”
“Moro, sim, senhor” – Respondeu, corando.
“Você nasceu trouxa?”
“Mestiço. Pai trouxa e mãe bruxa.”
“E seus pai...”
“Minha mãe morreu logo depois que eu nasci. Me disseram que ela só viveu tempo suficiente para me dar um nome... Tom, em homenagem ao meu pai e Servolo, ao meu avô.”
Dippet deu um muxoxo de simpatia.
“O problema é, Tom – Dippet suspirou – Que talvez pudéssemos tomar providências para acomoda-lo, mas nas atuais circunstâncias...”
“O senhor se refere aos ataques?” – Perguntou, mais alto e mais decidido do que pretendera.
“Precisamente” – Disse o diretor – “Meu rapaz, você deve entender que seria muito insensato de minha parte deixar que você permaneça no castelo quando terminar o ano letivo. Principalmente à luz da recente tragédia... A morte daquela pobre menininha... Você estará muito mais seguro em seu orfanato. Aliás, o Ministério da Magia está nesse momento falando em fechar a escola... Não estamos nem perto de identificar a fonte de... hum... desses contratempos...”
Os olhos de Riddle se arregalaram.
“Diretor, se a pessoa fosse apanhada, se tudo isso acabasse...”
“Que quer dizer? Riddle, você está me dizendo que sabe alguma coisa a respeito desses ataques?” – Perguntou o Diretor com uma voz esganiçada e aprumando-se na cadeira
“Não, senhor”- Respondeu depressa.
“Pode ir, Tom” – O diretor pareceu desanimado.

Voldemort saiu desanimado do escritório. Decidiu que era hora de pôr seu plano em vigor.
Mas quando descia as escadas até o andar da sala onde normalmente Hagrid conversava com seu filhote de acromântula, Dumbledore cruzou seu caminho mais uma vez.
“Que é que você está fazendo, andando por aí tão tarde, Tom?”
“Tive de ir ver o diretor” – Respondeu, devolvendo o olhar firme que Dumbledore lhe dirigia.
“Então vá logo para a cama. É melhor não perambular pelos corredores hoje em dia. Não desde que...” – E soltou um pesado suspiro – “Boa noite, Tom”.
E continuou seu caminho descendo as escadas, procurando por Hagrid. E achou-o.
É incrível como esse tapado não se toca...
E lá estava Hagrid mais uma vez conversando com a aranha-gigante.
“Vamos, preciso sair daqui... Vamos logo, para a caixa...”
Voldemort bateu na porta.
“Boa Noite, Rúbeo” – Disse, rispidamente
“Que é que você está fazendo aqui embaixo, Tom?”
“Acabou. Vou ter de entrega-lo, Rúbeo. Estão falando em fechar Hogwarts se os ataques não pararem”.
“Que é que...”
“Acho que você não teve a intenção de matar ninguém. Mas monstros não são bichinhos de estimação. Imagino que você o tenha soltado para fazer exercício e...”
“Ele nunca mataria ninguém!” – disse o garotão, recuando contra a porta fechada.
“Vamos, Rúbeo. Os pais da garota morta estarão aqui amanhã. O mínimo que Hogwarts pode fazer é garantir que a coisa que atacou a filha deles seja abatida e...”
“Não foi ele!” – Rugiu o garoto; a voz ecoando no corredor escuro. – “Ele não faria isso! Nunca!”
“Afaste-se” – Disse Riddle, puxando a varinha.

Seu feitiço expulsou o bicho da caixa, mas antes que Riddle pudesse lançar-lhe outro feitiço que o tornasse inofensivo, Hagrid gritou:
“NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!”
E o derrubou no chão, permitindo a fuga do monstro. Então, quando a acromântula sumiu de vista, Hagrid permitiu que Riddle respirasse. Furioso, o monitor bradou:
“Seu estúpido infeliz... Vai ver só o que vai lhe acontecer!” – E então saiu correndo, deixando Hagrid estendido no chão, chorando desolado.
Correu desesperado na direção em que a aranha gigante tinha sumido, mas quando chegou no portão ainda aberto do Castelo, viu que a criatura tinha se embrenhado nas matas escuras da Floresta Proibida. Voldemort então virou-se e lentamente subiu as escadas que levavam ao escritório de Armando Dippet.
[...]
No dia seguinte Rúbeo Hagrid foi convocado à presença do Diretor e do Ministro da Magia para depor a respeito dos acontecimentos recentes.
“Finalmente” – Disse o Diretor, estralando os dedos, contente, dirigindo-se ao Ministro – “Finalmente prendemos o culpado. Esse encantador rapaz” – E fez um meneio em direção a Voldemort, que sorriu satisfeito. “Mandou-me ontem a noite um relatório revelador sobre as atividades deste outro rapaz” – E indicou Hagrid, que chorava de cabeça baixa sentado na cadeira em frente à escrivaninha..
O ministro balançou a cabeça.
“Receio que tenhamos que expulsa-lo, Hagrid. O que você fez foi muito grave.” – Falou, soturno. Hagrid manteve-se calado. – “E vamos ter de partir sua varinha também. Sinto muito.”
Hagrid então soltou um soluço particularmente alto e murmurou:
“Não foi minha culpa. Ele nunca faria isso...” - Mas não foi ouvido.
O Ministro dirigiu-se a Voldemort, que tentava manter o ar sério.
“E você, rapaz, quem é?” – Perguntou, curioso.
“Tom Riddle, senhor.”
“Ah... Tom Riddle... Já tinha ouvido falar de você, sim. Arnaldo me falou muito bem de você”. – Disse o ministro, sorrindo.
O Monitor se encheu de orgulho, mas não disse nada, e permaneceu com sua pode altiva e ereta, de pé.
“Acho que esse rapaz tão talentoso merece mais do que apenas agradecimentos.”– Começou o Diretor, retirando do armário um troféu dourado muito brilhante. “Para Tom Servolo Riddle, por serviços especiais prestados à Escola”.
Riddle deu um grande sorriso satisfeito e pegou a taça das mãos do Diretor.
“Obrigado, senhor. Não fiz mais do que minha obrigação.”
“De nada, Riddle, de nada... Se tivéssemos mais meia dúzia de alunos como você, Hogwarts seria um lugar muito melhor ”. – E sorriu novamente.
Mas de repente o Diretor retomou o ar sério e disse:
“Mas acho que... Por enquanto... Seria melhor se você não contasse nada disso para ninguém, sabe...Evitaria confusões e pânico desnecessário.”
Riddle assentiu com a cabeça, e se retirou. A última coisa que ouviu foi o som da varinha de Hagrid sendo partida ao meio...

[...]
Avery continuava empolgado ao falar de Grindewald. Exultava cada vez saia alguma noticia no jornal a respeito do Bruxo das Trevas.
“Adivinhe, Voldemort? Grindewald se uniu àquele trouxa maluco... Como é mesmo o nome dele? Hifler, ou alguma coisa assim... ” – Disse o garoto certa vez ao café da manhã
Voldemort impacientou-se.
“Escute, o que há de tão especial nesse cara? Ele só é poderoso? O que ele é capaz de fazer, realmente?”
Mas Avery indignou-se com a pergunta.
“Ora, se você não acredita, fale com ele. Talvez assim você entenda o que significa ser um Darkinght” – e Empertigou-se na cadeira, orgulhoso. Voldemort riu e falou:
“Que seja, então. Vou procurar Grindewald durante as férias e descobrir do que ele é capaz.”
“E você acha que ele vai te atender?”
“Não vejo porque não. Um Mago das Trevas tão poderoso pode facilmente se defender de um quintanista curioso.” – Concluiu, cheio de sarcasmo. Avery chocou-se, mas não disse nada, apenas meteu a colher de mingau na boca.

[...]

No final da semana chegariam as férias. Tom seria obrigado a voltar para o orfanato mais uma vez, para sua completa infelicidade. Era horrível a perspectiva de passar todo o verão como um trouxa.
No domingo a noite, encontrou apenas a Sra.Cole esperando-lhe na entrada da estação. Ela dirigiu um olhar curioso para o malão de Tom, mas nada disse e prosseguiu a viagem de volta ao Orfanato calada. Então, quando chegaram ao velho prédio cinzento, antes de abrir o portão, a senhora finalmente quebrou o silêncio e disse:
“Estive pensando, Tom. Você não gostaria de visitar o túmulo de sua mãe? Nunca lhe perguntei antes porque achei que talvez fosse demais para a sua idade, mas agora que já está mais crescidinho...” – A Sra.Cole suspirou cansada.
Tom pensou por um momento e disse:
“Acho que gostaria de visitar o túmulo de minha mãe, sim, senhora.”
“Então está certo. Amanhã você vai.”.

O dia amanheceu cinzento e frio apesar de ser alto verão. Ainda cedo, logo depois do café, Riddle se retirou do orfanato e andou até o cemitério que não era muito longe dali. Nas mãos, levava um papel com o número e a localização da lapide e um ramo de flores brancas.
Era uma lápide simples de granito cinzento. O vaso de flores estava vazio como se nunca ninguém houvesse colocado nada ali dentro. E realmente nunca colocaram, pensou, triste. Então quando menos esperava, uma onda de calor e emoção atravessou seu corpo, e o rapaz ajoelhou-se em frente ao túmulo, olhando para o nome “Mérope G. Riddle” já quase apagado pelo tempo e a sujeira, e a foto borrada de uma mulher de olhar extremamente triste o encarou.
Era ela ali, sua mãe. Observando, o olhar vago perdendo-se na sombra do passado. O que Mérope estava imaginando no momento em que batera aquela foto? Já estaria irremediavelmente iludida por um amor que nunca iria se concretizar? Ela tinha no rosto a expressão de alguém que nunca fora feliz. Assim como ele. Passavam-se apenas ligeiros momentos de felicidade. Uma felicidade falsa e fadada a acabar um dia. E por que tudo tinha que acabar um dia? Por que aqueles momentos não podiam ser eternos? Então Tom Riddle chorou, ajoelhado no túmulo de sua mãe. Chorou todo o desespero, angústia e frustração contidos em seu ser, chorou como nunca chorara na vida. E jurou a si mesmo que se vingaria daquela que lhe roubara dos braços de sua mãe: a Morte.

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