Memórias



Disclaimer: Todos os personagens aqui citados pertencem a J.K. Rowling e a Bloomsbury.

Memórias © Abigail Nicole ([email protected])
Memory - http://www.toujourspur.com/viewstory.php?sid=278
Tradução © Victoria Black-Lupin

N/A: A fic não foi betada, pois parece que todos os betas do mundo sumiram =P. Eu não sou muito boa em ortografia, sou meio assassina quando se trata de vírgulas e afins, mas acho que o português não está muito ruim.
É a primeira tradução que eu faço, então fiquem à vontade para dar uma conferida no original (o link está ali em cima) e digam se gostaram ;).


Memórias

Eles dizem que há coisas a serem lembradas.
E o que há para ser lembrado, afinal? Lembro-me de tantas coisas, lembro-me de cada segundo e lembro-me de nada além de longos períodos de trevas onde eu sucumbiria a mim mesma, ao mundo e a tudo a minha volta. E recordo-me de odiar.

Eu odiava Rodolphus, um traidor recostado na cela ao meu lado, sussurrando palavras de conforto primeiramente. Recordo-me de deitar em minha cela fitando as rachaduras no teto, sem responder, e me lembro de que ele se aquietou por um momento. Lembro-me que tentei parar de me alimentar, passando semanas sem comer e de repente, mordi com violência um velho pão jogado no canto de minha cela.

Recordo-me de estar sozinha. Estava sempre sozinha, o tempo inteiro, a cada minuto e a cada segundo, remoendo memórias de minha família. Lembranças de Andromeda me encarando inexpressiva, "Eu não a suporto", a voz que foi, na realidade, fria e crua encheu meus ouvidos como se ternas e amáveis. Lembro-me de Narcissa me olhando durante a noite, reluzente à penumbra, como os fantasmas de meu passado, seu olhar me fuzilando com uma frieza vinda do fundo de sua alma sem vida.

E havia Sirius.

Eu me lembro.

Deitada no chão frio de minha cela, encarando as rachaduras no teto, vendo a constelação Cão piscando em meio à neve que vez por outra penetrava as rachaduras. Acomodei-me debaixo da manta e senti um arrepio tão intenso que meus ossos chocaram-se contra a palidez do chão. Lembro-me de sua generosidade, do jeito como ele sempre me caçoava por tentar mostrar que era melhor que ele. Ele era mais velho, dois anos e alguns meses, me desbancando em tudo o que eu realizava. Recordo-me de seu olhar quando ele me advertia com ódio "Não se atreva a tocar em James, Bella. Você é minha prima, mas não vou deixar que tire de mim o meu irmão." Eu o odiava por gostar mais de James do que de mim. Ele amava aquele idiota mais do que a própria prima. Eu é que deveria ter sido sua irmã, sua família, aquela a quem ele recorreu, e não ele, o patético grifinório.

Sim, eu me lembro.

Lembro-me do vento sussurrando através das grades de minha cela, sussurrando em minha alma, indigna, deformada, malvada Bella, garota má, indignadeformadabellamá. Murmurando em minha mente até que meu interior incinerasse, trinchando em minha mente continuamente. Lembro-me de me contorcer no chão, mãos sobre a cabeça numa tentativa frustrada de afastar os sussurros, mas eles nunca se iam. Foi então que eu encontrei abrigo.

Na marca.

A marca de meu sangue, a marca de minha vida, a marca do Mestre a quem sirvo e a única coisa que me afastava da morte. Eu não precisava de uma varinha para convocar Sua proteção – apenas da marca em meu braço, negra como meus sonhos, negra como meus cabelos e olhos e como meu passado. Negra como minha alma.

E como a estrela que tentou impedir isto.

Ele se foi a agora. Eu finalmente fiz o que sempre almejei fazer.

Prometi a vida de Sirius em troca de proteção.

E lembro-me disso. Era o mantra que me dava uma razão para viver. Tão próximo, no fim do escuro corredor e a mundos de distância, em segurança.

Eu o odiava. E ódio foi o que sempre me manteve viva.

Azkaban.

Eu me lembro.

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