Onde estão os seus modos?
Nota da Tradutora: Desculpem a demora! Na verdade, esse capítulo já estava pronto há um bom tempo, mas eu nunca tinha tempo de revisá-lo. É um capítulo bem grande, então espero mantê-los ocupados por algum tempo. Obrigada a todos que deram a sua opinião no capítulo 1, as resenhas estão sendo traduzidas para a autora. Qualquer dia eu arranjo um tempo de responder para vocês. Divirtam-se!
- Alteza! Alteza, hora de acordar!
Draco Malfoy sentiu alguém sacudindo sua mão, tirando-o de um sono profundo. Abriu os olhos e estava prestes a repreender quem quer que fosse, mas para sua surpresa, era alguém que não conhecia: Um garoto esquelético de quinze anos com cabelos castanhos que pareciam ser feitos de palha estava voltado para ele, mordendo o lábio superior quase ansiosamente.
Acordado imediatamente, Draco sentou-se. Não estava mais na sua cama em casa. Estava em um quarto grande, com móveis antigos e muito mais coloridos do que ele estava habituado. Ao invés do usual elfo doméstico mandado pela sua mãe para acordá-lo, havia uma pessoa real. Uma pessoa apavorada, um garoto que parecia pronto para se mijar, mas ainda assim uma pessoa.
“Será que a mãe me mudou durante a noite?” Draco perguntou a si mesmo. A sua casa era grande e ele sabia que havia muitos quartos que nunca tinha visto na vida, escondidos atrás de portas trancadas. “E ela contratou um novo empregado?”
O garoto encarou Draco esperançosamente, com os olhos marejados.
- Onde estou? - rosnou Draco para ele.
Por um momento houve algo além de medo no rosto dele, e era confusão. Mas então logo bradou:
- N-No seu quarto, Sua Alteza.
- Realeza? - Draco arqueou uma sobrancelha, divertido. - Isso é algum tipo de brincadeira da minha mãe?
O olhar que ele recebeu foi mais uma vez confuso.
- O-o que o senhor quer dizer, Majestade?
Draco tirou os cobertores e estendeu as pernas para o lado de fora da cama. Quase berrou quando viu o que estava usando. Um vestido!
Está bem, não exatamente um vestido. Era uma camisola, mas era do tipo que mulheres usavam. Não homens.
- Isso não é engraçado - disse Draco para o garoto, estreitando seus olhos - Minha mãe podia ter ao menos me colocado em calças de pijama. Chame ela aqui em cima.
O garoto vacilou.
- Mas, Sua Alteza, s-sua mãe está... ela não está mais aqui conosco.
Agora foi a vez de Draco vacilar.
- O quê?
- E-Ela está morta, Majestade - ele revelou, e parecia totalmente apavorado por ter sido tão franco.
Está bem, isso é ridículo.
- Então chame meu pai aqui - disse Draco lentamente com um sorriso apertado. - E faça isso antes que eu perca a minha paciência.
- Sim, M-Majestade - disse o garoto, e quase correu do quarto.
Majestade? Sua Majestade? O que era isso? Draco levantou-se e caminhou pelo quarto não familiar. Ele era mobiliado ricamente – mas para falar a verdade, todos os quartos da mansão Malfoy eram. Narcisa Malfoy não poupou dinheiro quando o decorador veio.
O que estava perturbando Draco era que a sua mãe não era do tipo que iria trocar ele de quarto durante a noite por apenas uma brincadeira. Narcissa não era brincalhona. Era bonita e rica, mas não tinha nenhum senso de humor apesar de tudo.
E Lúcio... bem, agora que Draco pensou, poderia ter sido o seu pai. Ele era do tipo que perderia seu tempo mudando o seu filho único para um quarto diferente só para ver a sua reação. Mas não teria sido um quarto tão fino. Lúcio pensava que uma criança (mesmo pelo fato de que Draco tinha dezoito anos, na cabeça do seu pai ele ainda era uma criança) não devia crescer ricamente. Ele acreditava fortemente que aqueles que eram educados no luxo e eram mimados, eram fracos e nunca significariam nada. Então se ele realmente tivesse planejado isso, teria mandado Draco para as masmorras e esperado ele acordar sozinho. Não teria contratado um garoto esquelético para estar ali – ele mesmo teria ido lá para ver como Draco responderia.
Draco considerou a hipótese de deixar o quarto para vestir algumas roupas masculinas, mas então decidiu esperar mais um pouco pela chegada de seu pai. Então, tudo estaria explicado.
Ele suspirou e sentou-se na cama, os olhos examinando as paredes. Em uma das quais havia pendurado um retrato de uma linda mulher de cabelos platinados. Draco a encarou, curioso, perguntando-se o que haveria de errado. O pintor tinha feito um trabalho excelente – a mulher estava radiante e sua beleza havia sido capturada com perfeição. Então por que o perturbava?
Então ocorreu a ele. Foi como um chute no estômago:
O quadro não estava se movendo.
Era um retrato trouxa – imóvel e preso eternamente na mesma expressão e pose. Draco sempre se perguntou como os trouxas suportavam seus quadros – eles eram tão monótonos.
Então esse retrato trouxa era parte da brincadeira que seu pai estava fazendo com ele? Será que ele estava prestes a entrar e rir do quão surpreso Draco deveria estar?
Como numa resposta, a porta se abriu. Draco apagou rapidamente qualquer traço de surpresa do seu rosto e se levantou, pronto para uma discussão, mas o rosto do seu pai não apareceu. Ao invés disso, uma pequena garota de aproximadamente sete anos entrou, usando uma camisola não muito diferente da sua.
Ela tinha o cabelo louro platinado igual ao dele, mas era mais longo e cobria suas costas. Seu rosto era tão familiar que só custou um instante para reconhecê-lo. Ela aparentava uma mistura dele mesmo e da linda mulher no retrato imóvel.
- Draco – disse ela, sorrindo claramente para ele. - Bom dia! Está animado?
- Animado? – ele repetiu estupidamente, encarando-a.
- Sim, animado, tolinho - ela disse. Não conseguia se manter parada; estava saltando em seus calcanhares na porta - Você vai ver aquela princesa bonita novamente. É claro que eu estou animada.
Entrou no quarto e começou a dançar valsa como se estivesse com um parceiro invisível.
- Eu sempre quis uma irmã - ela acrescentou, com ar sonhador.
- Princesa? - disse Draco, sem saber ao certo por que se sentia tão estúpido.
- Princesa Gina - A garota parou de dançar e se posicionou na frente dele, levantando a cabeça para ver o seu rosto. Os olhos dela tinham o mesmo formato que os dele, com cílios longos e negros, mas a cor era mais para um azul gelo do que para cinza. Ele podia dizer que ela seria muito bonita quando crescesse - Eu sei que você não gosta muito dela, mas eu a acho maravilhosa.
“Princesa Gina? Que diabos está havendo? Quem é essa garota e onde está o meu pai?”
- Cadê o meu pai? - disse em voz alta.
- Você quer dizer, nosso pai? - a garota perguntou, dando a ele um olhar manhoso. - Ele está na aldeia, fazendo o discurso para o reino, lembra? Todo mundo está ansioso para o casamento no Natal! Eu acho que uma irmã é o melhor presente que você podia me dar, Draco.
Ela não conseguia alcançar o rosto dele na ponta dos pés, então pulou e apertou suas pernas ao redor da cintura de Draco, jogando seus braços em volta do seu pescoço. Não estava preparado para isso, mas conseguiu manter o equilíbrio, segurando ela involuntariamente para impedir que caísse no chão. Antes que ele pudesse soltá-la, ou perguntar-lhe o que pensava que estava fazendo, ela o beijou com ternura na bochecha.
- Você é o melhor irmão do mundo, Draco. Você não gosta da Gina, mas vai casar com ela por mim. Para que eu tenha alguém para substituir a mamãe - Draco abriu sua boca para dizer alguma coisa quando ela o cortou - Eu sei, eu sei, ninguém pode ocupar o papel da mamãe. Você me disse um milhão de vezes. Mas... bem, você a conhecia e eu não. Acho que a Princesa Gina vai ser uma ótima mãe para mim, não acha?
- Você... por favor não me diga que você está falando de Gina Weasley - Draco falou finalmente quando não pôde pensar em outra coisa.
- Sim, Gina Weasley - a menina esclareceu.
Ele estava abalado – não havia outro jeito que pudesse estar.
Seu pai não teria ido tão longe ao ponto de achar uma garota que se parecia tanto com ele e ter fingido que ela era sua irmã. Sem mencionar que era impossível ter encontrado alguém com as expressões tão parecidas com as dele, só que mais femininas e suaves. Essa garota era muito semelhante a ele. E a não ser que tivesse uma irmã que ignorasse a existência (o que não era possível, pois ouviu Narcissa reclamar e reclamar de quão doloroso tinha sido o seu parto e jurar várias vezes que ela nunca teria outro filho para arruinar sua figura), então esse não era o mundo a que ele estava acostumado.
“Será que estou sonhando?” Mas se ele estava sonhando, então por que sentia a garota tão quente e confortável contra o seu corpo, e por que sentia seu coração bater suavemente? Ele já havia tido muitos sonhos realistas antes, mas em nenhum deles ocorria-lhe que estava sonhando.
E por que Gina Weasley era de repente uma princesa?
- Como você se chama? - perguntou Draco à garota, largando-a no chão.
Ela colocou suas mãos nos lábios e deu a ele um sorriso irônico que lembrava muito o dele próprio:
- Você sabe muito bem qual é o meu nome, Draco.
- Seja uma boa garota e me diga de qualquer forma.
Ela revirou os olhos.
- Eu parei de ser uma ‘boa garota’ quando tinha cinco anos. Por que você está agindo de forma tão estranha, Draco?
- Pela maneira com que você está se comportando eu diria que esqueceu seu próprio nome - disse ele, cruzando seus braços e esperando.
A fala da garota suavizou-se.
- Certo. Meu nome é Isabella Elizabeth Susanne Marie Malfoy. Está feliz agora?
- É assim que as pessoas te chamam? - perguntou Draco com desdém. - Eles gritam “Ei! Isabella Elizabeth Susie... e seja lá qual for o resto”?
Ela apertou seus lábios e revirou os olhos:
- Todo mundo me chama de Elle e você sabe disso, Draco!
- Claro. Agora, que horas... nosso pai deve estar voltando para casa?
- Não é justo! Você está sendo um canalha, Draco! - ela disse com teimosia, e girou nos seus calcanhares, seus cabelos voando ao redor. Se dirigiu à porta.
- Há um minuto atrás, eu era o melhor irmão do mundo - ele disse, sorrindo ironicamente atrás dela.
Ela murmurou:
Oh! - e deixou o quarto sem olhá-lo novamente.
Quando Draco viu o seu reflexo no espelho do canto do quarto, percebeu que estava sorrindo. Fazia muito tempo que alguém não fazia ele sorrir genuinamente.
Mas agora tinha que pensar. Ele sentou-se na cama, todo o divertimento se dissolvendo do seu rosto. Onde estava? Obviamente não mais em casa. Inferno, não tinha mais certeza nem se estava na sua época.
E o que havia com a pintura trouxa? Significava que ele não tinha sua varinha?
A procura meticulosa no quarto fê-lo constatar que realmente não a possuía. Mas não estava surpreso. Aonde quer que estivesse, quando quer que estivesse, ele devia ser um trouxa.
A pintura da mulher na parede não era Narcisa Malfoy, mas devia ser sua mãe. O rosto da mulher era bom, gentil, e seus olhos pareciam refletir alegria no retrato.
Essa deve ser a minha família, ele pensou. Essa garota... Elle e essa mulher. Eu me pergunto, como meu pai deve ser?
Seus pensamentos desviaram-se da sua família para o que Elle tinha dito: Princesa Gina. Gina Weasley, a mais nova de seis, todos garotos. A única Weasley ainda em Hogwarts. A garota que lambeu o chão que Harry Potter pisou.
Ele sorriu maliciosamente. Bem, ela costumava agir desse modo, pelo menos. Quando Draco estava no seu sexto ano, e Gina em seu quinto, a queda dela pelo Potter pareceu diminuir. Mas nunca havia se dado conta disso até – até quando ele realmente parou e pensou nela. Nunca pensou em Gina Weasley porque não se importava nem um pouco com ela.
Então o que ela tinha a ver com tudo isso? Elle disse que Gina ia ser sua irmã. Isso significava que talvez Draco tivesse outro parente, um irmão mais velho quem sabe, que estava se casando com ela?
Mas então ele se lembrou do que Elle disse: “Você vai casar com a Gina por mim.”
Ele sentiu de repente uma vontade de vomitar. Oh, Deus, ele ia se casar com Gina Weasley. E se ela era uma princesa, considerando que princesas só se casam com príncipes, isso o tornaria um também. Um príncipe.
“Isso não é uma piada”, pensou. Agarrou seu estômago num desejo de fazê-lo parar com o barulho que causava a sensação de que estava prestes a vomitar. É real. Eu tenho uma família diferente, sou um príncipe e vou me casar com Gina Weasley.
Ele não se sentiu mal exatamente por causa dela. Ela era sem dúvida muito bonita, provavelmente a garota mais bonita de Hogwarts na época em que ele estudou lá. Mas a idéia de casar com uma Weasley – a família que o odiava, e que ele odiava também – era horrível. Sem mencionar o fato de que não queria se casar.
O garoto com cabelos de palha voltou. Draco quase riu. Ele parecia tão apavorado por estar na sua presença que era até divertido.
-M-Majestade, s-seu pai não pôde vir para casa - ele disse, parado na porta - E-ele está quase pronto com o discurso, e – e perguntou se você se importaria de unir-se a ele.
- Então pare de gaguejar e me vista - ordenou Draco. Ei, ele tinha o poder, então por que não usá-lo? Não se sentiria culpado por ter sido mau com alguém que obviamente recebia para fazer o que quer que fosse ordenado.
O garoto concordou e dirigiu-se ao armário. Draco não gostava de ser vestido – era muito inconfortável ter alguém tocando nele, principalmente se era alguém do mesmo sexo. Mas permitiu, já que não tinha a mínima idéia de como colocar essas roupas. Elas eram muito complicadas e sabia que estaria perdido se não fosse pelo garoto.
- Me diga o seu nome - ordenou Draco.
O garoto, que estava ajoelhado na frente dele e amarrando seus cadarços, ergueu os olhos, assustado.
- Perdão, Majestade?
- Seu nome - ele repetiu.
- Tim-Timothy - disse, fitando Draco com os seus olhos castanhos umedecidos.
- O que foi? Eu nunca disse o seu nome antes? - perguntou Draco, zombando.
- N-Não, Sua Alteza, o senhor sempre me chamou de... - ele parou de repente, seus olhos indo de volta para os cadarços.
- Do que eu te chamo?
- O senhor sabe, Majestade.
- Diga, logo!
Timothy saltou no grito, e sem olhar para cima respondeu em uma voz tremida:
- V-Você me chama de muitas coisa, Sua Alteza. Idiota, tolo, energúmeno... e esses são os nomes educados.
Draco estava um pouco surpreso. Nunca fora educado com empregados e elfos domésticos, mas nunca usava nomes como esses. Tentava chamá-los pelos seus próprios nomes.
- Bem - ele disse, tentando manter sua voz a mais fria o possível - de agora em diante você é só Timothy.
Timothy levantou seus olhos novamente.
- S-Sério, Majestade?
- A não ser que você prefira os outros nomes - bradou, e Timothy saltou mais uma vez. Terminou de amarrar os cadarços e levantou-se, ficando à altura de Draco.
- N-Não, Sua Alteza, eu não prefiro. Timothy está bom.
Draco deixou seu sorriso irônico entusiasmar-se.
- Bom. Agora, estou morrendo de fome. Onde está o meu café da manhã?
- Se o senhor quiser, - disse Timothy calmamente - Eu posso trazê-lo aqui para cima. M-Mas se o senhor preferir, pode descer e comer com a Senhorita Isabella.
Draco pensou por um momento. Queria falar mais com Elle e ver que outras informações ele poderia arrancar dela. Mas, do fundo do coração, a garotinha o havia encantado. Estava começando a gostar dela. E ele nunca gostava de pessoas que conhecia pouco.
Draco havia crescido como filho único, e, secretamente, invejava todas as pessoas que tinham irmãos. Não sabia como era a relação entre irmão e irmã, mas tinha certeza de que devia ser parecido com a que ele estava experimentando com Elle.
- Eu prefiro comer lá em baixo - disse ele, finalmente.
Timothy assentiu e permitiu que um pequeno sorriso fosse estampado no seu rosto.
O castelo lembrava a casa de Draco – paredes de pedra cinza, tochas emitindo a única luz existente, já que as cortinas da janela eram grossas e enormes. Os corredores eram frios, e pelas roupas que usava, ele supôs que era inverno.
Elle também havia mencionado o Natal. Devia ser novembro ou dezembro.
- Quantos dias faltam para o Natal, Timothy? - perguntou Draco, lembrando o que Elle disse sobre o casamento ser no Natal.
- Vinte dias exatos, Majestade – respondeu, desajeitado.
Vinte dias! Isso significava que já era 5 de Dezembro. Ele ia se casar em três semanas!
“Tenho que sair desse mundo”, pensou. “Se ao menos eu soubesse como! Então talvez saberia como começar a voltar. De qualquer forma, tenho o pressentimento de que vou precisar da minha varinha para fazer isso. Como eu queria já ter aprendido a aparatar!”
Elle já estava comendo sozinha na mesa monstruosamente gigante. Seu rosto iluminou-se visivelmente quando Draco entrou e pegou um lugar a sua frente. Estava usando um vestido vermelho engraçadinho que fazia o seu cabelo parecer uma auréola de prateado.
- Estou brava com você, Draco - anunciou Elle quando Draco encarou-a para servir-se da única coisa que ele reconhecia na mesa: mingau.
Draco sorriu ironicamente sem olhar para ela.
- Por quê? Por que eu fui um canalha?
- É.
- Vá se acostumando, Elle. Eu sempre sou um canalha.
- Draco! A mamãe pode ter morrido quando eu nasci, mas sei que ela não te educou para falar essas coisas de você mesmo - explodiu Elle.
Draco riu da cara dela.
- Falar essas coisas de mim mesmo? Eu não disse nada de ruim, Elle. Só estava falando a verdade. Qualquer um que você perguntar vai dizer que eu sou o maior canalha que eles já conheceram. Tente, por exemplo, a sua Princesa Gina.
- Mas é diferente - insistiu Elle, sua comida esquecida - Vocês dois se odeiam.
“Que alívio”, ele pensou. “Não sei o que faria se a Gina gostasse de mim.”
Então de repente, ele se perguntou se ela era a mesma também. A princípio, só o nome era igual – mas isso não significava que ela era a Gina Weasley que ele conhecia, certo? O nome dele era Draco Malfoy, mas pelo o que ele pôde ver de Timothy e Elle, o Draco Malfoy que eles conheciam não tinha a sua personalidade. Gina podia ter a sua aparência, mas não ser ela mesma... “Como se isso fizesse algum sentido...”
- Nem todo o mundo te odeia - continuou Elle - De fato, nosso reino está muito ansioso para te ver no trono.
- Que reino é esse?
- Gales, seu idiota.
- E de que reino Gina Weasley é princesa?
- Inglaterra. Pelo amor de Deus, Draco, você bateu a cabeça quando estava dormindo?
“Não é justo. Como pode a Gina ter conseguido ser princesa da Inglaterra enquanto eu fico na miséria com Gales?” Mas então se deu conta de algo:
- Quando nós nos casarmos, Gales e Inglaterra serão um só reino, não é?
- Nossa, Draco! você descobriu isso tudo sozinho?
Draco a encarou por um momento, e então riu. Isso era algo que alguém da sua época teria dito. E mais uma vez, não tinha certeza se estava em uma época diferente.
- Você estava certa, Elle, quando disse que bati a cabeça enquanto dormia - contou Draco - Eu esqueci que ano estamos. Se importa de me lembrar?
Ela suspirou e revirou os olhos para o teto.
- 1607, seu retardado.
Draco perdeu a segurança no garfo e ele bateu estrondosamente no prato.
- É quase quatrocentos anos atrás!
- O quê? - Elle o encarou, curiosa.
- Eu quis dizer... - Draco se sentiu meio idiota, e isso era raro de acontecer. - Ignore o que eu disse. Meu médico falou que os sintomas de batidas na cabeça incluem gritar boca afora coisas sem sentido algum.
- Médico? Por Deus, Draco, você está muito estranho hoje.
- Existem pessoas como médicos, não é?
- É claro! Mas nós não vamos à um médico! Quando estamos doentes sempre vamos ver o Alvo.
Draco ergueu uma sobrancelha, e seu garfo parou na metade do caminho da boca.
- Alvo... Dumbledore? - ele adivinhou, sabendo que estava certo.
- Você sabe quem é! - acusou Elle, bufando furiosamente - Ele é o maior curador que Gales já viu em séculos. Deus sabe quão velho ele é. Eu ouvi dizer que ele tem quase duzentos anos, e ainda assim, está vivo!
- Ele não é tão velho assim - disse Draco, voltando sua atenção para a comida. Entretanto, mais uma vez, só porque o nome era o mesmo, não significava que ele era o Alvo Dumbledore.
A porta da sala de jantar se abriu num estrondo, chamando sua atenção. Um homem alto entrou no aposento, sua vestimenta de ouro maciço úmida. Flocos de neve estavam presos em seus cabelos castanho-grisalhos assim que ele pegou um lugar na ponta da mesa silenciosamente.
Então esse era o seu pai, o Rei de Gales. Draco podia reconhecer a familiaridade da sua boca, os cantos inclinados de forma carrancuda em um sorriso irônico, e viu também da onde ele havia herdado os frios olhos cinzentos. Mas ele certamente tinha os cabelos platinados de sua mãe.
- Está nevando, papai? - perguntou Elle inocentemente.
O pai deles terminou a bebida da caneca e secou seus lábios com a parte de trás da mão.
- É claro que está. Chove todo dia, inferno, e como hoje está frio desse jeito, está nevando.
Draco viu um olhar magoado no rosto de Elle quando ela olhou para o seu prato.
- Quando iremos visitar os Weasley, pai? – ele perguntou.
Dessa vez, ambos o encararam. Draco tinha um pressentimento de que havia dito algo errado.
- Os Weasley? – disse seu pai, por fim. - Desde quando você chama eles de “os Weasley”?
“Desde quando eu encontrei Rony Weasley no Expresso de Hogwarts no primeiro ano.”
- Sei lá. Do que você chama eles?
- A Família Real da Inglaterra - disse Elle como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Então ela virou-se para encarar seu pai e disse: - Draco bateu sua cabeça de noite. Acho que ele está meio confuso.
O pai deles rosnou, mas não respondeu.
- Então quando iremos visitar a Família Real da Inglaterra? - Draco disse lentamente, olhando diretamente para sua irmã mais nova.
- Assim que eu terminar de comer - respondeu o rei bruscamente.
* * *
Estava nevando. Gina inclinou-se por cima do ombro de sua “mãe” e para fora da janela para ver os flocos caindo.
Normalmente, ela adoraria sair e brincar na neve. Mas o vestido que estava usando nunca permitiria que ela corresse e caísse de qualquer jeito, então desconsiderou a idéia. Além do mais, tinha que falar com Harry depois do café.
Gina fingiu que comeu a refeição e pediu licença calmamente. Seus pais nem ao menos pareceram notar.
Talvez tivesse sido uma boa coisa, pois eles não a viram entrar na cozinha. Uma onda de ar quente a recebeu assim que colocou o pé lá dentro, como se não estivesse quente o bastante naquele monte de roupas.
Muitos empregados se empurravam pelo grande aposento, carregando bandejas e potes para a pia ou para o antiquíssimo fogão à lenha. Alguns paravam e dedicavam a ela um olhar curioso.
Logo, tudo se silenciou exceto pelo burburinho de água fervendo. Todo mundo a encarava com ansiedade.
Gina sentiu suas bochechas corarem.
- Eu... Eu gostaria de falar com Harry Potter... por favor - ela disse, sentindo-se idiota.
Harry deu um passo à frente – mas então, não, não era Harry. Era alguém que tinha o mesmo físico, o mesmo cabelo bagunçado, mas sem óculos e com olhos castanhos escuros. Numa inspeção mais meticulosa ela viu também que o cabelo negro dele era pontilhado com cinza.
“Será que é...” a respiração de Gina prendeu-se na garganta. “Ele é Tiago Potter?”
- O que a senhorita quer com Harry? – ele quis saber.
- Eu... Eu gostaria só de falar com ele - respondeu, praticamente amolecendo atrás da sua forte contemplação – Você... Você é o pai dele?
Ele concordou rapidamente:
- Você nunca mostrou interesse pelo meu filho antes.
“Se você soubesse!”
- Não, acredito que não. Ele está aqui?
- O turno da cozinha terminou - Uma mulher anunciou.
Gina acreditou:
- Você poderia fazer a gentileza de me dizer onde ele está agora?
- Melhor dizer, Tiago - outro homem velho disse - Ou ela vai contar ao seus pais.
Tiago encarou Gina com tanta raiva que ela quase quis chorar. O que ela fez para que ele a olhasse desse jeito?
- Harry deve estar na lavanderia – respondeu, por fim, Tiago.
- E onde fica isso? - Gina corou profundamente.
- Meu Deus, essa garota é tão mimada que nem sabe onde fica a lavanderia! - tagarelou uma mulher.
Gina percebeu que não era muito querida entre os empregados.
Tiago deu a ela direções rápidas. Gina agradeceu-lhe o mais cordialmente que pôde. Mas assim que passou por ele a fim de chegar ao outro lado da cozinha onde ficava a porta, ele agarrou forte sua mão.
Ela respirou fundo, e olhou para acima, encontrando os olhos escuros e furiosos dele.
- Se você fizer alguma coisa para o meu filho - ele murmurou - Eu vou torcer o seu pescoço com as minhas próprias mãos.
Gina ficou estática por um momento, mas finalmente encontrou voz assim que ele largou a sua mão.
- Sr. Potter, eu não tenho a menor intenção de machucar o Harry – ela balbuciou.
Ele a ignorou.
Com o coração saltando, passou por ele e saiu o mais rápido possível da cozinha que seu vestido permitiu.
Assim que estava longe o bastante, pressionou suas costas contra a parede e colocou uma mão sobre o peito, respirando com dificuldade. Obviamente algo fez com que Tiago Potter agisse tão raivosamente com ela. Se deu conta de que não tinha visto Lílian ali, mas isso não significava nada, não é? De qualquer forma, nem todos os empregados estavam na cozinha.
“Só ache o Harry”, ordenou Gina a si mesma. “Talvez ele saiba por quê.”
Felizmente Gina achou a lavanderia sem problemas. A porta estava levemente entreaberta, e ela podia ouvir a conversa e as leves risadas de quem estava dentro. Cuidadosamente, abriu a porta e deu um passo. Esperava que todos parassem o que estavam fazendo para encará-la, assim como os empregados da cozinha. Mas para o seu imenso alívio, nem ao menos a olharam.
Ela avançou mais um pouco, permanecendo meio sem jeito na frente da porta. Mordendo seu lábio superior cuidadosamente, procurou ao redor pelos cabelos bagunçados de Harry.
A maioria das mulheres estava lavando roupa, paradas em frente a grandes bacias de madeira e esfregando os tecidos com as mãos. Subia vapor da água aquecida nas bacias, e o aposento estava quente – quase tão abafado quanto a cozinha. Gina sentiu umidade na sua testa e começou a desejar que não tivesse permitido que Maria lhe vestisse tantas roupas.
Finalmente, seus olhos pousaram em Harry, que estava carregando uma leva de panos brancos para uma das bacias. Ele não a tinha visto, considerando que estava do outro lado do quarto. Estava sorrindo para a mulher que lavava roupas, e jogou as que estava segurando na água, e então se virou para pegar mais da cesta encostada na parede.
Gina levantou suas longas saias para não molhá-las na água do chão, e atravessou o quarto na direção em que ele se encontrava. Harry estava prestes a jogar outra leva de roupas na bacia antes que a visse. Seus olhos se umedeceram na presença dela, mas não disse nada. Virou-se de volta à cesta para pegar mais roupas.
Umas das mulheres de meia idade, que estava conversando até então, virou para Gina.
- Há alguma coisa que a senhora deseje, Majestade?
Gina não notou tanta hostilidade na voz da mulher como havia na dos empregados da cozinha, mas talvez aquela senhora estivesse só escondendo bem.
- Eu gostaria de falar com o Harry por um minuto, se você puder liberá-lo.
Harry jogou a última carga na bacia. Respondeu sem nem ao menos olhar para ela:
- Estou muito ocupado, Majestade - disse num tom calmo e desinteressado. - Talvez mais tarde.
Gina ficou boquiaberta, mas rapidamente se conteve e fechou a boca. Toda a esperança de que Harry talvez pudesse reconhecê-la, de que ele realmente era da sua época, voou pela janela. Ainda assim ela realmente precisava falar com ele, para ver como ele era, se havia uma razão por estar agindo tão friamente com ela.
Bem, ela era a princesa, não era? Podia mandar neles, mas isso só faria com que os empregados gostassem menos dela. Apesar de tudo, era para isso que eles eram pagos – para servir a família real – não é?
- Agora, por favor - ela disse o mais educadamente que conseguiu.
Ele ergueu os olhos para encará-la, e Gina viu a impaciência na profundidade deles. Mas concordou logo, liberando um pequeno suspiro.
Gina forçou um pequeno sorriso para a mulher.
- Vou mandá-lo de volta em um minuto - prometeu ela, e se virou para sair, Harry a seguindo.
Logo que saíram da lavanderia, Gina fechou a porta com firmeza atrás de si. Quando se virou para Harry, não podia decifrar a sua expressão, mas viu claramente raiva, e talvez até ódio nos olhos dele.
Gina nunca havia visto Harry olhar para ninguém desse jeito. Mas vendo ele encará-la assim fez com que seu coração se partisse em um milhão de pedacinhos. E agora, o que iria dizer? O discurso que havia preparado rapidamente evaporou-se num piscar de olhos, e ela se viu sentindo-se muito burra, parada ali sem nada para dizer.
Harry esperou por mais ou menos meio minuto antes de dizer:
- Se não é tão importante, talvez a senhorita possa voltar quando eu não estiver tão ocupado?
E virou-se para entrar na lavanderia novamente.
- Não! - gritou Gina, agarrando a mão dele antes que pudesse evitar - Não vá ainda...
Harry recuou em contato com ela, pulando quase a três pés atrás. Ela respirou fundo, e seus olhos se encontraram mais uma vez. Os dele estavam estreitos, mas havia embaraço misturado com o ódio de antes.
- Me desculpe - ela murmurou rapidamente, sua mão voando para tocar o colar de esmeralda no pescoço - Eu não quis...
- Com a sua licença, Majestade - ele disse calmamente, olhos para o chão agora. - Eu tenho muito trabalho para terminar antes que a Família Real Malfoy chegue. Eu gostaria muito de fazer tudo a tempo.
- Você não fica se perguntando como eu sabia o seu nome? - disse Gina, torcendo para que isso prendesse a atenção dele.
Ele não podia ir ainda – tinha tanta coisa que ela precisava perguntar. Mesmo que não fosse o Harry que ela conhecia, ele ainda era um rosto familiar, e até isso a confortava mais do que qualquer outra coisa.
Ele ficou calado por um momento, ainda olhando para o chão.
- Não - ele respondeu finalmente - Eu sei muito bem por que a senhorita sabe o meu nome.
A boca de Gina abriu em sobressalto.
- Como? - disse ela, mais baixo que um sussurro.
E então os olhos dele encontraram os dela de novo, e eles estavam faiscando esmeralda.
- Eu devo voltar para o trabalho - disse friamente. – Com a sua licença, Sua Alteza.
Com um aceno final, ele passou por ela e retornou à lavanderia. Gina não tentou impedi-lo dessa vez.
Sua garganta estava fechada, e ela sentiu medo. O que havia acontecido com Harry? Ele não tinha a cicatriz e seu pai (e até onde ela sabia, sua mãe também) estava vivo – então por que agia de forma dez vezes mais detestável que quando Voldemort estava atrás dele?
Mas então se deu conta de algo. Ele tinha sido perfeitamente legal com a mulher na lavanderia. Era de Gina que Harry estava com raiva. Alguma coisa que ela havia feito causou essa reação de ódio por ela especificamente.
Não conseguia imaginar o que havia feito. Não podia ser só porque ela era uma princesa e ele devia a vida à ela e a sua família. Era algo bem maior, e bem mais emocional – ela sabia dizer pela profunda tristeza nos olhos dele.
- Majestade?
Gina pulou um pouco quando uma mão a tocou. Virou-se e olhou para baixo, localizando Maria, que era quase 30 centímetros mais baixa que ela.
- Majestade, aqui estão as suas luvas - disse, entregando a ela as longas luvas brancas – A senhorita as esqueceu na mesa do café.
- Obrigada - murmurou Gina, recebendo-as.
- Qual o problema? - perguntou Maria preocupada, notando a agonia da princesa.
Gina se virou para ela.
- Maria, Lílian Potter ainda está viva?
A empregada piscou como se estivesse surpresa com a pergunta:
- Minha querida - disse ela calmamente. – A senhorita sabe a resposta.
- Mas me diga - encorajou Gina - Eu preciso ouvir.
Maria suspirou em voz alta.
- Não - disse rapidamente e com severidade - Não, Lílian Potter morreu ano passado. E a senhorita sabe disso.
“Isso explica tudo”, pensou Gina, e então se deu conta de algo. “Oh... não, espere, isso não explica, não. Só porque a mãe do Harry está morta, não quer dizer que ele deva me odiar. A não ser que...”
Gina tentou engolir o nó enorme na sua garganta.
- Me diga - começou com a voz rouca, segurando as mãos de Maria com firmeza. - Me diga que eu não a matei.
Os olhos de Maria se umedeceram, e ela se endireitou com um bufo de raiva.
- Majestade, porque a senhorita está dizendo essas coisas? A senhorita sabe que Lílian Potter está morta e que a senhorita não a matou. Fim de assunto! O Príncipe Draco e sua família estarão chegando em poucas horas. Venha, a senhorita está mortalmente pálida, vou ver se posso colocar mais rosa nas suas bochechas.
Gina soltou suas mãos para o lado dela, ombros desmoronando com derrota. Se não matou Lílian, então por que Harry mostrava tanta aversão contra ela? Nada parecia se encaixar.
“Se eu vou ter que ficar nesse mundo por mais algum tempo”, pensou Gina, seguindo Maria pelo salão, “então eu vou precisar achar algumas respostas para essas perguntas. Eu preciso saber por que o Harry me odeia tanto.”
* * *
Draco estava com frio e aborrecido.
A carruagem em que estavam era fria e meramente mais quente que a nevasca lá de fora. Tinha sido uma viagem arrastada, e houve um momento em que as rodas se enterraram tão fundo na neve que foi necessário que parar por mais ou menos uma hora.
Ele não podia sentir nem mais seus dedos das mãos, nem os dos pés e sequer o nariz. Ao seu lado, os lábios de Elle estavam ficando estranhamente azuis. Draco a encarou, e depois o seu pai, que estava na sua frente.
- Não dá pra colocar um aquecedor aqui? - ele reclamou, apertando seu manto com mais força.
- Aquecedor? - o rei repetiu.
Draco sorriu ironicamente e olhou para a janela.
- Há algum jeito de manter aqui dentro, hum, não sei... mais congelado?
- Draco – Elle o censurou.
O sorriso irônico dele umedeceu-se e ele olhou para o seu pai mais uma vez. O rei o estava encarando com uma ira desmedida. Se olhar pudesse matar, Draco estaria no fogo... “o que não parece uma má idéia agora”, ele pensou secamente, olhando de novo para a janela.
Mas finalmente, os cavalos pararam. Draco pulou da carruagem para o ar que não estava muito mais frio que o anterior, observando o castelo que Gina Weasley devia morar.
Tinha a aparência de um cartão postal ao vivo – um castelo cinza com muitas torres e um monte de neve no telhado. De alguma forma deu a sensação de que lá dentro era quente e aconchegante. Havia uma coroa de flores enorme na frente das portas principais.
Elle nadou através da neve na altura dos pé para chegar até o lado de Draco. Ele olhou para ela, e viu que os seus pálidos olhos azuis estavam fitando com maravilha o castelo, sua boca esticada em um sorriso feliz. Então ela correu até a porta.
- Isabella - disse o pai deles - Volte aqui e entre com a gente.
Ela o ignorou e bateu na porta com a lateral cerrada da sua mão. Draco escondeu um sorriso quando subiu as escadas atrás dela, cercadas por quase uma dúzia de soldados. De repente imaginou as armaduras congelando solidamente e eles desabando no chão por terem tentado se mover. Isso o divertiu completamente, e até teve dificuldade de manter seu sorriso fora do campo de visão de outras pessoas.
Depois de mais ou menos um minuto, as portas finalmente se abriram por alguém que lembrou a Draco, o seu próprio mordomo. O homem, alto e magro, vestido de preto os saudou, e então gesticulou para que eles entrassem.
Agradecido, Draco pisou dentro da sala de entrada aquecida, que era gigante. Não se preocupou em examiná-la – honestamente não ligava em decoração.
Já estava ocupado o bastante tentando localizar Gina. Não a via há vários meses, desde quando ele havia se formado em Hogwarts. Não que estivesse ansioso para vê-la, mas só queria observar como sua futura esposa era fisicamente, agora.
“É claro, eu pretendo voltar para a minha própria época antes de nos casarmos”, ele assegurou a si mesmo.
- A Família Real está esperando por vocês - disse o mordomo, estendendo uma mão dramaticamente - Sigam-me, por favor.
Caminharam durante minutos por corredor atrás de corredor. “Será que eles não podiam esperar por nós em algum lugar mais perto da porta de entrada?” Perguntou Draco para si mesmo, muito tempo depois de ter tentado decorar o caminho.
Finalmente, pararam em frente a uma porta alta. O mordomo a abriu para eles e ficou de lado.
O coração de Draco estava batendo em antecipação. Tinha certeza que estavam propositadamente tentando evitar que ele visse Gina – primeiro, o rei tinha que ir. Depois, metade da escolta o seguia. Elle correu atrás, e o resto dos guardas foram atrás dela. Por último, era a vez de Draco.
Seus olhos observaram o aposento rapidamente. Era grande, obviamente uma sala de estar, com dois antigos sofás de veludo vermelho um na frente do outro, ladeados de poltronas, sobre um grosso e caro tapete. As paredes eram pintadas de dourado, e um candelabro estava pendurado no teto, as velas eram a única fonte de luz para toda a sala, além do fogo crepitando na lareira.
Draco dificilmente prestou atenção nas pessoas que deviam ser o Rei e a Rainha da Inglaterra – seu olhar foi direto para Gina. Ela sentava tão ereta na cadeira e tão próxima da margem, que suas costas estavam a uma boa distância do encosto. Usava um longo vestido verde que tinha uma saia armada e um corpete apertado. Seus seios estavam maiores do que ele lembrava, e sua cintura menor – mas isso podia ser só pela influência da roupa.
Podia saber que ela estava mais nervosa por vê-lo do que ele estava dela. Seus úmidos olhos castanhos o encararam, rapidamente passando por seu corpo inteiro antes de voltar para o rosto. Ela parecia mais pálida que o usual, mas sua pele continuava tão perfeita como ele lembrava. O grande volume de cabelos ruivo-Weasleys estava arrumado sobre a sua cabeça, algumas mechas se perdendo livremente no rosto dela. Draco viu-se percebendo que ao contrário dos irmãos, o cabelo dela era ondulado.
O tempo inteiro em que Draco e Gina passaram se examinando, os pais dela estiveram trocando seus cumprimentos com o pai dele e sua irmã. Mas agora todos os olhos estavam fixos nele, como se estivessem esperando que dissesse algo.
Draco sorriu, relampejando seus olhos para Gina. Ainda não tinha certeza se ela era a Weasley que conhecia... Elle disse que eles se odiavam, o que podia significar que ela temia vê-lo por essa razão.
Elle cutucou Draco:
- Diga olá - murmurou pelo canto da boca.
- Olá - disse Draco obedientemente, caminhando para o sofá onde o rei e a rainha sentavam. A mulher sorriu de forma agradável, oferecendo sua mão. Ele a pegou e a beijou rapidamente, e então sacudiu a mão do homem com firmeza.
Relutante, se virou para Gina, que sentava na poltrona oposta. Ela pareceu levemente amedrontada.
- Estenda a sua mão para Draco, Gina - repreendeu a mulher. - Devo sempre lembrá-la das suas maneiras?
Gina engoliu em seco, mas esticou sua mão enluvada. Draco ajoelhou-se com uma só perna na frente dela, apesar do ar de desdém, tentou descobrir se ela era da sua época pela sua reação. Pegou a mão e pressionou seus lábios contra as articulações, nunca desviando seu olhar do dela. Mais uma vez ela engoliu em seco nervosamente, e puxou sua mão de volta rapidamente antes que ele tivesse a chance de largá-la.
- Draco, vá dar um passeio com Gina e Isabella - seu pai comandou distraído. - Tenho certeza que vocês dois tem muito o que conversar sobre o mês passado.
O sorriso de Draco se alargou ainda mais assim que ele se levantou, oferecendo seu braço para Gina. Ela olhou para o braço dele como se fosse uma cobra, antes de ficar de pé e aceitá-lo com cautela.
Assim em que estavam fora da sala, Gina largou o braço dele. Não disse nada, mas olhou para o chão enquanto caminhavam.
Elle ficou para trás para que pudesse observa-los.
- O que você tem feito ultimamente, Gina? - ela perguntou, animada, soando bem mais velha do que seus sete anos.
Gina, assustada, olhou para ela como se fosse a primeira vez que a via. Então fitou Draco, como se estivesse comparando os dois.
- Ah... ela é sua irmã...
E naquele instante, Draco soube. Ela era do seu próprio tempo. Não era uma princesa – era tão novata nisso tudo como ele. Ele se sentiu de alguma forma aliviado, sabendo que não estava nesse negócio sozinho. Mas será que não podia ter sido outra pessoa... qualquer um menos Gina Weasley? Até Harry Potter teria sido melhor, porque não haveria chance deles se casarem.
- Elle - informou Draco a ela, subindo seus lábios com desprezo - O nome dela é Elle.
- Eu sabia - disse Gina asperamente - Eu a vi mês passado.
Mas a última frase dita de forma hesitante, como se ela estivesse insegura do que dizia.
Draco virou para sua irmãzinha, que estava olhando para eles com estranheza.
- Elle, você se importaria de voltar para a sala e nos dar um minuto de privacidade?
Elle sorriu maliciosamente.
- É claro, Draco - disse, passando por eles e dobrando no próximo corredor. Os dois observaram quando ela virou, saindo de vista.
Dirigiu-se novamente a Gina, que agora parecia bem mais nervosa por estar sozinha com ele. Ela ainda não tinha certeza se ele a reconhecia.
“Ótimo. O que eu devo dizer?” Ele se perguntou, franzindo o cenho.
Gina pigarreou, desajeitada, e começou a roer as unhas. A sua insegurança com ele era quase divertida.
- Bem - ela disse finalmente - Nós vamos ficar aqui parados o dia todo?
Draco tentou encontrar uma resposta esperta para dar.
- Eu achei que você queria, já que nunca viu tanto esplendor na sua vida, Weasley.
Os olhos negros dela se umedeceram quando o olhou. Então ela os revirou, e ela cruzou os braços abaixo do seu peito.
- Perfeito - disse ela sarcasticamente - De todas as pessoas no mundo, você tinha que ser o único que ainda é o mesmo.
- Eu só estou espantado em vê-la, Weasley - falou ele lentamente.
Houve mais um intervalo de silêncio quando eles se encararam.
- Você parece... bem - disse Gina, se arrependendo de ter dito isso como se tivesse cometido um pecado.
- Você não – ele mentiu, dando de ombros. - O que nós devemos fazer agora?
Ela suspirou e passou a mão pela testa.
- Nós deveríamos provavelmente descobrir como voltar para nossa época. Dentro dos próximos vinte dias, de preferência.
Ele deu uma risada.
- O quê, Weasley, você não quer se casar comigo?
Ela pareceu horrorizada, e pôs suas mãos na cintura.
- E você quer? - disse com uma voz aguda.
- Muito bem observado. Então como você pretende voltar?
- Não tenho a menor idéia - disse ela, e então se iluminou - Você tem a sua varinha?
Ele bufou.
- Se eu a tivesse, eu não estaria mais aqui, né?
A expressão dela caiu:
- Ótimo - disse - Então nós dois estamos presos aqui como trouxas.
- Eu devo admitir que isso é aproveitável para você. Tenho certeza que você quase desmaiou quando acordou nesse castelo, não é? Eu quis dizer, é óbvio que se vendesse essas cortinas – ele se dirigiu à janela e passou a mão nas grossas cortinas marrons – elas iriam sustentar a sua família por um ano.
Ela olhou, furiosa, para ele.
- Mas eu tenho certeza que isso foi uma mudança para você também - disse ela entre dentes - Ter alguém que realmente gosta de você? Que pena que a sua irmãzinha não te conhece como eu conheço.
- Você não me conhece – ele se defendeu, tirando a mão da cortina. Ela tinha batido nos nervos - Além do mais, eu não vejo nenhum daqueles babacas dos seus irmãos aqui, você vê?
- O que isso tem a ver?
- Você está chateada porque eu tenho uma irmã de verdade e você não - ele explicou brevemente.
Ela cruzou os braços novamente, revirando os olhos.
- Nossa, você me decifra como um livro aberto, Malfoy - disse ela. - Estou com ciúmes de um babaca convencido que nem você.
- Eu não disse que você estava com ciúmes – ele retrucou friamente. - Agora, se pudermos ir andando e parar de implicar um com o outro feito duas crianças...
- Desde quando você decidiu parar de agir feito uma criança? - ela reclamou, nem um pouco pronta para terminar ainda. - Eu perdi a conta de quantas vezes você e meu irmão brigaram em Hogwarts...
Mais uma vez, ela foi interrompida, dessa vez por alguém pigarreando atrás deles. Gina virou-se de sobressalto e viu Harry parado no fim do corredor, com as mãos atrás das costas.
- Potter? - gritou Draco em descrença - Potter está aqui?
Ele lançou um olhar para Gina, e ela pôde ver o divertimento nadando nos olhos cinzas.
- Majestades, desculpe interrompê-los - disse ele, olhando não para eles, e sim para cima das cabeças - Mas seus pais querem a presença de vocês na sala de jantar.
Draco dirigiu sua contemplação de Harry para Gina novamente.
- Ele é um empregado?
Gina concordou sem outra alternativa, e segurou o braço dele assim que começou a andar em direção a Harry. Mas ela conseguiu pegar só um pedaço da manga, e o resto escorregou pelos seus dedos.
Draco caminhou até Harry, que não conseguia olhá-lo. A sua expressão era indecifrável quando Draco espreitou de perto a sua testa lisa.
- O quê, sem cicatriz, Potter? - resmungou ele, zombando - Acho que você não é o grande e poderoso herói aqui, não é?
- Malfoy, pare - ordenou Gina. - Ele não sabe do que você está falando.
Draco virou-se para olhá-la, uma sobrancelha arqueada.
- Como só nós dois aqui sabemos que não estamos em nossa própria época?
- Shh! - repreendeu ela - Não mencione nada.
Draco voltou sua atenção para Harry, seu olhar de desprezo retornando:
- Ele não vai contar a ninguém – disse, confiante - Ele é só um empregado.
A boca de Harry se apertou, mas além disso, não mudou de expressão.
- Deixe-o em paz - disse Gina o defendendo.
- Se não há cicatriz - refletiu Draco silenciosamente, dando voltas em círculo ao redor de Harry - Então eu me pergunto... isso quer dizer que os seus pais estão vivos?
E de repente houve um relâmpago de movimento. Gina deu um grito agudo, e em um piscar de olhos, Harry prensou Draco contra a parede, e estava o encarando com um olhar dez vezes pior aquele que havia dedicado a ela na lavanderia. Draco pareceu levemente surpreso, mas fora isso, calmo. Ele continuou a olhar com desdém, sem fazer esforço para se libertar.
Gina correu até eles. Hesitou antes de tentar tirar Harry de Draco, por causa do jeito que ele tinha reagido ao toque dela anteriormente. E também porque Draco merecia a posição em que estava.
- Harry, solte-o - disse ela suavemente.
O rosto dele, dominado de raiva, relaxou lentamente, embora seus olhos ainda faiscassem fogo. Ele vagarosamente soltou as roupas de Draco e deu um passo atrás. Depois, quebrou o olhar com o outro garoto e se virou, dando longas passadas pelo corredor.
- O rei certamente vai ficar sabendo disso - gritou Draco atrás dele. Harry não deu a entender que havia escutado; só virou no corredor sem dar uma palavra.
Gina fixou um olhar feroz em Draco, colocando a mão na cintura.
- Malfoy, isso foi terrível. Eu não acredito que você fez isso.
Draco deu de ombros:
- Ele é um empregado, Weasley... você esperava que eu fosse deixar isso passar em branco?
- Ah sim, eu esqueci - disse ela, sua voz dominada com sarcasmo. - O único prazer que você tem na vida é implicar com Harry Potter, não é?
- E com a sua família - acrescentou ele, com orgulho.
A mão dela se levantou para dar um tapa nele, mas logo a abaixou, fechando o punho. Então se virou, sua saia reluzindo, e caminhou na direção em que Harry havia ido.
- Eu suponho que você saiba onde fica a sala de jantar - disse Draco, apressando-se atrás dela.
- Sim, mas nós não estamos indo para lá.
- Então para onde estamos indo?
- Para as masmorras.
Levou dez segundos exatos para que Draco se desse conta de que Gina estava brincando. Ela espiou por seu ombro e viu que de alguma forma ele estava chocado, o que a fez explodir em gargalhadas. Ele a olhou de cara feia, se sentindo um idiota.
- Deus sabe o quanto você merece as masmorras - terminou Gina depois de conseguiu se acalmar.
- Então os pais dele estão mortos nesse mundo também? - cortou Draco - Como eles morreram se não existe um Lord das Trevas?
Ela ficou silenciosa por um minuto:
- Nós não sabemos se existe ou não um Lord das Trevas – disse – Até dizerem o contrário, o que sabemos é que ele ainda está no poder aqui.
Em seu sétimo ano, Harry conseguiu derrotar Voldemort – para sempre. O mundo bruxo estava de volta ao normal sem o medo de antes.
- O que estou perguntando é, como os pais dele morreram? - repetiu Draco irritado.
- O pai dele está vivo – respondeu Gina. – A mãe que está morta.
- Oh, coitadinho do Potter - observou Draco.
Gina pressionou seus lábios em uma linha fina, mas não disse nada.
Então se concentrou em achar o caminho para a sala de jantar. Ela não tinha cem por cento de certeza de onde era. Sentindo que podia se perder, foi um grande alívio quando entraram pelas portas familiares do destino deles.
Os pais de Gina, o pai de Draco e Elle estavam todos sentados, esperando. Os olhares se dirigiram a eles quando entraram. Gina não tinha certeza de onde devia sentar, mas Draco caminhou direto para o lugar ao lado de sua irmã.
Gina deu um passo, sem jeito, e sentou junto à sua mãe, na frente de Elle. Seu pai estava na cabeceira da mesa inacreditavelmente longa, como tinha feito no café da manhã, e o pai de Draco estava à sua direita.
Foi quando percebeu que não sabia nem o nome dos seus próprios pais, muito menos do seu futuro sogro. Ela teve a esperança de que a ocasião não a fizesse ter que chamá-los pelo nome, e se ocupou em colocar comida no prato.
Os dois homens mais velhos estavam discutindo as últimas descobertas na América enquanto todos os outros comiam em silêncio. Gina teve vontade de falar de muitos lugares, mas toda a vez que abria a boca, Draco a calava com um olhar alarmado do outro lado da mesa. Seus instintos disseram para ignorá-lo e dizer o que quisesse, mas então se deu conta de que não era educado as mulheres falarem. Frustrada, resolveu botar comida na boca para evitar o desejo de dizer alguma coisa.
A conversa passou para o casamento se aproximando no Natal, e Gina se desligou. Realmente não queria ouvir nada sobre isso... além do mais, se tudo desse certo, então ela esperançosamente estaria fora desse mundo antes do evento. Na verdade, estava meio que esperando acordar em Hogwarts na manhã seguinte. Esse pensamento a confortava, já que sem ele, ela certamente estaria gritando que nem uma louca. Não podia deixar a idéia de estar casada com Draco Malfoy entrar na sua cabeça... isso tudo devia ser uma confusão estranha que só duraria um dia.
“Não é?” Ela pensou, duvidando.
- ... o que você estava pensando, não é, Gina?
Ela quase engasgou com o pedaço de carne que estava tentando engolir. Tossiu em voz alta e cuspiu a comida meio mastigada de volta para o prato. Quando olhou para cima, todos, até as empregadas que traziam a comida, estavam estáticos a encarando.
- Onde estão os seus modos? - sussurrou a mãe, sorrindo através da mesa para o pai de Draco - Perdoem-na... ela tem agido de forma estranha o dia todo...
Draco riu desdenhosamente, mas só Gina notou. Ela deu a ele um olhar mortífero e cobriu a carne com purê de batatas.
- Desculpem-me - disse calmamente.
O pai de Draco olhou para ela com estranheza, mas disse:
- É claro. Agora, de volta ao casamento. Robert, o castelo lá em Gales está quase pronto. Por que você quer tanto construir outro aqui?
“O nome do meu pai é Robert”, pensou ela, fazendo uma anotação mental para se lembrar depois.
A mãe de Gina falou alto, sua voz calma e persuadida.
- Gina me informou outro dia que se sentiria mais confortável vivendo na Inglaterra, perto de nós, só para prevenir emergências... era só isso o que eu estava tentando dizer há um minuto.
O pai de Draco dirigiu-se à ela.
- Importa mesmo o lugar onde você mora? - ele reclamou rispidamente - Vamos perder muito dinheiro se tivermos construído aquele maldito castelo para nada...
- Por que você não pergunta ao Draco, Edward?
- O que isso importa para mim? - disse Draco lentamente.
- Importa porque - seu pai, Edward, o repreendeu furiosamente - é onde você vai morar também.
Então Gina soube sobre o que eles estavam falando – o castelo onde ela e Draco iriam morar quando se cassassem. Sentiu um leve calafrio e tremeu à hipótese de morar com ele.
- Eu não me preocupo - disse Draco, soando entediado – O que o senhor achar que for melhor, pai.
O exagero no “pai” foi bem sutil, mas Gina pôde perceber. Quando encontrou os olhos dele novamente, ficou surpresa ao ver divertimento neles.
- Eu ainda acho que construir aqui é melhor... - recomeçou Robert, e mais uma vez Gina se desligou das vozes.
Ela dificilmente comeu alguma coisa do almoço porque seu estômago estava comprimido e dobrado em um jeito quase doloroso. Na maioria das vezes só mexeu no seu prato, e quando olhou para Draco, viu que ele estava fazendo algo parecido.
- ... e como vai ser maravilhoso ter netos. Gina e eu conversamos sobre isso, não é? - A mãe de Gina estava dizendo.
Ela pulou ao som de seu nome:
- Hã? - disse estupidamente - Netos?
A mulher lançou a ela um olhar irritado, evidentemente se perguntando de novo onde estavam os modos de Gina.
- É claro que vocês vão precisar produzir um herdeiro - disse Robert, rindo de um jeito que indicava que isso era a coisa mais óbvia do mundo. - E tenho que admitir que eu gostaria de ver um neto antes de me ir.
Gina se sentiu mal e tentou engolir o nó na sua garganta. Deu uma olhada do outro lado da mesa para Draco, que estava franzindo as sobrancelhas, também parecendo levemente amedrontado.
“Nos casarmos não é o suficiente”, pensou ela, “e agora eles quererem que nós tenhamos filhos?”
- Tudo no seu devido tempo, é claro - declarou Edward - Agora, esses malditos bárbaros na Escócia...
Gina soltou o fôlego, agradecida pela mudança de assunto. Fechou os olhos brevemente. “Por favor”, ela implorou, “me deixe acordar amanhã em Hogwarts. Eu não posso me casar com o Malfoy... eu não posso ter filhos com ele... eu só tenho dezessete anos, eu quero me casar quando estiver apaixonada...”
Quando ela abriu os olhos, achou Draco a observando com um olhar indecifrável no rosto. Então ele sorriu maliciosamente para ela, cruzando seus braços e inclinando-se de volta para a cadeira.
“E eu nunca vou me apaixonar por Draco Malfoy.”
Nota da Autora: Ah, será que Gina poderá manter sua promessa?
No próximo capítulo: Harry despe Draco (hehe) e Gina se encontra com ele na cozinha.
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