DESCOBERTAS
Quatro figuras cambaleavam no corredor, apoiando-se nas paredes e nos ombros vizinhos para não espatifar no chão frio de pedra. Alguns alunos da Lufa-lufa que haviam cruzado com eles acreditaram que se tratava de um porre homérico. (“Como alguém pode ficar bêbado com cerveja amanteigada e vinho doce quente?”).
Ora, e quem disse que eles estavam de porre? Apesar das gargalhadas estridentes, das canções capengas e dos risos fenomenais, os quatro grifinórios não haviam abusado das canecas. Eles estavam felizes.
Hermione e Rony estavam satisfeitos por poderem namorar sem terem que se esconder. Harry e Gina acompanharam a alegria dos dois e descobriram que também sentiam-se aliviados e confiantes. Creditaram o arrebatamento à atmosfera acolhedora de Hogwarts naquele dia, e devia ser mesmo, mas parecia haver algo mais, era o que a ruiva sentia.
Pela primeira vez estava acompanhando Harry Potter em um momento de descontração. Ela pegou-se admirando-o várias vezes durante a noite, quando ele não estava olhando.
“Nossa, que diferença! Como ele fica atraente quando sorri!”/, ela percebeu, ao vê-lo sem as rugas de tensão na testa. “E eu pensei que elas fossem permanentes...”
Uma quentura gostosa subiu pelo seu corpo ao ver que ele a abraçava pela cintura para subirem as escadas junto com o mais novo casalzinho da escola. Ela aproveitou e chegou-se para bem perto do moreno. Decidira curtir seus últimos instantes de despreocupação.
Ao entrarem na sala comunal, ela e Harry foram largados de lado e assim prefeririam mesmo.
- Não sei quanto a você, mas eu não quero servir de vela para ninguém. – o bruxo falou bem próximo ao ouvido dela. Gina sorriu e virou-se para ele, corando furiosamente ao perceber que estavam quase encostando os narizes. Os olhos deles se encontraram e desviaram quase imediatamente. Os dois recuaram um passo. – Quer sentar perto da lareira comigo? – ela concordou, ajudando-o a posicionar duas poltronas de costas para o lugar onde Rony e Mione estavam conversando baixinho, as testas juntinhas.
Os dois ficaram apenas contemplando o fogo alegre queimando a lenha lentamente, estalando e faiscando. De quando em quando, ouviam uma risadinha abafada e o barulho de um beijo. Em todas as vezes, Gina virava-se para Harry, querendo sair dali, mas ele não olhava de volta.
“Parece que a alegria durou pouco.”, ela concluiu ao notar o olhar desfocado do garoto. Certamente ele nem se dava conta dos acontecimentos ao redor.
- Elas parecem os seus cabelos, Gina. – ele murmurou ainda sem virar-se para ela. – O vento e o sol fazem esse mesmo espetáculo nos seus cabelos.
O queixo da ruiva caiu. Ela abriu e fechou a boca, sem conseguir emitir um único som. Harry pareceu notar, pois seus lábios se curvaram num sorriso triste.
- Você achou que eu nunca percebi? Detesto ter que concordar com Malfoy em qualquer assunto, mas tenho que admitir: - então, ele encarou-a, os olhos verdes fixando os castanhos dela. - quem não perceberia o brilho dos seus cabelos? Nem um cego, Gina, nem um cego!
- Harry... – a voz saiu estridente e ela olhou em volta antes de continuar, mas os outros pareciam não ter ouvido. – o que está havendo?
- Nada. – ele voltou-se rapidamente para o fogo. – Esqueça o que eu disse, ok? – a ruiva franziu a testa.
- Acho que é melhor irmos dormir, não acha? – perguntou lentamente, como se pesasse as palavras. – Acho que estamos com sono demais, e toda aquela cerveja amanteigada...
Mas ele parecia não querer sair da poltrona tão cedo. Ao perceber que ela se levantava, disse num sussurro urgente.
- Dumbledore deu permissão.
- O que você disse? – ela teve que se abaixar para escutar.
- Posso responder suas perguntas. Se quiser, pode ser agora.
- Aqui?! – espantou-se, olhando para um beijo particularmente longo do irmão.
- Não. – ele sorriu. – Eles e nós precisamos de um pouco de privacidade. Que tal um passeio?
- Bem, - ela hesitou. “O que ele quer dizer com privacidade?” – Podemos sair. Ainda é cedo, mas não podemos demorar.
- Ah! Vamos usar a minha capa de invisibilidade.
- Harry. – uma voz chamou e eles se assustaram. Estavam falando tão baixo e próximos um do outro. Bateram as cabeças e olharam feio para um Rony vermelho e de boca inchada. – O que vocês estão fazendo? – o ruivo questionou, com olhar desconfiado.
- Nada, Rony. – Gina disse, incisiva. – Estávamos conversando! E você não está em condições de pedir explicações, não é mesmo?
O rosto do irmão ficou mais vermelho, se isso era possível. Ele respirou fundo e voltou-se para o amigo.
- Você pode emprestar a sua capa? – e acrescentou, aproximando-se de modo que encobriu a fala seguinte. – Mione e eu queríamos dar uma volta, entende?
- Olha lá o que você vai fazer, Ronald Weasley! – Harry exclamou, sorrindo maliciosamente e procurando ver Hermione. Ela estava debruçada sobre a mochila, aparentemente muito ocupada procurando algo. – Ela é minha melhor amiga, ouviu?
- Que... que você... você quer dizer? – gaguejou o ruivo. – Nós só vamos dar um passeio, cara!
O moreno riu alto, atraindo os olhares dos três sobre si.
- Espera que eu já volto! – declarou, subindo rapidamente os degraus e voltando instantes depois.
- E nem precisamos sair. – Gina disse quando o retrato fechou. – Agora podemos nos falar em paz. – seu raciocínio retornara da folga do Natal e sua curiosidade estava afiada. – Pode começar.
- Esquecemos de pegar os presentes. – Harry constatou, remexendo em seus bolsos.
- Não me enrole, Harry Potter! Você já conseguiu toda a minha atenção!
- Tudo bem. – ele suspirou e mudou sua cadeira para ficar de frente para a garota. – Isso vai ser difícil. Não sei por onde começar...
- Que tal pelo começo? – ela sugeriu, séria. O bruxo fechou os olhos por um momento, em seguida encarando-a.
- O que você sabe?
- Sei o que me disseram no escritório de Dumbledore. Minha família descende de Avalon, tenho um dom raro. Você ouviu também. – ele confirmou com um aceno. – O que eu não sei é o que você tem a ver com tudo isso.
- Eu sou o alvo ambulante favorito de Voldemort. – Harry disse, não se importando com o possível tremor que a menção do nome causaria nela. – Tudo que diz respeito a ele me interessa, embora não seja esse especificamente o motivo por eu ter participado do Yule. Sianna acredita que tenhamos uma ligação, você e eu.
- Que espécie de ligação? – Gina perguntou, de repente desconfortável na poltrona.
O moreno sorriu e curvou-se para frente, como se estivesse prestes a contar um segredo.
- Outras vidas. – anunciou. – Dumbledore e ela parecem convencidos de que temos uma ligação espiritual. Nós juntos podemos vencer Voldemort. Nossos poderes se completam.
O cérebro de Gina teve dificuldade em assimilar a informação.
- Como eles sabem disso?
- Bem, não sei com detalhes, mas ela tem dons estranhos para nós, não é mesmo? Talvez ela sinta.
- E eles querem que façamos o que?
- Não sei. O óbvio seria treinarmos juntos, mas isso não está acontecendo. Você tem suas aulas com Sianna e eu... Bem, eu tenho me virado.
- Com Dumbledore? – o garoto assentiu. Gina fitou-o com atenção. Ele parecia mais cansado do que ela jamais o vira. “Como fui egoísta em olhar só para o meu umbigo... Tantas pessoas envolvidas e eu preocupada com a minha vida amorosa...”.
- Tentei argumentar, mostrei a eles que você não podia ser arrastada para essa guerra. – ele confessou. – Mas você me surpreendeu, Virgínia. – um sorriso triste esboçou-se no rosto dele. – Aliás, não sei porque me surpreendi. Sempre soube que você era forte e corajosa.
“Por Merlin, o que está acontecendo com o mundo hoje?!”
Era a primeira vez que ele a chamava pelo nome e a voz grave do garoto soou doce nos ouvidos dela. Havia tanta gentileza na maneira dele falar que Gina esqueceu-se de respirar, embevecida. Será que ele percebia o efeito que estava tendo sobre a ruiva a sua frente?
- Harry... eu... eu...
Os dedos dele entraram em contato com os lábios dela, fazendo-a calar. A mão dele envolveu sua bochecha e deslizou pelos cabelos. O coração da bruxa estava fora de controle, certamente quebrando duas ou três costelas.
- Como pude ser tão idiota? – ele murmurava, notando a luz do fogo brincando no rosto dela. – Demorei tanto tempo...
Gina nunca havia experimentado um sonho tão concreto. Perdia-se dentro do brilho dos olhos verdes, observando-os aproximarem-se.
O contato suave dos lábios de Harry provocou uma explosão dentro dela. Triunfo, satisfação, entusiasmo, êxtase. Como eles eram macios! As mãos do garoto enlaçaram-na pela cintura, trazendo-a do fundo da poltrona para junto dele. Gina correu a mão pelo cabelos despenteados, pressionando sua boca na dele. Um leve suspiro saiu dos lábios dela quando aumentou o contato, entreabrindo os lábios.
Harry puxou-a mais, sentando-a no joelho sem desgrudar dela. Seus dedos acariciavam calmamente o pescoço da garota enquanto ele aprofundava o beijo.
Gina sentia-se nas nuvens com os carinhos do bruxo, maravilhada com as sensações que eles provocavam. Ela nunca sentira isso antes...
Nunca??
Ah, isso era mentira! Uma mentira deslavada! Claro que ela já sentira aquela explosão antes. E havia sido tão bom quanto agora.
Ela empurrou o moreno bruscamente para trás e ergueu-se.
- Eu só faço besteira! – decretou com a voz rouca, virando-se e subindo as escadas sem sequer olhar para a cara de espanto absoluto do garoto.
“Virgínia Weasley, você está perdida!”
O castelo acordou tarde na manhã seguinte ao banquete de Natal. Fora particularmente constrangedor para alguns alunos serem pegos dormindo fora de suas Casas e, pior, em companhias suspeitas. De fato, a fofoca da semana foi a descoberta de Padma Patil e Draco Malfoy numa das salas do segundo andar, dormindo tranqüilamente numa enorme cama de casal que não deveria estar ali.
O zelador, Sr. Filch, implorara ao diretor pela chance de puni-los, mas Dumbledore trancou-se com o Prof. Snape e o Prof. Flitwich até encontrarem uma detenção para os dois. O assunto no Salão era qual havia sido ela.
Toda a interessante movimentação foi perdida por uma certa quintanista da Grifinória que não pregara os olhos a noite inteira. Ela encontrava-se no extremo da mesa da Casa, alheia aos acontecimentos, concentradíssima em três coisas: não cruzar seu olhar com o de Harry, que estava praticamente do lado oposto ao seu e lhe lançava vários olhares interrogativos; não erguer demais a cabeça e dar de cara com a expressão carrancuda de Alex, sentado estrategicamente bem na sua frente; e colocar para dentro, por mais que tivesse ânsia de vômito, a porção de ovos e bacon.
“Ótimo! Realmente ótimo! Parece que todos resolveram me castigar hoje. Até os elfos domésticos decidiram salgar a porcaria da comida! Em que fria eu fui me meter... Droga! E eles dois não têm mais o que fazer, não?... E pareciam ser férias tão promissoras...”
- Cara, essa Lake pega mesmo no pé do Brandon. – a voz de Collin ao seu lado, e a menção dos dois nomes a fez aterrissar. Buscando em volta, viu a professora de pé, ao lado do loiro, falando baixo. Ela viu o rosto dele contorcer-se numa careta de desgosto.
Alex levantou-se e encarou a mulher. Negou com a cabeça. Gina pôde ver o gesto desafiador do garoto e o olhar cinzento da outra endurecer, repreendendo-o por tal audácia. Os lábios dela moviam-se rispidamente, enquanto ele mantinha a pose. Várias pessoas estavam viradas para a discussão da dupla.
Então, Sianna fez algo que provocou uma reação impulsiva da ruiva. Deu um sonoro tapa no rosto de Alex. A sacerdotisa tremia de raiva. O garoto olhou-a incrédula, massageou a bochecha, virou as costas e saiu correndo. Os alunos ficaram boquiabertos com a exibição e voltaram-se violentamente para os colegas de mesa, comentando alto. Gina nem dignou-se a escutar. Seguiu o mais rápido que conseguiu atrás do amigo.
“Alex, não se esconda de mim... Onde está você?... Vamos, apareça... Você já me ajudou tantas vezes, está na hora de retribuir... Alex... Que coisa mais horrível!”
Já havia procurado em todas as salas do primeiro andar e subia para procurá-lo nas do segundo (“Procuro em cada canto desse castelo!”) quando uma lembrança a fez saltar de dois em dois degraus, escalando os degraus de mármore da escadaria principal até perder totalmente o fôlego.
“Esteja aqui, por favor... Esteja aqui...”, suplicava ao avistar a porta dupla que dava acesso à sala de Astronomia. Tentou empurrá-la e descobriu que estava trancada.
- Alex! – gritou, batendo os punhos na madeira. – Alex, eu sei que você está aí. – Esperou. – Alexander Brandon! Abra essa porta imediatamente!
- Vá embora, Virgínia! – a voz dele estava fanhosa. Pelo tom, ele deveria estar encostado na porta.
- Alex, abra a porta. – ela pediu, mais baixo, encostando o rosto na madeira. – Por favor, me deixa entrar.
- Não estou a fim de conversar. Por favor, vá embora. – ele suplicou.
- Você tem três segundos para abrir, antes que eu não responda pelos meus atos!... Um... abra logo... Dois... a minha varinha está apontada para a fechadura... Tr...
CLICK.
A maçaneta girou. Gina empurrou a porta e piscou. Esquecera que o teto era transparente. Apesar de ser inverno (ou talvez por isso mesmo), o dia estava muito claro e seus olhos foram ofuscados. Sua boca abriu-se quando viu o interior do cômodo.
Era uma visão desnorteante.
Havia uma cabana redonda de pedra, cercada por algumas árvores. Por trás, erguia-se ao longe um morro, encimado por um círculo de pedras que reluziam. Um pequeno riacho serpenteava na porta da construção, de cuja chaminé saia uma fumaça branca e fofa. De repente, algo se moveu lá dentro e saiu para a luz. Era uma mulher morena, poucos anos mais velha que Gina, carregando um menininho loiro no colo. Apesar de algumas diferenças, a garota reconheceu a mulher; e seu coração deu um pulo ao reparar nos olhos verdes do garotinho.
- Aquele senhor era o meu pai, mamãe? – ele perguntou, abraçando o pescoço dela.
- Não, meu querido. – ela sorriu para o menino.
- Onde está o meu pai, mamãe? – ele insistiu. Deveria ter uns três anos pelo tamanho.
- Para quê você quer um pai? Eu vou cuidar de você. – ela garantiu, beijando a bochecha rosada. – Sempre vou estar ao seu lado.
- Mesmo quando a senhora for a Suma Sacerdotisa?
- Mesmo então. Quero que se lembre disso, porque eu não vou esquecer. Lembre-se de que eu amo você.
Os dois interlocutores, a cabana e o morro foram perdendo a nitidez, até tornarem-se sombras e então sumirem. Gina ficou parada, olhando a parede ao fundo, digerindo o que acabara de presenciar.
- Ela esqueceu. – a voz baixa de Alex a fez girar os calcanhares. Ele estava sentado perto da porta, a varinha em punho, os braços apoiados nos joelhos dobrados. – Na noite anterior, um homem havia estado em nossa casa, na Ilha do Dragão. Ele foi gentil comigo... – ele parou, fechou os olhos e respirou fundo, tentando conter as lágrimas. Gina aproximou-se e tocou-lhe o ombro.
- Você não precisav...
- Sim, eu precisava. Preciso que alguém saiba porque aí fica mais fácil suportar, Virgínia. Não é confortante ser filho de Avalon. Ter que colocar os interesses da Ilha na frente da sua felicidade. – ele abriu os olhos e encarou-a, querendo gritar por ajuda. – Só que não poderia ser você. De todos, não poderia... E mesmo agora, não existe outra... – ele largou a varinha e, com as costas da mão, acariciou a curva do rosto da garota. Gina viu as lágrimas caindo, grandes e cristalinas, marcando a pele de Alex. Seus dedos secaram algumas, mas havia muitas.
- Obrigada por confiar em mim. – ela sussurrou, abraçando-o.
A garota sentiu-o desabar nos braços dela. O corpo de Alex tremia. Subitamente ela percebeu que ele guardava essa mágoa há muito tempo e ela jamais se dera conta, apenas despejava seus desejos e revoltas, sem desconfiar que ele também tivesse seus fantasmas.
Passava as mãos vagarosamente pelas costas dele, murmurando que tudo ficaria bem, que ela estava ali com ele. Em resposta, Alex passou os braços em volta dela, apertando-a mais contra si, como se Gina fosse sua última salvação. A garota não protestou, ao contrário. A sensação morna de estar perto dele tomou conta de seus sentidos. Ela poderia ficar ali junto dele por toda a eternidade.
Lentamente, o garoto se acalmou e conseguiu desvencilhar-se do abraço da ruiva o suficiente para olhá-la.
- Melhor? – perguntou com carinho, observando com certa aflição o rosto inchado e vermelho dele.
- Desculp... – ele começou, tentando recostar-se de novo na parede, mas ela o segurou.
- Se você me pedir desculpas, eu juro que digo que você está horroroso, Alex. – brincou sem sorrir porque estava ocupada fitando-o com insistência.
Ele retribuiu o gesto e instintivamente aproximou seu rosto do dela, olhando a boca vermelha da garota.
- Não. – ela colocou a mão para impedi-lo. – Por favor. – acrescentou para amenizar a rispidez da recusa. Alex beijou o ombro de Gina. Ela sorriu. – Quer um tratamento de Bichento?
- O que?
- Bichento é o gato da Mione. Às vezes, ele sobre no meu colo e eu faço carinho nele. Estou perguntando se voc...
- Só se for agora! – ele exclamou, prontamente deitando a cabeça no colo da amiga.
Gina bagunçou mais ainda os cabelos de Alex, puxou suas orelhas,fez cócegas, catou pulgas (“Isto é um insulto, Srta. Weasley!”), tentou de tudo para fazê-lo rir, e conseguiu. E ela decidiu que não deixaria ninguém magoá-lo novamente.
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