Lembre-se de Mim
_Droga! Luna xingou, derrubando tinta no artigo que estava corrigindo para a nova edição do Pasquim.
_Oi.- uma voz chamou sua atenção, e quando levantou a cabeça viu que era Harry.
_Oi. Você voltou.- ela murmurou surpresa.
_Desculpe ter saído daquele jeito, sem me despedir.- Harry falou sem graça.- Eu vim porque queria pedir desculpa e... porque precisava ver você.
Ela ergueu as sobrancelhas surpresa, mas não disse nada.
_Eu pensei...- ele continuou corando, encarando tudo menos ela.- que talvez você gostaria de sair comigo, um dia. Almoçar, quem sabe?
_Mas... e a Gina?- Luna perguntou surpresa, seus olhos cada vez maia abertos. Harry, mesmo a distância, podia ver sua forma constrangida refletida neles.
_Eu e a Gina não estávamos bem a um tempo. E acabou, o que tínhamos.- ele deu de ombros, agora e ali, aquilo não importava mais.
_Achei que você a amasse.- Luna murmurou.
_Eu também achei.- Harry confessou.- Nós estávamos enganados, pelo que parece.
_Você está me dizendo... que quer ficar comigo?- Luna perguntou incerta, seus olhos brigalhando de uma maneira estranha, cheia de expectativas. E ela se levantou, se aproximando dele.
_Eu quero.- ele sorriu.
_Mas, eu sou Di-Lua Loony Lovegood, a maluca da Corvinal. Por que você quereria ficar comigo, quando pode ficar com garotas como a Gina?
_Eu não sei, simplesmente quero.- ele sorriu.- Você é muito mais do que imagina, Luna. Sempre esteve ao meu lado, em todos os momentos que precisei. Você podia ver Testrálios, ouvir vozes atrás do véu, você me ajudou no Ministério! E até mais depois, me ajudando a superar a morte de Sirius, como ninguém mais pode, nem meus melhores amigos. Você até foi para festa do Clube Slug comigo! Sempre esteve lá, Luna. É uma pena que eu tenha demorado tanto para perceber isso.
_Eu nunca me importei que você me chamasse de Loony (*Di-Lua em inglês). - ela sorriu, chegando mais perto dele, a cabeça baixa.- Eu até gostava.
_Posso te chamar assim, de agora em diante, se você quiser.- ele respondeu, erguendo o queixo dela para que ela o olhasse, e imediatamente se viu refletido naqueles olhos sempre tão inigmáticos e cheios de sentimentos, que ele achava tão lindos.
_Você disse que gosta de mim por tudo o que fiz. Só que eu não sei se você ainda tem problemas, como os que tinha em Hogwarts, para eu te ajudar. - ela se desculpou.
_Ok.- ele riu, lembrava-se bem desse dia Então começou a conversar com a Luna de sua lembrança, algo que não pertencia a memória, mas que ele queria muito dizer a ela.- Eu me lembro dessa conversa muito bem.
_Eu te fiz sorrir, não fiz?- ela riu feliz.
_Você sempre me fez sorrir. Quero que saiba que mesmo depois dessa conversa, eu continuei acreditando que você podia sempre me ajudar. E não estava errado.
_Que bom. - ela sorriu, então abaixou a cabeça.- Eu me lembro de quando nos conhecemos. E de quando você me levou para a festa do Prof. Slughorn, para aquele grupo de pessoas especiais e estranhas. Para não me perder no meio das pessoas, você segurou minha mão. Eu nunca tinha segurado a mão de nenhum menino antes.
_Na verdade, nem eu de nenhuma menina. Que bom que essas lembranças não serão apagadas. Serão tudo o que nos resta. - ele engoliu em seco, com um nó na garganta.- Seria tão diferente, não é mesmo? Se tentássemos de novo?
Ela levantou a cabeça, olhando-o com aqueles enormes olhos cinzentos, tão bonitos, que ele jamais iria esquecer.
_Lembre-se de mim.- ela disse simplesmente- Faça o melhor para lembrar. Talvez possamos recomeçar.- e ficando na ponta dos pés, ela o beijou antes de desaparecer junto com a memória.
XXX
No escritório da LACUNA INC. , Mary revirava todas as pastas de arquivos. Ali estavam as memórias de todas as pessoas que passaram pela clínica, esquecidas e abandonadas. História de vidas inteiras, largadas como se nunca tivessem acontecido, como se nunca tivessem tido importancia. Frustada, a menina começou a revirar as gavetas de Harold, até que encontrou a última gaveta trancada. Com a varinha, ela a destrancou, e no fundo achou o que procurava. Uma pasta com seu nome, e uma caixa para gravação. Uma parte de sua vida que havia perdido.
Trêmula, com um nó na garganta, Mary se sentou no chão abrindo a caixa. Sua voz imediatamente saiu da caixa, dizendo coisas que não se lembrava de ter dito, e que nem por isso eram menos verdadeiras. Sentiu lágrimas escorrerem por seu rosto, até ali negara para si mesma que havia feito aquilo, mas ali estava a prova. Será que todas as pessoas se sentiriam como ela, tão perdidas por terem apagado parte de suas vidas? Parte delas mesmas?
'Eu gostei de você imediatamente.' a voz dela dizia, 'Você não me notava de jeito nenhum, e eu gostei disso. Eu era tão tímida com você no começo, queria que você pensasse que eu era esperta. Mal podia esperar para ir trabalhar. Eu ficava imaginando a gente se casando, tendo filhos...' a voz dela sumiu em um soluço, e Mary sentiu seu rosto molhado de lágrimas. 'Oh, Harold. Eu não posso...
'Nós concordamos que seria melhor.' a voz de Harold disse, em um tom frio e profissional, que fez a dor em seu peito aumentar.
'Eu sei. Oh, Merlim! É tão difícil!'
E a própria Mary não pode mais ouvir, fechando sua caixa. Olhou em volta, para o lugar onde milhares de pastas como a dela, estavam espalhadas. E ali tomou uma decisão, não importava as conseqüencias, faria o que era certo. Esquecer uma coisa ou outra é sempre bom, esquecer parte de uma vida era apenas escavar um buraco que jamais deixaria a pessoa em paz.
N/A- Capítulo curto. Mas, é que já está no final. Só faltam dois capítulos. Por isso comentem! Beijos, Mary
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