Vigésimo Sexto Dia
“Mas se ele não quer nada comigo, eu também não quero nada com ele!”, pensou Gina, chateada, enquanto fuçava na mala de Malfoy, procurando por uma cueca limpa, para que pudesse tomar banho.
“Mas que saco! Quem é que fez a mala do infeliz que eu não acho uma droga de uma cueca limpa para usar?”, perguntou Gina, irritadiça.
Impaciente, Gina virou a mala ao contrário, depositando tudo o que tinha dentro dela em cima da cama ainda por fazer do loiro. Então, encontrou uma foto.
Era Draco Malfoy abraçado com uma morena atraente.
Você é o cara mais sexy que já tive o prazer de conhecer,
Com um beijo ao nosso jeito,
Mandy Blanck
“IUGH”, fez ela, abandonando a difícil missão de encontrar um única cueca limpa.
“Quem será essa Mandy Blanck?”, perguntou-se ela, em pensamentos.
Gina só não sabia que esse pensamento ocuparia a sua mente por todo esse dia, e o seguinte e, que, talvez, nunca o esqueceria.
“Então, a Gina está correndo risco de vida?”, perguntou Draco, para Harry, no começo daquela cinzenta manhã de inverno.
“Não, era só um boato”, delimitou-se Harry, sem erguer os olhos para o Draco.
“Você disse para ela que eu estive lá?”, perguntou ele, numa tentativa desesperada de descobrir se a garota o odiava ou se ainda tinha algum perdão.
“Sim, eu disse”
“E ela?”
Harry pousou a pena sobre o pergaminho e ergueu os olhos verdes, encarando-o com seriedade.
“Eu não sou um pombo correio, ou um lembrol nem nada que o valha! Se está querendo saber quais são as suas chances de ser perdoado, Malfoy, vá falar com ela você mesmo!”, dito isso, o moreno voltou sua atenção para o dever que tinha em mente a intenção de terminar.
“Olha, Potter... Eu sei que...”
“Não, Malfoy, me escute você”, disse ele, por fim, puxando o Draco para longe dos demais alunos que, mesmo longe, poderiam ouvira conversa, graças às orelhas extensíveis das Gemialidades Weasleys.
Quando os dois pararam em um lugar bem longe dos demais, Harry virou-se para ele.
“Ela não é minha”
“Quê?”, perguntou Draco, confuso, embora soubesse sobre o que Harry falava.
“A Gina... Eu ajo como se ela fosse minha, mas não é a mim que ela quer, infelizmente. Porque eu sei que você é um idiota, um cafajeste, um retardado, mas, sobretudo, você abriu mão dela para vê-la feliz. Eu não a mereço”, disse o moreno, por fim, desviando os olhos verdes e avaliando os próprios sapatos.
“Potter, tá certo que esses seus atos de ‘eu sou o bom e abro mão do que amo para meu pior inimigo’ tá meio manjado e fica bem melhor em você do que em mim, mas nós dois sabemos que eu e a Gina não temos futuro juntos!”, disse Draco, sentando-se em uma poltrona e lançando-lhe um olhar ferido “Além do mais, minha mãe já arranjou uma esposa para mim”
“Que coisa mais séculos XVI, Malfoy”, disse Harry, cruzando os braços “Se você gosta de alguma coisa, por que não luta por isso?”
“Malfoy, não é ‘alguma coisa’, é a Weasley, okay? Não é assim tão fácil!”, disse ele, bravo “Nossas famílias se odeiam, você acha que, por exemplo, o Ronald vai aceitar na boa isso? E aqueles gêmeos? E o pai dela?”
“Vai com calma”, disse Harry “Hoje, a Mione e eu, amanhã o mundo”
“Quê?”, perguntou Draco, erguendo a sobrancelha.
“Olha... nos prove que você é digno da Gina...”, disse uma voz feminina, atrás deles, e Draco virou-se vendo a Granger “... e com o Rony, nós tentaremos dar um jeito”
“Você... Você contou para ela?”, perguntou Draco, incrédulo.
“Eu estava realmente mal ontem, okay?”, justificou-se Harry “E a Hermione achou bem bonitinha toda a história”, ele acrescentou isso com um olhar de desdém, quase cômico, para a garota que corou furiosamente.
“Espera um pouquinho, aí! Essa menina não consegue nem cuidar da vida amorosa dela, como é que eu vou deixar ela cuidar da minha?”, perguntou ele, arregalando os olhos.
“Como assim?”, perguntou Harry, claramente confuso.
“Ah, ela e o Weasley brigaram, porque ele estava com ciúmes de você, aí, ela saiu e ele ficou lá na biblioteca e pareceu que ele ia arrancar as... Oh-oh... Ele não sabia disso, sabia?”, perguntou Draco, olhando para a cara incrédula de Harry e depois para a cara pálida de Hermione.
“Não”, falou ela, rispidamente.
“Vocês não pretendiam me contar?”, perguntou o moreno, furioso.
“Sim, mas é que...”
“O quê?”, perguntou ele, cruzando os braços.
“Harry, achamos que não tinha necessidade, ainda, era só umas ficadas, nem chegou a ser um namoro!”, disse ela, lançando um olhar do tipo ‘aiin, como eu te odeio’ para Draco Malfoy.
“Eu não acredito em vocês dois! Eu ia ficar feliz por vocês, sabia? Por que não me contaram? Por quê?”, perguntou ele, nervoso.
Nesse instante, um ruivo desceu as escadas.
“Que gritaria toda é...?”, mas ao ver Hermione, desviou os olhos “essa..?”
“VOCÊS ESTAVAM FICANDO E NEM ME CONTAM?”, berrou Harry.
Rony ficou em silêncio, lançando um olhar duro para Hermione.
“A culpa foi minha, sinto muito”, apressou-se Draco.
“CALA A BOCA, MALFOY!”. Berraram Harry e Hermione em uníssono.
“Como é que é...?”, perguntou Rony, confuso.
“Ela deve ser a namorada dele! É claro! Aiiiin... Que idiota! Me fazendo de trouxa e tem uma menina que dá de quinhentas de mim aos pés dele!”, irritou-se Gina.
“O quê?”, perguntou Zabini, que estava ao lado dela “O que você resmungou aí?”
“Eu? Nada! E, mesmo se eu tivesse, você não tem nada a ver com isso! Vai comer a sua lavagem e me deixa em paz!”, reclamou a ruiva, séria.
“Até que enfim você voltou ao normal!”, aliviou-se o garoto.
“Eu tava falando sério”, falou Gina, inexpressiva, apontando para a comida dele “Come logo isso daí!”
Zabini olhou-a intrigado.
“Você está bem?”
Gina olhou para ele e, como uma lâmpada, uma idéia se iluminou na cabeça dela.
“Sabe a Mandy Blanck?”, perguntou Gina, com um ar de desdém, como quem não quer nada.
“Sei... Ela é bem gostosa, fala sério! Quero dizer... nossa... ela é de deixar qualquer um louco!”, disse o garoto, desenhando um corpo de violão no ar “Quero dizer, você sabe disso melhor que ninguém!”
“É, né? Eu sei...”, disse Gina, sem conseguir disfarçar a chateação “Er... Eu vou para a biblioteca”
“Fazer o quê?”, estranhou o garoto.
“Me afastar da escória como você”, disse Gina em tom debochado, dando-lhe um aceno com a mão.
“Então... A Gina tá no seu corpo?”, perguntou Rony, depois de fazer o trio contar a história pela enésima vez.
“Sim”, respondeu Draco, impaciente “Normalmente, é o que acontece quando duas pessoas trocam de corpo, Weasley. Sua mãe esqueceu de te dar um cérebro, não é? Bom, ninguém pode culpá-la, com trocentos filhos, um tem que sair mal feito”, disse ele, dando de ombros.
Ron cruzou os braços.
“Como você espera que eu lhe dê permissão para ficar com a minha irmã se você me trata assim?”
“Quem disse que eu quero – ou preciso – da sua permissão?”, perguntou Draco, erguendo uma sobrancelha e saindo de lá.
“Então... Vocês estão namorando?”, perguntou Harry, cruzando os braços, assim que a ruiva – mas que na verdade era Draco – saiu do local, carrancuda.
“Olha, Harry...”, começou Hermione.
“Não estamos, nós estávamos. Mas está tudo acabado, pode ficar com ela, se é o que quer?”, disse Ron, cruzando os braços e desviando os olhos.
Harry ficou uns segundos em silêncio, depois explodiu em gargalhadas.
“Eu... e... a Mione?”, perguntou, rindo, como se fosse a piada mais engraçada do mundo.
“Hehem... É bom saber que os homens pensam assim de mim!”, bufou Hermione, sentando-se onde outrora sentara-se Draco Malfoy.
“Mi, desculpa, mas é que... Ron, não seja idiota... desde o terceiro ano você é apaixonado por ela, não abra mão dela só por causa de um ciúmes besta!”
Ron corou perante a revelação.
“Desde o terceiro ano?”, perguntou Hermione, perplexa “Por que nunca me disse isso?”
“Você nunca me deu tempo! Sempre que estávamos juntos, você estava pensando em outra coisa!”
“Como você pode saber no que eu estava pensando?”, perguntou ela, séria.
“Você sempre falava em outra coisa!”, retrucou ele, com uma teimosia infantil.
“Nem sempre falamos o que pensamos, Ron”
Ron ficou parado, fitando-a em silêncio.
Harry olhou para Hermione, depois para Rony, depois para Hermione.
“Certo, eu vou dar uma volta”
Saiu, mas teve a leve impressão que os dois nem mesmo perceberam.
“Não só tem algo com ela, como já deu uns catas nela!”, pensou Gina, incrédula, enquanto rabiscava algumas coisas em um pergaminho, distraidamente.
Quando olhou para o pergaminho, viu uma árvore mal feita, com um cara sendo pendurado pelo pescoço com uma corda e, na outra extremidade da corda, uma garota de cabelos longos puxava-o.
O rapaz tinha no lugar dos olhos dois redemoinhos e da boca saía a língua, embora o desenho se limitasse à uma bolona (a cabeça) e alguns palitinhos que correspondiam aos braços, o tronco e as pernas, era claro que se tratava de Draco Malfoy e a garota que enforcava-o era Gina.
“É um belo desenho”, murmurou Draco, às suas costas “Há alguma possibilidade de tornar-se real?”, perguntou ele, erguendo uma sobrancelha, de maneira provocativa.
“Isso depende”, disse Gina, rispidamente, enquanto molhava a pena no tinteiro e escrevia ‘Draco Malfoy’ e puxava uma seta e apontava para o enforcado e escrevia ‘Gina’ e apontava para a culpada pela morte prematura do bonequinho.
“Hum... Depende de quê?”
Sem conter o ciúmes, Gina ergueu a cabeça.
“Quem é Mandy Blanck?”
Draco pareceu ficar em silêncio por alguns segundos, que duraram séculos, na cabeça de ambos.
“Uma... garota”, disse ele hesitante.
“Ótimo”, disse Gina, entendendo que ele não falaria muito mais que isso.
“Gina, calma...”
“Se você não vai me contar quem é aquela vadia, eu também não quero nada com você!”, disse a ruiva, séria, pegando o desenho e a pena e levantando-se, passou por ele como um foguete e virou-se para ele, da porta da biblioteca.
“Sabe esse desenho?”, e mostrou-o para Draco “Você não tem idéia de como estou com vontade de fazê-lo agora!”
Fechou a porta com um estrondo.
“Por Merlim! Qual é o problema de vocês adolescentes com essa porta?”, perguntou, nervosa, a bibliotecária.
Draco lançou-lhe um olhar de desdém e sentou-se em uma poltrona.
“Como ela descobriu sobre a Mandy?”, perguntou-se, em pensamentos.
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