A Doença
Ainda era verão, e Harry estava voltando para casa com seus amigos. O enterro de Dumbledore fora durante a manhã e eram quase duas horas quando o trem partiu. Harry dividia uma cabine com Rony, Hermione (ainda triste, apoiada nos ombros de Rony) e Gina.
-Harry – chamou Gina, bem baixo – Aquilo que você me disse durante o enterro, sobre o nosso namoro...
-Eu pensei mais Gina, e cheguei a uma conclusão: Poderíamos namorar escondidos... – Harry dissera isso realmente baixo. Um enorme sorriso podia ser visto em Gina
-É por isso que eu te amo – disse Gina e beijou Harry
Bem naquela hora, Rony fez um “Psiu” para os dois e apontou para o lado de fora da cabine. Pelo vidro, Harry viu Cho Chang, com lágrimas nos olhos, e atrás dela, a menina que contara tudo sobre a AD. Cho saiu correndo, soluçando, e a amiga foi atrás. Antes de pensarem em qualquer coisa, alguém abriu a porta da cabine deles.
-Olá Harry – Era Luna Lovegood, que acabara de chegar. Ele estava com uma mancha vermelha fresca nas vestes – Oi Gina. Oi Rony. Oi Hermione. Tem lugar para mim?
-Tem, só que - disse Rony – vai ficar um pouco apertado. Mas por que o Harry ganha “Olá” e a gente ganha “Oi”?
-Isso mudaria alguma coisa na sua vida? – disse Luna se sentando ao lado de Gina. Rony apenas ficou vermelho – Deixe-me colocar essa mala aqui.
-Luna – disse Hermione, que permanecera quieta até o momento – o que é isto na sua roupa?
-Ah, isto? – disse ela apontando para a mancha, depois pegou um pano na mala – Foram uns alunos do quarto ano. Estavam em três e perguntei se poderia ficar ali. Um deles disse “Não, mas isso adoraria”. Não vi direito o que ele tacou, só sei que era nojento – continuou Luna, pegando um outro pano mais limpo – Bom, sorte que não tinha nenhum professor ou monitor por perto.
-Ou o menino levaria uma bronca, certo Luna?
-Errado Rony. Eu também iria me dar mal.
-Por quê? – indagou Harry – Você não fez nada, fez?
-Depende... Se você acha que um gesto obsceno é “nada”... – disse Luna abafando umas risadinhas
O resto da viagem ocorrera sem transtornos. Luna conseguira remover parte da mancha, mas gastara uns cinco panos. Hermione e Rony estavam sussurrando coisas um no ouvido do outro. Harry e Gina apenas aproveitaram. Quando desembarcaram, ficaram surpresos com tantos pais nas portas do trem. Todos queriam pegar seus filhos, e diziam coisas como “Nesse trem você não pisa de novo” ou “Dê tchau aos seus amigos que você não os verá na escola”.
Quando finalmente desceram, Harry viu a Sra. Weasley os esperando.
-Harry! – disse ela tentando escapar dos outros pais – Vocês estão aí! – só depois Harry vira que também havia vários aurores ali. Uns sérios, semelhantes aos seguranças dos trouxas, outros examinando as bagagens – Venham cá. Aqui está insuportável. Vamos lá fora - A Sra. Weasley estava certa. Do lado de fora estava muito mais calmo. O Sr. Weasley os aguardava lá fora.
-Harry! – disse ele. Rony disse “Ninguém reparou em mim... Nem meus próprios pais” – Venha cá rapaz, quero combinar algo com você.
-O que? – indagou Harry, que estava à procura dos Dursleys.
-Você sabe que o casamento de Gui e Fleur está próximo – Harry confirmou com a cabeça – Mais precisamente, em 25 de junho. Era pra ser antes, mas você sabe, Gui foi atacado. Provavelmente nós vamos buscá-lo dois dias antes do casamento, e logo depois da festa voltará para a “sua” casa.
-Eu acho uma boa proposta Sr. Weasley, mas o senhor teria que falar com meus tios antes – respondeu Harry, ainda à procura dos tios (se não precisasse da proteção deles, nem estaria o fazendo).
-Eu já falei com eles – disse o Sr. Weasley, levando-o de volta para os outros – estão lá fora no carro deles. É melhor se apressar, afinal, eles foram pegos de surpresa, não sabiam que o trem iria chegar mais cedo.
Harry então pegou seu malão, deu um beijo de despedida em Gina (a Sra. Weasley quase morreu de felicidade) e se despediu dos outros. De fato, os tios estavam no estacionamento. Tio Válter estava com o braço apoiado sobre o teto do carro, tia Petúnia estava dentro do carro, e no banco de trás, Duda. Ele estava bem gordo. Harry pensara até que ele seria um Slughorn no futuro. Os botões da camiseta estavam sobre uma leve pressão, como se quisessem fugir da camiseta, criar asas e sair voando por aí. Harry pensou “Não seria uma má idéia fazer isso depois que tiver dezessete anos”, com um leve sorriso maléfico no rosto.
Tio Válter fez com que ele entrasse. Duda estava quase ocupando todo o cinto de segurança, enquanto Harry quase batia a cabeça no teto do carro. Tio Válter ligou o carro e foram. Tia Petúnia não parava de olhar para trás. Ela estava muito estranha, querendo observar Harry. Tio Válter quebrou o silêncio.
-Não sei se você sabe – disse o tio – mas um pássaro BEM estranho apareceu hoje lá em casa.
-E o que eu tenho a ver com isso? – perguntou Harry, que não entendia nada.
-Acho que pássaros comuns não têm umas dez caudas e pegam fogo do nada e depois aparece um filhote novo das cinzas...
-Ah! É uma fênix! – disse Harry, que mesmo assim não entendera por que uma fênix fora para a sua casa.
-Fênix? – perguntou Duda com uma cara estranha – Fênix? Eu achava que elas eram apenas uma lenda.
-Não, elas são reais – disse Harry ajeitando os cabelos – Mas, o que vocês fizeram com ela?
-A deixamos no seu quarto – disse tio Válter – Ela deve ser sua, porque eu simplesmente não quero uma coisa daquelas.
Quando chegaram, Harry pegou sua mala e a gaiola de Edwiges. A coruja estava fraca, triste. Harry deixou-a voar um pouco, mas a ave tombou e caiu no chão. Harry tomou-a nos braços. Disse aos tios o que acontecera, e perguntara se poderia levá-la a um veterinário. Ele apenas ouviu um forte “Não” de tio Válter, mas tia Petúnia parecia ter ficado com pena da coruja.
Harry levou-a ao jardim dos fundos. A grama estava viva, e havia uma fonte para pássaros. Harry deixou Edwiges por lá. Quando chegou em seu quarto, viu a fênix que seu tio havia falado: Era Fawkes. Ela voou em direção a Harry, surpreso com aquilo. Ele acariciou a cabeça da jovem fênix e resolveu se deitar.
Ainda na estação, os Weasleys estavam se ajeitando de um jeito que pudessem aparatar juntos. Os carros do ministério não estavam mais com o Sr. Weasley, já que Harry não estava mais com eles.
-Isso Gina – disse o Sr. Weasley, segurando as malas de sua filha – segure no meu braço assim. Rony – disse o pai olhando para o filho, que estava segurado na mãe, com as bagagens em outra mão – segure um pouco mais firme, não queremos que suas pernas fiquem aqui na estação.
Eles estavam em um lugar escondido, fora das vistas dos curiosos. O Sr. Weasley contou “Um, dois, TRÊS!”, e logo mais já estavam na Toca. Rony se levantou para tirar o pó da roupa, pois havia caído. Gina, por sua vez, havia parado perfeitamente em pé. Rony, sem dizer nada, pegou as coisas e foi para o quarto. Agora, Gina não escapou.
-Filhota – chamou a Sra. Weasley – venha cá que quero falar algo com você.
-O que foi, mamãe? – perguntou Gina, que já sabia qual era a pergunta – é sobre...
-Sobre você e o Harry – disse a Sra. Weasley, com uma expressão séria no rosto – sobre aquele beijo... Vocês estão mesmo namorando ou foi só outra de suas “Aventuras Amorosas – Parte III”?
-Nós estamos mesmo – começou Gina, cabisbaixa – namorando – Gina não sabia se a mãe iria flutuar de felicidade ou deixa-la de castigo.
-Ah minha filha – disse a Sra. Weasley, com um sorriso de ponta-a-ponta no rosto – dê um abraço na mamãe!
-Ufa! – suspirou Gina
Hermione ainda estava na estação. Seus pais estavam em outra cidade, e ela teria que esperar um pouco. Ela estava no estacionamento, embaixo de uma árvore. O calor era insuportável. Quando ela resolveu pegar algo para se abanar, viu um vulto na estação. Ele estava com vestes negras, e um capuz tampando seu rosto.
-É um – sussurrou Hermione – Comensal da Morte!
Rapidamente, pegou sua mala e foi se distanciando da árvore. O Comensal da Morte parou próximo a um guarda, que disse “Não está meio calor embaixo dessa roupa?”. Na mesma hora, Hermione ouviu “Crucio”. O pobre guarda caiu ao chão, se contorcendo, com uma expressão horrível no rosto.
Hermione saiu do estacionamento e viu o carro dos pais chegando. Rapidamente entrou, e pediu com pressa que o pai fosse embora dali. O pai perguntara por que, mas na hora em que viu uma pessoa correndo ser atingida por um raio verde a cair morta na mesma hora, deu ré e foi embora.
Harry havia terminado de jantar quando foi ver como Edwiges estava. A coruja continuava fraca e várias penas estavam caindo. A idéia de deixá-la ao ar livre não fora muito boa. Quando ia fechar a porta, uma coruja veio voando. Harry deixou um pouco Edwiges e pegou a mensagem da outra coruja. Era uma coruja marrom, grande. Mas Harry vira que ela estava machucada, na asa. Não parecia nada com uma mordida de animal.
Com Edwiges no colo e a carta fechada na mão, Harry subiu para o seu quarto. Lá colocou a coruja ao lado de Fawkes. Fawkes se aproximou de Edwiges e deixou uma lágrima cair. Ela queria curar a outra coruja, mas fora em vão. A coruja continuava doente. Harry, que não vira a cena, abriu o envelope e começou a ler.
"Harry,
Eu acabei de chegar em casa. Queria que soubesse de um fato curioso que ocorreu: Quando estava indo embora, um Comensal da Morte atacou a estação. Foi terrível.
Também queria dizer que acho que estou perto de descobrir o que significa R.A.B., pois peguei um livro, "Bruxos e bruxas famosos da história", emprestado de um jovem na estação. Se não me engano, o nome dele era Diustavo.
É só isso que tenho a informar.
Beijos,
Hermione"
Harry não acreditava no que havia lido. Um comensal havia atacado a estação. Harry foi se deitar tentando imaginar o motivo do ataque, embora desconfiasse que ELE era o alvo.
Harry acordou com algo coçando em seu nariz. Era uma pena. Não apenas no seu nariz, mas em seu quarto também estava com penas. Primeiramente achara que seu travesseiro havia rasgado. Mas depois vira que ainda estava inteiro. Foi então que vira: Edwiges. Ela estava quase sem penas. Pegou-a e levou rápido para baixo. Queria convencer Tio Válter a levá-la a um veterinário. Porém somente Tia Petúnia estava lá na casa (além de Harry, claro).
- Harry! – disse Tia Petúnia espantada – O que aconteceu com sua coruja?
- Não sei – respondeu Harry – Tenho quase certeza que ela está doente.
- Harry, troque de roupa. Vamos até um veterinário – disse a tia, pegando sua bolsa. Harry nunca vira sua tia daquele jeito.
Logo já estavam indo a pé para o veterinário, que ficava a quatro quadras da casa de Harry. Eles chegaram. Era um lugar simples, mas tinha seu charme, Em cima um letreiro escrito "Bela Veterinária". Era um local velho, com algumas manchas nas paredes exteriores, mas Harry iria até o fim do mundo para salvar a coruja.
Dentro havia alguns bancos e um balcão de madeira. Tia Petúnia foi até o balcão e pediu que os atendessem. Harry não sabia por que, mas estava adorando Tia Petúnia naquele momento. Em pouco tempo, apareceu uma jovem os chamando. Estava usando um óculos por cima dos olhos azuis. Seus longos cabelos dourados terminavam em uma trança. Usava um uniforme branco.
A sala era bem simples. Não tinham muitas coisas. Tinha um armário cheio de coisas que Harry nunca havia visto, uma caminha onde ela deixava os animais e a sua mesa (um pouco bagunçada por sinal). Ela pegou Edwiges e colocou-a na caminha.
- Então – disse a veterinária com uma voz doce, que lembrava Harry do canto de Fawkes – acho que essa é a primeira coruja que recebo aqui – continuou Bela dando risadinhas – Eu não vejo muitas corujas de estimação.
- Eu gosto de corujas – disse Harry envergonhado
- Eu vejo – disse a jovem - Essa coruja foi bem tratada – ela pegou a coruja e se sentou à mesa – mas, você costuma deixar que ela faça muitos vôos?
- De vez em quando – disse Harry
- Parece que em um desses vôos ela pegou uma doença. Eu não estudei muito sobre as corujas, mas sei que não está nada bem. Tome – disse Bela lhe entregando um pequeno frasco – esse pequeno remédio para aves deve ajuda-la. Caso não ajude, sua pequena coruja não terá mais chances.
- Obrigado – agradeceu Harry observando o frasco – como devo aplicar este remédio?
- Era o que eu ia dizer – continuou a veterinária ajeitando o óculos – Você deve pingar três gotas na água dessa coruja, e deve dar a água a cada seis horas. É só? – terminou a jovem se levantando
- Somente - disse Tia Petúnia – obrigado.
Harry achou que aquele fora o melhor dia que passara com a tia.
Hermione não parava de olhar no livro que pegara emprestado. Para o seu azar, o nome dos bruxos não estavam em ordem alfabética, mas sim em ordem histórica. Ela fora direto para o "Século XX". Estava lendo o livro há quase uma hora quando achou um tal Rodrigo Álvares Berth. "Esse nome encaixa certinho em R.A.B." pensou Hermione. O homem havia morrido há 15 anos, mas vivera seu tempo de glória no tempo em que Voldemort estava no auge. Fora um dos melhores aurores da época, perdia apenas para Moddy.
Segundo o livro, fora um Comensal da Morte até o dia em que passou ao lado dos aurores. Para ficar livre de Voldemort, amputou o braço que tinha a Marca Negra e colocou um de metal. Desde então, chegou a prender quase 30 comensais da morte em um ano. Fora o seu recorde. Moddy capturara 33. Morreu em sua casa, já doente. Morreu enquanto dormia.
Em cinco segundos, Hermione já estava escrevendo uma carta para Harry contando o que descobrira sobre R.A.B. e em dois minutos a carta já estava voando.
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