Parte II



PARTE II


Hermione se levantou no outro dia, nem se lembrando do que acontecera ontem, nem muito menos aquela voz estranha que a tinha atormentado, olhou para o lado, Vítor dormia tranqüilamente, ela retirou o seu braço de cima do seu corpo e levantou. No caminho até a cozinha, ela viu a porta do escritório aberta, as fotos todas jogadas no chão, começou a juntar todas.

- Acho que já são o suficiente.- disse ela.

Pegou por acaso uma edição antiga do Profeta Diário, aquele mesmo, que há vinte anos atrás Rita Skeeter escreveu que ela, Harry e Vítor tinham um triângulo amoroso. Nela havia uma foto de Hermione e Harry abraçados e logo em baixo, uma foto dela e de Vítor na biblioteca de Hogwarts, ela estudando e ele olhando.

“Até que não era totalmente mentira” ela pensou rindo de si mesma.

A lembrança de um dia frio de inverno, logo após a derrota de Voldemort lhe surgiu.



“Krum pediu que ela se sentasse.

- O que me traz aqui Vítor?- perguntou ela

- Eu quero lhe contar uma história. – disse ele meio nervoso.

- E isso por qual motivo?- perguntou ela.

-Bem... Isso foi porque, desde a primeira vez que eu te vi, não consegui mais parar de te olhar... sabe... – ele largou tudo o que estava pressionando há muito tempo.-Quando eu estava na copa mundial de quadribol, e você estava lá, na cabine com os Ministros eu bati o olho em você... apesar de estar todo ensangüentado, e quando estava entrando no salão de Hogwarts para o começo do torneio tribruxo e vi que você estava lá, tive que esconder a minha felicidade... Não tinha parado de pensar em você desde aquele dia, e ficava me perguntando quem você seria, onde morava... mas quando te vi com o Potter e o Weasley eu fiquei louco de ciúme, então comecei dentro do meu tempo livre te seguir aonde você fosse, principalmente na biblioteca, que depois descobri ser o seu lugar preferido em Hogwarts, e passava horas te observando... claro que sempre tinham aquelas fãs me seguindo também... mas a vontade de te ver era maior... muito maior...

- Mas...

- Me deixa terminar, por favor.- pediu ele.

Ela assentiu com a cabeça.

- Quando Karkaroff disse que iria ter um baile em homenagem aos campeões, e você era a única em que eu pensava em ir junto... mas não criava coragem pra te convidar... e num daqueles dias em que você estava lá, estudando eu notei uma lágrima escorrendo pelo seu rosto e isso me assustou, “quem poderia tê-la machucado?” eu pensei, então achei que o mais certo a ser feito era ir lá e perguntar o que houve, lembra?

Ela assentiu novamente.

- Você me disse que não era nada de mais, apenas um cisco no olho, e me perguntou o que eu viera fazer ali, então o momento que eu esperava tinha chegado, e eu simplesmente não sabia o que dizer!- disse ele com um sorriso no rosto.- Então eu disse que as visitas a biblioteca eram somente pra ver você, e lembro como se fosse hoje da sua cara de espanto, ainda mais quando pedi que fosse o meu par para o baile... eu estava tão nervoso! Eu nem sabia o seu nome direito e... já estava pedindo para sair comigo! Quando você disse sim, que adoraria, meu coração pulou pra fora do peito de tanta felicidade!

Ela sorriu também e ele continuou.

- O baile foi maravilhoso, mas sentia que você não estava assim tão interessada em ficar comigo, estava com a cabeça em outro lugar, acho que em outra pessoa também.- concluiu ele meio triste, mas logo voltou a falar.- Mas depois pensei, se tinha passado a noite dançando comigo, e tinha aceitado o meu pedido, era por algum motivo... Você também deveria sentir algo por mim!

Hermione sentiu um remorso imenso, na verdade ela estava tentando chamar a atenção de Rony, por quem teve uma pequena paixonite no terceiro e quarto ano, mas que nunca passou disso, um amor platônico...

- Então começou a sair àquelas matérias sobre um suposto triângulo amoroso que havia entre eu, você e o Potter... e eu não agüentei, achei que... bem, comecei a duvidar de que você só tinha saído comigo pra chamar a atenção dele sabe... aquele dia que te chamei pra conversar sobre isso você me pediu desculpas por uma tal Skeeter, que queria a todo custo infernizar a sua vida só porque você a tinha desafiado uma vez. Eu ouvi tudo atentamente, e aquela chama de esperança que eu tinha reacendeu novamente. Naturalmente todos já tinham notado como você era importante pra mim na época em que a segunda tarefa começou a chegar perto, eu fazia de tudo pra chamar a sua atenção... até uma vez pulei no lago pra nadar e ver se a minha pista do ovo estava certa, mas só na hora em que sabia que você estaria lá estudando... tanto que você foi escolhida como a pessoa que mais me faria falta... E quando nós saímos do lago a única coisa que você falava era “Cadê o Harry? Meu Merlin, cadê o Harry?”, isso estava me deixando cada vez mais nervoso no momento em que ele saiu do lago você foi correndo acudi-lo, ver se ele estava bem... Nem quando eu tirei um besouro do seu cabelo você prestou atenção em mim, isso começou a me perturbar novamente...

Ela só ouvia atentamente o que ele dizia, como ela não proferiu nenhuma palavra ele continuou.

- Na terceira tarefa, quando eles foram nos mostrar qual seria, eu puxei o Potter pra um canto e perguntei a ele o que vocês dois tinham alguma coisa, e ele disse que não, mas aquela pulga atrás da orelha continuava, bem... o resto você sabe... fui estuporado por um tal de Crouch e depois ele desapareceu. A terceira tarefa todos nós sabemos como aconteceu, uma tragédia... e no último dia de aula pra vocês eu vim te chamar pra conversar, dar o meu endereço, pedir pra nós nos escrevermos... e... dizer o quanto eu gostava de você, sabe... não me controlei, você estava ali... na minha frente... ia demorar muito tempo até nos vermos de novo, então eu te segurei pelos ombros e te beijei... e qual não foi a minha surpresa quando você me retribuiu... bem mais até do que eu esperava... – disse ele corando um pouco.- Você prometeu que me escreveria, e me escreveu várias vezes, mas eu nunca senti nenhuma palavra com reais sentimentos... E aos poucos fomos nos escrevendo menos, mas eu só ouvia falar dos três nos jornais, sempre salvando alguém, sempre fazendo o bem...

Ela estava quase chorando.

- E eu comecei a perder as esperanças pouco a pouco, me envolvi com outras garotas, mas sempre pensava somente em você... Dois anos se passaram, Hogwarts quase fechou, mas você não voltou, foi lutar contra “Aquele-que-não-se deve-nomear” e durante um ano não tive noticias suas... Pensei o pior, pensei que a tinha perdido para sempre... Então eu vejo no jornal da manhã que vocês tinham conseguido derrotá-lo, mas que isso tinha tido um preço caro... Potter e Weasley morreram... você foi a única sobrevivente, apesar de tudo eu fiquei aliviado.

Hermione não se controlava mais... estava chorando copiosamente.

- Larguei tudo o que tinha pra fazer e vim correndo... não podia lhe deixar sozinha numa situação dessas, depois de todos os enterros e preparações e lhe pedi pra vir aqui, porque tinha que falar tudo isso.

- Mas...- começou ela.

- E lhe perguntar uma coisa que, bem... fazem três anos que eu espero.

- Sim?- ela concordou mas continuava com uma cara de “não tô ouvindo uma palavra, to com a cabeça na lua”.

- Eu quero que você fique comigo pra sempre... e se você disser aquela palavra que disse agora a pouco, eu prometo te fazer a pessoa mais feliz possível.

- Eu... eu... – ela não sabia o que dizer.

- Espero uma resposta sincera... você nunca disse o que realmente sentia por mim então resolvi lhe chamar e te dizer o que sinto.

Hermione não tinha nem como falar, Harry tinha morrido há apenas três semanas... e ela descobrira que estava grávida dele... mas os filhos dos comensais já a estavam espionando, e se eles soubessem sobre o bebê? Eles seriam mortos, com certeza... Mas, Vítor seria a escolha perfeita... Ninguém desconfiaria que o filho não era dele, e ela podia viver em paz com o bebê... mas para isso ela teria que usá-lo, e não suportaria viver uma vida inteira enganando uma pessoa que a amava tanto...

- Fale alguma coisa.- disse ele.

Não tinha mais ninguém a quem correr, ninguém que pudesse ajudá-la nisso pelo menos, Harry, Rony, o sr. Weasley, Dumbledore, profa. Minerva, seus pais... todos eles morreram.

- Fale alguma coisa!- pediu ele em tom de súplica.

Mas isso seria errado... muito errado... mas valia a pena pra salvar o seu filho?

- Acho que com esse silêncio a única resposta que posso prever é um não.- disse ele abaixando a cabeça e com uma feição arrasada.

Claro que sim, ele era o fruto do seu amor com o Harry, e afinal... O que mais ela poderia fazer?

Vítor já estava se dirigindo em direção a saída.

- Eu... eu... – ela começou

Ele virou de súbito, com uma expressão de dar pena.

- Eu...

É agora... vai... faça isso por ele!

- Sim... minha resposta é sim...- disse ela sem fôlego.

Os olhos dele, que antes eram sem vida, brilharam como duas pedras preciosas, e ele correu ao seu encontro a levantou no colo e deu um abraço imenso enquanto gritava.

Por ele... tudo por ele

N/A- Só pra não confundir muito a cabecinha de vocês, as frases em negrito são os pensamentos da Mione tá? Continuando...



Aquela memória a tormentava há muito tempo... ela poderia usar uma penseira, para pelo menos aliviar a dor disso, mas sempre disse a si mesma “amanhã eu conto pra ele”, mas os amanhãs se tornaram em semanas, as semanas se tornaram meses, os meses se tornaram anos...

Agora seria a hora exata, antes que ele entrasse com Sarah no casamento, ele precisava saber!!!

Hermione decidiu fazer o que sempre fazia quando sua cabeça estava cheia de pensamentos, principalmente quando estava no Ministério e tinha tudo aquilo pra governar, manter em ordem, tomar um banho!

N/A- Essa é uma pequena homenagem a minha mãe, que sempre me deu esse conselho, até agora tem funcionado muito bem...

Entrou em baixo d’água e esperou que tudo aquilo se resolvesse de uma vez, estava cansada de todos esses problemas e lembranças virem assim, do nada, e ainda mais aquela voz...

- Você tem que contar pra ele!- disse a voz.

- Porque você está aqui?

- Você sabe porque.

- Sei sim, mas... porque agora?

- Porque é hora, é preciso. Ela é minha.

- Ela é tão minha quanto sua, e eu decido o que vai acontecer!

- Mas você tem que contar!- disse ela sem piedade,

- Eu decido se vou ou não, agora suma daqui!

- Não pode me expulsar.

- Não. Mas posso muito bem me levantar e sair daqui, deixando você falar sozinho.

- Você é a única que me ouve.

Tinha um argumento que ela não podia negar.

- Não quero saber! Ai... estou agindo como uma adolescente.

- Não mudou nadinha.

Ela ia dizer “nem você”, mas aquilo era muito óbvio. Permaneceu calada, sem saber o que falar.

- Hoje é o dia, e você vai contar.- disse simplesmente e depois sumiu, tão rapidamente quanto veio.

Hermione saiu do banho, vestiu uma roupa confortável, pois estava de folga de trabalhar aquele dia desceu até a varanda, onde existia um banco suspenso, que ela adorava ficar para pensar.

Era início da primavera, as rosas estavam se abrindo, uma época que a maioria das pessoas ficavam felizes... mas para ela não, estava na época de ir a Godric’s Hollow novamente.



N/A_ CONTINUA... Mas soh se vcs comentaremmm....


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