Lembranças



Cada vez mais, Draco sentia que sua vida tomava um rumo completamente diferente do que tinha imaginado num dia tranqüilo.

A garota sentou-se em frente a ele com dois copos de cerveja amanteigada, parecendo casual. O que, Draco pensava, realmente não era.

- Você realmente não se lembra de mim? – perguntou ela, entregando a ele um dos copos, com uma voz meio decepcionada. Fitava-o com ternura fazendo o garoto ter que desviar o olhar constantemente.

- Não, eu deveria? – retrucou ele, como se quisesse mostrar quem era o dono da casa ali. Levou o copo aos lábios, tentando parecer indiferente a ela. Sem muito sucesso, claro.

- Não sei, talvez você tenha batido a cabeça em algum momento da sua infância e ninguém tenha me avisado. – respondeu ela, sem notar a frieza do Malfoy. – Ou talvez seu pai tenha apagado metade de nossa infância da sua memória por medo que fosse influenciado por uma sangue-ruim.

Draco olhou-a perplexo. A garota realmente lhe trazia alguma memória feliz de algum tempo muito distante. E ela o olhava como se esperasse que ele fosse lembrar de algo importante a qualquer momento. Ele sentiu-se intimidado.

- Seria muito difícil pra você me explicar quem você é de uma vez? – Perguntou ele com um quê de irritação na voz rouca, largando o copo na mesinha a sua frente. Ela fez o mesmo.

- Claro, apenas pensei que tinha sido mais importante na sua vida. – Ela suspirou, parecendo magoada agora, porém fitou-o com determinação. - Charlotte Phill Pecmevou (É francês, leiam Pécmevú xD). Isso lhe refresca a memória ou vou ter que dar longas explicações de como minha mãe lhe dava tapas na bunda quando você fazia algo de errado? – mas ela ainda parecia chateada.

Algo brotou na mente de Draco. Doce e envolvente como uma bebida alcoólica.

*FlashBack*

Precisava de um lugar para se esconder antes que Patience, sua babysiter, o achasse. Ele não podia se dar ao luxo de perder a brincadeira pra Char se não a garotinha ia se gabar para o resto do dia. Então, ele correu pela mansão que, naquele tempo, parecia muito maior do que era por causa do tamanho do garotinho que residia ali. Draco não passava de uma criança um tanto mimada e magrela aos 7 anos, mas já aparentava a futura “metidisse Malfoylesca”, como dizia Char. Então, o pequeno Draco Malfoy correu para um lugar onde, tinha certeza, Char não iria se esconder e Patience nunca o procuraria.

Ele entrou no quarto da mãe, tudo parecia muito divertido e diferente ali dentro. Animado, ele correu até a cama e abaixou-se para esconder-se ali. Mas já havia alguém no seu esconderijo.

-Char, o que você está fazendo aqui?-Perguntou Draco.

-O que você acha, gênio das poções? - Brincou ela, sapeca.

-Se a minha mãe te ver aqui ela enlouquece! – Alertou ele, preocupado e ao mesmo tempo frustrado pela garota ter roubado seu melhor esconderijo.

-Por acaso a sua mãezinha está em casa? Não, então deixa de ser chato e vai procurar outro lugar pra se esconder porque esse aqui já tem dona. - Disse ela com astúcia.

-O dono da casa sou eu, ou seja, eu faço as regras aqui. - Exigiu o garoto tentando parecer superior. Como sempre, só tentando.

Ela fitou-o com os olhos contraídos e com os lábios finos.

- Eu não tenho certeza, mas tenho a ligeira impressão de que não existiria mais “casa” se eu não tivesse apagado aquele incêndio na cozinha, semana passada. Aquele causado por um moleque com uma varinha, roubada, do pai.- Comentou e depois sorriu, debochada.

-Foi a sua mãe quem apagou!- Rebateu Malfoy.

-Mas ela nunca saberia se eu não tivesse a chamado...- Defendeu-se Char, começando a se contra-dizer.

-Você só a chamou porque quase arrancou a cabeça do Dobby, tentando apagar com...- Ele parou um momento pensativo.- Afinal, o que você tentou fazer?

Ela ignorou-o porque um barulho anunciou a aproximação de alguém.

-Shh...Deve ser minha mãe procurando a gente, silêncio! - Pediu ela empolgada fazendo sinal para ele se esconder ali em baixo também. Os dois se encolheram o máximo que puderam e fizeram absoluto silêncio.

Em baixo da cama, eles puderam divisar a porta se abrindo e, com passos rígidos no chão, os pés de uma mulher atravessarem o quarto apressadamente. Foi até o armário e, eles deduziram, que estava vendo alguma coisa dentro dele. Charlotte arregalou os olhos, apavorada, se dando conta de quem era. Olhou Draco que estava tão amedrontado quanto ela e cochichou:

- O que sua mãe faz em casa?! Ela não tinha saído?

- Shh.. fica quieta!

Mas Narcisa, que era uma mulher muito esperta e precavida, escutou os murmúrios em baixo da cama. Imediatamente foi até ali para verificar, com a varinha em punho. Abaixou-se.

Draco não lembrava exatamente como acontecera, mas Narcisa explodiu de raiva ao ver Charlotte, a filha de Patience, embaixo de sua cama com o seu filho. Ela quase expulsara a garotinha do quarto a chutes e feitiços. E, pelo que lembrava o garoto, aquela fora uma das maiores broncas de sua vida – apesar de não entender o porque de todo aquele escândalo – e a única em que se acusara para defender alguém. Aquela fora a última vez que brincara com a amiga. Grande perda.

*Fim do FlashBack*


Ele não podia acreditar que ela estava ali novamente. Depois de tantos anos... Narcisa havia lhe dito que já estava grande e não precisava mais de uma babysiter e que, com isso, Charlotte e Patience iriam embora. E, realmente, ele não entendia a falta que elas fariam.

Draco, olhou para a garota a sua frente. Só podia ser.

- Char...? – Ele murmurou sem fôlego. Foi quando ele viu o mais belo sorriso que já tinha visto na vida.

- Oh, Draco! Que bom que você lembrou... – Ela parecia muito satisfeita e estar se segurando para não pular nos braços do amigo. Ele, contudo, estava ainda muito perplexo. Ela era a ajuda que a mãe dissera? Mas a pergunta que saiu de seus lábios foram outros:

- Por que você me abandonou...?

- Oh, Draco, querido. Eu não te abandonei... Você não entende! Não foi culpa minha... Sua mãe nunca lhe contou o real motivo de ter nos mandado embora? – ela olhava-o com um misto de pena e ternura na face.

- Ela me disse que eu não precisava mais de uma babysiter, Char. Só isso.

- E você realmente acreditou? Bom, o fato é que ela descobriu um segredo de minha mãe e não suportou a idéia.

- Um segredo? – A tristeza dele dera espaço para a curiosidade.

- Sim, Draco. Algo bem fútil, na minha opinião. Sua mãe descobriu que meu pai era um trouxa. – Sentenciou ela, temendo que o amigo fosse como a mãe. Draco, enquanto isso, pareceu não se importar, pela primeira vez na vida inteira. Então fora esse o real motivo de ter perdido a sua única amiga de verdade?

- Então, você é uma sangue-ruim? – Sua voz saiu extremamente seca, incontrolavelmente. E fosse por isso, acrescentou mais simpaticamente – Eu não me importo, Char.

- Sério mesmo? – ela alteou a sobrancelha, duvidosa.

- Não, talvez seja porque eu sempre achei que você era sangue-puro e não tem diferença agora que sei a verdade. – ele tentou sorrir.

- O fato não é esse, Draco. O motivo pelo qual estou aqui esta noite foi um pedido de sua mãe. Ela quer que eu o ajude. – Dessa vez, quem levantou a sobrancelha foi Draco.

- Minha mãe te expulsou de casa por não ter sangue-puro e agora pede tua ajuda? E você vem?

- Sua mãe não pediu exatamente minha ajuda, foi a de minha mãe. Mas ela está velha, Draco. Não teria muito sucesso contra os Comensais e tem uma reputação a preservar. Então, aqui estou eu, substituindo-a. – e sorriu, satisfeita, como se aquilo fosse um parque de diversões.

Aee. desculpa pela demora! =D acho q esse capitulo ficou bem legal. ^^ e se não ficou pode dizer. xD ahuieha.. comentem plz!

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