Retratos de família
Harry Potter e o Olho do Dragão
Capítulo Dez – Retratos de família
Após se esticar até o máximo, Harry se sentou à mesa da cozinha para tomar o seu último café da manhã antes de partir. Lá já estava boa parte da família Weasley de pé, um tanto quanto abatidos, mas ainda vivos.
O Sr. Weasley exibia escuras olheiras abaixo dos olhos cansados; estava evidente que não havia conseguido dormir na última noite. A Sra. Weasley, no entanto, era o inverso do marido. Estava radiante, falante como sempre, correndo de um lado a outro da cozinha preparando deliciosos quitutes. Harry entendia que essa maneira alegre da Sra. Wealsey era uma defesa natural para reprimir as lembranças desagradáveis do dia anterior. Exteriormente era uma mulher que passava pelos problemas como uma diva, mas interiormente um choro desesperado ecoava pedindo socorro. O jovem a fitou, e após observá-la algum tempo, percebeu que estava certo.
Rony e os irmãos gêmeos estavam à direita de Harry, fartando-se de muita comida. Rony comia exageradamente, seguindo a risca o conselho que sua mãe dera de comer muito antes de ir embora. Hermione, do outro lado da mesa, censurava-o com olhares nada amistosos, achando aquela cena terrível a sua frente uma verdadeira idiotice. Harry esboçou um sorriso tímido colocando depois seu olhar para os bolinhos de chuva que a Sra. Weasley havia acabado de colocar à mesa.
- Você deve comer muito bem antes de nos deixar, Harry – advertiu a Sra. Weasley após Harry ameaçar a tocar nos bolinhos de chuva. – Pelo andar a carruagem a jornada de vocês três deve exigir muita energia, então nada melhor do que comer para adquiri-la.
- Mamãe quer transformar o Harry numa bola de neve com esse discurso – disse Gui Weasley, ao lado da sua esposa, com um sorrisão no rosto, descontraindo o local de ar carregado.
- Mas a sua mãe tem razon, Gui – intrometeu Fluer, olhos vermelhos e expressão pálida, encarando o marido. – Os meninos devem comerr muito, pois a batalha é bem longa, nom é mesmo Harry?
O menino balançou a cabeça afirmativamente, enquanto fitava pelo canto do olho a Sra. Weasley franzir a testa, espantada por ouvir algo favorável de sua pessoa por Fluer. Ela deu um sorriso engraçado e voltou para os afazeres culinários. Harry, por sua vez, desviou sua atenção para a entrada de Gina e Carlinhos pela porta da cozinha.
- Oh, Gina, como está minha irmãzinha? – perguntou Fluer se acercando da ruiva.
Gina passou os olhos em Harry rapidamente e depois respondeu, encarando a cunhada:
- Ela está bem, o dr. Sparrow disse que amanhã ganhará alta.
- Grraças a Merlin, grraças a Merlin – clamou a nova Weasley ajuntando as mãos em prece. – Eu querro agradecer que tenha ficado até agorra lá no hospital, Gina querrida – disse ela voltando mais uma vez a Gina, com olhos sinceros.
A ruiva fez um aceno acanhado e foi se sentar perto de seu pai, sem sequer retribuir um olhar para Harry dessa vez. O menino notou que ela estava chateada, talvez por passar a noite em claro no hospital, esperando notícias de Gabrielle Delacour, Vitor Krum e de um tio de Fluer.
Harry terminou seu café da manhã (sem antes saber que o estado de Vitor se reestabelecera, apesar de ficar por mais alguns dias em St. Mungos) assim que Lupin e Tonks entraram na cozinha. O jovem acenou para os dois e subiu para o quarto de Rony a fim de arrumar suas coisas, já que na noite anterior não sobrou sequer forças suficientes para a arrumação. Atrás dele vieram Rony e Hermione, discutindo algo que Harry não quis saber, mas pelo pouco que captou era qualquer coisa sobre o jeito comilão de Rony a mesa.
O rapaz abriu a porta do quarto e defrontou-se com o cômodo em perfeita sintonia e algo dentro de seu corpo passou a vibrar mais velozmente. Só quando colocou os pés ali dentro que ele sentiu toda ansiedade transbordar para dentro de si. Finalmente havia chegado o dia que ele diversas vezes contara para chegar, mas estranhamente o seu consciente não queria que aquele dia chegasse, queria ficar naquela casa... naquele quarto. Mas era necessário, ele pensou afastando o temor que havia recentemente instaurado na cabeça, sua partida era extremamente necessária. Um dia teria que deixar o conforto e a segurança para ir em busca de seu verdadeiro destino.
Rony e Hermione pararam atrás de Harry, os rostos dos dois seriamente preocupados. Harry notou que bloqueava a entrada do quarto e então os deixou passar, mas sem modificar a cara de espanto.
- O que foi cara? – perguntou Rony observando a face contorcida do amigo.
Levou um pequeno tempo para processar a pergunta de Rony e voltá-la como resposta; seu cérebro estava lento, talvez porque travasse uma luta feroz contra a vontade de não partir da Toca.
- Não foi nada, estava pensando apenas – respondeu evasivo.
Estava respondido para Rony, mas não para a atenta e quase perceptiva Hermione. Ela fitou-o nos olhos, numa profunda sinceridade, e disse:
- É o medo, Harry? O medo de deixar tudo isso aqui e não saber se um dia voltará a ver todas essas coisas novamente?
Ela acertara em cheio, como acertava às questões propostas pelos professores de Hogwarts nas aulas. Na verdade não chegava a ser medo, mas algo mais brando como o receio. Ou então era mesmo medo e ele não soube identifica-lo.
- Você está certa, Mione – disse francamente, sentando-se agora na cama e passando as mãos no rosto angustiado. – Eu estou com o coração meio apertado, receoso de ir embora e deixar os amigos aqui, mas eu sei que isso deve ser cumprido. É necessário.
- Lembre-se que terá amigos por perto, cara – falou Rony dando tapinhas nas costas de Harry, de forma bondosa, como se fosse um pai ajudando o filho a seguir adiante.
Hermione se aproximou da dupla, sentando-se ao lado de Harry, e depois envolveu os dois num abraço fraterno. Os três ficaram unidos por um tempo não muito longo, apenas o necessário para os três reativarem a força interior, deixando dúvidas, medos e outras coisas deprimentes enjaulados num lugar bem distante da mente.
A despedida foi, como Harry previra antes na sua mente, muito triste. O dia também se tornava tristonho, pois uma grande nuvem cinzenta se aproximava vinda do sul trazendo chuva e ventania. O sol que amanhecera logo no inicio da manhã deixava de iluminar com os seus últimos vestígios de raios para se esconder atrás da grande nuvem traiçoeira.
Quase todos os amigos estavam presentes às portas da Toca. A família Weasley abraçava Rony e Hermione em algum lugar perto dos jardins repletos de gnomos enquanto Harry conversava com Lupin, um pouco mais afastado do grupo maior.
- Então você vai para Godric’s Hollow? Mas o que espera encontrar lá, Harry? – perguntava Remus Lupin, as mãos apertando os bolsos da rota calça cáqui.
- Eu não sei, sinceramente não sei – respondeu Harry observando a Sra. Weasley abraçar Rony em prantos. – Eu quero ver se encontro pistas do que procuro, é lá, eu sei disso, que nossa aventura se iniciará.
- Por isso que me perguntou onde fica Godric’s Hollow? Mais precisamente onde era a casa de seus pais?
- Isso.
Lupin balançou a cabeça pensativamente e depois respondeu dando as coordenadas corretas para Harry. Não era tão longe de Londres como ele pensava.
- Harry? – fez Remus após o silêncio deixado por ambos.
- Sim?
- Eu entendo que a missão é importante e só você poderá executar a parte mais extraordinária dessa missão. – Ele pousou o olhar amigável sobre Harry e prosseguiu: - Mas não se esqueça que todos nós, assim como Rony e Hermione, estamos do seu lado para o que der e vier, palavra de Maroto – concluiu exibindo um sorriso grande.
Harry abanou a cabeça em agradecimento, sem dizer palavra. Despediu-se de Lupin mais uma vez e depois seguiu, silenciosamente, rumo ao grupo de ruivos que se amontoavam perto dali. O primeiro a vê-lo se aproximar foi Molly Weasley, que limpava os olhos com as mãos tirando as incômodas lágrimas que insistiam em cair deles.
- Oh, Harry, aí está você! – exclamou ela, correndo para abraçá-lo fortemente. Enquanto abraçados, a bruxa murmurou algumas palavras no ouvido de Harry, palavras de agradecimento e recomendações típicas de uma mãe. – Que Merlin guie você nessa dura estrada, meu filho – concluiu num último afago.
Os dois se soltaram e assim Harry pode se despedir de todos os outros presentes, inclusive Gina, que parecia ter entendido finalmente sua partida, sem nenhum ressentimento, pelo menos foi o que ele julgou naquela rápida despedida. Ela deixou rolar algumas lágrimas, as bochechas vermelhas coraram e o beijo carinhoso que deu em Harry imprimiu-se de verdadeiro amor. O coração de Harry balançou novamente, a dúvida bateu-lhe em sua mente com muita força e se não fosse o chamado impaciente de Hermione para ir embora talvez não conseguisse sair dali nunca mais.
Harry, Rony e Mione, carregando, cada um, mochilas nas costas, afastaram-se da propriedade acenando para os que ficaram. Pela primeira vez, uma lágrima rolou dos olhos de Harry nesse instante. Rony e Hermione, numa cena inesquecível, caminhavam abraçados, um limpando as lágrimas do outro, e, às vezes, se pegavam sorrindo inexplicavelmente.
Os três andaram uma distância pequena, somente para poderem acenar para os outros até o ponto em que a curva impedia a visão. Dali adiante aparatariam para Godric’s Hollow. No entanto o ato se prolongou por mais uns minutos, pois a figura desengonçada e alta de Hagrid se aproximava correndo em direção a eles. Certamente estava atrasado para a despedida.
O meio gigante resfolegou, arqueando o corpo para minimizar o cansaço, assim que estacou na frente de Harry, Rony e Mione.
- Ufa, me desculpem! Arf, essa subida para a Toca cansa qualquer um...
- Talvez fosse melhor fazer um regime, Hagrid – comentou Rony rindo.
- Muito engraçado Rony, mas não vim aqui disposto a ouvir suas boas piadinhas, hum – retrucou Hagrid fazendo cara feia para o ruivo. Depois endireitou o corpo e encarou Harry: - Além de me despedir de vocês, eu trago uma coisa de suma importância para você, Harry, pelo menos eu acho.
Hagrid enfiou a mão direita dentro de seu casaco felpudo, remexeu-se um bocado e depois retirou um conteúdo grande, embalado com jornal, de forma amendoada. Entregou a Harry após um sorriso:
- Eu me atrasei por causa disso – disse ele fitando a confusão de expressões que se estampava no rosto do rapaz. – A Profª. McGonagall me chamou as pressas em seu escritório para que eu entregasse isso a você. Ela me disse que era um presente de Dumbledore, que foi pedido pelo próprio hoje, no quadro... é claro.
- Ele apareceu? – exclamou Hermione, feliz por finalmente receber notícias do aparecimento de Dumbledore ao quadro.
- Eu queria ter visto ele – resmungou Hagrid mais para si, mas em seguida confirmou: - Segundo a Profª. McGonagall ele apareceu pela manhã, mas depois sumiu novamente.
Enquanto Hermione achava gozado esse novo sumiço de Dumbledore no quadro, Harry estava às voltas com o objeto nas mãos, tirando a proteção meio tosca que certamente Hagrid tinha feito antes de partir de Hogwarts. Pelas proporções e pelo fato de ser um presente de Dumbledore, Harry intimamente sabia o que estava além do invólucro de jornal. Ou pelo menos julgava saber, mas a exasperação era tanta que a ansiedade bloqueava um pouco essa certeza.
Finalmente, depois de esforçar um bocado, o presente se tornou visível. Possuía a forma de uma bacia de pedra, gravada em relevo por variadas runas antigas de que Harry nem sequer conhecia o significado. Era a mesma imagem que tinha em mente, o objeto que ele presumiu se tratar assim que o recebeu das mãos de Hagrid. Ali estava a penseira de Dumbledore, o líquido ainda vivo se balançado contra a brisa.
- É a penseira de Dumbledore – disse ele, ainda não acreditando muito bem que a penseira de Dumbledore estava em seu poder.
- Sua penseira agora, eu acho – sorriu Hagrid.
- Olha, tem um pergaminho colado aqui – disse Rony apontando.
- Ah, sim – Hagrid disse parecendo se lembrar de uma coisa -, a Profª McGonagall disse para eu falar como você das Instruções de Uso. Aí estão alguns passos que ela escreveu para que você a use corretamente.
A caligrafia coesa de McGonagall refletia no pergaminho e, confome Hagrid dissera, havia uma lista de instruções não muito grande sobre como usar a penseira.
- Bem, é isso, é melhor que guarde com cuidado na mochila, Harry – advertiu o grandalhão com uma piscadela. Harry seguiu o conselho do amigo, colocando a penseira cuidadosamente na mochila, e depois fitou um Hagrid meio encabulado. – Quanto a mim, o que eu posso dizer? Desejo muita sorte e coragem nessa empreitada louca de vocês três... – Não demorou muito para que a primeira lágrima caísse dos olhos.
- Ah, Hagrid, não chore você também, ein! – resmungou Hermione contendo o choro também.
- Eu prometi que não ia chorar, coloquei na minha cabeça que a aventura de vocês é necessária, então não vou chorar – mas assim dito, o gigante desabou em prantos, agora acudidos pelos amigos que o abraçavam.
- Ei, Hagrid, acho que o Grope não vai gostar muito de ver você com os olhos vermelhos por nossa causa – comentou Harry dando tapinhas nas costas do amigo, ainda que a alguns metros dos ombros.
Hagrid maneou a cabeça e concondou em não chorar mais. Ele se despediu mais uma vez e esperou que Harry, Rony e Hermione desaparatassem rumo a uma perigosa aventura. Uma aventura que era necessária e dessa maneira pensavam ele e Harry.
Godric’s Hollow era composta somente de duas vielas, que se encontravam e formavam uma cruz de mesma extensão. Foi construída no centro de um pequeno vale repleto de árvores cerejeiras.
Na viela principal, a mais larga, ficava o comércio e na outra viela, mais estreita do que a anterior, as residências. Era uma vila pequena e tranquila, constituída somente de bruxos. Harry não sabia, mas além de seus pais, ali moraram e ainda moravam alguns nomes de destaque da comunidade mágica. Bowman Wrigth, o inventor do pomo de ouro, e o fundador da cidade, Godric Gryffindor são alguns exemplos notáveis de pessoas que já viveram ali antigamente.
Não passavam das nove horas quando os três forasteiros chegaram a vila. Por ser tranquila e pacata, a chegada de três jovens no entroncamento das vielas não despertou muita desconfiança, pois o povoado tinha fé de que o posto de aurores montado na esquina da Rua dos Leões estava em perfeito funcionamento e nenhum mal vazaria para o resto da vila.
Pelo canto do olho, Harry viu um bruxo se movimentar em direção a eles, e pelo jeitão parecia ser o auror encarregado de averiguar algumas coisas fora do lugar, que no caso tratavam deles próprios. Possuía uma barba rala, os olhos de um profundo azul e parecia ser originário de alguns país do continente. Assim que se aproximou do grupo, o bruxo disse:
- Olá, prekcisam de ajuda? – O sotaque meio francês confirmou a suspeita de Harry da origem do homem.
- Estamos a procura de uma casa aqui em Godric’s Hollow que pertenceu a um casal já falecido, talvez o senhor já tenha ouvido falar.
- Pois não?
Harry passou os olhos nos rostos de Rony e Hermione e depois respondeu:
- Tiago e Lílian Potter.
O homem pigarreou e olhou para o sapato extraordinariamente negro, reluzindo um brilho que poderia ameaçar a cegar um distraído. Finalmente ergueu a cabeça e disse:
- Sim, sim, esses eram os nomes do pais do Menino-que-sobrreviveu, que aliás se parece muito com você, rapaz.
- O senhor acha? – exclamou Harry levando a mão à testa a fim de esconder a cicatriz em forma de raio antes que a suspeita do homem se concretizasse. Queria, afinal, sigilo de sua permanência em Godric’s Hollow.
Coçando o queixo e analisando da cabeça aos pés cada um dos três jovens presentes a sua frente, o bruxo se fez ouvir por de trás do leve sotaque:
- Bem, é logo no final dessa viela em que estamos, à Rua Godric Gryffindor. Mas a casa está toda desturruída – ressaltou o homem voltando-se para os forasteiros. – Talvez não saibam, mas Você-Sabe-Quem a desturriu no dia em que Tiago e Lílian Potter falecerram. Incrivelmente o pequeno Potter salvou-nos de uma desturruição ainda maior...!
Se fosse possível, o estranho transcorreria em mais histórias, porque Filinto Dupré adorava contar histórias, mas foi logo cortado pela moça de volumosos cabelos emaranhados com um seco obrigado.
Harry, Rony e Hermione se distanciaram do homem como se fossem contrair uma invisível doença . Caminhavam rumo ao número dois de Godric’s Hollow, a casa que um dia pertencera aos pais de Harry, a sua casa.
- Por que você não passou direto por aquele homem? – perguntou Rony enquanto andavam numa média velocidade. – Lupin não deu as coordenadas?
- Deu sim, mas se corrêssemos dele ficaria um pouco estranho, não acha?
- Harry tem razão, temos que ser os mais discretos possíveis – emendou Hermione, sacudindo a cabeça como se fosse inexplicável que alguém pudesse produzir uma pergunta daquele tipo.
Uma tola discussão se daria naquele momento se não fosse a chegada deles ao destino. Os três encararam o terreno cheio de pedregulhos e destroços com certo desespero. Pensar que ali, atrás daquelas barras de ferro batido na qual eles se encontravam adiante, vivera uma família feliz trazia uma certa angústia no coração de cada um, mais ainda no coração de Harry.
Seus olhos desolados percorriam a propriedade sem esperança de encontrar algo que pudesse ajudá-lo em sua missão. Não havia nada ali, apenas tijolos sobre tijolos, objetos quebrados que um dia serviram de bibelô para uma tradicional família, e uma opressão difícil de ser explicada. Poderia ser fantasmas?
Harry entrou pela portinha de ferro que rangia mais além, tomando cuidado para não tropeçar em seu passado. Após observar por um tempo o seu redor, ele agachou, pegou algo perdido entre os vários destroços no chão e se recompôs novamente. Um porta retrato reluzia agora em suas mãos, o vidro rachado ao meio assim como a foto que não mais se movimentava. A fotografia estampava os rostos de sua mãe e de seu pai, sorrindo, com um estranho pacote nos braços, um pacote vivo e pequeno chamado Harry Potter. Repentinamente um filete cristalino de água desceu de seu olho esquerdo e só agora havia percebido como era angustiante reviver as coisas do passado. Recordar de Lily e Pontas era algo mágico, que o deixava feliz e orgulhoso, mas ao mesmo tempo pesaroso e triste.
Rony e Hermione respeitaram aquele momento de Harry e se afastaram com o intuito de conhecer a propriedade mais profundamente. O rapaz, sozinho em seu mundo de lembranças, nem ao menos percebeu a ausência dos amigos. Tão pouco a presença de uma sinistra figura logo atrás dele... Uma figura que mais parecia um trapo humano, e que conseguia ainda sorrir.
Somente quando a tal figura deu mais um passo e sua sombra se projetou no campo de visão de Harry é que o rapaz, resignado com suas mágoas, despertou-se e levantou rapidamente. Virou-se e então se defrontou com o ser que o ameaçava, sorrindo debilmente, um sorriso de zombaria. Era Draco Malfoy, o comensal da morte.
- O que está fazendo aqui? – quis saber Harry, num tom baixinho surpreendente. Ao mesmo tempo, sua mão se fechava em torno de sua varinha.
- Eu o segui desde a triste casa dos Weasley – respondeu Draco, sem ainda tirar o sorriso do rosto. – Ouvi vocês falarem em missão e Godric’s Hollow com aquele gigante imbecil e aqui estou eu!
Harry deu um passo em sua direção, raivoso, e disposto a jogar-lhe uma poderosa maldição, mas algo o fez estancar ao chão e então deixou-se ouvir o que o louro falava:
- Não estou aqui para matá-lo – disse friamente, franzindo a alva testa coberta por alguns fios loiros. – Eu me arrisquei me aparatando para vir em busca de você, pois eu... – ele começou a gaguejar, a palavra não parecia sair: - eu... eu... preciso de sua... de sua... ajuda.
- Um asssassino pedindo ajuda? – indagou Harry no mesmo jogo da frieza.
- Eu não sou assassino! – bufou ele.
- Matou Dumbledore! – insistiu Harry.
- Não fui eu, foi o Snape...
- Mas essa era a sua missão, matar Dumbledore, e se teve a intenção é porque possui sangue de assassino!! – Harry gesticulou de forma irada.
- EU NÃO MATEI!! – e nesse instante, Draco levantou sua varinha e a apontou para Harry. O grito furioso pareceu alavancar o funcionamento de sua varinha quebrada de forma efetiva, pois o raio vermelho saiu da ponta diretamente para o peito de Harry.
Harry, por sua vez, foi mais rápido e defendeu o raio vermelho com o Feitiço Escudo. Não havia mais gentilezas, era necessário fazer uso a um recurso já utilizado em seu sexto ano.
- SECTUMSEMPRA! – gritou ele, e imediatamente, como duas espadas invisíveis, o peito de Draco se cortou, fazendo o sangue jorrar.
Draco caiu ao chão, levando as mãos ao peito com o intuito de estancar o sangue que não parava de sair. Harry, por sua vez, se aproximou do jovem comensal apontando a varinha no rosto do outro. Ainda não havia acabado; inexplicavelmente o momento que desejou por um bom tempo depois do assassinato de Dumbledore havia chegado. E aquele era o momento, vingar-se de Draco Malfoy. Um simples Avada Kedrava e estava feito o serviço. Mesmo se aquilo manchasse sua honra para sempre.
- Avada...
- ESTUPEFAÇA!
Um grito, ele tentou girar, mas não resistiu ao potente raio estuporante. Harry Potter caiu ao chão imediatamente, desmaiado, sem distinguir a imagem negra um pouco mais longe, atrás de uma árvore. Tinha certeza, como se confirmaria mais tarde, que o dono daquele estupefaça era a pessoa atrás das árvores, uma pessoa conhecida, mas que não foi reconhecida no momento.
Aos olhos de Harry, somente a escuridão...
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Preview: E agora mais essa? Harry é levado a um local bem conhecido e lá ele e os amigos discutem sobre muitas coisas: quem poderia tê-lo atacado, Draco Malfoy, R.A.B. e também sobre uma nova pista que se levanta, tudo isso em No rastro de Smith.
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Alô criançada!! Hoje tem marmelada? Tem sim sinhô! Depois desse momento retro, aqui estou eu com o capítulo 10. Depois de anos-luz, tudo devido às malditas provas, chego com essa minha cara lavada. Me desculpem essa demora, espero que o próximo capitulo apareça por aqui mais rápido (com mais coment, quem sabe!?chantagista de uma figa!!). Quanto a esse, não saiu como eu queria, mas foi o que saiu. Espero que tenham gostado. E apostas? Quem disparou o estupefaça nas fuças do Harry? Tá na cara né? Okay, e que diabos de Smith é esse(a)? No próximo capitulo vcs conferem. Fui, e bjos pra quem comentou!! Ah, agora entra em serviço o email de atualização par aos leitores de OdD, inteiramente gratis. Huhu!!
Malfeito feito
Madame Selina
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