Grifinória vs Sonserina
Capítulo 8 Grifinória vs Sonserina
Tiago acordou cedo na manhã do dia da partida, como de costume.
Desceu a escada circular do dormitório e rumou para o Salão Comunal, aparentemente vazio.
Se jogou em uma das poltronas próximas à lareira, agora reduzida a cinzas, e jogou o cabelo pra trás, sentindo o estômago embrulhar.
Ficou contemplando o chão. Não desceria para tomar o café. Perdeu-se em pensamentos. Lembrou-se das táticas de Quadribol que havia discutido com Sirius. Lembrou-se da última vez que falou com Lílian. Tinha sido no dia da sua detenção. Desde então a menina tinha se enterrado nos livros, estudando muito antecipadamente para os N.I.E.M.s. Uma movimentação próxima a ele o assustou, despertando-o de seus pensamentos.
Virou a cabeça para o lado, em direção de onde viera o ruído, e soltou um assovio de surpresa ao ver um grifinório dormindo, em cima de uma mesa abarrotada de livros e pergaminhos. Levantou-se e se dirigiu ao colega. Quando se aproximou, reconheceu aqueles cabelos ruivos imediatamente.
- Lily? – chamou ele, baixinho, com as mãos nas costas da colega.
Lily soltou um leve gemido e levantou a cabeça devagarzinho. Ao ver Tiago ao seu lado e a sala comunal vazia, exclamou:
- Essa...essa não! – balbuciou – Os exames! Eu me atrasei para os exames!
- Exames!Lily, você enlouqueceu? – exclamou incrédulo – Os exames são prestados só no fim do ano letivo, e nós nem chegamos no Natal! Sinceramente, você está levando esse exame à sério demais!
- Acho...acho que você tem razão... – murmurou ela, olhando para os livros. Tiago sorriu, com as mãos ainda em seus ombros.
- Ho, ho...Lílian Evans fazendo das minhas palavras as dela? – e soltou um assovio-As coisas estão realmente diferentes...
Ela se levantou e o afastou com o braço.
- Eu não concordei com você, Tiago.
Ele sorriu mais ainda.
- E o que foi que você acabou de fazer, antes de se levantar?
Ela o olhou, sem resposta. Ficaram se encarando por um tempo, ela fitando seus olhos, ele os dela. De repente, ela virou de costas para ele e rumou em direção a escada que levava ao dormitório feminino.
- Aonde você vai? – perguntou Tiago, com as mãos no bolso. – Pegar sua mochila? Pois então tenho que lhe lembrar de que...
- Hoje é dia de Quadribol, sei disso. – completou ela sorrindo. – Agora, se o apanhador puder esperar aqui, ficarei grata.
Tiago ficou surpreso com o pedido de Lílian, mas abriu um largo sorriso e a esperou, como ela pedira. Em poucos minutos ela apareceu na escada novamente, enrolada em uma grande bandeira da Grifinória.
- Vamos tomar café? – ela convidou, parando ao seu lado.
- Lily, vá você, não estou com fome.
- Não, não, você vai comer sim. Já chegam Kelpie e Lupin na enfermaria.
- Lily... – começou ele, sem ter certeza de que este era o momento exato para o assunto – eu sei a verdade sobre ela. Quero dizer, sobre Kelpie. Sei que ela é um...
Lílian tapou a boca de Tiago com a mão, impedindo-o de pronunciar a última palavra.
- Fale baixo! – implorou, num sussurro.
- Desculpe. – disse Tiago baixinho – Eu sei que ela é um... – e reduziu a voz a um sussurro quase inaudível –...um lobisomem.
- Como...quando...você soube?
Os dois agora conversavam entre cochichos.
- Tive que cumprir minha detenção na Ala Hospitalar. Madame Pomfrey decidiu que minha detenção seria organizar as fichas dos pacientes dos últimos sete anos. Inevitavelmente, manuseei a de Kelpie. Não nego que me surpreendi com a quantidade de pergaminhos sobre ela. Então, fui lembrando de uma série de acontecimentos e comparando as datas contidas nas suas fichas e nas de Remo, e concluí que só poderia ser ela o segundo lobisomem.
- Então eu estava certa! – sussurrou ela – Lupin era o outro lobisomem...
- Você sabia que eram dois?
- Claro! – e fez um aceno com a mão – Kelpie deixou escapar isso uma noite.
- É, Remo fez o mesmo – riu Tiago.
Ela o olhou sorrindo, ainda enrolada na bandeira. Tiago retribuiu o sorriso. Aquela bandeira vermelha realçava ainda mais ser olhos verdes-vivo. E ele não tinha percebido o quanto haviam se aproximado, devido à sua conversa entre sussurros.
- Ahn...hm...caham...Pontas? – chamou uma voz ao pé da escada do dormitório. Era Sirius.
- Ah, Sirius! Hm, olá. – respondeu Tiago. Percebeu Lílian enrubescer e se afastar timidamente.
- ‘Dia Lílian! – cumprimentou Sirius.
- ‘Dia. – retribuiu, meio rouca.
Sirius olhou de Tiago para Lílian, depois novamente para Tiago, parecendo meio constrangido.
- E então? – disse, quebrando um silêncio que já começava a ficar desagradável – Vamos tomar café? Acho que logo, logo o salão vai encher, e ficará ainda mais difícil de engolir alguma coisa com todas aquelas pessoas dando “tapinhas” nas nossas costas.
-Certo. – concordou, sorrindo, mesmo sem nenhuma vontade de comer alguma coisa. – Lily, você vem com a gente?
- Lílian Evans, a Monitora, sentada ao lado de dois Marotos? Isso pode ser interessante. – brincou ela.
Os dois sorriram para ela e, juntos, desceram para tomar café. Do buraco do retrato puderam ouvir uma massa de alunos que vinha descendo junta para tomar café da manhã, todos conversando animadamente.
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Tiago só conseguiu comer uma torrada, e dar três goles no seu suco de Abóbora, como Sirius. E tinha a divertida sensação de que não teriam comido nada se Lílian não os tivesse obrigado.
- E se perdermos para a Sonserina por que vocês dois desmaiaram de fome no meio do jogo?
Entraram juntos no vestiário. Tiago saudou o goleiro do time, Gary Thomas, os outros dois artilheiros, além de Sirius, Franco Longbotton e Mayara Finnigan. Cumprimentou também as batedoras, Brown e Patil.
Terminou de vestir seu uniforme e se virou para o time.
- Ok, turma...vocês sabem que esse negócio de discurso não é comigo. Não quero dar lição de moral a ninguém, até por que não tenho esse poder.
“Para alguns, esse é o último campeonato em Hogwarts. Estamos indo bem há anos, e tenho certeza de que não iremos cair! Joguem como vocês sempre jogam. Somos, de longe, o melhor time de Hogwarts. Batedoras fenomenais, três artilheiros, arrisco dizer, até melhores que os do time nacional, um goleiro particularmente sensacional, bem diferente da peneira que é o goleiro da Sonserina e, por que não dizer, um apanhador de primeira!”
Todos riram e apoiaram. Juntaram as caudas das vassouras como sempre, formando um círculo.
- Nós vamos esmagar aqueles Sonserinos? – berrou Tiago.
- Sim! – gritou o time em resposta.
- Vamos jogar excepcionalmente bem, como sempre fazemos?
- Sim!
- Qual é o time campeão?
- GRIFINÓRIA!
O time rumou até a entrada do vestiário, e os jogadores ficaram aguardando para serem anunciados. Ouviam os gritos das torcidas. Aquela sensação desconfortável no estômago, já tão conhecida por Tiago, agora vinha com toda a intensidade.
Ouviram a voz de McMilan, o narrador, ecoar pelo estádio.
- Bem-vindos à primeira partida de Quadribol deste ano: Grifinória vs Sonserina. Com vocês, o time da Grifinória! Thomas, Black, Longbotton, Finnigan, Brown, Patil e... Potter!
A torcida delirou mais ainda à menção desse último nome. Tiago pode identificar Lílian no meio da multidão, gritando e pulando feito louca. Era divertido ver Lílian daquela maneira.
- E agora, o time da Sonserina – a torcida verde e prata fez sua festa, mas as vaias das demais torcidas abafaram os vivas – Flint, Parkinson, Baddock, Pritchard, Crabbe, Goyle e...Malfoy!
- Eles ainda insistem no Malfoy? – comentou Sirius, fuzilando Lúcio com o olhar.
- Aquele loiro de cabelo lambido molha a mão do time. O que você esperava? – respondeu Tiago.
Madame Hooch, a jovem professora de vôo, entrou em campo. Soltou os balaços e o pomo, e colocou a goles embaixo do braço.
- Capitães, apertem suas mãos.
Tiago apertou a mão de Pritchard.
- Insistem nas garotas? – zombou Pritchard.
- A Grifinória escolhe seus jogadores pela qualidade, e não pelo ouro que têm no cofre. – respondeu entre dentes, e adicionando mais força no cumprimento.
- Montem suas vassouras! – disse Madame Hooch.
- A goles é lançada! – bradou McMilan – Black a apanha e passa para Longbotton. De novo para Black. Black desvia de um balaço com um ótimo giro da preguiça e passa a goles para Finnigan – ai! – Ela é atingida por um balaço lançado por Crabbe – essa deve ter doído. A goles cai e é apanhada por... Baddock! Baddock dribla Black, passa para Pritchard. Agora são só ele e Thomas. Ele lança a Goles... GRANDE DEFESA DE GARY THOMAS! Ele repõe a bola com Finnigan, que dribla dois artilheiros de uma vez e passa a bola para Black, que voa para marcar! Atenção... Ele marca! Dez a zero para a Grifinória!
A torcida vermelha e dourado explodiu em urros eufóricos e assovios. Tiago vibrou e ouviu Malfoy resmungar ao seu lado. O garoto estava voando colado a ele. Então, decidiu se divertir um pouco.
Fingindo ver o pomo voando próximo ao solo, Tiago imbicou a vassoura dando um mergulho na vertical. E Malfoy, como Tiago tinha planejado, o imitou.
Tiago sentiu o estádio prender a respiração à sua volta. Quando estava a menos de dois metros do chão, Tiago se recuperou do mergulho. Mas Lúcio não.
Lúcio bateu de cara no chão com um ruído desagradável de algo se quebrando. Levantou-se meio tonto, dispensou qualquer ajuda e montou a vassoura, com as vestes empapadas do sangue que vertia de suas narinas, os olhos brilhando de fúria voltados para Tiago.
- Uma finta de Wronski executada perfeitamente! – seu comentário foi praticamente todo abafado pelos gritos de indignação da torcida da Sonserina. – Placar atual: Grifinória quarenta, Sonserina dez. E – por Merlin – Será o Pomo de Ouro?
O estádio todo se virou para onde o narrador estava apontando, inclusive Tiago. E ele o viu. A bolinha dourada estava voando a uns dois metros abaixo de Thomas.
Tiago se achatou sobre o cabo da vassoura, com Malfoy em seu encalço. Mas Tiago foi mais rápido. Com um movimento rápido, segurou a bolinha do tamanho de uma nós entre os dedos. Sentiu a já conhecida e agradável sensação das asinhas batendo inutilmente contra seus dedos, tentando se libertar.
- Potter captura o pomo! Grifinória vence!
Tiago levantou o braço direito, com o qual segurava o pomo e vibrou. Viu Lílian sorrindo para ele. Retribuiu. De repente, sentiu uma fortíssima pancada no braço, e uma dor insuportável foi tomando conta do membro. A dor foi aumentando.
Olhou para seu braço. O protetor tinha sido arranco, e ele podia ver uma pequena coisinha branca saltada para fora da pele, sem poder identificar o que era. Sentiu nojo e virou o rosto. Tinha sido acertado por um balaço.
O time pousou a sua volta e a torcida desceu das arquibancadas. A dor só aumentava. Ele desequilibrou e caiu. A dor quase o cegava.
Viu Madame Hooch gritar com Crabbe e Goyle. Eles tinham lançado o balaço. Rebate Duplo.
A dor atingiu seu extremo. Tudo a sua volta começou a ficar borrado. A última coisa que lembrou de ter visto antes de desmaiar foi o rosto de Lílian, apavorada, extremamente próximo ao seu.
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