A Luz
Capítulo Nove
A LUZ
Quando Harry deixou o porão da ruína da casa dos pais, Edwiges acabara de pousar nos tijolos quebrados. Ele despediu-se de Hermione e Sirius, que imediatamente retornaram para Hogsmead.
_Acho que é hora de irmos embora também. _Disse Harry, tirando do malão a sua firebolt. _Desta vez vamos do modo que mais gostamos, voando.
E então Harry encobriu-se com a capa de invisibilidade, e amarrou o malão na vassoura, cobrindo-os também. O vento gelado da noite rugia nas orelhas dele, e um pontinho branco ao longe o acompanhava. Suas mãos seguravam com força a vassoura, pois havia muita neblina ali, e perigo de bater em um poste a todo o momento. Ele não sabia muito bem que direção pegar, mas tentou chegar às luzes coloridas ao longe que anunciavam Londres, assim ficaria mais fácil encontrar o largo Grimmauld.
Harry bateu com a varinha na porta do número doze. O ruído de ranger de correntes ecoou em seu ouvido. E uma voz do outro lado perguntou:
_Quem é?
_Harry, Harry Potter. _ Respondeu o garoto.
_Ah... É Harry. Deve ser mesmo ele, não é, Arthur? Os comensais não poderiam chegar aqui... Não é? Só pode ser ele... MAS O QUE ELE FAZ AQUI ESTA HORA?
E então a porta se escancarou e o rosto sonolento da Sra.Weasley cheia de prendedores de cabelo se mostrou muito surpreso. Ela já estava vestida com roupas de dormir.
_Ele não está aqui, Arthur... _Disse, apavorada.
E então Harry tirou a capa imediatamente e guardou no malão.
_Desculpe... Eu me esqueci. _Falou passando a mão sobre os cabelos rebeldes.
_Capa de invisibilidade? _Perguntou o Sr. Weasley, admirado. _Muito bom...
_Entre Harry querido, está frio aí fora, e nós estávamos justamente tomando uma chícara de chocolate quente antes de irmos nos deitar. _Disse a Sra. Weasley fazendo-o entrar. _Mas o que está fazendo aqui a esta hora, querido?
Harry seguiu para a cozinha sem responder, não queria ter que mentir dez vezes sobre o que faria e então preferia dizer a todos reunidos. Na cozinha estava Tonks , com uma enorme e grossa capa de viagens e enormes olheiras embaixo dos olhos, tomava o chocolate a conversar com Annie, quando Harry entrou na cozinha.
_E aí, Harry, Beleza? _Perguntou ela, sorrindo. _Eu pedi uma edição antecipada para o Profeta Diário, benefícios que só uma auror possui, veja. Ainda estou me perguntando que sorte você teve...
O garoto apanhou o jornal das mãos de Tonks, que possuía agora os cabelos vermelhos e ondulados até os ombros. O jornal trazia tudo de mais catastrófico na página, mortes de trouxas, ataques de lobisomens com possível envolvimento de Fenrir Greyback, e gigantes que estavam assassinando criancinhas. Havia ainda outra que discorria sobre a grande organização do grupo chamado comensais da morte. E, entalada entre duas propagandas de lojas estava a seguinte manchete:
MORTE DA COMENSAL MAIS FIEL DE VOCÊ-SABE-QUEM
Harry Potter, conhecido como O Eleito, não foi morto por Você-sabe-quem, como foi noticiado neste pasquim, na verdade, ele foi apenas seqüestrado por Draco Malfoy, segundo o que ele nos relatou. Harry Potter encontrava-se fraco, abatido e irritado e apenas nos relatou uma parte de tudo o que passou. Disse ainda que uma das mais fieis comensais da morte de Você-sabe-quem foi morta, mas não explicou em que circunstancias. Segundo ele, Belatriz Lestrange foi assassinada ontem.
_Engraçado como o Profeta só noticia tragédias, não é, Harry ?_Perguntou Tonks sabiamente. _Acho que ele quer valorizar o medo, fazer com que todos temam o nome de Voldemort. E você já depôs? Já foi procurado por algum auror?
Era bem verdade. Até pouco tempo O Profeta Diário fazia de tudo para colocar o nome de Harry como a possível esperança para o fim de Voldemort. Agora, no entanto, estava fazendo um serviço de desestimular a todos, como se fosse impossível vence-lo, como se tudo já estivesse dominado por ele.
_Não, somente pelo profeta diário. _Respondeu.
_Isto é mais estranho ainda, o ministério deveria querer investigar você, mas não está fazendo nada...
No entanto, Harry estava muito agradecido por não ser investigado, porque poderia cair em contradição, ou mesmo descoberto.
_Oh, Harry, querido. Estivemos tão preocupados, não sabíamos por onde procura-lo...
E então Harry reparou em Annie, tomando o seu chocolate quente também. Ela não sabia que Sirius estava vivo, e ele havia esquecido de dizer ao padrinho sobre a madrinha estar vivendo na casa dele. Annie sorriu para ele, que retribuiu o sorriso, em seguida recebeu uma chícara fumegante da Sra. Weasley.
_Harry, conversando com o pessoal da nossa comitiva, a gente decidiu que seria ótimo realizar uma reunião com você... _Tonks disse.
_Ah, eu vou viajar. _Disse Harry, olhando muito sério para a Sra. Weasley.
_Viajar? Viajar para onde? _A Sra. Weasley perguntou, abismada. _Sozinho?
_Eu vou ter que destruir a varinha de Voldemort, eu estou com ela aqui. _Mentiu o rapaz.
_VOCÊ ESTÁ COM A VARINHA DE VOLDEMORT? _Perguntou Tonks, estupefata.
A Sra. Weasley levou as mãos à boca, incapaz de dizer nada, e o Sr.Weasley arregalou os olhos. Annie olhava para cada um dos presentes, preocupada.
_É, estou. Quero escondê-la, e não posso ficar em Hogwarts com ela.
_Harry, isso é muito arriscado... Você tem que levar alguém com você, por que não a destrói? _Tonks questionou. _Há pessoas especializadas neste ofício, sabia?
_Não sei, pode ter alguma utilidade. _Respondeu o garoto. _E eu sei que é arriscado, por isso eu deixei a escola. Não quero por ninguém em perigo.
_Mas Harry... Você vai estar se pondo em perigo... _Continuou Tonks. _Quer ajuda dos aurores? Posso falar com eles durante uma das reuniões da comitiva...
_Não, queria apenas que Hogwarts fosse reforçada. Não confio muito que tão poucos aurores consigam vigia-la bem. _Pediu.
_Ah, teremos que fazer isso por debaixo dos panos. _Disse Tonks. _Foi o ministério que estipulou o número de aurores que iria vigiar a escola.
_Harry, entregue a varinha para que outra pessoa a destrua ou a esconda... _Pediu a Sra. Weasley. _Entregue a varinha aos aurores ou ao ministério...
_Eu sou um auror. _Alegou Harry. _E o ministério a deixaria cair de volta nas mãos de Voldemort...
_Oh, céus. _Disse ela. _Você já é maior de idade e não é o meu filho, mas eu nem preciso dizer que não aprovo essa sua decisão, não é?
_Não, não precisa. _Disse Harry. _Mas é o que eu quero fazer.
_Será que posso dar uma olhadinha nela, Harry? _Pediu o Sr. Weasley, a Sra. Weasley o observou com preocupação.
_Ah, Er... ela está no fundo do malão... Daria muito trabalho tira-la de lá.
_Tudo bem, então. _Disse o Sr. Weasley, desapontado. _Mas para aonde você vai?
_Ainda não sei... Estou pensando em ir amanhã de manhã pedi permissão ao Sr.Haickel para me ausentar de Hogwarts. _Respondeu.
_Se quiser posso ir com você, Harry. Temos que conversar com Haickel, sobre muitas coisas. _Disse Tonks. _Ele é uma cara legal, o Haickel, muito gente fina mesmo.
_Escute, Harry, estive em reunião com o meu grupo ainda ontem à noite, quando pensávamos que você estivesse... Bom, você sabe. Eles me contaram coisas realmente escandalosas sobre Percy e Fudge.
_Fudge?
_É, a morte de Fudge foi considerada pelo ministério como natural, lembra? Pois é, há uma suspeita que tenha sido por envenenamento.
Fudge, que já fora ministro da magia e estava ocupando o cargo de assistente de Rufo Scrimgeour havia morrido pouco antes do aniversário de Harry, na época houve poucos comentários a respeito. E fora constatado que ele viera a falecer por insuficiência múltipla causada pela senilidade de seus órgãos vitais, mas agora a suspeita que pudesse se tratar de envenenamento, poderia provar que haviam pessoas dentro do ministério querendo o fim do mandato de Scrimgeour e a consagração de Percy Weasley.
_Assim que estiverem prontos todos os nossos relatórios nós iremos recorrer à alta corte bruxa para a deposição de Percy. _Disse o Sr. Weasley, olhando confiantemente para seu chocolate quente.
_É isso aí. _Disse Tonks, levantando-se. _É Arthur Weasley para ministro da magia!!!
_Ah, Tonks, pare com isso. _Disse o Sr. Weasley, corando.
Mas a Sra. Weasley não parecia nada feliz com aquela situação, Harry imaginava que lá no fundo ela deveria se sentir orgulhosa por ter um filho ministro da magia, e não queria que o nome dele fosse sujado.
_Harry, amanhã sete horas esteja pronto, ok? _Pediu Tonks. _Acho que vou dormir agora, boa noite.
Harry confirmou com a cabeça, e passou o resto da noite contando a Sra. Weasley, à madrinha e ao Sr. Weasley tudo o que passara na fortaleza e o ataque de Snape e Fenrir, omitindo, é claro, a presença de Sirius nos fatos.
_Pobre Sr. Olivaras... _Disse a Sra. Weasley. _Por que será que você-sabe-quem queria tanto a varinha que pertencera a Ravenclaw?
_Acho que nada de importante, ele queria apenas coleciona-la. Eu acho... _Disse Harry com uma cara afetada.
O Sr. Weasley encarava Harry com incredulidade, talvez ele desconfiasse que houvesse uma causa maior naquilo tudo, enquanto a Sra. Weasley como os homens e comensais de Voldemort, só haviam de achar que era mais um dos troféus que Voldemort gostaria de colecionar.
_Acho que vou dormir agora também. Noite Sr. e Sra. Weasley, noite Annie.
_Boa noite, Harry. _Disse a madrinha, sorrindo. _E... Boa sorte.
Quando Harry chegou no Ministério da Magia àquela manhã, foi recebido por Benjamim Haickel, que parecia alucinado para ouvir tudo o que podia sobre o que ocorreu a Harry e ao casal Longbottom na fortaleza de Voldemort. Harry contou tudo a ele, propositalmente dando menos importância à varinha da loja do Sr. Olivaras e também aos comensais que Voldemort mandou ao deserto para procurá-la.
_Então acha que você-sabe-quem queria o Sr. Olivaras para lhe fabricar varinhas? _Perguntou Haickel, anotando tudo em um relatório com uma pena de repetição rápida. _Muito engenhoso. E o Florean Fortescue da loja de sorvetes no Beco Diagonal também foi morto?
_Sim, foi o que o Sr. Olivaras me contou.
_Mas o que mais me intriga é esta fortaleza, você disse que é próxima de Hogwarts? _Ele questionou em um tom preocupado.
_Sim, foi o que eu ouvi. _Harry disse, encarando o homem.
_E você está me dizendo que está com a varinha dele? _Perguntou Haickel, com a voz trêmula.
_Bom, sim, mas vou destruí-la ou escondê-la. _Disse o rapaz.
_Acho que o melhor seria entregar para mim... _Pediu Haickel.
_Haickel, não seria sensato. _Disse Tonks, prudente. _Você é mais subordinado que Harry ao ministério, teria que acabar entregando aos superiores, e aí, você sabe quantas coisas estranhas têm ocorrido, não? Eles simplesmente deixariam a varinha voltar para o seu dono...
Haickel empertigou-se na cadeira. Seu rosto corado e roliço estava suado, tudo que Harry lhe contara parecia ainda estar ecoando em sua mente. E então ele debruçou-se sobre a mesa cheia de papeis, e ficando cara a cara com Harry disse:
_Ótimo, mas ninguém pode saber que eu dei permissão para que se ausentasse do seu posto, ok? _Perguntou ele. _E... Qualquer coisa que precisar, Harry... Qualquer coisa mesmo, pode contar comigo.
_Sem problemas e obrigado. _Harry disse, apertando a mão que o homem estendia.
_Veja aqui estes memorandos que recebi há pouco... _Ele disse, tirando um papel da gaveta.
Ao chefe do Departamento de Aurores,
Fica expressamente proibida a investigação ou contato investigatório com o Sr. Harry James Potter, auror-júnior empossado por este departamento, sobre quaisquer dos fatos que vieram-lhe a ocorrer em posse do grupo autodenominado Comensais da Morte. Esta investigação é de característica única do Departamento de Agentes Ultra-secretos do ministério da magia.
Aguardando compreensão,
Dolores Umbridge.
2º poder do Ministério.
_Vejam, vejam a lama que está neste lugar... ENTÃO VOCÊ VEM AQUI E ME DIZ QUE NINGUÉM HAVIA IDO INTERROGÁ-LO, E O PIOR, SE SOUBEREM QUE EU O INTERROGUEI, VÃO PEDIR MINHA CABEÇA. É O QUE ELES QUEREM HÁ MUITO TEMPO.
Harry ficou um tanto assustado com a gritaria de Haickel, e pensou se não estariam o escutando lá fora, nos corredores do ministério.
_Não precisa se preocupar, ninguém ouve o que se passa nesta sala. _Disse ele, arfante. _Ninfadora, você conhece a crítica situação que estamos passando e...
_Tonks, Haickel, Tonks. _Pediu ela, insistentemente. _Ah, Haickel, eu também vou pedir para uns colegas meus reforçarem a segurança da escola.
_Você sabe que a cota de aurores é estipulada pelo ministério, não, Tonks? _Perguntou Haickel. _Mas acho que não é proibido, seus colegas podem fazer isso nas horas vagas. E Harry, vou tentar investigar ao máximo a localização desta fortaleza. E quanto ao ataque de Snape e Fenrir? Você e a auror Granger fizeram um ótimo trabalho, Fenrir está preso, só não sabemos até quando, não é mesmo?
_Snape fugiu... Não o encontraram, não é senhor?
_Nem rastro, Harry, nem rastro.
Harry despediu-se de Tonks e foi direto para o Beco Diagonal. Lá, ele fez uma refeição rápida no Caldeirão Furado, que estava deserto, e rumou para a loja de Madame Mafalda Ravenclaw, a velhinha que vendera presentes de casamento para ele e Hermione.
A Sra. Ravenclaw que vestia um vestido rosa cheio de lacinhos, procurava algo nas estantes. Harry pigarreou um pouquinho para anunciar-se.
_Harry, que surpresa. _Disse a velhinha. _De qualquer forma eu sabia que você não tinha morrido...
_Ah, eu na verdade queria falar sobre o Sr. Olivaras...
A velhinha desceu ágil da escada em que estava, e veio encarar Harry por detrás do balcão, com a testa mais enrugada que nunca.
_Sabe algo...? Sabe o p-paradeiro dele?
Harry lhe contou como o encontrara e o que ocorrera a ele. Lágrimas se desprenderam dos olhos da anciã. Ela dizia palavras que Harry não podia entender.
_Ele realmente gostava muito da varinha...
_A senhora tem certeza que era de Rowena Ravenclaw?
_Claro que tenho... _Disse ela secando as lágrimas com um lencinho. _Foi deixada para mim por gerações... Era uma varinha muito potente, mas estava muito gasta, e quando eu a troquei por outra, o Sr. Olivaras me pediu permissão para ficar com ela. Eu relutei um pouco, mas acabei cedendo.
Então era certo que a varinha se transformara em uma das horcruxes. O objeto da covirnal. Com ela já eram quatro horcruxes conhecidas: O diário, o anel de Slytherin, o medalhão da Sonserina, a varinha. E, contando com a alma de Voldemort, tornavam-se cinco. Só iriam restar duas.
_Muito obrigado, Sra. Ravenclaw... _Disse Harry. _Eu vou indo, então.
_Que a sabedoria ilumine seus caminhos, rapaz.
Ainda no Beco Diagonal, que estava quase deserto exceto por uma grande quantidade de aurores, Harry foi até o Banco de Gringotes e retirou uma boa quantia de ouro, alguma ele trocou por dinheiro trouxa, e guardou dentro do malão, que trazia consigo. Em seguida resolveu dar uma passadinha na loja de logros dos gêmeos.
_Harry, nós vendemos centenas de camisas com fotos suas anteontem quando foi anunciada a sua morte... _Disse Fred.
_Que fotos? _Perguntou Harry, cauteloso.
Todos os clientes da loja se resumiam a uma menininha de olhos vermelhos que estava acompanhada da mãe. Ao avistar Harry a garota desprendeu-se das mãos da mulher e correu para Harry. Ela era tão pequena que batia à altura dos joelhos do garoto. A mãe a tirou de perto do rapaz pedindo desculpas pelo incômodo.
_Ora, você sabe como essas garotas são escandalosas... _Disse Jorge, olhando para a garotinha. _Queriam qualquer coisa que as lembrassem de você.
Então Fred mostrou as diversas camisetas com fotos de Harry voando em sua vassoura.
_E Então? Como estão as vendas? _Harry questionou, sorrindo.
As paredes das lojas estavam abarcadas de produtos dos mais diversos.
_Não muito boas, por isso é que precisamos que você mate você-sabe-quem o quanto antes... _Fred falou. _Os nossos maiores clientes, o pessoal do ministério, de repente passou a achar que não precisam mais se defender de você-sabe-quem...
Harry lhes contou (mentiu) que iria viajar para destruir ou mesmo esconder a varinha de Voldemort.
_Venha cá, Harry. Estivemos preparando umas coisas que você vai gostar. _Jorge falou assim que terminou de ouvir toda a história.
Harry passou pela vendedora que olhava admirada para Harry, e foi até uma saleta cheia de anotações e outras bugigangas. Os gêmeos pegaram uma mochila de couro e entregaram a Harry.
_Pronto, isso aqui vai ser ótimo para você não ter que ficar andando com esse malão...
_Mas as minhas coisas não cabem nesta mochila... _Contrapôs Harry.
_Claro que cabem... _Disse Fred tirando a firebolt que estava amarrada ao malão e jogando dentro da bolsa, a varinha simplesmente entrou sem problemas e sem ficar um milímetro pra fora.
_É demais. _Disse Harry colocando todas as outras coisas que estavam no malão para a mochila o mais rápido que pôde. Então, no fundo de nylon do malão, algo cortou seu dedo.
_Ai. _Murmurou.
Juntou os cacos do espelho que Sirius lhe dera e tendo uma idéia murmurou: Reparo. Os cacos se juntaram e o espelho voltou ao seu estado normal, ele voltou a guardá-lo dentro da mochila.
_Pode deixar esse malão aqui... A gente dá um jeito nele. _Fred falou, indo apanhar outra coisa. _ Pílulas alimentares. Toma o vidro todo, se estiver com fome é só pegar uma dessa e dizer Mata-fome que uma bela e deliciosa refeição a la Weasleys aparecerá na sua frente. Mas se quiser algo mais rápido basta engoli-las e estará alimentado.
_Valeu, mas quanto custa? _Harry perguntou, tirando a bolsa de ouro do malão.
_Ah, Harry... Que é isso? _Perguntou Jorge. _Você sabe que o seu crédito é ilimitado conosco...
_Mas as vendas não estão boas. _Disse Harry entregando um ourinho na mão de Jorge.
_Você que sabe, então. _Disse Fred guardando o ouro no bolso.
_Não é nem a metade do que eu deveria pagar por esta mochila... _Harry falou, agradecido. _Ela é muito legal mesmo.
_Foi Mundungo quem nos vendeu, estava com o fundo rasgado, deu o maior trabalho pra reparar, saca? Se quiser pode deixar esse malão aqui, amanhã a gente manda de volta para Hogwarts.
Harry não fazia a menor idéia de como chegar ao deserto do Saara, muito menos no vilarejo chamado Cova da Besta. Sentindo-se frustrado com a idéia de ter de voltar a Hogwarts para pedir a ajuda de Hermione, Harry procurou por Edwiges, que deveria encontrar-se com ele no Beco Diagonal.
A coruja seguiu vôo com ele, e Harry se cobriu com a capa de invisibilidade.
_Edwiges... _Pediu Harry. _Para o deserto do Saara.
A coruja piou alto, e os dois seguiram velozes pelo céu nublado. O garoto voou por horas a fio, e suas mãos já estavam dormentes e cansadas. Sua coluna estava dolorida e os olhos fatigados. Começavam a sobrevoar uma cidadezinha.
_Vamos parar um pouco, Edwiges, por favor. _Pediu Harry.
Os dois pousaram em um jardim de uma casa, tão grande e cheio de árvores, que não havia como serem vistos. O cheiro de frango assado que estava sendo preparado na cozinha invadia as narinas do garoto quando ele se lembrou das pílulas dos gêmeos. Pôs a capa de invisibilidade sobre o gramado e a vassoura dentro da bolsa, então se escondeu ainda mais atrás de uma árvore. Edwiges estava ao seu lado, piando faminta.
_Mata-fome. _Disse o garoto segurando uma pílula vermelhinha que tirara do vidro.
Dois pratos grandiosos de salsichas cobertas com chocolate e pipoca com molho de carne apareceram na frente do garoto, suntuosos. Havia ainda vinho de uva misturado com leite.
_Uma refeição a la Weasleys, eu deveria ter imaginado... Acho que terá que esperar por mim aqui, Edwiges, enquanto eu vou comprar algo pra gente comer, ok?
E o menino cobriu a mochila com a capa de invisibilidade, enquanto Edwiges bicava as pipocas.
Depois de comprar presunto, pães e leite e fazer uma refeição decente, Harry Retornara a voar, seguindo a sua coruja. Percebeu, quando começou a escurecer, que já haviam deixado a Inglaterra. E então, procurou outro abrigo para passar a noite, num estábulo de animais, em uma fazenda.
Dormindo sobre as palhas e ao relento, o garoto sentiu por um breve momento como era estar na pele de Sirius, como era ser um fugitivo. Não poder contar com ninguém...
No dia seguinte já havia voltado a voar mais uma vez. E avistava florestas selvagens serem intercaladas por modernas cidades. Vez ou outra parava para comprar alimentos. No seu terceiro dia voando, contudo, avistou ao longe uma área branca que nada tinha a ver com neve, era o deserto. Sobrevoaram ainda por algum tempo até que a coruja piou para o menino para avisar-lhe que haviam chegado. Os dois pousaram na areia quente, e Harry suado e exausto, deixou-se sentar sobre a imensidão deserta.
_Podemos nos perder aqui, Edwiges. _Disse ele, mas a coruja piou com desdém.
Harry tirou dois pergaminhos da mochila, e apoiando o primeiro no colo escreveu:
Mione e Rony,
Acabei de chegar naquele lugar. Ainda não sei como faço para chegar aonde quero. Mas tenho certeza que irei encontrar, Edwiges me guiou até aqui, mas vou ter que manda-la de volta senão qualquer pessoa que a vir saberá que eu posso estar por perto.
Espero que esteja tudo bem com vocês, comigo está. Assim que fizer o que tiver de fazer, eu prometo escrever de novo.
Sinceramente,
Harry potter.
Harry guardou a carta, endereçando-a aos amigos e prendeu na perna de Edwiges, depois pegou o outro pergaminho e escreveu:
Querida Gina,
Estou muito longe e tenho certeza que logo tomarei uma decisão sobre aquilo. Estou bem e louco de saudades. Espero que você esteja ótima, estude bastante e tente não se preocupar comigo, ok? Vai dar tudo certo, logo estarei aí de volta.
Muitos beijos,
Harry Potter.
_Acho que vou ter que me desfazer de você, Edwiges. _Harry falou. _Você chama muita atenção... Será que pode levar estas cartas de volta para Hogwarts? Fique na escola, ok?
A coruja bicou delicadamente o dedo de Harry e voou pelo céu muito azul, o garoto ficou admirando-a até que ela sumisse. E tudo o que restou foi o deserto para qualquer direção que ele olhasse. Estava realmente muito quente, e Harry passou a voar baixo, sempre visualizando em todas as direções se não havia ninguém vindo. Então, viu algo movendo-se ao longe. Pousou e continuou a pés por algum tempo, sem saber o que fazer. Então, detrás de um cacto ele percebeu o que estava se mexendo, uma cobra.
_Fome... Fome... _Queixou-se a cobra, pronta para atacá-lo.
_Por favor, não tente ou terei que mata-la, sou um bruxo, sabia? _Ele disse em língua de cobra.
A serpente de olhos amarelados pareceu assustar-se, e então perguntou:
_O que queres, forasteiro?
_Quero saber onde fica a Cova da Besta.
_E pra que queres conhecer este lugar? Não sabes que se fores nunca mais retornarás?
Harry a encarou por alguns instantes, depois disse:
_ Me diga onde fica, não me importo com o perigo.
_Caminhe, forasteiro, mais ainda, e encontrarás uma de minhas irmãs, questione a ela e ela lhe dirá como encontrar seu destino. Lembre-se de avisar a ela que e bruxo, ou ela o atacará.
O garoto continuou sua caminhada, e como lhe dissera a outra serpente, ele encontrou a irmã dela. No entanto, esta também lhe aconselhou a continuar a andar e procurar pela sua irmã. E assim foi, sendo que o garoto teve contato com ao menos doze cobras antes de chegar a esta, que finalmente lhe disse a localização exata:
_Caminhe por mais cem léguas em linha reta e encontrará pedras enormes, que forma um triângulo, assim que as vi, siga pelo lado esquerdo por mais dez léguas, lá, encontrará um oásis, e é neste oásis que encontrará cidade.
Harry agradeceu ao animal e colocou a capa de invisibilidade, continuando seu percurso na firebolt. Seu corpo todo estava suado, e a garganta seca, seus olhos estavam sujos de areia, e não havia um centímetro de seu corpo que não estivesse cansado de caminhar. Mal conseguia segurar-se na vassoura quando avistou as pedras e virou à esquerda, mais ao longe encontrou o oásis, e o reconheceu pela grande quantidade de árvores e um vasto lago de águas azuladas. Havia agora máxima necessidade de continuar sob a capa. Aterrissou a poucos metros da cidadela, que era feita quase somente de tendas de palha. Ainda por debaixo da capa guardou a vassoura dentro da mochila e continuou a pés. Á frente de todas as tendas encontrava-se uma em tamanho maior, com janelas enfeitadas com cortinas coloridas e brilhosas. Havia ainda uma grande porta e Harry pôde divisar algumas luzes provenientes de velas dentro da cabana. O garoto aproximou-se envolto pela capa.
Entrando, ele observou dezenas de velas brancas e vermelhas acesas em volta de um trono. Sentada sobre o trono estava uma mulher de faces belas e morenas, com vestes claras e uma longa trança negra. O garoto aproximou-se da mulher, sabendo que ela não o enxergaria. Em seus braços dezenas de pulseiras e braceletes de ouro retiniam enquanto ela torcia a longa trança entre os dedos. A mulher possuía um cheiro de flores muito agradável.
_Devo dizer que é uma tradição apresentar-se antes de pisar nesta tenda, jovem. _Disse a mulher de voz forte e marcante, pousando os olhos na altura da capa que deveria ser a cicatriz de Harry.
O garoto levou um susto tão grande que caminhou para trás alguns passos, pisou na capa e acabou caindo para trás. Levantou-se acanhado com muito custo, e retirou a capa, guardando-a dentro da mochila.
_Meu nome é Neville, Neville Longbottom. _Disse Harry, encarando as feições jovens e assustadoramente belas da mulher.
_E o que queres aqui, rapaz? _Perguntou, com carinho.
_Sou... Pesquisador. Me perdi do meu grupo no deserto... Quero abrigo.
A mulher possuía uma estrela presa na íris do olho esquerdo.
_Porque tentas ludibriar-me? _Ela questionou, havia um tanto de desapontamento na voz. _Nenhuma palavra do que dissestes é verdadeira, redima-se contando-me a verdade e o pouparei, caso contrário, serás morto por um de meus servos.
O garoto sabia que ela falava a verdade, tudo nela era chamativo, mas havia um grau de sabedoria em seu olhar que ele só vira nos olhos de mais uma pessoa.
_Certo... Eu menti. _Disse ele, tomando fôlego. _ Eu na verdade preciso de algo que está aqui.
_E o que precisas? _Ela questionou, levantando-se, curiosa.
_Um objeto que foi amaldiçoado por um ser cruel que se apossou e...
_Eu conheço sua alma, jovem. Ela é honesta e nobre, podes voltar com vida de onde viestes, mas jamais pode levar nada de meu reino, porque desde a areia do chão ao fio de cabelo de meus filhos, tudo é sagrado aqui.
_Mas seu eu não levar o que vim procurar, minha viagem estará perdida.
Então a estranha mulher se aproximou e tocou o rapaz com o longo indicador, e o menino sentiu uma onda de satisfação percorrer-lhe todo o corpo.
_Fique, conheça meu povo, aprenda nossa sabedoria, e não será em vão sua vinda. Você tem duas opções, esta ou retornar.
Seu coração foi de repente envolto em uma vontade irresistível de ficar, aliada a necessidade de pegar a varinha. Não havia outra opção, ele teria de ficar, dizia-lhe a razão e o sentimento.
_Então eu ficarei, desde que seja aberto o meu caminho para quando desejar partir...
_Claro que sim... Seja bem-vindo.
E a mulher segurou-lhe pela mão e o acompanhou para fora da cabana, para conhecer as outras tendas, onde os moradores, todos homens, comiam e bebiam com fartura.
_Escolhas uma delas e habite, rapaz. Logo descobrirás como pode ser prazeroso viver entre nós.
_Tenho que voltar, preciso garantir que nenhum intruso entre neste lugar sem permissão, até logo. _Disse ela, sumindo.
_Até... _Disse Harry, com um friozinho na barriga.
O sol quente iluminava as tendas e o riso e a cantoria invadia os ouvidos de Harry. Até que um homem velho deixou uma das tendas e foi até o garoto, ele tinha a cabeça raspada, e cada centímetro de sua face era enrugada.
Ele o cumprimentou em uma língua que o rapaz não conhecia e depois, vendo a expressão do garoto, falou-lhe em inglês:
_De onde vem, forasteiro? _Questionou em uma voz rouca.
_De muito longe, sou... Pesquisador.
_Ah, o Francesco vai adorá-lo, ele também é pesquisador, um historiador.
_Ah-ah, eu sou biólogo, estudo... Cobras.
_Mas entre, vamos comemorar o nome da deusa...
_Deusa?
_A bela mulher que o recebeu, por falar nisso, qual é seu nome?
_Neville. Neville Longbottom.
_Venha, Neville, venha...
A tenda era iluminada por velas como as utilizadas na tenda da deusa, só que em tamanhos menores. Havia ao menos quatro homens lá, comendo carne crua e tomando uma bebida de cor âmbar que Harry desconhecia.
_Eles não falam inglês, Harry. _Disse o homem, para Harry._ Com exceção de Francesco, aquele de roupas amarelas.
Um jovem de olhar nervoso e vestes amarelas devorava um pernil cru com voracidade. Seu cabelo era ondulado e escorria sem vida pelos ombros, como galhos tortos e secos. Seus lábios estavam brancos e havia olheiras escuras sob os olhos amarelados.
_Francesco, este é Neville, ele é pesquisador, como você. _Disse o velho para o jovem estranho.
Ele levantou a cabeça e mirou Harry por alguns instantes, seus lábios tremeram, escorria sangue de sua boca.
_Arre... Então?
_Então... _Repetiu Harry, sem saber o que dizer.
_Ofereça a ele um pedaço de pernil, Francesco, está na minha hora com a deusa...
Os olhos de Francesco se apertaram de ódio, e ele cuspiu pedaços de carne pelo chão de terra.
_Deusa, deusa... Um demônio, uma besta é o que ela é...
_Como se atreve a falar assim dela?_Harry se surpreendeu perguntando.
_Arre... É verdade, é verdade, companheiro. Ela é tudo para nós, para todos nós, a deusa...
E voltou a mastigar o pernil, em silêncio. Depois de alguns segundos pediu que Harry sentasse ao seu lado, e lhe ofereceu bebida e carne. Harry aceitou a bebida, mas recusou a comida.
_Ah, eu não como nada cru... _Explicou.
_NÃO? _O homem questionou, surpreso. _Ah, era... Eu também não aceitava...
E então o homem fixou os olhos amarelados na palma da mão, e quando Harry menos esperou, um fogaréu acendeu-se ali.
_Você é... Você é um? _Harry perguntou, sem fôlego.
_Sou da ordem dos peregrinos da deusa, seguimos a sabedoria dela, apenas isso.
E o homem pôs uma coxa de pernil para assar sobre a própria mão, e depois a entregou a Harry. O garoto a comeu, e ou estava muito boa ou a fome era muita.
Harry tomou então o gole da bebida, que era morna e grossa, e tinha um gosto temperado, como se fosse feita de ervas, azeite e álcool. Era um gosto diferente, mas era bom pelo final. E após tomar muitos goles, tudo que vinha à cabeça se dissolveu, e ele pensou estar no lugar mais belo do mundo, o mais belo de todos os oásis, em seguida caiu no sono.
Quando acordou, pela manhã, Francesco o levou para conhecer os mananciais que brotavam na cidadela. Todos de águas límpidas e deliciosas, no ponto de beber. Havia ainda inúmeras árvores frutíferas e muitos animais, além de camelos e cavalos, e alguns cães de grande porte.
_Temos tudo aqui... A deusa é muito prestigiada com Ele, sabe? Ele não permite que falte nada aos peregrinos da deusa...
_Não existem mulheres aqui? _Perguntou Harry.
O homem riu, como se aquela fosse a pergunta mais boba a ser feita.
_Não conheceu a deusa? Não viu quão formoso é o corpo dela e quão misteriosa ela é? Depois de conhecê-la, não existe mulher nenhuma que ainda me encha os olhos, nós simplesmente não necessitamos de outras...
_Consequentemente não existem crianças... _Notou Harry.
E então Harry percebeu o mesmo velho que recebeu o rapaz vir em sua direção.
_A deusa quer vê-lo em meia-hora, Neville. Francesco, leve-o para a casa de banho.
O velho os deixou mais uma vez sozinho.
_Deusa... Deusa... Ela é o demônio em corpo de mulher...
_DEMÔNIO? COMO ASSIM? DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? _Harry perguntou, irritado.
_Conhece todas as artimanhas para envolvê-lo, de uma forma que quando menos percebe não pode mais deixá-la. É por isso que este lugar é chamado de cova da besta, homem nenhum que entre aqui, retorna, e as mulheres são assassinadas sem qualquer piedade pela besta... _Ele disse, cuspindo com amargura. _Não sei se eu sou apaixonado ou odeio essa... Essa mulher.
Então, mesmo que Harry sentisse o corpo tremer de fúria ao ouvir as palavras de Francesco, um fiozinho de razão se desprendeu em seus pensamentos, o objetivo de estar ali. A beleza daquela mulher, assim como a beleza das veelas, não era algo natural, e Harry reconhecia que ela poderia ser perigosa.
_Você conhece alguma estátua de um leão por aqui? _Harry perguntou.
_É claro que sim, veneramos o leão, ele é o símbolo da nossa ordem...
_Pode me levar até ele? _Harry questionou.
_Escute, você tem que estar limpo para conversar com a deusa, ela não permitirá que você entre sujo na tenda dela... _Disse mais uma vez, fracamente.
_Não, preciso ver a estátua... Agora. _Disse contra a própria vontade.
_Fica na praça, me acompanhe e o levarei até lá... _Disse Francesco, puxando-o pelo braço.
Eles caminharam em silêncio, e Harry não teria percebido um grupo de homens a beber e comer próximo a um jardim se Francesco não os tivesse cumprimentado:
_Alô, Dolohov, Rookwood, Meyer...
O garoto sentiu a respiração hesitar ao observar o grupo de homens de cara fechada e obscura. Um possuía cabelos sebosos e era pálido, o outro tinha cabelos levemente claros, e bem aparados. Ao lado deles, que Harry já vira em fotos, estava mais seis homens, todos de mesmo aspecto. Os comensais que Voldemort enviara ao deserto à procura da varinha. Mas eles olharam para Harry com pouco interesse, talvez nem tivessem percebido quem era ele, bebiam e comiam com voracidade, e tinham o mesmo olhar amarelado de Francesco.
Harry tentou não demonstrar o quanto estava surpreso, e continuou o caminho com o outro, até que chegaram à pequena praça cercada de um jardim de orquídeas. Lá uma enorme estátua de um leão de ouro se erguia imponente. Harry não fazia a menor idéia de como tiraria a varinha de lá. O leão estava em posição de ataque, pronto para devorar alguém.
_Há pouco tempo esteve aqui um velho, por algum tempo... Ele não foi influenciado pela deusa, e depois de alimentar-se e ficar aqui por alguns dias, partiu, mas antes de ir, passou muito tempo apreciando a estátua também...
_Então nem todos são influenciados por ela?_Harry questionou.
_Não faz tanto efeito com os mais velhos, eu acho. _Disse Francesco, alisando uma mecha de cabelos encaracolados. _Veja o Mark... Ele decide as coisas que quer fazer, não é dominado pela deusa, como nós, mais jovens.
_Escute, Francesco, eu quero ir embora... Você sabe como eu posso fazer para...
_QUER? Nossa, é uma coisa nova, raramente isto acontece... Todos que vêm para cá querem permanecer sob o domínio dela...
_Eu tenho uma pessoa, e não gostaria de dividi-la com ninguém. _Disse Harry. _Por que você simplesmente não a deixa também e arruma... Arruma uma pessoa que ame de verdade?
O voto de fidelidade iluminou a mente de Harry, ele não poderia se deixar cair em tentação com aquela mulher. Francesco riu, uma risada sem força, morta.
_Não há nada que eu possa fazer, Neville... Não sou tão forte quanto você... Mas então, tem que tomar banho, para ir vê-la. _Harry percebeu que essas últimas palavras lhe custaram muito a ser ditas.
_Eu não quero vê-la, estou decidido, não sou obrigado e não quero...
O rosto de Francesco se iluminou, e ele sorriu.
_Ótimo, vou em seu lugar, então.
E Francesco saiu correndo e sorrindo, como uma criança que corria para casa ao saber que a mãe preparara seu prato predileto.
_O Sr. Olivaras teria me dito se houvesse algum segredo importante... _Disse Harry para si mesmo a apalpar a estatua.
Harry olhou brevemente para o grupo de comensais ao longe, que bebiam despreocupadamente. O que Voldemort diria se soubesse que seus melhores homens o trocaram pela segurança dos domínios da deusa?
Harry fingia dormir, até que todos os outros foram deitar-se. Quando os ouviu roncar, o garoto levantou-se e rumou para a praça com o leão de ouro. Lá, imediatamente lançou um feitiço para partir a estátua em duas. Com um estrondo alto, as duas partes de ouro maciço vieram ao chão. Enfiada em um dos olhos de rubi do leão, estava uma varinha de azevinho, branca e adornada com pedrinhas preciosas. Harry a segurou com força, e a retirou, trazendo a pedra junto a ela. Antes que pudesse conjurar um outro feitiço para reparar a estátua, uma voz grave, mas harmoniosa ecoou em seus ouvidos.
_Sabia que teria problemas com você assim que o vi, rapaz. _Disse a deusa. _Então, querias recuperar o que aquele velho, de seu povo, deixou aqui, não?
A deusa rastejava no chão, mas não caminhava. Suas vestes eram douradas, e havia adereços em todo o seu corpo, sua bela face parecia levemente enfurecida.
_Eu preciso dela...
_Eu sei, jovem, eu sei, mas ao chegar aqui, lhe expliquei que a única condição era que não levasse nada do que aqui encontrasse.
_Mas isto não pertence a este lugar, isto... Como você mesmo disse, é do meu povo, não tem nada a ver com você ou sua ordem. _Harry explicou.
_Vejo em seu coração que lutarás até a morte para levá-la, mas saiba que não poderás levá-la consigo, muito mais antes aceitar o seu destino, rapaz, unir suas forças às minhas, e jamais nada perigoso irá atravessar o seu caminho.
_QUEM SE ATREVEU A QUEBRAR A ESTÀTUA SAGRADA? _Harry ouviu o velho, chamado Mark, se aproximar, enfurecido. _NEVILLE, COMO PÔDE?
_Deixe-o comigo, Mark. Ele devolverá o objeto roubado à deusa...
E então, fixou o olhar em Harry, que sentiu um enorme impulso de entregar a varinha a ela, mas resistindo guardou-a no bolso. E então, a deusa pareceu revoltar-se por não conseguir vencê-lo. Urrou enfurecida, despertando todos os homens que correram para assistir á confusão. A deusa de repente desapareceu, aparecendo em seguida com um barulho pequeno, ardendo em chamas, e com os olhos diabólicos. Harry percebeu Dolohov e Rookwood se aproximarem, e imediatamente mentalizou o largo Grimmauld nº. 12, desaparatando, em meio aos berros e gritos de surpresa de todos os homens.
Harry caiu de joelhos em frente à casa, levantando-se em seguida, meio tonto, por causa da distância que percorrera. Era noite sem lua. Imediatamente o rapaz tirou a própria varinha e tocou a porta escalavrada, rapidamente. O ruído de ranger de correntes foi imediatamente substituído pela voz de Hermione, dizendo:
_Deixe que eu abra a porta, Sra. Weasley.
A porta se escancarou e Hermione levou a mão à boca, assustada.
_Entre, Harry, entre... Não pensei que o veria tão cedo...
_Q-que dia é hoje? _Ele perguntou trancando a porta.
_Noite de sexta, acabei de chegar. _Ela falou, com a voz esganiçada, tocando o rosto suado e sujo do rapaz. _V-você conseguiu? Ah, Harry eu nem acredito, eu nem acredito...
_QUEM ESTÀ AÍ, HERMIONE? _A voz de Gui Weasley ecoou, preocupada.
_Harry, ele chegou. _Respondeu a garota, eufórica.
Ela tinha os cabelos presos em uma trança e vestia uma camisa de lã e calça jeans.
_Ah, por Merlim, estava tão preocupada... _Ele ouviu a voz da senhora Weasley, e em seguida seus paços pesados, seguidos por muitos outros.
Harry se apoiara cansado no corrimão da escada, no hall. A senhora Weasley, o marido, Gui e Fleur caminhavam eufóricos em direção a Harry. Fleur caminhava em um vestido florido e de pano maleável, seus cabelos estavam levemente despenteados e ela não parecia nem de longe a antiga Fleur. A senhora Weasley, abraçou o menino com ternura, murmurando agradecimentos aos céus por ele estar vivo. Enquanto o Sr.Weasley o enchia de perguntas.
_Vá deitar-se, Harry... E você poderá contar amanhã para nós tudo o que passou. _Acrescentou olhando feio para o marido.
Harry agradeceu a deixa e subiu, seguido por Hermione. Os outros tiveram de acatar a ordem da matriarca, no entanto, Harry a ouviu murmurar assim que Hermione foi atrás dele:
_Não pode esperar até amanhã, querida? Ele está cansado... Aff!
Harry correu para a cama e sentou-se lá, pedindo a Hermione que trancasse a porta imediatamente, e tirou da mochila a varinha do Sr. Olivaras. Contando à amiga tudo o que passara.
_Ah, Harry... Foi tão arriscado, se os comensais não estivessem enfeitiçados ou sei lá o que... Eles poderiam ter te matado, eles poderiam...
_Chega, Mione. Eu to aqui, não tô? Agora precisamos descobrir como destruir a horcrux. _Harry disse, decidido.
_ Não podemos fazer isso junto com o Rony? _Hermione perguntou. _Ele me pediu... Me pediu isso...
_Mas e se os comensais resolverem voltar para Voldemort? E se eles contarem que me viram roubar a varinha? E se Voldemort ligar tudo e perceber que eu já sei sobre as horcruxes dele? _Harry questionou.
_É verdade, não temos tempo para esperar até segunda-feira...
_Espera, mas podemos ir agora para Hogwarts, não podemos? _Harry questionou.
_Boa idéia, Harry. Difícil vai ser contar isso á Sra.Weasley...
_Eu tenho o direito de fazer o que quiser... _Disse Harry, um tantinho irritado. _Vamos lá, tenho de inventar uma boa história para eles...
E Harry então guardou a varinha dentro da mochila, que pôs nas costas. Ao chegar à cozinha, todos debatiam sobre a melhor coisa que Harry poderia ter feito com a varinha de Voldemort.
_Harry, você devia estar na cama... _Avisou a Sra. Weasley.
_Eu vou ter que voltar para Hogwarts... _Ele disse, de chofre.
_Hogwarts, mas o que você...
_ A Mione me disse que Mcgonagall precisa da nossa ajuda, os aurores que estão de guarda não são muito confiáveis.
_Mas Harry, você acabou de chegar. _Disse Gui, preocupado. _Deve ter passado por tantas coisas e...
_Gui, eu não estou cansado, não se preocupe. Quero ver Gina e Rony também.
_Harry, se é o que você querr, devemos entenderr, non? Ele querr verr a namorrada, Gui...
_Mas não pode nos contar o que fez com a varinha? _Perguntou o Sr.Weasley.
_Não a destruí, mas não está mais comigo, está em um lugar seguro, não se preocupem. _Disse Harry, misterioso. _Até mais.
_Até, querido... _ Disse-lhe a Sra. Weasley, pensativa. _Não quer comer nada?
_Não, Sra. Weasley, está tudo bem.
Harry e Hermione foram até o campo vazio para desaparatar encobertos pela capa de invisibilidade. Pouco tempo depois estavam em Hogsmead, correndo para os terrenos de Hogwarts o mais rápido possível.
_Snape não foi visto, Harry... _Disse Hermione, enquanto corria. _E Fenrir não passou nem dois dias na cadeia, conseguiu dominar alguns guardas e aurores que estão em Azkaban no lugar dos dementadores... Ou os aurores se deixaram dominar, vai saber.
_Mas ninguém mais fugiu? Lúcio Malfoy? _Harry questionou, preocupado.
_Não, mais ninguém.
Os portões da escola já estavam a sua frente, os jardins estavam imersos na escuridão. E tudo que podia ser visto era luzinhas ao alto, nas torres e torrinhas de Hogwarts.
_Como vamos entrar? _Harry perguntou, apressado.
_Não se preocupe, temos permissão... É só tocar a fechadura com as nossas varinhas.
Ela tocou a fechadura com a varinha dela, e os portões se abriram, rangendo. Os dois atravessaram o gramado molhado em segundos, e já estavam subindo as escadas que levavam à torre da grifinória.
_Mione, faça o seguinte... _Disse Harry parando no corredor. _Chame o Rony, peça pra encontrar comigo na sala precisa, temos de fazer sem que a Gina saiba, lembre-se.
A menina concordou e sumiu pelo buraco do retrato enquanto Harry caminhava o mais depressa que podia para a sala precisa. Ele ouvia preocupado o barulho irritante de giz a riscar quadros que só poderia ser realizado por Pirraça. Mas felizmente ainda estava sob a capa, e o poltergeist não pôde vê-lo quando passou acima de sua cabeça. Não fora tão difícil encontrar a sala, com um pouco de concentração. Ela estava na penumbra, mas a penseira ainda estava lá, o líquido prateado quase se esvaíra, mas ainda restava uma boa quantidade. As cinzas do livro de Snape estavam espalhadas pela sala. Ele conjurou um feitiço para limpar a sala e afastou a penseira para um canto, cobrindo-a com a capa. Em poucos segundos os amigos chegaram. Rony parecia sonolento, mas mesmo assim tinha um grande sorriso no rosto.
_Eu sabia, Harry. _Disse ele, trancando a porta. _Sabia que conseguiria... Você sempre consegue, cara! É o cara mais sortudo que eu já conheci...
Harry sorriu e tirou da mochila a varinha, algumas pedras já haviam se soltado, e havia alguns arranhões na madeira.
_Nossa, é muito linda... Ela remete muito ao estilo de varinhas do passado... É perfeita. _Disse Hermione. _Quem poderia acreditar que foi utilizada com um fim tão medíocre...
_Como vamos matar a horcrux? _Rony perguntou, coçando o queixo. _Não deve ser tão fácil...
Harry a observou por alguns instantes.
_ Da outra vez, eu consegui destruir a outra horcrux com a presa envenenada do basilisco...
_HARRY! Talvez... Talvez tenha como destruí-la nos postulados... _Disse Hermione. _Talvez tenha sobre as horcruxes lá, sabia?
_E você já conseguiu traduzi-los? _Harry questionou.
_Na verdade, Merlim escreveu sobre muitas coisas, e eu nem você sabemos se fala sobre as horcruxes mesmo, mas é uma possibilidade...
_Mas e então?
_Mas eu acho que fala, com certeza. _Disse Hermione. _Mas até agora, eu só consegui traduzir duas ou três linhas com ajuda das anotações de sua mãe... Mas quando eu conseguir pegar o jeito, vai ser bem mais rápido. Tenho certeza que é trabalho para um mês, a parte mais difícil sua mãe já fez.
_Bem, então não podemos esperar, não é mesmo? _Harry perguntou. _Temos que tentar de tudo.
E então Rony tirou a varinha das mãos de Harry, e com força, partiu-a em duas. Uma fumaça lilás desprendeu-se, e um único fio vermelho-sangue ficou à mostra, e então a varinha voltou a unir-se.
_Algum encantamento deve protegê-la... _Disse Hermione, murmurando outros feitiços, todos sem efeito algum.
_Acho que só tem uma coisa que pode nos ajudar a destruí-la... _Disse Hermione.
_E o que seria? _Harry perguntou.
_Magia negra. _A garota disse, confusa. _Afinal, se essas coisas são feitas a partir de magia negra, só podem ser destruídas com ela também. Veja, uma presa envenenada do basilisco pôde destruir o diário, eu acho que somente algo semelhante poderá destruí-la também.
_Mas nós não conhecemos muito sobre Magia Negra... _Harry contrapôs.
_Mas há alguns livros sobre isso na seção reservada, na biblioteca, sabem? Deve haver uma que possamos usar... Está com sua capa, não está, Harry?
Três luzinhas brotavam das pontas das varinhas dos garotos, que caminhavam lentamente pela seção reservada, entre os mais misteriosos livros que eles já viram. Harry já tivera experiências inesquecíveis com tais livros. Quando tentaram aproximar-se de uma das estantes perceberam que não podiam, estava protegida com algum encantamento, que Hermione rapidamente desfez. Lá estavam os livros mais variados sobre Magia Negra, Hermione percebera que a estante nunca existira antes, e que as dezenas de títulos eram totalmente atuais:
O poder daquele-que-não-deve-ser-nomeado segundo o auror Gregori Klóin; Apogeu, Fracasso e Possível Retorno das Forças das Trevas; Tom Servoleo Riddle: o jovem brilhante que se tornou o bruxo mais perverso e poderoso de todos os tempos. Magia Negra e Secreta: Edição Completa.
_Acho que este serve. _Disse Hermione, apanhando o exemplar muito grosso e pesado de capa negra.
_Harry, não acha que devia levar mais esses aí sobre você-sabe-quem? _Rony questionou. _Dumbledore queria que você o conhecesse ao máximo, não lembra?
_É, talvez fosse bom. _Disse Harry levando-os consigo.
Os três retornaram à sala precisa, e folhearam o livro sobre Magia Negra tão logo que chegaram, à procura de um feitiço que lhes servisse.
_Harry, olha esse. _Disse Rony apontando o longo indicador para um feitiço seguido por uma ilustração de um cão sendo explodido vivo.
_Argh, que nojo... _Disse Hermione, a observar, nauseada, as tripas sendo varridas pela força da explosão. _Mas é bem capaz de servir.
MAGNUM DELETRIUM
Um serviço rápido e eficiente pode oferecer o feitiço Magnum Deletrium. Apontando a varinha para o local indicado, um jorro negro atingirá o objeto ou ser vivo em cheio, explodindo-o em mil pedaços tão logo que a vítima não terá tempo nem ao menos de piscar.
O Magnum Deletrium, contudo, não é um feitiço permitido ou mesmo reconhecido pelo Ministério da Magia, resolução datada de 1884, quando testes elaborados não concluíram a existência do feitiço.
A proposta que admitimos aqui é que este feitiço, muito arcaico, esteja ficando cada vez mais irrealizável ao longo dos anos. Isto é, segundo pesquisas arqueológicas, feitiços deste tipo eram utilizados desde a pré-história, por nossos ancestrais, para destruir animais de grande porte, vindo a cair em desuso mais tarde, por falta de necessidade e pelo grau de crueldade empreendido. No entanto, ainda há relatos de bruxos ligados às forças das trevas que o utilizem, contudo cientes da sua difícil utilização.
Para realizar o feitiço (Este feitiço não é reconhecido nem permitido pelo Ministério da Magia, salvo em testes em objetos ou seres inanimados sem que venham causar prejuízos a outrem):
Apontar a varinha para o local desejado
Pronunciar o feitiço: Magno Deletrio (Com clareza e força)
PS: Não damos garantia que o feitiço funcionará, mas em caso afirmativo, favor entrar em contato com o ministério da magia.
_O que acham? _Harry perguntou. _A varinha é um objeto, não é proibido, então.
_Mas ela não é um ser totalmente inanimado... _Disse Hermione, irônica. _Mas é claro que ninguém sabe disso, a não ser Voldemort ou a gente. Então, acho que devíamos tentar... Você devia tentar, Harry.
_Vai lá, cara. Destrói essa coisa logo... _Rony pediu dando um tapinha nas costas do amigo.
Harry levantou-se, e colocou a varinha num canto isolado da sala, em seguida, pediu que os amigos se afastassem, ele também ficou a uma boa distância e murmurou:
_Magno Deletrio.
Nada aconteceu.
_Com clareza e força, Harry. _Disse-lhe Hermione, e apontou para uma das prateleiras que estavam na parede oposta, mirou e pronunciou alta e claramente:
_Magno Deletrio.
Imediatamente um jorro negro desprendeu-se da varinha da garota e atingiu a prateleira, mas não foi algo grande o bastante, fora uma explosão mínima, que derrubou os livros que estavam nas prateleiras, mas não os causou maior dano.
¬_É, Mione... Está quase lá. _Debochou Rony.
A garota limpou o suor do rosto e disse para Rony:
_O Harry tem uma porção de razões para fazer uma explosão bem maior que essa, e vê se não enche.
Mas Harry não estava ligando para o tamanho do jorro, o importante é que o feitiço realmente existia e poderia destruir a horcrux. Concentrando-se em todo o ódio que ele sentia por Voldemort e quão hediondo era aquele objeto, porque carregava sobre ele o assassinato de alguém além de um naco da alma de Voldemort, Harry disse tão alto e com tanta força que ele teve medo que sua voz fosse ouvida pelos corredores:
_Magno Deletrio.
Um jorro negro formou uma enorme esfera de energia e atingiu a varinha apoiada na parede de pedra, não somente a varinha se despedaçou, mais a parede chegou a rachar. Um líquido negro desprendeu-se dos cacos da madeira da varinha, sujando o chão da sala, assim como os pedaços de madeira e do reboco da parede.
Um prazer muito grande invadiu o coração de Harry, e ele ainda assegurava a varinha de boca aberta quando Hermione e Rony o abraçaram, sorrindo. Hermione em seguida conjurou um feitiço para queimar os cacos da varinha.
Depois de reorganizarem a sala, os três voltaram para a torre da grifinória, muito satisfeitos e contentes. O peito cheio de confiança. Gina estava dormindo, mas Harry desconfiava que ela estivesse apenas fingindo dormir, porque Rony dissera a ele, que ela estava acordada quando ele deixou o salão comunal com Hermione, dizendo que Harry queria vê-lo a sós.
_Ela é muito ciumenta, a Gina, você sabe... _Disse ele, quando os dois estavam deitados, no dormitório dos meninos.
_Amanhã falo com ela. _Disse Harry. _E Snuffles, teve notícias?
_Claro que tive... _Disse Rony. _ O cara pirou, encontrou com um grupo de comensais e disse a eles que estava com a varinha de você-sabe-quem, até mostrou pra eles, saca? Ele vai ser perseguido até a morte...
_Se Snuffles não morreu daquela vez, não morre mais. _Disse Harry, sorrindo. _Narcisa afinal acertou, ela disse que eu iria me reunir ao Snuffles antes que ela se reunisse ao marido. Lembra, na Madame Malkin´s ano passado?
_Quando aquela víbora souber, vai provar do próprio veneno, porque vai morde a língua venenosa. _Disse Rony, também sorrindo.
_E você e a Mione, como estão?
Rony encarou o teto, por alguns instantes.
_Você me deu um problemão com esse trabalho que você arrumou pra ela. _Disse Rony, com a voz alterada. _Agora ela não tem mais quase tempo pra mim... Ou tá fazendo ronda no colégio ou tá estudando runas lá na sala precisa.
_Na verdade foi ela que me convenceu que os postulados poderiam ser úteis. _Harry falou.
_Eu sei, mas você sabe como é a Hermione... Ela adora tarefas. Talvez se você dissesse a ela que...
_Eu não posso fazer isso, também acho que os postulados podem ser úteis, de alguma forma. _O garoto disse, firmemente.
_Ah... Okay, então. _Disse Rony, parecendo desapontado.
_Boa noite. _Harry disse, cobrindo-se com as cobertas.
_Noite. _Disse Rony, com a voz sem emoção.
Não demorou muito para que Harry caísse no sono. Ele estava realmente exausto.
_HARRY, ACORDE, ACORDE!!! _Berrou Rony, com a voz incrivelmente alterada.
Harry abriu os olhos com dificuldade. Rony estava pálido, Neville e Dino o espiavam também com as faces horrorizadas.
_O que ouve...? _Harry perguntou, angustiado.
_Olhe, olhe pra sua... testa, pra sua cicatriz. _Disse Rony, apavorado.
Harry levantou-se, meio trêmulo, e intrigado e foi até um enorme espelho, no dormitório, onde ele viu seu reflexo sonolento, mas havia algo mais. Sua cicatriz estava brilhando, uma luz verde e fraca estava saindo do local da cicatriz, e antes que Harry pudesse berrar ou fazer qualquer outra coisa, a luz se foi.
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