A vingança dos Longbottom



Capítulo Seis
A vingança dos Longbottom

As letras douradas refletiram nos olhos do garoto, e ele sentiu uma triste sensação invadir seu peito. Não era algo muito nítido, pelo contrário, era um sentimento vago, escondido no meio de tantos acontecimentos sombrios que a vida lhe proporcionou.
Ele sentiu a mão de Gina tocar-lhe levemente no ombro, virou-se e encarou os rostos melancólicos dos amigos. Hagrid acabara de sentar-se, pensativo, sobre o túmulo, o garoto desejou que ele não fizesse isso.
_Podia ter sido diferente, não podia?_Rony perguntou. _Se esse cara nunca tivesse nascido, se a maldita daquela mãe dele não tivesse se apaixonado por aquele trouxa idiota, se eles nunca tivessem se conhecido...
_Mas não foi assim que as coisas aconteceram, Rony. _Disse Hermione, olhando cautelosamente para Harry.
_Harry, seria bom colocar flores no túmulo. _Disse Hermione, conjurando um buquê de rosas amarelas com um feitiço.
O garoto segurou as flores e as depositou sobre o túmulo. Os rostos da mãe e do pai vieram a sua mente, e ele tentou senti-los no ar, mas sabia que não os encontraria. Talvez, um dia quando ele viesse a morrer também, desvendasse a causa de tantos mistérios em relação à morte, que os maiores bruxos não conseguiram decifrar.
_Grandes bruxos, Lílian e Thiago. _Disse Hagrid com os olhos marejados, olhando para o céu cheio de nuvens escuras.
_H-Harry, eu sei que estamos aqui há pouco tempo, mas este lugar tá me dando arrepios. _Disse Rony, que parecia aterrorizado. _Não é nada com o túmulo dos seus pais, cara, é essa maldita neblina sobre os outros...
_É melhor irmos então, Harry. _Hagrid falou, levantando-se.
Harry tocou com os dedos vacilantes, a pedra do túmulo quadrangular, era lisa e clara. Ele ainda não queria ir, na verdade queria estar sozinho, conversar com os pais, de alguma forma ele se sentia mais próximo deles ali.
_Talvez devêssemos deixá-lo sozinho por um instante. _Sugeriu Hermione.
_Prefere assim, Harry?_Gina perguntou.
Ele confirmou com a cabeça.
_Estaremos esperando por você no portão então, Harry. _ Hagrid falou, olhando para os lados. _Qualquer coisa é só gritar.
E percebeu os passos dos amigos se distanciando. Enquanto a neblina ficava mais densa acima das catacumbas e sepulturas ao redor dele.
_Eu queria vir aqui há muito tempo... _Sussurrou, ajoelhando-se sobre o gramado que se estendia por todo o cemitério. _ Eu ainda me pergunto como seria minha vida se vocês ainda estivessem por aqui, mais fácil, suponho...
_Que cena mais... Tocante. _ Harry ouviu uma voz arrastada atrás de sua orelha. _Petrificus Totallus!
Harry caiu de costas, imóvel, encarou o rosto pálido e debochado de Draco Malfoy, o aluno que ele menos gostava em Hogwarts, e que quase matara Dumbledore. Ele estava sobre um dos túmulos, a varinha em punho, faltavam dois dentes no seu antigo sorriso perfeito.
_O Potter finalmente deixou a segurança do castelo então... Venha comigo, agora mesmo. _Disse o rapaz fechando a mão gélida no pulso de Harry.
O garoto sentiu-se puxado para todas as direções e em seguida se viu caído em uma sala, que lembrava muito um leito de hospital. Havia algumas macas e armários cheios de vidros com líquidos esverdeados.
_Bem vindo ao novo lar do lorde das trevas, Potter. _Draco disse, em seguida cuspindo Harry. _Você nem ao menos deveria pisar no alojamento do Lorde, mas enfim, quem sou eu para...
_Meter-se nos assuntos do Lorde das Trevas, sensato Draco, muito sensato._ A voz pouco acima de um sussurro que Harry relembrara em seus maiores pesadelos no último verão se fazia ouvida, e não era a de Voldemort, mas a de Snape.
_Enervate. _Disse o homem, de rosto mais macilento e doentio que nunca.
O garoto sentiu uma onda de calor e energia percorrer todo o seu corpo, em seguida levantando-se e conjurando um Sectusempra em Snape, que voou imediatamente contra as macas, caindo com força, no chão. Sangue espirrou do peito e do nariz do homem, sua cabeça estava caída por cima do ombro.
_Estupore. _Murmurou depois, para Draco que também preprava-se para atingi-lo com um feitiço.
O rapaz caiu estatelado no chão encerado, enquanto a porta se escancarou mais uma vez e uma rápida Beatriz Lestrange lançou um cruciatus em Harry. Ele contorceu-se de dor no chão, guinchando.
_Oras, Pelo Lorde, vocês não conseguem controlar essa porcaria?_Ela perguntou bufando de raiva para os corpos inertes de Draco e Snape.
_Enevarte. _Murmurou para Draco, que levantou-se imediatamente, olhando com fúria para Harry.
_Não esperava que Potter fosse tão insensato, ele não espera lutar contra nós e nos vencer aqui... Na fortaleza, não é?_Disse ela. _E ainda por cima usando... Sectusempra. Potter, acho melhor parar de gracinhas ou você será morto imediatamente, Malfoy, dê ditânio a Snape, eu vou levar Potter para o calabouço.

Harry sabia que não adiantava resistir, a mulher segurava com força em seu braço, e se ele atentasse contra ela seria imediatamente morto por um dos comensais que ficavam em guarda num enorme corredor assim que ele deixara a sala. Todos eles vestiam enormes capas negras e tinham os rostos escondidos por capuzes. Possuíam a varinha encostada ao peito, pronto para agir.
Havia uma enorme porta de ferro no corredor de pedras escuras. Dois comensais que guardavam a porta a abriram com um toque da varinha para permitir a entrada de Harry e Beatriz.
Era um enorme salão, sujo e horrendo. Havia dezenas de pessoas ali, todas elas pareciam famintas e desesperadas. A mulher, de pálpebras caídas, olhos e cabelos escuros, jogou-o sobre o chão duro. E chutou-lhe no estômago. O garoto segurou o estômago com as mãos, sem saber direito o que fazer, tão atordoado por ter sido pego por Voldemort, antes de cumprir o que deveria, antes de destruir as horcruxes, antes de matá-lo.
_Accio varinha. _Belatriz disse, e a varinha de Harry saiu de seu bolso, indo parar nas mãos da mulher.
A porta foi trancada e a mulher deixou o lugar, rindo alta e sarcasticamente. O recinto ficou um breu, tudo que Harry conseguia enxergar era um fio de sangue escorrendo de sua boca para o chão. Ele se sentia um tolo.
_Harry... Você. _uma voz falha e conhecida, ecoou em seu ouvido.
Ele não conseguia enxergar o rosto do homem, mas sentiu sua mão indo direto á boca do rapaz, e movimentando-se de um jeito singular, estancou o sangue.
Sentindo-se melhor e com a vista começando a se acostumar à escuridão, Harry divisou o rosto do Sr.Olivaras, dono da loja de varinhas no Beco Diagonal.
_O senhor... Por aqui?_Perguntou-lhe Harry. _Ninguém sabe o seu paradeiro... Todos estavam muito preocupados e...
_Diga que não é verdade o boato que chega até nós... _Pediu ele fazendo Harry calar-se.
_Sim... Dumbledore está morto... _Disse Harry compreendendo.
_Então, não haverá mais jeito...
_Por que você deixou sua loja, Sr.Olivaras?_Harry perguntou. _Ou foi forçado?
_Dumbledore confiava em você, eu também confio... _Disse o homem._ Há muito tempo eu recebi um presente da Sra.Mafalda Ravenclaw, a varinha da sua antepassada, uma das fundadoras da covirnal, Rowena Ravenclaw... Ela guardava há muito tempo consigo, mas sabia que era algo muito valioso e cobiçado, pela amizade que tinha com a minha pessoa, permitiu que eu a colocasse em exposição em minha loja, afinal, ela havia sido fabricada pelo meu avô...
Harry sentiu uma contração involuntária no estômago, este deveria ser o objeto da covirnal, uma das horcruxes. Sentou-se e apurou os ouvidos para o resto do discurso do Sr.Olivaras, seus olhos azuis brilhavam ao falar sobre a varinha.


_Como dizia, Madame Mafalda permitiu que eu expusesse a varinha na loja, muito tempo depois recebi a visita de você-sabe-quem antes de se tornar quem era. Ele queria saber mais sobre as qualidades da própria varinha, e por acaso notou a varinha de Rowena, passou longo tempo admirando-a, então perguntou-me quanto ouro eu queria por ela... Mas é claro que ouro nenhum paga um presente como esse. Mas bem, Tom havia sido o melhor aluno de sua época, aplicado, esforçado, eu o deixei algum tempo apreciando a varinha enquanto atendia outro cliente, e quando me virei, já não estava mais lá nem ele, nem a varinha. Na época, fiquei muito chateado e aborrecido e por vezes perguntei se não era o melhor a fazer denunciá-lo, mas acabei esperando, ele trabalha na Borgins & Burkins, não era lá tão longe. E dois dias depois ele me retornou com a varinha intacta, veja bem. Disse-me que estava fazendo um estudo sobre os fundadores de Hogwarts...
_Você não contou a Dumbledore sobre o sumiço da varinha?_Harry perguntou, sentindo a cabeça dar voltas. _Não contou a ninguém?
_Bem, não. Era uma boa razão para o sumiço da varinha, esta. Eu não tinha do que falar nada... Mesmo porque se falasse ninguém ia dar bola, Tom era realmente muito popular.
_Dumbledore iria... _Disse Harry, muito baixinho.
_Pois bem, não demorou muito tempo para que fossem descoberto coisas horríveis a respeito de Tom, ele agora torturava, matava todos que estavam em seu caminho. Mas o caso da varinha já havia se esvaído em muito da minha memória, permaneceu como uma das últimas boas ações que Tom fizera, em nome do aprendizado, e a mesma varinha só foi recordada por mim há pouco tempo, quando recebi uma carta de... Você-sabe-quem. Ele disse que a varinha era mais poderosa e valiosa que eu tinha em mente, e que iria mandar um... Um pessoal dele para vigia-la em minha loja.
_V-você aceitou?_Harry perguntou.
_Claro que não, comensais na loja de modo algum... Eu respondi isso a ele por meio de um dos comensais que tentaram vigiar a loja.
_Você não disse nada a ninguém sobre o paradeiro de Voldemort?_Harry perguntou, confuso.
_Se eu dissesse com certeza não estaria mais aqui, Harry. Além do mais, ele não ficaria muito tempo lá. Pois bem, há pouco tempo eu recebi outra carta, avisando que eu deveria arrumar tudo que possuía porque você-sabe-quem necessitava dos meus serviços. Ele achava que eu não me negaria a fabricar varinhas para seus comensais fugidos... Muito enganado. Assim que eu recebi a carta, sumiu, fugi... Deixei tudo... E levei comigo a varinha, esperava que ele a quisesse também, mas não poderia permitir que ela caísse nas mãos das trevas, tendo pertencido a Rowena Ravenclaw.
_E onde ela está... agora?
_Fugi para o deserto... Para além do Saara, há um povoado muito conhecido por lá, chamado Cova da Besta, foi lá que a escondi, na boca da estátua de um leão...
_Você-sabe-quem sabe disso?_Harry perguntou.
_Não... De modo algum, não conhece. Eu disse a ele, quando me pegaram assim que eu voltava para Londres e iria procurar a ajuda de Dumbledore, eu disse que havia perdido durante a fuga, perdido no deserto. Eles me torturaram diversas vezes, me deram veritaserum, mas era a verdade, ela estava no deserto, só não disse com excelência onde estava...
_E então eles lhe trouxeram para cá... O que é isso aqui? _Harry perguntou, observando as paredes muito altas do local.
_Isso é um calabouço... Eles torturam e matam pessoas aqui. _Disse ele, com o peito arfante. _Eu fui um tolo, não? Fui um tolo em não procurar por Dumbledore antes, mas ele sempre esteve tão encerrado aos assuntos de Hogwarts ultimamente, desde que venceu Grindewald... Mas eu deveria ter procurado por ele, tenho certeza que ele teria me ajudado. Harry, espero que você ache um jeito de deixar este lugar...
_Você conhece algum jeito, Sr.Olivaras?
_Bem, é impossível aparatar e desaparatar aqui com exceção da enfermaria. Como ás vezes eles precisam trazer comensais muito feridos, eles abriram essa exceção.
_Acho que eles não vão demorar pra me matar... _Harry disse pensando nos amigos e em todas as pessoas que gostava. _Acho que Voldemort prefere fazer isso.
_Não se você tiver algo a acrescentar, finja, Harry, finja que tem muitas informações. Eu fabrico varinhas para os comensais, é o único jeito de me manter vivo por aqui...
Mas Harry estava cansado, doentio, exausto. Suas pálpebras cansaram e ele se permitiu dormir. Encolhido no chão frio e úmido do calabouço, escutando o gemido dos prisioneiros, enquanto o Sr.Olivaras repassava em sussurros, todas as tolices que cometera.
Harry acordou com o barulho alto que a porta fazia quando aberta. Vários comensais jogaram duas pessoas no chão, com violência. E em seguida trancaram a porta.
Já era dia, mas não havia muita iluminação, contudo, Harry pôde reconhecer imediatamente as duas pessoas. Eram os pais de Neville, os Longbottom. Eles choravam alucinadamente, o garoto levantou-se rapidamente e correu até eles.
_Sr. e Sra.Longbottom?
_Ele... De novo.... _Murmurou a mulher, gaguejando.
_Como eles tiraram vocês do Saint Mungus?
Eles ainda vestiam camisolas do hospital.
_Quer... quer... Morrer.
O Sr. Olivaras correu de encontro a Harry e ao casal.
_Pobres Longbttom, não bastasse a tortura que já sofreram, ainda sequestram-lhes do Saint Mungus... _O Sr. Olivaras disse, penosamente.
_Sentem-se, Sr. e Sra.Longbottom. _Pediu Harry, ajudando-os.
A porta voltou a abrir-se, Belatriz entrou, sorrindo sarcasticamente. Vestia uma veste negra com enfeites prateados. Seu rosto alucinado, os olhos iluminados de malícia. Várias pessoas correram até ela, suplicando por água e comida. Mas a mulher lhes lançava feitiços estuporantes ou simplesmente os empurrava.
_Pedi este pequeno favor ao lorde... _Ela disse, aproximando-se de Harry e do casal. _Queria terminar com isso, mostrar aos bruxos infames que podemos ter quem quisermos que ninguém mais pode atentar contra o poder dele... Mesmo quem está sob a guarda do ministério, está acabado. O Lorde das Trevas não pode mais ser vencido...
_Eu não vou deixar que você toque neles... _Harry disse, levantando-se. _Afaste-se agora mesmo!
_Potter, ainda não chegou a sua hora, deixe que eu termine o serviço...
_Ela... _Murmurou, a Sra.Longbottom. _Pare.
O Sr.Logbottom também havia se levantado, e murmurava coisas sem sentido. Mas eles estavam apreensivos, ansiosos, Harry sentia que eles estavam reconhecendo a torturadora deles. O rosto deles estavam contorcidos de uma forma estranha.
_Idiotas... _Murmurou Belatriz. _Grandes idiotas... Deram muito trabalho pra mim, vocês dois.
Enquanto Belatriz gabava-se do modo como o casal Longbottom guinchou quando foi torturado para Harry e os outros em voz alta e animada, a Sra. Longbottom adiantou-se e a empurrou, em meio a soluços. Beatriz a empurrou com força também, então o marido se jogou em cima da mulher, afastando a varinha dela para muito longe. Belatriz enfiou as unhas muito compridas no rosto do Sr.Longbottom que sangrou. Harry e os outros ajudaram a prende-la. O Sr.Longbottom começava a enforca-la, em soluços.
_Sr.Longbottom, pare, pare, ou... O senhor...
Mas fora tarde demais, ninguém conseguia solta-lo da mulher, que berrava de ódio e dor, até silenciar aos poucos. Ele se revesava em tentar enforca-la e inserido os dedos grossos nos olhos dela. Toda a vida se esvaia dos olhos de Belatriz, até que eles ficaram sem foco.
_Ele a matou, Sr.Olivaras. Ele a matou... _Berrou Harry, perplexo ainda a assegurar o corpo inerte da comensal.
_Uma morte desonrosa para uma comensal como esta foi... Mas uma morte justa, sim. _Disse o Sr.Olivaras, pegando a varinha dela que rolava pelo chão. Vista a roupa dela, Harry, vamos.
Martirizando-se por não ter trago na mochila sua capa de invisibilidade, e lembrando-se de que de qualquer forma a esquecera próximo ao túmulo dos pais, o garoto tirou com cuidado a veste que a mulher trazia por cima da saia e do suéter, e escondeu o rosto com o capuz.
_Vá, Harry. Já é hora de deixar este lugar. Mogno, 27 cm, pena de falcão, uma grande varinha , vai ser muito útil. Por favor, não conte a ninguém a conversa que tivemos ontem.
_E ela? O que vão fazer?
_Que os céus tenham pena da alma dela... Iremos esconde-la por algum tempo, mas não poderemos fazer isso por um longo período, chame ajuda, Harry, por favor. Ou então todos nós morremos, como o pobre Florean. Eles o mataram logo, o pobre Fortescue... Não tinha nada a acrescentar. Ainda lhe tomaram a sua varinha.

O velho segurou o menino pelo braço, arrastando-o consigo até a porta, que abriu com uma leve batida. Os dois comensais que montavam guarda no corredor, meramente observaram Harry deixar o local disfarçado de Beatriz. Sentindo o poder que aquelas vestes possuíam, caminhou pelo lado contrário ao da enfermaria, indo sair num amplo salão, onde estava exposto um enorme quadro de Voldemort, quando ainda era jovem e belo. Seus olhos escuros brilhavam de ambição, suas sobrancelhas estavam levemente erguidas num sinal de superioridade, ele vestia roupas nobres. Próximo ao quadro estava uma cadeira entalhada em madeira lustrosa, com inúmeros detalhes. Não havia ninguém no salão, mas um buraco circular ao lado na parede, permitia a passagem da cobra de estimação de Voldemort, Nagini. Havia uma janela em forma triangular, o rapaz firmou-se no parapeito e deu uma breve olhada para baixo. Havia centenas de comensais que pareciam estar treinando, muitos possuíam feições estrangeiras, a maioria era muito jovem. A cobra de Voldemort rastejava próximo ao leito de um rio. Harry pensou ter visto um ser humano gigante derrubar uma árvore num bosque distante quando ouviu paços vindos dum corredor estreito, do outro lado do salão, fingiu estar apreciando o quadro, enquanto ouvia a conversa em tom baixo de duas pessoas que ele odiava, Malfoy e Snape.
_O lorde está realmente satisfeito com a prisão do Potter, Draco. Acho que ele estará disposto a esquecer sua falha.
_Eu sei, Severo. _Disse Malfoy, com desdém. _Potter estará morto ainda amanhã.
De repente, Harry sentiu que Malfoy o observava. Deveria realmente ser muito estranho, as vestes ficaram muito folgadas em Harry, e chegavam a cobrir suas mãos.Snape pigarreou.
_Vá, Malfoy, talvez fosse bom ir dar uma olhada em Belatriz, ela queria matar o casal Longbottom, mas acho que não se conteve somente com eles. Diga a ela que ainda há prisioneiros que o lorde quer extrair informações...
_Tia Lestrange, sempre com sede... _Disse Draco, sorrindo enquanto deixava o salão.

Harry sentiu Snape aproximar-se dele, o garoto sabia que de algum modo Snape o havia reconhecido. Sentiu alguém puxando o seu capuz, virou-se, Snape tinha o rosto vitorioso.
_Sabia que daria um jeito, Potter. _Disse ele, sussurrando e voltando a por o capuz em Harry._ Você é a pessoa mais sortuda que já conheci... Tantas chances de ser morto...
_Falou com Olivaras? Ele lhe contou algo sobre a varinha?
_Quer que eu lhe diga para você ir correndo contar pro Voldemort, não? _Harry perguntou, com ódio
_Fale baixo, Potter, seu ingrato. Cale-se, e vá procurar sua varinha. Como espera vencer o lorde sem ela? Corra, vá busca-la, siga o corredor em frente, ela está com ele...
_Quê? Como assim?_Harry perguntou, abismado.
_Já disse para ir procurar sua varinha, moleque, agora. Antes que tenha que te levar para o calabouço novamente...
Harry segurou o cabo da varinha de Belatriz, perguntando-se se teria coragem suficiente para matar Snape naquele momento. Que tipo de brincadeira era aquela? Por que ele o estava ajudando? Mas não havia tempo a perder, o garoto ouviu passos apressados vindo em direção ao salão, e correu pelo corredor que Snape lhe indicara.
Velas brancas iluminavam o enorme corredor dourado, uma porta estreita já era visível no fim do caminho. Toda a fortaleza era coberta de luxo e nobreza, assemelhava-se bastante a um palácio. Os aurores não ficavam nesta parte do palácio, talvez porque Voldemort preferisse ficar a sós para conversar informações sigilosas com prisioneiros e comensais de confiança.
A porta estreita dava para um quarto, numa cama forrada com seda repousava Voldemort, ao seu lado, profundamente adormecido sobre um tapete, estava Rabicho, roliço e de aparência muito boa. Harry sentiu um ódio tremendo deste, que poderia estar morto agora, e só não estava por benevolência de Harry. Talvez, Harry pensou, não devesse culpar Dumbledore por ter confiado em Snape, ele também era fraco, às vezes.

Percebeu que uma armadura de prata possuía um aspecto fora do normal, e quando o garoto aproximou-se de um armário para procurar sua varinha, a armadura o ameaçou com uma espada, o barulho fez com que Voldemort despertasse.
_A poção, Rabicho... _Ele murmurou, sem perceber a causa de ter acordado, Harry havia se ajoelhado atrás do espaldar da cama dele.
_Ah, sim, milorde, só um momento. _ Harry ouviu a voz deste se afastar, devendo ter ido a uma sala ao lado.
Harry fazia força para não respirar muito alto. Rabicho, com o seu aspecto de um enorme camundongo e um homem muito pequeno, de repente entrou por uma porta que deveria ser o quadro de uma mulher. Harry a conhecia, era Merope, ele a vira na penseira, mãe de Riddle. Rabicho trazia nas mãos um cálice com um líquido amarelado, subiu na cama e entregou ao homem.
_Conseguiram libertar meus homens de Azkaban? _Voldemort perguntou em uma voz alta e cruel.
_Aquele ministrozinho acha muito arriscado, milorde. Ele acha que vai tirar qualquer confiança que alguém ainda possa ter no ministério... E ele disse que muitos dos aurores que montam guarda em Azkaban não vão permitir...
Voldemort jogou a taça no chão, enfurecido.
_Mande Rabastan pressiona-lo, agora mesmo. Não é ele quem decide nada, espero que ele saiba o lugar dele. Se for preciso que troque toda a frota de aurores de Azkaban por nosso pessoal de confiança_ Disse o outro. _E Belatriz trouxe o casal Longbottom do Saint Mungus? Quero primeira página disso no Profeta Diário amanhã de manhã.
_Estão lá no calabouço, a esta hora ela já deve te-los matado, milorde. _Disse Rabicho como quem comenta se vai chover.
_Perfeito. _E então Voldemort sentou-se na cama, Harry observou suas pernas albinas e cheias de veias verdes, os pés com unhas enormes e amareladas.
_A comitiva que está a procura da varinha está demorando em mandar notícias, não acha, Rabicho? Será que houve algum problema? Se aquele velho idiota do Olivaras estiver mentindo... Mandaremos mata-lo imediatamente, mandei meus melhores homens nesta missão.
_Quem sabe o Senhor não use o Malfoy para procura-los, hein, Milorde? Ou então aquele Snape...
_Basta, Rabicho. Não quero que me induza contra Malfoy... Ele já recebeu o castigo dele por não ter feito as coisas direito... E Snape, Snape tem que permanecer seguro, ele e Belatriz são meus servos mais fieis atualmente.
_Ah, milorde... Mas o pai do amareloso, ele falhou...
_Tem pagado caro por isso em Azkaban. E, se quer saber, acho que vou resgata-lo, preciso de mais fundos... Lúcio possui muito ouro escondido em lugares que nem a mulher nem o filho conhece...
_Por falar na mulher... _Disse Rabicho, alisando a mão de prata. _Ela quer vir ver o filho.
_De modo algum, ninguém além de prisioneiros e comensais podem conhecer a fortaleza nem o quanto ela está próxima de Hogwarts...
_E quanto a Potter? Quero ele e o Sr. Olivaras aqui, Rabicho, mandem trazê-los. Quero entender uma coisa...
_Por que sua varinha e a dele funcionaram tão mal juntas, não senhor? _Perguntou Rabicho, reparando a taça que Voldemort quebrou com um feitiço.
_É, quero mata-lo, e agora não quero que nada me impeça, Rabicho. _Disse ele, com o olhar frio. _Estou farto de esperar e tentar adivinhar, não importa que ligação nós tenhamos... Eu preciso liquidá-lo.
_Por que não permite que eu o mate, milorde? O senhor não anda muito bem disposto...
_Rabicho, por acaso acha que não sou capaz? _Perguntou Voldemort numa voz incrivelmente ameaçadora.
_Não, claro que não, milorde. Então, quem sabe, não queira usar minha varinha ao invés da sua, milorde? _Ele disse ajoelhando-se teatralmente e oferecendo sua varinha.
_Não, suma daqui e traga os dois, e não me faça mais perguntas. Lorde Voldemort nunca poderia usar uma varinha inferior com a sua, Rabicho. _E então, tomado de uma repentina fúria, Voldemort tomou a varinha de Rabicho e partiu-a ao meio. _Não quero que a use mais, você não precisa dela, seu grande traidor.
Pela primeira vez Harry percebeu um relance de raiva perpassar o rosto de Rabicho ao encarar seu lorde.
_Eu preciso dela, milorde, para me defender. _Disse com uma expressão afetada. _Ou o lorde irá me presentear com uma mais poderosa feita pelo Sr. Olivaras, que tal pêlo de unicórnio ou .... Talvez o senhor consiga aquela velha fênix de Dumbledore...
_Ora seu grande bajulador... Acha que eu não conheço o que passa em sua mente doentia? Sou o maior legimilens _Ele perguntou em meio a um sorriso frio. _Você tem a mesma ambição que eu, Rabicho, pena que é um fracassado, ao contrário seria um grande inimigo. E acha que eu vou lhe dar outra, não, Rabicho? Engano seu, não vou permitir que me mate enquanto durmo para assumir o meu lugar... Vá, vá buscar os dois.

Harry ouviu Rabicho se afastar em meio a pisões enfurecidos no chão e ajeitou-se para poder enxergar melhor o que Voldemort fazia. Ele havia se levantado. Suas vestes voltaram cobrir suas pernas até o cotovelo. Ele tinha as duas varinhas, uma negra e outro de madeira marrom, a de Harry. Seus olhos percorriam a extensão das duas, com atenção. A sua era longa, bem trabalhada e estava praticamente perfeita, a de Harry estava descascas, suja, cheia de marcas de dedo. Voldemort sorriu, se é que ele ainda fosse possível de sorrir, Então, Harry segurou a varinha de Belatriz com ímpeto, e pensou com toda a força que possuía: _Accio varinhas.
Ambas as varinhas voaram até Harry, os olhos de Voldemort brilharam de ódio e a armadura preparava-se para atacar o garoto quando ele partiu correndo, impedindo que Voldemort ou a armadura tomasse qualquer atitude. Guardou a varinha de Belatriz e de Voldemort dentro das vestes e pôs a sua própria em punho. Rabicho e Draco acabavam de chegar no enorme salão trazendo o Sr. Olivaras quando Harry sem nem ao menos pensar, estuporou os dois.
_Tome, Sr.Olivaras, pegue a varinha... _Disse Harry entregando a ele a varinha de Belatriz. _Temos que salvar os outros.
Os dois correram pelo corredor enquanto a figura aterrorizantemente pálida de Voldemort os perseguia, berrando para que os comensais que montavam guarda os atacassem. Uma multidão de comensais vieram de encontro a Harry e ao Sr. Olivaras, tentando estupora-los enquanto Voldemort ordenava que não podia matar Harry. Mas afinal, a maioria dos comensais estavam tão desorientados e surpresos que Harry e o Sr. Olivaras conseguiram chegar até o calabouço, abrindo a enorme porta. E dizendo a todos os prisioneiros que saíssem e lutassem com eles, mesmo fracos e esfomeados, a maioria dos prisioneiros obedeceu ao chamado, e ouve uma grande confusão que permitiu a Harry fugir, levando com ele o casal Longbottom mais alucinado que nunca.
_Onde está Snape? _Berrou Voldemort em uma voz aguda e arfante.

Chegaram até a enfermaria e Harry os fez esperar por ele lá, iria voltar para ajudar o Sr. Olivaras, mas de longe viu um jato verde atingi-lo em cheio, matando-o. Voldemort conseguira observar para onde Harry fora, e ordenou que os comensais lhe seguissem. O rapaz andou depressa até chegar na enfermaria, ela estava deserta com exceção de um homem, cheio de bandagens, que dormia um sono profundo. Segurou com força nos braços do casal Longbottom e tudo apagou mais uma vez, sentiu-se puxado em todas as direções, grades apertavam seu peito e ouve diversas sensações ruins até que...



Harry caiu de joelhos no chão, fraco, respirando dificultosamente. A neblina se adensara ainda mais no cemitério. Ele olhou ao redor, gotas de suor escorregando pela ponte do nariz. O casal Longbottom estava caído no chão, parecendo desmaiados.
Tirou as vestes de Belatriz e escondeu em um canto, ao lado de uma sepultura. Caminhou pelo local, atento. Os muitos túmulos, impedindo a sua visão completa. Chegando à guarita, ele reconheceu o velho porteiro, que tomou um grande susto ao vê-lo.
_Por Merlin, pensei que nunca mais veria você, rapaz. Pensei que tinha sido levado por um comensal...
_Onde estão todos?_Harry perguntou, rapidamente.
_Procuraram por você por muito tempo, mas já foram... Estavam arrasados...
_Me ajude, rápido. _Harry pediu.

O velho voltou com ele até o local onde estava o casal desacordado.
_São os Longbottom, não são?_Perguntou. _Saíram no jornal, foram seqüestrados...
_Temos de leva-los para Hogwarts...


Assim que o velho e Harry aparataram em Hogsmead com o casal Longbottom, uma grande balbúrdia se fez. Dezenas de cabeças se espremiam para observar melhor a cena. Então, Harry percebeu colado em um cartaz, fotos dele e do casal Longbottom. Era um artigo do Profeta Diário.


Tristeza e Consternação

Harry Potter, considerado por muitos como o escolhido, sumiu na tarde de ontem do cemitério bruxo em Godric´s Hollow. Ele fora, pela primeira vez, visitar o túmulo dos pais. E fora deixado sozinho pelos amigos para ter um momento mais íntimo. Quando os amigos retornaram, o garoto não estava mais lá, e suspeitam que tenha sido levado por algum comensal.
Resta esperar ao menos pelo corpo do rapaz, para que se possa realizar um enterro á altura de seu caráter.
Ainda na noite de ontem, foram também seqüestrados o Sr. e a Sra. Longbottom, que se encontravam no Hospital Saint Mungus, desde que foram torturados até à loucura por Belatriz Lestrange. Os Longbottom eram aurores a serviço do ministério, na ocasião.

Harry imaginou por um instante como os amigos estavam se sentindo, preocupado, aumentou a velocidade dos paços para a propriedade de Hogwarts. No entanto, não era tão simples, ele tinha que fazer a Sra. Longbottom ser levada por um feitiço, e tinha que manter a atenção para não deixa-la cair. O velho porteiro já estava com o peito arfante, quando finalmente os dois avistaram os portões de Hogwarts.
Harry e o velho deixaram-se cair sobre o chão, o casal ainda desacordado repousava ao lado deles. Mas eles não estavam sozinhos, todos que estavam em Hogsmead o seguiram até ali, a fim de garantir que o casal e Harry chegassem inteiros ao portão de Hogwarts. Havia uma enorme bandeira negra estendida em uma das torrinhas da escola. A multidão começava a fazer barulho para que viessem abrir os portões, em poucos minutos Hagrid chegou, seu rosto iluminando-se ao perceber a figura pálida de Harry caída no chão. Ele abriu os portões e carregou o garoto nos braços, que possuía só meio olho aberto. Em seguida, o meio-gigante lhe deu um beijo peludo, e quase quebrou suas costelas com um abraço.
_Harry, por Merlin, pensei que estivesse morto... Pensei que nunca mais o veria...
_Então não me mate agora, Hagrid. _Harry pediu, baixinho.
_Ah... Sim, mil perdões. _Disse o outro afrouxando o abraço.
_Posso ficar de pé, Hagrid. _Disse Harry, sem muita certeza.
_Nada disso, Harry, parece fraco.
_Deixe que a gente leve ele, Hagrid. _ O garoto ouviu a voz de Rony.
Então Hagrid colocou-o ao chão, Harry cambaleou, mas Rony o segurou. E Gina o apoiou do outro lado. Hermione o olhava preocupada, sem saber o que fazer para ajudar, ao mesmo tempo sorria.
_Mas quem são esses? Pelas barbas do profeta... É o casal Longbottom.

A profa. Sprout acompanhada de Neville e a Sra. Augusta Longbottom, caminharam em direção a confusão. Neville e a avó correram até o casal Longbottom.
_São... São meus pais... _Disse o menino olhando agradecido para Harry. _Você os salvou, você os salvou...
_Não... _Harry disse no tom mais alto que pode para que todos pudessem ouvir. _Foram eles que me salvaram... Se não fosse por eles, eu não estaria aqui.
O garoto beijou a face desacordada da mãe, muito orgulhoso.









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