Férias de Fim de Ano
DISCLAIMER: Não é meu! É tudo da J. K. Rowling.
AVISO: Esta história se passa no futuro e contém spoilers do livro 6! Esteja avisado/a!
BETA READER: BastetAzazis – muito obrigada!
A/N: Capítulo dezoito! Hermione vai para Hogwarts para garantir que eles terão um feliz Natal. Vamos ver se ela consegue!
Capítulo 18: Férias de Fim de Ano
Toda a decoração alegre de Natal no castelo só aumentava o mau humor do mestre de Poções. Severo dormira mal nas noites passadas. Parecia que por mais que sua consciência estivesse no controle de suas emoções, quando inconsciente sua mente trabalhava por vontade própria. Sonhara com coisas que nem sabia que ainda estavam em sua mente; momentos da sua infância, seus primeiros anos em Hogwarts, tudo o assombrava durante o sono, e tudo por causa da noite que encontrara seu menino chorando nos corredores.
Severo tomou um gole de suco, pensando mais uma última vez se não havia outro jeito. Decidindo que não, deixou seu lugar e, passando por trás do de Hermione, parou apenas o suficiente para dizer: – Encontre-me no meu escritório quando terminar – e continuou andando para uma porta lateral do Salão Principal.
Hermione foi tomada de surpresa pelo convite de Severo. E um bem educado, além de tudo – pensou, quando comparado aos seus últimos encontros. Seus olhos foram imediatamente para Nathan. Ele parecia normal, ou o mais normal que estivera desde que pararam de falar um com o outro: ignorando-a e comendo quieto, de vez em quando comentando algo que ouvia, e nunca sorrindo ou rindo. Ela estava esperando pelo final da refeição para falar com ele, mas agora Severo havia requerido este tempo. Se for algo sobre o laboratório... – pensou já irritada.
Bem, se for algo profissional, ela não perderia a oportunidade de falar com ele sobre assuntos mais urgentes. Severo estava em sua lista de conversas decisivas para este final de semana. Ela estava cansada de esperar ele acordar. Hermione sabia que tinha mais da versão de seus sonhos nele do que podia ser visto facilmente, e ela o faria mostrá-la, decidiu.
Tendo terminado de jantar, Hermione deixou o Salão Principal para sua reunião, certificando-se de passar pela mesa da Grifinória. – Boa noite, meninos – cumprimentou os amigos do Nathan, que a cumprimentaram de volta. Dirigiu-se a seu filho, que estava de costas para ela:
– Quero conversar com você, Nathan. Encontrarei você do lado de fora da sala comunal em uma hora. – Ela não estava pedindo. – Esteja lá – acrescentou para não deixar dúvida.
Nathan assentiu com a cabeça, sem jamais se virar para olhar para ela, e Hermione saiu para encontrar a outra parte desta confusão.
A caminhada entre o Salão Principal e o escritório do Severo lhe pareceu de certa forma diferente. Os alunos que cruzavam seu caminho a olhavam com um interesse que não havia antes. Não podia ser a coisa do herói de guerra; havia algo desaprovador nos olhares deles. O que aconteceu aqui durante a semana? – pensou, mas não teve muito tempo para refletir sobre isso. Já estava na frente do escritório do Severo. Bateu.
– Entre.
– Boa noite, Severo – saudou fechando a porta atrás de si. – O que é que você quer conversar?
Ela esperou pela resposta atravessada, mas esta nunca veio. Severo levantou-se da cadeira e prosseguiu para proteger o escritório antes de voltar a sentar-se à sua mesa. Nada sobre o laboratório, então – ela concluiu. Será que os meus sonhos estão se tornando realidade? Será que ele finalmente considerou o que eu disse e entendeu o que eu fiz? Ela só podia ter esperança.
– Você deveria conversar com o seu filho – ele começou, e a ponta de esperança que ela tinha dele finalmente acordar se foi com a palavra seu. – Ele não tem sido o mesmo desde que a situação dele ganhou a atenção do corpo estudantil – ele a informou.
– Ah, não! – ela disse exacerbada, sentando-se em uma das cadeiras em frente à mesa dele. – Eu sabia que alguma coisa tinha acontecido durante a semana; as crianças estavam me olhando de um jeito diferente – disse. A situação atingira proporções catastróficas. Parara de existir unicamente entre eles três, e agora era pública. Claro que o Nathan não era o mesmo.
– Ele deve estar tão triste – ela comentou. – Ele ficou deprimido por semanas quando isso aconteceu na escola antiga dele, e com tudo o que tem passado... – diminuiu a voz. – Como isso aconteceu?
– Não tenho certeza – ele respondeu. – Acho que ele contou àqueles amigos dele, e eles deixaram escapar. Típico de grifinórios – resmungou. – Muito provavelmente o Sr. Malfoy estava por perto e o resto é história.
– Típico de sonserinos – ela resmungou. Ele ergueu uma sobrancelha. Ela queria sorrir com aquilo, mas conseguiu manter a expressão séria e dizer: – Posso assumir que o Sr. Malfoy o vem provocando sempre que possível?
– Eles se envolveram em uma briga de socos – ele revelou.
– O quê? O Nathan bateu no Malfoy? – Hermione perguntou surpresa.
– O que a faz acreditar que não foi ele quem apanhou? – Severo perguntou.
Ela olhou para ele especulativamente. – Eu assumiria que o Nathan é o mais experiente nesse tipo de confronto; essa não é a primeira briga em que ele se meteu, Severo – ela destacou. – Nosso filho não é nenhum santo, e eu sei disso.
Ele não corrigiu a colocação de que Nathan era filho deles, o que a deixou contente. – Eu vi quando ele socou o Sr. Malfoy no Salão Principal, embora tenha perdido quando o Sr. Malfoy devolveu o soco mais tarde naquele dia. Eu o encontrei chorando nos corredores, o que ele parece estar fazendo com alguma freqüência – ele destacou. – Eu lhe disse para parar, mas acho que ele precisa ouvir isso de você.
Ele se importa – ela percebeu. Ele realmente se importa. Hermione não conseguia tirar seus olhos de Severo. Estava sonhando? – É legal da sua parte se preocupar. – Mas por que ele estava preocupado com o Nathan chorando? Por que isso era tão importante para ele? Ela decidiu perguntar e ver se seus sonhos estavam mesmo se realizando. – Mas por que, dentre todas as coisas, você se preocupa com ele chorando nos corredores?
– Porque esse comportamento não é tolerado entre as crianças da idade dele, e ele logo se transformará na piada da escola se mais alguém, além de mim, acabar encontrando-o choramingando em algum canto.
Hermione estava curiosa com o tom de Severo. De certa forma, parecia que havia mais do que ele estava lhe contando. Ela persistiu:
– Você fala por experiência como professor, ou como aluno que passou pela mesma situação?
– As crianças podem ser malvadas, Granger. Eu dificilmente pedi para ser chamado de Ranhoso, pedi? – respondeu amargamente.
Um silêncio incômodo caiu sobre eles. Como ela poderia saber que ele passara por isso também? – Sinto muito, Severo. Eu não sabia...
– Sua piedade dificilmente mudará este fato – ele a interrompeu.
Hermione fixou seus olhos castanhos nele. – Eu não tenho pena de você; nunca tive.
Severo segurou seu olhar por um tempo, depois voltou para o assunto daquele encontro. – Só estou aqui como um professor, para avisá-la do comportamento do seu filho. É meu dever protegê-lo.
Hermione estava se cansando das sutilezas dele. – Posso ver que ele ainda é só o meu filho – disse. Ela sabia que ele se importava; a solicitação da sua presença no escritório dele e o motivo para requisitá-la eram evidências suficientes. – Nós dois sabemos que você se importa com ele, então por que fingir?
– Pensei que poderíamos passar uma noite sem discutir – ele disse, e ela entendeu o recado.
Ela suspirou. – Está bem, Severo. Não vou insistir – disse, por hora, acrescentou a si mesma. Se tinha que esperar um pouco mais, esperaria, mas não muito mais. Hermione não desistiria. Ele veria suas razões, e tudo seria como tinha que ser.
A revelação de que ele estava cuidando do Nathan era um bom indicativo de que ele não resistiria para sempre. Ela olhou de baixo para ele, olhando atentamente naqueles olhos de obsidiana. Este momento não era uma criação da sua mente; ele era o Severo real – o mais perto que chegara de se tornar a versão dos sonhos dela, mas ainda assim bem real. A idéia de seus sonhos um dia se tornarem realidade a fizera sorrir.
Severo estava desconfortável com o modo como ela olhava para ele. Podia ver o cérebro dela trabalhando, e quando ela sorriu, foi demais. Levantou-se e foi até a porta.
– Isso era o que eu tinha para dizer. Se não se importar, tenho que trabalhar – ele disse, dispensando-a.
Hermione levantou-se e foi até onde ele estava na porta. Ainda sorrindo, virou-se para encará-lo mais uma vez. – Espero que esse tipo de discussão se torne uma constante de agora em diante. É muito mais fácil quando conversamos ao invés de brigar. Obrigada por me avisar sobre o que aconteceu, Severo. Vou falar com o Nathan.
Sua boca vagarosamente perdeu o sorriso suave quando seus olhos percorreram o rosto dele, seguindo o comprimento daquela mecha de cabelo teimosa que atravessava o olho até o meio do rosto. Antes que percebesse o que estava fazendo, Hermione tinha a mão na altura do rosto dele para afastar a mecha dali. Quando percebeu o que estava prestes a fazer, ela fixou os olhos nos dele novamente, vendo a confusão neles. Sua mão tocou o rosto dele num carinho leve, colocando a mecha de cabelo atrás da orelha. – Obrigada por tomar conta dele para mim, Severo – ela disse, dando um beijo delicado onde sua mão estivera há apenas momentos antes, e deixou a sala.
Severo olhava fixamente para a porta por onde esse mistério tinha acabado de sair. O sorriso dela fora desconcertante; os olhos castanhos sinceros queimando nos seus olhos negros eram inquietantes. Mas nada se comparava ao mais delicado dos toques e a maciez dos lábios sobre sua pele pálida. Como ela podia sequer tocá-lo depois de tudo que fizera a ela? O que a levou a uma demonstração tão aberta de... afeição? Ele poderia chamar disso? E para com ele, dentre todas as pessoas? Ele, que lhe causara tanta dor, não merecia isso. Severo fechou os olhos, atordoado.
Ele a chamara em seu escritório para acalmar sua mente perturbada, para dizer-lhe que falasse com o menino e o fizesse parar de choramingar pelo castelo, prevenindo Nathan de um destino parecido com o seu. Nunca pensara que ela iria... que ela poderia... Sonhos deveriam continuar sendo sonhos. Na realidade eles eram muito complicados de se lidar, e Hermione Granger saíra de seus sonhos com as ações desta noite, trazendo novos pensamentos para atormentar sua mente.
Nathan estava esperando por sua mãe em frente ao retrato da Mulher Gorda, que decorara a tela para o período de festas que estava por vir. Ele estivera esperando por esta sexta-feira para falar com ela, e estava contente dela ter sido aquela a dar o primeiro passo. Isso deixaria as coisas mais fáceis, ele esperava.
Seus pensamentos do que diria assim que ela chegasse para encontrá-lo foram interrompidos pela chance de realmente dizê-los quando Hermione o saldou:
– Olá, Nathan.
– Oi, mãe. – E mais nada deixou seus lábios, não porque ele não quisesse falar com ela, mas porque era o pior em pedir desculpas.
– Vamos dar uma volta – ela sugeriu. Ele assentiu, e eles começaram a andar.
Depois de alguns corredores passados em silêncio, Hermione falou novamente:
– Precisamos trabalhar nossas diferenças, Nathan. Você não pode me ignorar para sempre, e eu não vou contar o que você quer saber só porque ameaça me ignorar.
– Eu sei – ele admitiu. – Eu estava bravo.
Mais silêncio seguiu àquela primeira troca de palavras. Nathan o quebrou desta vez:
– Sinto muito por ter lhe chamado de mentirosa.
Hermione suspirou aliviada. – Foi algo muito maldoso para se dizer, Nathan. Magoa ouvir você me chamar assim quando você sabe que não é verdade. – Ela olhou para ele. – Eu nunca menti para você.
Ele parou no meio do corredor deserto, e sua mãe parou também. – Eu sei, mãe. – Abraçou-a bem apertado. – Sinto muito ter dito aquilo, e ter gritado com você, e ter fugido.
Ela envolveu os braços fortemente ao redor dele, e ele sentiu como se tudo fosse ficar bem de novo, como se todos os problemas que ele tinha estivessem resolvidos agora, porque tinha sua mãe com ele, dando beijos suaves no topo da sua cabeça.
– Senti tanto a sua falta, Nathan – ela sussurrou.
– Também senti a sua, mãe – ele respondeu. – Nunca mais farei isso. Senti tanto, tanto a sua falta. – Ele sabia que sua voz estava aguda e tremida com o esforço para segurar as lágrimas, e sabia que ela percebia isso.
– Estou aqui agora, estou com você – ela confortou, acariciando suas costas. Lágrimas caíram dos seus olhos, e ele sentiu as lágrimas dela molhando o seu cabelo. Agarrou-se a ela até sentir-se mais calmo novamente. Quando estava nos braços de sua mãe, tudo parecia melhor. Ela afastou seu cabelo e beijou sua testa. – Eu sei que você passou por muita coisa esta semana. Não se aborreça com o que os outros dizem, especialmente o Malfoy – ela disse.
– Ele estava insultando-a, mãe. Não podia mais ouvir a voz dele, estava me irritando tanto – disse, franzindo a testa com a lembrança.
– Eu sei. Ele vai irritá-lo ainda mais se você mostrar que se importa. Socar pessoas no Salão Principal não vai fazer isso parar, só o tempo vai – ela explicou.
– Mas eu não posso deixá-lo insultar a minha família e ficar assistindo! – ele disse, contrariado.
– Você pode ir aos professores. O Prof. Lupin, seu Diretor de Casa, poderia ajudá-lo. Quebrar as regras e machucar outros alunos não vai.
– Que bom que você está aqui – ele disse e apoiou sua cabeça contra ela novamente.
Sua mãe alisava seu cabelo. – Olha, não precisa chorar por causa disso. Não deveria deixar essas coisas mexerem tanto com você. Eu sei que todo mundo sente vontade de chorar às vezes; é natural, mas chorar nos corredores pode complicar ainda mais as coisas para você. Aja como sempre, e se sentir vontade de chorar ou socar as coisas, faça isso na sua cama, usando seu travesseiro como alvo.
Ela o sentiu assentir em compreensão depois de um tempo, quando ele, sem dúvidas, encorajou-se com estas palavras. – Só tem mais uma semana até as férias de fim de ano, e então você vai para casa. Vamos passar o tempo todo juntos – ela disse para animá-lo. – E tem o Natal. Harry nos convidou para passarmos com ele. Vai ser muito divertido. – O sorriso dela era calmante, e Nathan se viu sorrindo de volta.
– Os Weasley estarão lá?
– Claro – ela lhe respondeu. – E aposto que terão as brincadeiras mais interessantes. Você, a Lílian e o Sirius vão se divertir muito, tenho certeza.
Começaram a andar novamente, agora que tudo estava bem. Continuaram a falar sobre o Nathan e o final do semestre, e a vida estava segura novamente, agora que ele tinha sua mãe de volta.
Hermione contemplava seu final de semana deitada no conforto de sua cama de volta à Londres. Fora à Hogwarts para garantir que o Natal seria bom, e estava feliz com o que conseguira.
Em primeiro lugar na sua lista estava o Nathan; ele era sempre o primeiro em qualquer lista. Fora uma surpresa agradável encontrá-lo mais calmo e querendo resolver as diferenças desta vez. Ela não gostava da idéia de forçá-lo a ver a razão; gostava que ele fizesse as próprias escolhas e tomasse as próprias decisões, mas neste final de semana ela o teria feito ver, não importava os meios que usaria para atingir seu objetivo. Foi bom ela não precisar ir tão longe.
Sua segunda missão – Severo – fora tão bem sucedida quanto a primeira. Que surpresa agradável, quando entrara no escritório para descobrir que ele se importava com o Nathan; mais que agradável, se pensasse no bônus que o final daquela reunião lhe trouxe. Sorriu com a lembrança. O cabelo dele era tão macio quanto em seus sonhos, a pele era quente e agradável ao toque. Estivera tentada a beijá-lo em mais do que só a bochecha, mas a confusão nos olhos dele lhe dissera que não era a hora certa. Gostara assim mesmo.
Certamente que Severo a evitara pelo resto do final de semana, encontrando-a durante as refeições, nunca trocando mais que uma ou duas palavras de cumprimento, e mesmo assim, só em retorno às suas. O que acalmava seu coração eram os olhares que ele lançava em sua direção toda vez que pensava que ela não estava prestando atenção. Hermione sorriu com isso, contente. Ela estava certa que lhe dera muito no que pensar, e esperava que ele chegasse às conclusões certas. Mas quem sabia o que se passava na mente de Severo Snape? Ela só podia ter fé.
Se tudo progredisse como queria, era apenas, realmente, uma questão de tempo até seus sonhos se tornarem realidade – todos eles. Nathan e Severo se aproximariam, a verdadeira identidade deste último revelada sem dor, e Severo a deixaria entrar na vida e no coração dele da mesma forma que deixaria Nathan. Ela não se sentia tão confiante assim no futuro desde o dia que descobriu que era uma bruxa.
Severo nunca almejou tanto para que um semestre terminasse desde que Harry Potter fora um aluno em Hogwarts. Amanhã estaria livre da maioria dos alunos, já que alguns insistiam em passar as férias no castelo. Para mostrar o quanto ele fora afetado pelos eventos deste semestre, ele estivera quase tentado a refugiar-se na solidão da sua casa de verão, mas os fantasmas do passado que viviam lá eram piores que a companhia que teria em Hogwarts.
Sua mente estava cansada; agir como espião novamente estava acabando com ele. Ele estivera de olho em Nathan e Devon desde os eventos da semana passada. Não encontrara o Nathan chorando novamente, o que era um bom sinal, mas testemunhara Devon provocando seu menino muitas vezes desde a última briga deles. Ele não interferira ainda. Sentia a necessidade de observar as reações do seu filho àquelas provocações um pouco mais antes de por um fim a elas. Notou que Nathan não respondia mais às provocações do Devon, mas isso não significava que ele não era afetado por elas. Severo tinha certeza que Nathan estava se fechando, lidando com as frustrações sozinho, em particular. Ele mesmo fizera isso muitas vezes em sua juventude.
E era aquilo que mais preocupava Severo. O Nathan não deveria seguir passos que se assemelhavam a até mesmo uma sombra dos seus próprios. A idéia da trajetória de vida do seu filho ser similar à sua era muito perturbadora. Ele já estava se mantendo fora da vida do menino para evitar isso, e não aceitaria que seus esforços fossem jogados fora simplesmente por causa de provocações de outro menino da escola; não aceitaria nada disso! Severo suspirou com a idéia de ter que interferir novamente.
Desta vez ele não podia contar com Hermione Granger. Desta vez teria que agir diretamente, e era o que lamentava mais. Examinara suas possibilidades cuidadosamente, infinitas vezes até agora, e estava certo que não tinha outra opção tão efetiva quanto a atualmente em sua mente.
Resignado, Severo deixou o calor de sua cama e entrou na sala de estar, procurando nas prateleiras que cobriam a parede enorme pelo livro que precisaria para seguir adiante com aquele plano ousado. Aqui – pensou quando encontrou o livro que estava procurando. “Conheça o Invisível: Poções Reveladoras”. Levou o volume para a mesa e abriu, procurando o índice por uma poção específica. Encontrando-a, repassou a lista de ingredientes necessários e o tempo que levaria para completá-la, e ficou satisfeito em ter o tempo certo para prepará-la antes do Natal.
Severo leu tudo duas vezes, tomando notas. Quando estava contente por ter tudo planejado para o preparo da poção, levantou-se da mesa e voltou para a cama. Deixou seu corpo cansado cair no colchão e fechou os olhos, fazendo seus exercícios bem treinados de Oclumência para limpar efetivamente sua mente de todos os pensamentos. Ele quase os abandonara desde que o Lorde das Trevas caíra de vez, mas os estivera procurando para lutar contra outro de seus novos problemas: Hermione Granger.
Ela invadia seus sonhos desde a última sexta-feira, quando inesperada e inexplicavelmente o tocara e beijara. Por gratidão – acrescentou mentalmente. Mesmo assim, era mais que suficiente para fazê-lo almejar por mais toques suaves e muito mais beijos. Pensou inadvertidamente em como ela o agradeceria pelo que estaria preparando a partir de amanhã, e irritado, recomeçou o exercício de limpar sua mente das imagens conjuradas por seus desejos. Ela não era para ser dele, nem em sonhos, e com uma mente limpa, sua respiração se equilibrou, e ele estava à mercê de pensamentos inconscientes.
Pela manhã, Severo tinha um sorriso satisfeito prolongado em seus lábios finos enquanto deixava vagarosamente sua Hermione de sonhos e voltava para um estado de alerta. O sorriso desapareceu do seu rosto e um gemido escapou-lhe assim que percebeu que ela invadira seus sonhos com sucesso mais uma vez. Irritado e frustrado, Severo jogou as cobertas de lado e entrou no banheiro, já se dispondo da camisa do pijama.
O banho frio foi bom para domar seu corpo, mas só aumentou seu mau humor naquela manhã. Ele só tinha uma aula hoje, a última do semestre, e estava ansioso por seu fim. Deixando o chuveiro, secou-se com um encantamento bem praticado, vestiu-se em sua escuridão e saiu para o café da manhã. Que o dia comece para que possa acabar logo – pensou.
Comeu em silêncio, abstendo-se com sucesso da conversas com outros na Mesa Principal depois de algumas respostas atravessadas quando Minerva tentou engajá-lo numa conversa. Até que alguém o chamou:
– Prof. Snape, senhor?
Olhou de cima para a criança que interrompia sua refeição. – O que é, Sr. Malfoy?
– Papai mandou isso para mim e me pediu que entregasse ao senhor – o menino disse, entregando um pedaço de pergaminho. Severo o aceitou.
– Obrigado, Sr. Malfoy – disse dispensando Devon, que assentiu e voltou para terminar o café da manhã com os outros sonserinos.
Severo abriu o pergaminho.
Caro Severo,
Minha família e eu solicitamos a honra da sua presença neste Natal. Presentes não são necessários, só deixe as masmorras este ano e apareça para variar. Não haverá muitos funcionários do Ministério, só as do sexo feminino e bonitas.
Tenha certeza de que aparecerei e lhe amaldiçoarei na véspera de Natal, ou então me amaldiçoarei, se não aceitar meu convite através do Devon.
Cordialmente,
Draco Malfoy.
E agora isso – pensou, repassando em mente tudo que poderia dar errado a seguir para fazer seu dia ainda pior. Suspirou em derrota. Se Draco ameaçava se amaldiçoar, assim apelando ao Voto, ele não tinha escolha na questão.
Severo tirou a pena das pequenas mãos do Flitwick, ignorando os protestos do bruxo, e escreveu sua resposta abaixo do convite de Draco.
Está bem.
Devolveu a pena a seu dono irritado e deixou seu lugar e seu café da manhã pela metade, dirigindo-se à mesa da Sonserina.
– Mande isso ao seu pai, Sr. Malfoy – disse, dando o pergaminho de volta ao Devon.
– Virá para o Natal, ti...
– Sim, irei – Severo cortou Devon antes que tivesse terminado de chamá-lo de tio, o que o irritava demais.
Devon sorriu. – Que ótimo, professor.
Severo deixou o Salão Principal, resignado à sua sina.
– Vejo você no semestre que vem, Nathan – Andy gritou de onde encontrara-se com os pais na plataforma.
– Até lá, Andy – Nathan gritou de volta, empurrando o carrinho para a saída da plataforma nove e meia, de volta à Londres trouxa com sua mãe ao seu lado.
– Como foi a viagem de Hogsmeade? – Hermione perguntou.
– Cansativa – Nathan respondeu.
– Acho que é direto para casa, então? – ela perguntou, colocando uma mão no ombro dele em um meio-abraço.
– Com certeza – ele respondeu.
Eles deixaram a Estação King’s Cross em silêncio. Podia ser que Nathan estivesse simplesmente cansado da viagem, como ele dissera, mas mesmo que estivesse cansado, havia algo que ela não gostava no silêncio dele; teria certeza quando chegassem em casa. Ela achou que eles pudessem usar o metrô, como sempre fizeram, mas agora que ele estava em Hogwarts... – Quer que eu nos aparate em casa?
– Seria bom – ele concordou.
– Venha aqui, então. – Ela o conduziu a um beco obscuro, longe de olhos curiosos. – Segure-se em mim – instruiu, e depois da sensação de ser comprimido, estavam na sala de estar do apartamento.
– Obrigado, mãe – ele disse e relaxou visivelmente.
– Por que não leva suas coisas para o quarto enquanto eu vou preparar algo para comer? – ela sugeriu. Nathan assentiu e foi para o quarto. Hermione o seguiu com os olhos por um momento e passou pela sala de estar para acender a lareira antes de ir para a cozinha.
Ele não está só cansado da viagem – ela pensou consigo mesma. Deve ser o Malfoy – concluiu, ou o Severo. Suspirou. Pelo menos ele estava em casa agora, longe dos dois. Ela viu a sombra do Nathan pela porta quando ele atravessou para a sala.
– Você tem livros novos! – ela o ouviu dizer, e um sorriso cruzou suas feições. – Oh! Guerras medievais...
Ela terminou de preparar os sanduíches e entrou na sala. Nathan estava encolhido no sofá em frente à lareira, um livro em mãos.
– Tome cuidado com esse aí; é emprestado e não quero manchas de gordura nele – ela disse, entregando-lhe um prato com um sanduíche.
Nathan fechou o livro e colocou-o no sofá, aceitando o prato. – É emprestado de quem?
– Do William – ela respondeu casualmente. – Você quer um pouco de suco?
– Sim. – Ele aceitou o copo cheio. – Quem é William? – ele perguntou depois.
– Ele trabalha na universidade comigo – ela explicou, sentando-se ao lado dele no sofá.
Nathan comeu metade do sanduíche em silêncio, e assim que ela bebia do seu copo, ele perguntou:
– Você está namorando com ele?
Ela quase cuspiu suco por tudo.
Ela se recompôs e respondeu:
– Não, não estou namorando com ele. De onde surgiu essa pergunta?
– Você está emprestando os livros dele e tentando mudar de assunto, então... – Nathan deu de ombros e voltou ao seu almoço.
– Bem, não estou namorando com ele, ou com ninguém – ela insistiu –, e se estivesse, não estaria evitando o assunto.
Nathan ergueu uma sobrancelha enquanto mordia, e aquela foi toda a resposta que ela teve.
– Se importaria se eu tivesse um... um relacionamento? – ela perguntou hesitante.
Nathan mastigou calmamente, observando-a intensamente. – Você gosta dele tanto assim?
Hermione revirou os olhos. – Não estou falando de ninguém especificamente. Não estou namorando o William.
– Então quem você está namorando?
– Não estou namorando ninguém – ela disse novamente, irritada. – Esqueça que eu perguntei.
Ele bebeu o resto do suco, ainda olhando para ela por cima do copo. – Se você gostar dele, e ele a tratar bem, eu não me importo – ele finalmente respondeu.
Ela olhou para ele, esperando pela observação sarcástica que sabia que se seguiria. Entretanto, ela nunca veio.
– Posso ler o livro dele? – Nathan perguntou, encolhendo-se novamente com o livro nas mãos.
– Vá em frente – ela respondeu antes de deixar a sala com as louças usadas. Aquilo foi fácil demais – pensou. Talvez seu menino estivesse crescendo. Olhou para ele de onde estava na cozinha e o viu já totalmente imerso no livro. Sorriu.
Silenciosamente, voltou à sala, pegou o livro que estava lendo da mesa de canto, e sentou-se perto dele, como costumavam fazer antes dele ir para Hogwarts. Suspirou satisfeita.
Estava absorta na leitura quando o Nathan quebrou sua concentração ao aninhar-se perto dela e recostar a cabeça no seu colo. Ela sorriu e afagou o cabelo macio, mudando sua atenção de volta às páginas do livro novamente.
Ela sentia tanta falta desses momentos. Hermione estava feliz em poder passar outro feriado como sempre passaram. Embora seu segredo fora descoberto por Severo e por outros, o Nathan ainda estava absorto. Ela tiraria o máximo de proveito disso e trabalharia para ter Severo com eles no próximo ano.
A poção estava esfriando e estava perfeitamente incolor. O último estágio do preparo fora o mais capcioso: os feitiços. Embora não fossem nada em comparação aos encantamentos que lançava durante a preparação da Mata-cão, Severo estava satisfeito mesmo assim. Ele ainda precisava adicionar o líquido aos frascos encantados e lançar os devidos feitiços de ligação antes de mandar um deles para o novo dono, e Severo faria bem isso antes de sair para a Mansão Malfoy. O tempo extra que a poção permaneceria no caldeirão garantiria que qualquer magia residual fosse liberada, o que era importante para o sucesso do último passo.
Severo se recolheu aos seus aposentos e tomou um banho rápido para tirar a sensação grudenta que uma tarde de preparo de poções sempre deixava. Depois disso, escolheu um conjunto de vestes de gala e voltou ao seu laboratório.
Pegando dois frascos pequenos, chatos e arredondados, ele despejou o líquido neles. Com um aceno complexo da varinha e algumas palavras entoadas em uma língua antiga, ambos os frascos brilharam em dourado e uma labareda de luz apareceu entre eles, criando uma conexão luminosa. As sete cores do arco-íris passaram pela labareda de luz antes de voltar ao dourado e desaparecer. A conexão estava feita.
Agora, tudo que ele precisava fazer era colocar um dos frascos na moldura fina de prata que a conectava à corrente também de prata. Ajustando-a magicamente, estava pronto – e estava perfeito. Ele admirava seu trabalho com uma satisfação complacente, sabendo que agora ele teria como monitorar o menino devidamente, prevenindo-o de se amuar sozinho e despercebido.
Pegou a corrente e colocou-a na caixa em sua mesa, fechou-a e anexou o bilhete cuidadosamente escrito que preparara anteriormente. Severo convocou um elfo doméstico e instruiu a criatura mágica a entregar o pacote ao seu destino, então deixou Hogwarts para aparatar do lado de fora da Mansão Malfoy.
Entrou no salão elegantemente decorado da mansão, sendo recebido por ninguém menos que o anfitrião da noite: Draco Malfoy. – Ah, Severo Snape – o homem saudou. – Fico feliz que pôde vir.
– Não que eu tivesse escolha – Severo murmurou, e sua noite de tormento social começou.
Severo tentou se misturar sem interagir realmente. Queria ser parte do plano de fundo, e provou que ainda era bom nisso. Ficaria pelo tempo que levasse para distrair Draco, e ele sabia que não levaria muito tempo com a velocidade que seu protegido consumia os drinques.
O tempo passou. Em pé em um canto da sala, Severo observava a festa; estava quase na hora de voltar à Hogwarts. Seus olhos descobriram Draco, sentado num sofá perto de sua esposa, Pansy. Eles tinham expressões presunçosas nos rostos. Draco murmurava algo no ouvido da Pansy. Ele seguiu a linha de visão deles e viu um grupo de crianças brincando com algum tipo de dispositivo mágico, Devon entre eles.
Severo observava seu afilhado assumir o controle do jogo, tomando o dispositivo mágico das mãos de uma criança mais nova, que parecia com medo do menino loiro. Era uma repetição do que Severo presenciara tantas vezes em Hogwarts; primeiro com o Draco, agora com o Devon.
Severo voltou a olhar para o casal no sofá, e estava exacerbado pela indiferença deles. Será que o Draco não via? Devon estava se tornando o mesmo menino mimado que ele fora um dia e que agora desprezava tanto. Se fosse o Nathan se tornando um brigão, eu não ficaria só assistindo – pensou e não estava surpreso com isso, pela primeira vez. Depois de uma semana preparando aquela poção para o colar, ele não ignoraria a realização de que ele queria o melhor para o seu filho. Isso incluía fazer o Devon parar de perturbá-lo.
Severo abortou seus planos de sair da festa despercebido e aproximou-se de Draco e Pansy.
– Ah, Severo! Bem o homem que precisávamos – Draco disse, vendo-o vir na direção deles. – Estávamos mesmo tentando unir cada solteiro aqui. Quem você prefere, a loira baixa ali ou aquela morena bonita naquele canto? – Severo viu Pansy cutucar o marido. – O quê? – Draco perguntou à sua esposa.
– Não estou interessado nas suas habilidades de casamenteiro – Severo respondeu antes que Pansy pudesse chamar a atenção do marido.
– Você pareceu ter gostado da Lancy no verão passado. Pensei que minhas habilidades casamenteiras estivessem funcionando para você.
Severo revirou os olhos. – Ao invés de se distrair com a minha vida amorosa, você deveria passar mais tempo cuidando do seu filho.
– O que você quer dizer? – Draco perguntou.
– Você não viu o que ele acabou de fazer com aquelas crianças? – Snape retrucou.
– O quê? – Draco mudou sua atenção para o grupo de crianças. – O Devon só está brincando com eles. O que há de errado nisso?
– Ele não consegue enxergar mesmo – Severo resmungou. – O Devon está se transformando no mesmo moleque mimado que você foi.
Pansy franziu a testa e estava para dizer algo para apaziguá-lo, quando Draco disse:
– O Devon não é nem um pouco como eu era. – O tom dele era final. – Eu não sou nem um pouco parecido com o meu pai.
– Não, não é. Mas isso não significa que você não possa criar um filho mimado também. A diferença é que eu não tenho que sentar e assistir como eu tinha antes. Não há mais nenhum Lorde das Trevas.
Draco franziu a testa.
– Bem, é uma festa de Natal adorável, e fico feliz em poder ter vindo. Obrigado pelo convite – Severo disse sarcasticamente, deu as costas para os Malfoy e dirigiu-se à porta. Ele já se socializara o suficiente para o resto do ano.
– Está pronta, mãe?
Nathan esperava perto da lareira. Já estava na hora de ir para a casa do Harry, onde passariam o Natal. Harry os visitara no começo da semana para pedir-lhes que passassem a noite, para poderem aproveitar a manhã de Natal juntos. Harry estava sempre tão entusiasmado com o que ele chamava de reuniões familiares, que Hermione não podia dizer-lhe não.
Nathan estava ansioso pelo Natal deste ano, mais que os anteriores. A última vez que sua mãe aceitara um dos convites de Harry, Nathan estava com oito anos; agora ela já tinha quase doze e conhecia muito mais sobre o mundo bruxo que antes. Não seria a mesma coisa se eles passassem o Natal com seus parentes trouxas, que eles só encontravam no Natal mesmo. Não era como o Harry e o Rony que visitavam regularmente, ou ao menos se correspondiam com eles frequentemente.
– Você pegou o casaco sobressalente? – Hermione perguntou, entrando na sala de estar.
– Mãe, nós já passamos por isso de manhã, quando fizemos as malas – Nathan respondeu, impaciente.
– Estava fora da mala – ela justificou.
– Eu peguei. Podemos ir agora?
Hermione olhou em volta mais uma vez, como se verificando se tudo estava como deveria estar. – Sim.
Nathan pegou um pouco de pó do pote perto da lareira, jogou sobre a madeira queimada ainda quente, e disse:
– Largo Grimmauld, número doze.
Entrou nas chamas verdes, sentindo instantaneamente sua vizinhança rodar num borrão de cores.
Algumas voltas mais tarde, ele caiu em frente a uma lareira acesa, sem conseguir manter o equilíbrio. Se não fosse tão rápido, ele jamais usaria a rede Flu novamente. Ouviu uma voz chamar seu nome, e então sentiu uma mão no seu braço, ajudando-o a levantar-se. Quando tinha certeza que não estava mais tonto, abriu os olhos para encontrar o rosto sorridente da tia Gina. – Obrigado, tia Gina.
– Tonto? – ela perguntou, ainda segurando seu braço.
– Não mais, obrigado – ele disse, não admitindo como realmente se sentia.
Quando estava firme o suficiente para notar os arredores, tudo que podia ver era um avental vermelho. – Veja como está grande! – Ele estava agora sendo abraçado pelo avental vermelho, ou melhor, pela mulher que o usava. – Hermione, querida, ele já é um jovenzinho lindo! Você não deveria passar tanto tempo sem nos visitar.
– Eles crescem muito rápido, Molly. Eu concordo – Hermione respondeu, ainda limpando as cinzas da roupa, e Nathan estava contente da matriarca dos Weasley tê-lo soltado para abraçar sua mãe.
– Como vai meu afilhado favorito? – Harry perguntou, colocando um braço ao redor dos ombros de Nathan.
Nathan sorriu para seu padrinho. – Estou bem, tio Harry.
Harry o encarou por um tempo. – É bom ouvir isso – finalmente disse, segurando-o com mais força por um momento breve. – Agora, espero que esteja pronto para se divertir.
Seu sorriso estava mais largo agora. – Claro que estou. Os gêmeos já estão aqui?
Harry finalmente sorriu. – Sim, estão. Será melhor ter cuidado com os doces deles se não quiser que partes do seu corpo fiquem transfiguradas por um tempo – seu padrinho advertiu, piscando.
Nathan sorriu com malícia. – Terei cuidado com os doces, só não diga o que acabou de me dizer para minha mãe – disse e saiu do abraço do Harry.
– Eu também não disse nada ao Rony – Harry acrescentou, fingindo inocência. Nathan sorriu maliciosamente de novo.
No caminho para onde as crianças estavam, ele não escapou de outros abraços; os Weasley eram muito corporais em suas boas-vindas. Os últimos que o abraçaram foram Fred e Jorge. – Ah, nosso novo cliente preferencial – um deles disse. – Como foram os fogos? – o outro perguntou.
Nathan olhou em volta e viu sua mãe ainda entretida na conversa com a Sra. Weasley do outro lado da sala. – Eles funcionaram bem – respondeu em voz baixa.
– Oi, Nathan – uma voz doce cumprimentou atrás dele.
Ele virou-se e encontrou os olhos da menina sorridente. – Oi Lílian – devolveu o cumprimento.
– Estava esperando você – ela lhe disse e pegou sua mão, puxando-o para sentar-se ao lado dela no sofá.
Nathan ergueu uma sobrancelha questionadora. Ele conhecia Lílian desde... bem... sempre, mas eles não compartilhavam uma amizade. Por que ela estava esperando por ele?
– Como é Hogwarts? – ela perguntou curiosa. – Conte-me tudo sobre lá.
– Tudo? Tem muita coisa para contar... – Ele tentou pensar no que dizer primeiro. – Bem – começou –, têm as Casas e as aulas.
A impaciência dela não lhe permitiu mais tempo para articular. – Você está na Grifinória, certo? Como é isso?
– É melhor que a Sonserina. – Nathan não sabia o que fazer com as perguntas dela. Era difícil explicar Hogwarts para alguém que nunca experimentara ser um aluno lá. – Se quer saber mais sobre Hogwarts, deveria ler “Hogwarts: uma História”.
A atenção deles foi tirada um do outro quando um dos gêmeos, que parecia estar ouvindo a conversa, disse:
– Não, não você também! Hermione! – ele chamou, e quando sua mãe olhou para eles, o gêmeo acrescentou: – Por que você tinha que dar o livro-que-não-deve-ser-nomeado para ele? Por quê?
Nathan assustou-se quando o outro gêmeo agarrou-o pelos braços. – Não deixe os livros lhe consumirem, menino. Seja forte! Eu sei que você consegue! – disse dramaticamente.
Nathan relaxou quando ouviu a risada daqueles ao seu redor, e especialmente quando sua mãe disse:
– Deixe-o em paz, Fred! Vá incomodar o Rony!
– Está bem, mas teremos uma longa conversa mais tarde – ele disse, olhando significativamente para Nathan. – Isso tem que parar agora, você ainda é jovem. – E chegando mais perto, acrescentou: – E todos sabemos da sua vocação real para as artes das travessuras. – Fred piscou, sorrindo.
Nathan sorriu de volta.
A noite progrediu e mais pessoas chegaram. A casa estava cheia de alegria e felicidade, havia música tocando na Rede Radiofônica misturada ao som das risadas e da conversa animada. Nathan rira de Rony e Hermione, que ele convenceu em comer os doces encantados. Hermione rira com Nathan pela simples alegria de finalmente ver o filho realmente feliz novamente.
– É bom vê-lo rindo tão abertamente – Remo comentou, aproximando-se dela. – E você, também. – Hermione ainda estava sorrindo enquanto ele sorria para ela. – Fico feliz que esteja resolvendo as coisas para ele – acrescentou.
– Ele está se divertindo. Estou feliz pelo Harry ter insistido em nos fazer aceitar o convite – ela respondeu.
– Você deveria mudar seu cabelo para laranja mais vezes, Hermione; realça os seus olhos. – Tonks se juntou a eles, colocando os braços ao redor do marido. – Molly pediu... – Tonks começou a dizer, quando uma voz amplificada invadiu a sala.
– O jantar está pronto.
– ...para dizer-lhes que o jantar está pronto – Tonks completou assim mesmo.
A sala adjacente tinha uma mesa imensa coberta de comida que enchia o ar com seu perfume, estimulando o apetite. Havia lugar para todos, e o jantar não inibiu a boa conversa. Eles aproveitaram o tempo e a boa comida, e bem depois da sobremesa ser servida, ainda havia movimento na casa.
Hermione bocejou pela terceira vez e decidiu encerrar a noite. – Boa noite. É muito tarde, e tenho certeza que as crianças estarão em pé bem cedo para abrir os presentes. – Murmúrios e acenos de cabeça seguiram aquela declaração.
Ela levantou-se da poltrona e foi até onde as crianças dormiam nos sofás. Estava para acordar seu filho, mas vendo o subir e descer do peito do Nathan, mudou de idéia e sacou sua varinha para levitá-lo para o andar de cima. Nathan estava tão esgotado pelo dia atribulado que o único reconhecimento que ele mostrou foi um protesto murmurado quando ela o colocou na cama.
A noite passou e a manhã de Natal chegou. Nathan foi acordado por Sirius Potter e sua exaltação. Nathan, com sua mente ainda nublada pelo sono, tentava descobrir sobre o que era toda a exaltação, e lembrou que era manhã de Natal; era a hora dos presentes. Sentou-se na cama e olhou em volta. Sirius estava ao pé da cama dele, abrindo um pacote e mostrando o conteúdo para a Lílian. – É um... O que é isso, Lílian?
– O cartão diz que é um controle remoto. Algo trouxa, tenho certeza, vindo do vovô... – ela respondeu.
– É usado para ligar e desligar a televisão. Ele também muda o canal e controla o volume – Nathan disse, assustando os irmãos que o acordaram.
– Feliz Natal, Nathan – Lílian ofereceu, sorrindo.
– Tem uma pilha de presentes para você – Sirius destacou. – Vamos ver o que você ganhou!
Nathan deixou a cama e foi até o pé dela, onde os pacotes estavam. Pegou um chato, porém grande primeiro.
– O suéter da vovó – Sirius disse, dando pouca atenção à blusa tricotada vermelha com um detalhado leão no peito. – Aqui, abra este. – Ele ofereceu uma caixa cúbica, então.
Nathan o pegou, desfez o laço e levantou a tampa. Olhou dentro, e o Sirius também. – O que é isso? – o menino mais novo perguntou.
– Um conjunto de fogos de artifício – Nathan respondeu. – Deve ser dos seus tios. – Pegou o cartão e confirmou exatamente aquilo.
Continuou abrindo os pacotes e sempre ficava feliz quando acabava sendo um livro, para o espanto dos Potter.
O próximo pacote que ele abriu era outro livro, o quarto, desta vez um sobre quadribol. Ele não precisou ler o cartão para saber de quem era: tio Rony.
Só tinha mais uma caixa. Era retangular, com aproximadamente cinco centímetros de altura. Nathan abriu a tampa e pegou o colar estranho nas mãos, observando-o com curiosidade. Nathan desdobrou a carta que encontrou na mesma caixa.
Querido Nathan,
Este colar é um amuleto com grandes poderes protetores. Para ativá-lo, deve colocá-lo no pescoço, garantindo que o vidro redondo contendo o líquido toque seu peito.
Use o tempo todo, e estarei com você quando mais precisar. É o meu presente de proteção.
Feliz Natal,
Seu pai
Nathan leu a assinatura e empalideceu. Meu pai? – pensou incrédulo. Meu pai. Leu novamente. Meu pai me mandou um presente?
– Que colar lindo! – Lílian exclamou, chamando a atenção dos outros para o seu presente... e para ele. – De quem é? – ela perguntou inocentemente, não fazendo idéia do que significava para ele.
– É do... – hesitou. Não sabia como dizer... Soava tão estranho até mesmo em sua cabeça. – É do meu pai – finalmente disse, sua voz mostrando o choque que sentia.
Pegou o colar e colocou-o no pescoço, como instruído. Quando o vidro guardando a poção encantada encontrou a pele do seu peito, ele brilhou um dourado intenso, fazendo a Lílian dar um passo para trás. O brilho desapareceu, e o líquido tornou-se um laranja vivo. Nathan sorriu.
– Uau! – Sirius exclamou. – Para que ele serve?
– É um presente de proteção – Nathan respondeu, sorrindo ainda mais.
Severo estava sentado numa mesa de madeira, tomando seu café matinal, quando o objeto de vidro em forma de moeda perto do seu prato de torradas brilhou dourado. Nathan estava ativando-o; seu filho estava usando o colar. Olhou fixamente para o amuleto, observando a luz dourada desaparecer. Não muito depois, ele observou o líquido que era incolor adquirir uma cor laranja viva: seu filho estava muito feliz. Ele soltou a respiração que nem percebeu que estivera segurando.
A/N: E esse foi o Natal, espero que tenham gostado! :0)
Eu tenho algumas pessoas para agradecer. Fora a extraordinária SnarkyRoxy, que é minha beta para a versão em inglês, agradeço também a Lílian_Cho, que me ajudou bastante com a carta do Draco. E finalmente, minhas amigas potterianas: Clau Snape, Mi_Granger, e BastetAzazis, que sofrem com as minhas reclamações sobre os capítulos. Amo vocês!
Chega de sentimentalismo! Se você gostou do capítulo, deixe um review! Adoro eles! :0)
No próximo capítulo… A Hermione quer saber o que o Severo tem em mente, e o Harry intervém na educação do Nathan.
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!