A lembrança de Dumbledore



O ministro alemão folheava mais uma vez o relatório de quatro páginas escrito por Werner Schmidt. Tinha recebido o documento de volta das mãos de Rony, que o lera silenciosamente por minutos. Andreas Binder, o chefe dos aurores, fumava um cachimbo que espalhava um aroma adocicado pela sala. Não abrira a boca desde que cumprimentara o colega inglês. Toda a explicação do caso coubera a Klaus Wieman, com direito a breves apartes de Schmidt, tão constrangido que Rony teve pena do homem magro.

- O senhor agora tem o conhecimento completo do relatório – disse o ministro, oferecendo um prato de frios para Rony. – Por favor, sirva-se. Já que não quer jantar, pelo menos se alimente um pouco. Creio que a reunião vai demorar um pouco.

- Obrigado, ministro. Vejamos. Herr Schmidt, vou rememorar alguns acontecimentos...

Mas antes que prosseguisse saiu da lareira um pó esverdeado e do meio do fumacê saltou Harry, encolhendo-se um pouco e balançando a cabeleira para se livrar da fuligem. Ele fez um sinal com a cabeça, como se cumprimentasse os presentes, aproximou-se de Rony, dando-lhe um tapinha nas costas, e comentou em voz alta que Dumbledore estava vindo. Dito e feito. Uma nuvem de pó tomou conta da lareira mais uma vez. Fosse por ter mais experiência no mundo mágico ou fosse por ser mais alto do que o rapaz, o velho professor apareceu de modo grandioso. A nuvem se condensou fortemente, impedindo-os de ver como Dumbledore surgira na lareira. De repente, a fumaça se desfez e o bruxo simplesmente apareceu, com a postura ereta e o rosto sereno. E sem nenhum vestígio de poeira em suas vestes.

- Professor, o senhor precisa me ensinar um dia como fazer isso.

- É apenas uma questão de estilo, Rony. E de vontade de adotar um – sorriu. E virando-se para os alemães, estendeu a mão. – Boa noite. Meu nome é Alvo Dumbledore. Estou pronto a ajudá-los, senhores.

Os seis homens se sentaram e começaram a discutir o ataque sofrido por Schmidt. Não podiam descartar a possibilidade de ter sido ação de um Comensal da Morte, porém não tinham certeza que o ladrão fosse um antigo seguidor de Voldemort.

- Foge um pouco do padrão, não é?! Comensais gostam de revelar que são Comensais – declarou Rony. E dirigiu-se para o funcionário suspenso. – Tem certeza mesmo que não dava para ver o rosto, uma máscara ou...

- Tenho absoluta certeza. Estava escuro demais. E na verdade parecia mesmo que o homem que me atacou não tinha rosto.

Dumbledore ergueu as sobrancelhas.

- Por que diz isso, herr Schmidt?

- É essa a impressão que tive. Quando me esforço para lembrar, nada me vem à cabeça. Não consigo visualizar os olhos, o nariz. Não consigo visualizar parte alguma.

- Pode ter sido uma máscara negra – arriscou Binder.

- Ou talvez não tenha sido máscara, e sim um feitiço ilusório – ponderou Dumbledore.

- Por que alguém usaria um feitiço ilusório no rosto? Deveria usar no corpo inteiro. Por sinal, é muito difícil fazer um feitiço ilusório parcial. Senão, qualquer bruxa gordota usaria um para disfarçar a banha – rebateu o auror alemão.

- O porquê eu não sei. Sei que embora seja magia de alta complexidade, o feitiço ilusório parcial é um recurso adotado eventualmente por aurores interessados em se disfarçar para seguir suspeitos de perto.

- Dumbledore, está insinuando que o ladrão é um dos nossos aurores? – estrilou Binder.

- Não estou insinuando nada, herr Binder – replicou o professor, sublinhando o tratamento respeitoso que dava ao homem de olhos injetados. – Apenas não quero descartar nenhuma hipótese. Não neste momento, enquanto o avanço é mínimo.

Irritado com o fato de Binder não ter chamado Dumbledore de senhor, Harry puxou o relatório para suas mãos e se virou para Schmidt, falando com voz bem alta.

- Depois discutimos esse item. O que me intriga mais é a falta de informações. Herr Schmidt, por que não há um registro decente do conteúdo da arca? E assim que vocês costumam proceder?

Schmidt só não ficou mais vermelho do que Binder. Aprumou a gravata e se endireitou na cadeira.

- Tudo era muito bem organizado no meu departamento. Este caso foi uma lamentável exceção. É evidente que não fiz de propósito.

- Evidente para quem, Schmidt?! Se há insinuações para cima dos meus soldados, as suspeitas também têm de pairar sobre você – rosnou o corpulento auror.

- Binder, por favor, controle-se – interrompeu o ministro, quieto até então.

- E-eu... bom, naquela noite a arca chegou de um modo nada usual. Normalmente, quando algo vai para o Departamento de Mistérios eu faço uma longa entrevista com o auror, peço a cópia do relatório do caso e depois esmiúço todo o possível a respeito do objeto que é entregue a mim. É essa a rotina. Examino para ver se há magia negra, se está avariado, se está incompleto. Na-naquela noite, estes senhores, junto com o ministro...

- Essa parte nós já sabemos – impacientou-se Binder. – Responda logo ao Potter.

- Este rapaz usou um feitiço de ilusão sobre o baú e ele ficou invisível – acusou Schmidt, com o rosto tão quente que teria aquecido a sala inteira. – Ninguém se queixou disso, somente eu. Fiquei tão aborrecido que não quis dar mais atenção àquela caixa maldita.

- Err, usei mesmo. Gutmann usava sempre na arca. Mas ele é muito simples de ser desfeito. Bastava ter me procurado, que eu diria.

- Como ele é desfeito? – perguntou Wieman.

Rony hesitou. Não sabia se deveria abrir o segredo. Estavam diante de um roubo cujo autor poderia ser alguém do ministério. Por que não o próprio ministro? Dumbledore, atento ao rosto do ex-aluno, notou seu estado confuso. Rapidamente, leu a mente dele.

- É melhor que o senhor Weasley não o revele. Ainda não sabemos quem invadiu o ministério. Como há chances de o invasor não ter descoberto o feitiço, julgo que faremos bem em pedir que o truque não seja revelado.

- Sim. Parece sensato – aquiesceu Wieman.

- Então, Weasley, vai guardar o segredo com você, não é?! E se você morrer, como ficamos?

- Eu também sei qual é o segredo – cortou Harry.

- Oh, é verdade. Potter foi aluno de Gutmann – disse Binder, com ironia. – E você, Dumbledore? Também aprendeu alquimia em Berlim? Sabe como tornar a arca visível?

- Aprendi alquimia na minha juventude, o que obviamente não coincide com a época de Harry e Rony. Desconheço totalmente como se desfaz o feitiço escolhido por Gutmann, ao qual, para minha infelicidade, jamais fui apresentado.

- Que tal sermos mais práticos, Binder? – sugeriu Harry, fazendo força para não transparecer na voz a fúria com o colega, que insistia em não dar um tratamento respeitoso a Dumbledore. – Esses comentários não ajudam muito na investigação. Herr Schmidt, então foi só por isso que o senhor deixou de cumprir as normas? Já vi que aqui se fala o tempo todo em normas.

- Sim, sim. Normas são importantes. É verdade que eu deveria ter sido mais profissional. Admito meu erro e me envergonho disso. Se os aurores tivessem me pedido um relatório, certamente seria obrigado a analisar a caixa.

Binder ofegou. E o ministro murmurou baixinho para Harry. “Lembra-se do que eu falei a respeito da burocracia?”.

- Mas nunca me pediram – continuou Schmidt, ainda rubro pela confissão. – Err, depois de algum tempo, uns dois anos, possivelmente, eu tentei fazer o registro. Detesto bagunça. Então decidi fazer o inventário do que havia na arca. Podem conferir nas minhas agendas. Eu anoto tudo o que pretendo fazer. Só que, não sei explicar por que, nunca pude dar conta desse trabalho. Creio que surgiam coisas mais importantes para fazer e eu ia adiando, adiando...

- Estou certo em deduzir que o senhor é zeloso, herr Schmidt? – perguntou Dumbledore, olhando para os sapatos lustrosos e os cabelos meticulosamente arrumados do bruxo.

- Insisto. Tudo em minha vida é bastante organizado. Por exemplo, tenho arquivado meus trabalhos escolares.

- Por mil gárgulas, isso não é organização. É doença – brincou Rony, recebendo um cutucão de Harry por baixo da mesa.

- Sendo assim, já que é tão zeloso e não é da sua natureza adiar compromissos, podemos imaginar que alguém tentou manipular o senhor. Alguém que lançou mão de magia para fazê-lo acreditar que havia coisas mais importantes a fazer. Alguém que deve ter alterado levemente sua memória, justamente para confundi-lo, o que nos impedirá de tentar reavivá-la com feitiços não-danosos – observou, fazendo uma breve pausa antes de se pronunciar mais uma vez. – Alguém que não queria que o senhor descobrisse o que havia na arca. O que me leva a pensar quem mais no ministério sabia do conteúdo dela, além do ministro e do chefe dos aurores da época.

- Eles sabiam? – inquiriu Wieman.

- Sim – respondeu Rony. – Na reunião, contamos tudo para eles. Na reunião em que estavam o ministro... humm... não lembro o nome dele... e o auror... que tinha um nome engraçado...

- Dietrich! O que há de engraçado nele?

- Ah, nada. Eu me confundi. Achei que era engraçado. Ele foi seu chefe, Binder? Não lembro de você naquele dia.

- Eu, Dietrich e Andersen fomos até o departamento de mistérios para acompanhar vocês por determinação do ministro. Eu era mais magro e não tinha bigode – retrucou. – Pode ir, Schmidt. Você não é mais necessário nesta parte da reunião.

O ministro puxou a varinha e bateu com ela em sua taça de vinho, aparentemente sem fazer ruído. O som tinha soado na ante-sala e seu secretário despertou do sono pelo tilintar mágico. Ele apareceu em seguida e levou Schmidt para fora da sala.

- Professor Dumbledore, nossos registros internos sumiram – disse Wieman, em tom de desculpas. – Não temos atas da reunião dessa noite em que o senhor esteve presente.

- Nada da nossa conversa deve ter sido registrado. Nós quatro fizemos um acordo que o assunto seria reservado a poucos. Quem roubou as atas não deve ter encontrado grande coisa. Estranho apenas que Dietrich não tenha prosseguido com uma investigação sigilosa e providenciado a remoção da pedra. Se bem me recordo foi ordem expressa do ministro que ele se encarregaria disso.

- Potter nos falou a respeito das suas lembranças. E nos contou que o senhor tem uma penseira.

- Sim, tenho, senhor ministro. Mas sem querer ser indelicado gostaria de pedir uma licença para que eu possa reviver minha memória na companhia de Harry. Vocês compreendem: penseiras são objetos raramente compartilhados. Então, se houver uma sala reservada, permitam-me usá-la.

- Pode ficar aqui, professor. Nós vamos para a ante-sala, onde está meu secretário. Esta sala é a prova de bisbilhotice – respondeu Wieman, erguendo-se com elegância e obrigando Binder a segui-lo com um discreto movimento da cabeça.

Rony também se levantou, porém Dumbledore se fez ouvir de novo.

- Creio que você pode ser bastante útil para a investigação, Rony, se me acompanhar também. Afinal, estávamos juntos.

Binder inchou e o fundo de seus olhos se avermelhou mais. Entretanto Klaus Wieman, um cavalheiro até o último fio de cabelo, mostrou energia antes que seu subalterno abrisse a boca.

- Herr Binder, nós vamos esperar aqui – disse em alemão bastante audível.

O auror saiu da sala sem olhar para trás. Harry teve vontade de rir. Assim que a porta se fechou, Dumbledore calmamente retirou das vestes a penseira, como se retirar uma penseira das vestes fosse a coisa mais natural do mundo. Puxou um frasco da capa escura e jogou o conteúdo na bacia encantada.

- Rony, já usou uma penseira antes?

- Não, senhor. Ahn, seja gentil comigo – sorriu torto, procurando fazer uma piada para disfarçar o nervosismo.

- Que podre, Rony – cochichou Harry, achando engraçado ver o amigo tão agitado que torceu completamente o relatório de Schmidt nas mãos.

Dumbledore convidou Harry a entrar primeiro nas lembranças. Ele se viu numa sala espaçosa, repleta de quadro de paisagens e com uma sólida mesa de madeira escura arrumada com capricho. Do outro lado da mesa, estava um homem de rosto redondo. Tinha olhos pretos e pequeninos, que pareciam ainda menores em contraste com as bochechas gordas e coradas. O auror pensou que se aquele sujeito quisesse se transfigurar em algum animal não teria dificuldades em adquirir as formas de um leitão. Harry se virou e viu Dumbledore sentado ao lado de Rony. No mesmo instante, o Dumbledore atual surgiu. O velho mago olhou para o alto, enquanto Rony despencava com um grito assustado. O ruivo se estatelou no chão e quase soltou um palavrão quando o antigo professor fez um sinal de silêncio.

- Ach, que noite tenebrosa – resmungou o homem de aparência suína. – Nosso sistema de vigilância não havia encontrado rastros de Comensais no país.

- Herr... herr... humm, ministro, o senhor acreditava mesmo que os Comensais iriam se anunciar? “Hey, amigo, entramos no seu país”.

- Nein, herr Weasley. Mas a gente sempre pensa o melhor da gente – resmungou. – Vou pedir para que herr Dietrich se encarregue pessoalmente de investigar esse ataque. Olhem, ele está de volta.

Os três viram um homem alto e careca abrir a porta e entrar como um tufão. Tinha na mão um pergaminho.

- Está aqui o primeiro relatório dos meus homens. Não encontraram sinais, pistas. Nada. Os Comensais se foram. Ah, sim, recuperamos a igreja para seu estado natural. E enviamos obliviadores para apagar a mente de alguns trouxas.

- É claro que os Comensais se foram! Já faz horas que o ataque aconteceu – disparou Rony, atraindo um olhar furibundo sobre ele. Dietrich não gostara do comentário e deixava isso bem claro.

Harry anotou mentalmente que depois chamaria o cunhado de “machão”.

- Perdoem-me, senhores, mas nem eu e nem o senhor Weasley poderemos ajudar nessa questão – interrompeu o Dumbledore do passado. – Nossa participação nessa história se limita a explicarmos a importância dessa arca. Há muitos anos meu amigo McKinley foi pupilo de Gutmann. Ele me contou que todos os estudos da Ordem foram guardados em pergaminhos escritos numa linguagem secreta. Alguns objetos mágicos desenvolvidos pelos bruxos dessa agora extinta sociedade também estavam nesse baú. Inclusive uma pedra filosofal fabricada pelo próprio Gutmann.

- Pedra filosofal? Essa bobagem de novo – disse o auror. – De tempos em tempos, ressurge essa lenda. Pelo que eu saiba, apenas uma teria surgido e foi pelas mãos de um maluco chamado Flamel. Mas esse homem morreu, o que prova que era tudo mentira.

- Flamel era meu amigo. E, de fato, ele fez uma pedra filosofal, que destruiu depois que Voldemort planejou roubá-la. Sem sua criação, Flamel morreu tempos mais tarde. Agora, a história faz sentido? Nem todas as “lendas”, herr Dietrich, são mentiras.

- Ui. Essa deve ter doído, professor. Na ocasião, eu quis falar isso... – não se conteve o Rony do presente. Dumbledore fez psiu, porém exibiu um sorrisinho.

- Gutmann conseguiu uma pedra filosofal? Bravos! Um alemão – disse o ministro, esfregando as mãos. – Precisamos avisar isso à imprensa. Um feito dessa magnitude.

- Não, herr Hamburg – bradou Dumbledore. – Quanto menos publicidade a esse respeito, mais segura ficará a pedra.

Harry teve a impressão de ter ouvido uma tossidinha. Só não descobriu se era do Rony atual ou o da lembrança.

- Ora, herr Dumbledore, só vamos falar que Gutmann fez a pedra. E inventaremos uma pista falsa sobre o destino dela.

- Toda cautela é necessária, caro ministro. Para todos os efeitos, ocorreu somente um ataque de Comensais. Para efeito da investigação auror, o ataque aconteceu porque o objetivo principal dos seguidores de Voldemort era atingir Harry Potter.

- Então é isso?! Os Comensais vieram atrás do menino?! Não queriam a “pedra”? – ironizou Dietrich.

- Harry não é mais um menino! – cortou Rony.

O bruxo registrou na cabeça que diria “obrigado” ao amigo.

- Acho que desta vez não vieram atrás da pedra – continuou o ruivo. – No passado, os Comensais desconfiavam que herr Gutmann tinha uma, mas pelo visto esqueceram disso. Ele nos contou que já tinha sido atacado havia anos. Foi quando a mulher dele foi assassinada. Vocês não investigaram isso?

- Rapazinho, você não é auror. Portanto, não tem a menor idéia de como se age nas investigações – vociferou Dietrich.

- Eu ainda não sou. Mas serei. Depois nós poderemos conversar mais a respeito – desafiou Rony, com as orelhas vermelhas e quase expelindo fumaça.

- De qualquer forma, isso mostra que os seguidores de Você-Sabe-Quem não estavam de olho nessa suposta pedra filosofal. Herr Hamburg, vou cuidar diretamente do caso. Quero descobrir quem são os Comensais que estão maculando nosso país.

- Nein, Dietrich. Andersen ficará com essa missão. Encarregue-se da arca. Concordo com herr Dumbledore. Ninguém mais deve saber da pedra. Arranje um bom esconderijo para ela. Hmpf! Isto tudo é muito perigoso.

- Senhor, a imprensa ficará em cima da história do ataque dos Comensais. Os bruxos daqui vão querer que o chefe dos aurores cuide do assunto. Isso será um sinal de que não vamos nos curvar diante do poder das trevas.

- Está decidido, Dietrich. Andersen, com o ataque. Você, com a arca.

- Mesmo que se trate de uma bobagem, senhor???

- Não é uma bobagem – respondeu Rony.

Dietrich fuzilou o rapaz com os olhos. O ministro estava irredutível. Em seguida, Dumbledore disse que tinham de ir para providenciar o enterro de Gutmann. O velho bruxo puxou Rony pelo braço e os dois se dirigiram para a porta. Nesse minuto, o Dumbledore atual bateu no ombro dos seus antigos alunos. E os três saíram da penseira.

- Bem legal a penseira. Lembrei que o nome engraçado não era do auror. Era do ministro. Hambúrguer, sacaram? E ele era bem gordinho – tripudiou Rony.

- Vamos chamar herr Wieman e herr Binder – disse Dumbledore.

- O que descobrimos com isso, professor? – inquiriu Harry, com o cenho franzido.

- Por enquanto, apenas que Dietrich nunca acreditou no poder da pedra. E que provavelmente por isso não cumpriu sua obrigação. Ah, sim, também descobrimos em quem o arrogante senhor Binder se inspira. Em seu antigo chefe.




*****


Harry aparatou na sala de sua casa. Jogou-se no sofá tão cansado estava. Assim que se atirou, sentiu uma dor nas costelas. Tinha se esquecido. Dumbledore lhe entregara a penseira e mais uma porção de frascos. “Estou velho demais para ficar tanto tempo fora, meu caro. Leve minha penseira e mais estas memórias. Se encontrar algo útil, avise-me. E me mantenha informado do caso, por favor”, pedira tão logo os dois saíram de uma lareira em Hogwarts. A reunião levara mais duas horas até que o ministro se dera conta do cansaço de Dumbledore e encerrara o encontro. “Claro, professor. Cuidarei direitinho. Humm, o que o senhor acha? Dá para confiar no Binder?”, perguntara. “Da mesma forma que confio em herr Schmidt. Precisamos de mais elementos para tirarmos conclusões, Harry. Mas você vai procurar a família de Dietrich e Rony, a família do ministro, não é?! Com mais pistas, posso dar algum palpite. No momento, o máximo em que consigo pensar é na minha cama”, sorrira.

O chefe dos aurores levou a penseira até a estante de livros da sala e a camuflou, fazendo parecer-se com uma das obras de Gilderoy Lockhart. “Só a senhora Weasley se interessaria por isso”, murmurou, segurando um bocejo. Harry subiu as escadas, abriu a porta do quarto do filho e beijou a testa de Sirius. Ao perceber que James não estava, deduziu que Gina o levara para casa. “Ah, meu Deus. Não consegui falar com ela o dia inteiro”, afligiu-se, lembrando de seu problema pessoal. Foi até sua suíte com o coração aos saltos. Entrou e viu que sua mulher dormia profundamente. Não teve coragem de perturbar seu sono. Pegou um pijama e deixou o aposento, rumando para o quarto de hóspedes.

- Amanhã eu me explico. Juro! – prometeu, enquanto se despia. Tomou um banho rápido e se enfiou debaixo dos lençóis dividido entre se preocupar com o roubo da arca e com a reação de Gina. Definitivamente, o dia seguinte não seria fácil.














Por sugestão da minha amiga Lizzy, minha salvadora neste final de semana, transformei o capítulo 5 em dois e acrescentei umas coisas que queria explicar melhor. Obrigada a todos pela paciência. Creio que agora estou melhorando mesmo. Já consegui dormir sem sentir a maldita dor... Bjs, K.

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