Apolo e Ártemis
Capítulo XXXII – Apolo e Ártemis
Snape deu um soco na porta do armário, fazendo-o balançar.
- BOSTA! – gritou e sentou-se na cama colocando as mãos no rosto. Sentia um ódio mortal de si mesmo, e tinha vontade de desaparatar até o exato lugar onde Bellatriz estava agora e fazê-la engolir litros de estricnina, só para poder se vingar de alguém.
Voltou a ficar de péssimo humor e a lançar frases cortantes a qualquer um. Tinha ódio de todos a sua volta, principalmente dos que pareciam felizes, mesmo que eles não tivessem culpa, mas tinha que descontar em alguém. Nem a gata de Filch escapou. Dois dias depois da discussão entre ele e Diana, Madame Nor-r-ra passou pelo corredor de uma das masmorras e o ficou encarando, como se o censurasse. Snape então não resistiu e bicou a gata pra longe. Quem a mandou cruzar seu caminho?
Se o bruxo era a pessoa mais mal-humorada do castelo, Diana era a mais triste. Seu costumeiro sorriso tão bonito se esvaiu e deu lugar a um rosto abatido e sem expressão. Mas ela nunca destratava ninguém.
Os dias se passaram e fevereiro chegou, a barriga da bruxa cresceu ainda mais, e todos agora não tinham dúvida de que ela estava grávida, só não se conhecia o pai. A não ser Harry e seus amigos. Rony já sabia do caso dos dois, Gina já havia visto os dois se beijando, mas Hermione não sabia de absolutamente nada. E quando Harry decidiu contar tudo aos três, a menina quase teve uma síncope. Todos ficaram surpresos, é claro. Mas Mione arregalava os olhos a cada palavra do colega, e no final, ficou muda. Simplesmente muda. Por quase cinco minutos.
Passado o momento de silêncio, a primeira palavra que a menina emitiu foi: “inacreditável…”. E repetiu isso mais umas três vezes. Depois voltou a ser a Hermione de sempre e a falar sobre como isto era óbvio, e todas as evidências do que estava acontecendo. Este passou a ser o assunto preferido dos quatro. E agora todos eles tinham certeza absoluta de que o casal tinha se separado por algum motivo muito grave.
- Quer dizer, - falou Harry num sábado em que conversavam sentados sob uma árvore no pátio – Olha só para Diana, ela nunca esteve tão triste… E Snape? Tá muito pior do que sempre foi… Aposto como a culpa foi dele…
- Cara, - disse Rony deitado no colo de Hermione – até agora ainda não entendi o que foi que ela viu naquele idiota…
- Talvez ele não seja tão ruim assim quanto a gente imagina… - disse Gina que estava abraçada a Harry.
- Impossível. – respondeu o ruivo convicto.
- A gente não pode ter tanta certeza Rony. – falou Hermione acariciando os cabelos dele – Ele é um homem inteligente, disso não se pode duvidar e…
- Na verdade, se ele fosse tão inteligente, - interrompeu Harry – não teria jogado fora uma mulher como Diana.
A conversa dos quatro durou muito mais tempo. E, longe dali, o mestre de poções continuava com sua cabeça apinhada de pensamentos, e sua consciência repleta de fantasmas que o censuravam e o culpavam. Foi então para a biblioteca, ler sempre o distraíra… Talvez funcionasse mais uma vez.
Nenhum livro lhe chamou a atenção, em geral, conhecia um pouco de tudo. Então não havia nada de muito novo e, portanto, nada que o convidasse. Só havia uma sessão em que ele raramente entrava, decidiu que talvez não fizesse mal. Era a estante de cultura trouxa.
Andou por ali um pouco e nada despertou muito o seu interesse. Parou quando passou por um livro entitulado “Mitologia Grega”, lembrou-se de Diana… Ela adorava estudar sobre os mitos e deuses trouxas… Vivia lhe contando que muitos deles realmente existiram, que eram bruxos poderosos, e que, por suas magias, acabaram virando lendas.
Pegou o grosso livro azul marinho e recostou-se na estante, abri-o aleatoriamente.
Na página que abrira havia uma enorme e bonita pintura: um homem alto e forte, com uma lira em um braço e as rédeas de uma carruagem na outra, acorrentada à carruagem uma imensa bola flamejante, tinha um sorriso muito branco estampado no rosto. Ao lado dele, uma bonita mulher, de lindas curvas, um arco atravessado ao corpo, sorria timidamente. Os dois eram loiros com olhos claros e usavam vestes brancas com tecidos leves. Abaixo estava escrito numa letra muito bem desenhada:
“Apolo e Ártemis”
Apolo, deus Sol, e Ártemis, deusa Lua, conhecidos também como Febo e Febe, respectivamente, são gêmeos, filhos de Zeus e Latona. Nascidos na ilha de Delos.
Apolo é o inventor da lira, comanda as Musas e é o protetor das artes, deus da harmonia, da música e da inspiração poética. Deus da profecia, protetor dos rebanhos e dos navegantes, grande curador e médico. Como deus do Sol, conduz diariamente o carro do Sol de um extremo a outro do céu, sendo responsável pelos dias e noites. Um dos doze deuses principais do Olimpo, é o mais radioso dos Imortais.
Ártemis, uma das doze divindades do Olimpo, é símbolo da castidade e virgindade, armada de arco, atingia com suas flechas os que ousassem insultá-la. Dedicava-se à caça, acompanhada pelas ninfas. Identificada como a Diana dos romanos.
Diana… Ah, Diana… Sempre havia de ter esse nome em seu caminho… Tentara convencê-la a perdoá-lo… Mas ela nunca queria conversar… E o bebê… Nem sabia que podia sentir falta de alguém que nem existia ainda… E agora tinha nomes decentes para dar a ele, eram bonitos, e de significados interessantes, mas com certeza não podia sugerir porque não tinha mais acesso a Diana. Fechou o livro com força e o devolveu a estante. Saiu da biblioteca. Aquilo não ia adiantar de nada mesmo…
Os primeiros dias de fevereiro passaram, e logo era dia dos namorados, e caíra num final de semana. Dumbledore, como sempre, com compaixão de seus alunos, achou que não havia nenhuma mal em deixá-los passar este domingo em Hogsmeade. Por isso todos os professores foram deslocados para vigiá-los. Em cada pub, havia pelo menos dois deles. Snape e Hagrid estavam no Cabeça de Javali. O gigante tentava puxar conversa.
- Legal esta idéia do Dumbledore não é? Quer dizer, os meninos estavam trancados há muito tempo.
- Não concordo. – respondeu frio o bruxo mal-humorado com os braços cruzados sobre o peito – Isto só serve para nos dar mais trabalho.
- Na verdade… - insistiu Hagrid e Snape lhe lançou um olhar gelado, o gigante então achou melhor ficar calado. Sabia que nenhuma conversa decente sairia dali.
- Vou dar uma volta.
- Mas e a vigilância?
- Que vigilância? – respondeu o bruxo andando com as vestes negras esvoaçando – Quem viria a um lugar como esse namorar? E mesmo que viesse, você tem o dobro do meu tamanho, pode dar um jeito sozinho.
O bruxo andou pela ruazinha apinhada de gente. Todos aqueles casais sempre o irritaram. Agora irritavam ainda mais. Então alguém esbarrou nele.
- Desculpa! – pediu o menino que passava correndo com uma sacola.
- Potter! – rosnou o professor – Tinha que ser…
- Professor Snape? – falou sorrindo e parando – Nem notei que era v… o senhor.
- Não deveria estar namorando por aí? – implicou ele com uma sobrancelha levantada.
- Fui buscar uns doces na Dedos-de-mel para Gi… Ela tá me esperando no Três Vassouras com Rony e Hermione. E você não deveria estar vigiando alguém? – implicou também.
Snape fez uma careta.
- Sabe quem está lá conosco? - continuou o rapaz chegando perto dele.
- Pouco me importa. – sibilou ele cruzando os braços sobre o peito.
- Importa sim… - falou Harry sorrindo – Importa sim que eu sei… E importa pra ela também… Olha, como eu tô de bom humor, e hoje é dia dos namorados… Eu vou chamá-la pra conversar com você… Espere-a atrás do bar… Eu dou um jeito…
- Quem disse que eu quero conversar com ela?
- Ora… Está estampado nos seus olhos professor… Mas me diz uma coisa, o que foi que você fez dessa vez?
- Ah, vai pro inferno Potter! – respondeu Snape frio.
O menino, que parecia estar de ótimo humor, apenas riu, e repetiu:
- Atrás do bar ein professor, esteja lá.
Snape fez uma careta como resposta
Que diabos estava fazendo ali? Por que levara aquele moleque à sério? Agora estava atrás de um bar, junto a caixas vazias e garrafas quebradas. Mas era a última tentativa que faria, ninguém poderia dizer que não tinha tentado. Aliás, tinha tentado até demais.
Então ela chegou. Linda como sempre. Os longos cabelos castanhos caindo às costas, vestia rosa claro, a barriga já bem grande à frente. Mas tinha o rosto triste.
- Você? – sussurrou surpresa. Snape apenas ficou olhando-a. – Harry disse que era importante, que eu precisava ver uma coisa. Insistiu muito… Mas era só você?
- Diana… - Snape se aproximou. Toda sua guarda ficava aberta quando estava perto dela, e ele se tornava extremamente vulnerável, ela simplesmente o inebriava. E ele se tornava um homem totalmente diferente do costumeiro. – Vamos conversar… Já se passou muito tempo do que aconteceu…
- Não o suficiente para eu esquecer. – falou ela com amargura.
- Sinto sua falta… - ele se aproximou mais – Sinto falta de vocês… - o bruxo pôs uma mão na barriga dela e o neném se mexeu.
- Faz tanto tempo que ele não se mexe… - sussurrou Diana num pensamento alto, mordendo o lábio inferior.
- Eu te entendo… Gostaria que me perdoasse… Mas se não puder, realmente entendo… Mas não me prive de vê-lo…
Diana afastou-se de Snape, virou de costas para ele.
- Você não tem esse direito Diana. – murmurou ele com amargura – Estava tudo bem com a vida medíocre que eu tinha. Eu era um cara sozinho e amargurado. E daí? Ninguém se importava com isso. Nem eu mesmo. – ele se aproximou dela de novo – Aí apareceu você… e me mostrou um mundo totalmente diferente… Despertou em mim coisas que eu nunca imaginaria… Deu-me motivos para ser diferente do que eu era… E agora, tira isso de mim? Você não imagina o quanto dói ter de perder você… Não me tire também o fruto disso tudo…
- Você sabe que eu nunca faria isso. – sussurrou ela – Ele é seu também. Agora… Quanto a me perder… A culpa é inteiramente sua… Sabe disso…
- Eu sei… - murmurou ele abraçando-a por trás e pondo as duas mãos na barriga dela, o bebê tornou a se mexer – Mas estou aqui perdendo todo o meu orgulho para pedir que volte… Volta… Foi um momento de fraqueza… Nunca mais tornará a acontecer…
- Não posso Severus… Simplesmente não posso…
Diana então se desvencilhou dele e saiu pelo beco voltando à rua. E Snape recolheu o pouco de hombridade que ainda lhe restava e voltou para seu posto no Cabeça de Javali. Julgando-se um idiota por ainda insistir nesse assunto…
E Diana, de volta ao interior do três vassouras, não sabia mais o que pensar ou fazer, e quando uma música muito oportuna, que parecia contar o que Snape estava sentindo nesse momento, terminou de tocar, uma lágrima silenciosa e involuntária corria em seu rosto.
”I know your eyes in the morning sun
(Eu vejo nos seus olhos uma manhã ensolarada,)
I feel you touch me in the pouring rain
(eu sinto você me tocando no derramar da chuva,)
and the moment that you wander far from me
(e no momento em que você está tão longe de mim,)
I wanna feel you in my arms again.
(Eu só quero sentir você em meus braços de novo.)
And you come to me on a summer breeze
(E você aparece para mim numa brisa de verão,)
keep me warm in your love then you softly leave
(me mantêm aquecido com o seu amor, mas de repente você vai embora,)
and it's me you need to show how deep is your love
(e é pra mim que você deve mostrar o quão profundo é o seu amor)
How deep is your love?
(Qual a profundidade do seu amor?)
How deep is your love?
(Qual a profundidade do seu amor?)
I really need to learn
(Eu realmente preciso saber)
Cause we're living in a world of fools
(porque nós vivemos num mundo de tolos,)
breaking us down
(separando-nos lentamente)
when they all should let us be, we belong to you and me.
(quando deveriam nos deixar viver, nós pertencemos um ao outro)
I believe in you
(Eu acredito em você,)
you know the door to my very soul.
(você conhece a porta para minha alma,)
you're the light in my deepest darkest hour
(você é minha luz em horas de profunda escuridão,)
you're my saviour when I fall.
(você é minha salvação quando eu caio)
And you may not think I care for you
(E você pode pensar que eu não me importo com você,)
when you know down inside that I really do
(quando você sabe que lá dentro que eu realmente me importo,)
and it's me you need to show, how deep is your love?
(e é pra mim que você deve mostrar, o quão profundo é o seu amor?)
How deep is your love?
(Qual a profundidade do seu amor?)
How deep is your love?
(Qual a profundidade do seu amor?)
I really need to learn
(Eu realmente preciso saber)
Cause we're living in a world of fools
(porque nós vivemos num mundo de tolos,)
breaking us down
(separando-nos lentamente)
when they all should let us be, we belong to you and me.
(quando deveriam nos deixar viver, nós pertencemos um ao outro)
And you come to me on a summer breeze
(E você aparece para mim numa brisa de verão,)
keep me warm in your love then you softly leave
(me mantem aquecido com o seu amor, mas de repente você vai embora,)
and it's me you need to show how deep is your love
(é pra mim que você deve mostrar o quanto é profundo o seu amor)
Os dias se passaram e o fim de fevereiro chegou. E na noite anterior ao ultimo dia do mês, o mestre de poções caminhava pelos corredores vazios. Não conseguia dormir desde a discussão com Diana, por isso às vezes andava pelo castelo para passar o tempo. Passava agora em frente aos aposentos dela… Isso era uma tortura… Mas haveria de passar… Um dia haveria de passar… E ele voltaria a ser o homem que era antes… Nunca tinha visto mal algum nisso… Realmente tinha sido tolice imaginar uma vida diferente da vida amaldiçoada que tinha…
Então ouviu um gemido de dor. Parou. Havia alguém chorando. E o som vinha do quarto de Diana. Apurou mais os ouvidos. Ela chorava e chamava por socorro.
Snape se desesperou e entrou correndo, empurrando a porta com força. Diana estava de camisola, sentada no chão segurando a barriga com as mãos. O rosto lavado de lágrimas.
- Severus… - gemeu – Ai… Graças a Merlin… Me ajuda… Por favor… Dói muito Severus… Estou com dificuldade de andar… Dói muito… O nosso bebê… Eu… não quero perdê-lo…
Snape se abaixou ao lado dela. Pôs uma mão em sua barriga.
- Calma, vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem. Segure-se em mim.
Diana passou os braços pelo pescoço dele e Snape a levantou nos braços.
- Estou com medo… - gemeu ela apertando seu corpo contra o dele, como se, com isso, pudesse ficar mais segura.
- Ssshhhhh… - fez ele carregando-a até a lareira – Vai dar tudo certo… Prometo.
A bruxa chorava muito em seu colo. Snape passou pela lareira dela e saiu na de Dumbledore.
- Dumbledore, acorda! – chamou.
- Quê… ahn? – o diretor se levantou devagar.
Diana soltou um gemido alto.
- O que aconteceu? – Dumbledore levantou de uma vez só.
- Ela está passando mal… - falou Snape preocupado olhando para Diana que estava muito vermelha – Tem algo errado com o bebê… Precisamos levá-la ao St. Mungus… Rápido.
- Eu a levarei… - O bruxo mais velho conjurou uma maca – Coloque-a aqui.
- Severus… - Diana olhou nos olhos de Snape – Você não vem comigo? Eu estou com medo… Queria que ficasse ao meu lado… - ela ainda chorava.
- Ele não pode. – respondeu Dumbledore por Snape – Ninguém pode saber que esse filho é dele.
- Mas… Severus… - insistiu ela.
Snape a colocou na maca com delicadeza, mas Diana continuou segurando sua mão.
- Vem comigo… Por favor… - suplicou – Eu preciso de você…
- Vai ficar tudo bem – falou Dumbledore se dirigiu a Snape – É uma promessa. Não precisa se preocupar Severus.
- Então vai Diana… - disse o bruxo triste – Vai com ele… Nada de mal vai te acontecer… Dumbledore vai cuidar de você… Não vai Alvo?
- Vou. – respondeu o diretor com firmeza - Juro.
O velho bruxo então levitou a maca e Diana ficou segurando a mão de Snape o quanto pôde, mas ela e Dumbledore acabaram saindo pela lareira. Deixando ali um homem muito nervoso.
Horas se passaram e o bruxo não teve nenhuma notícia. Andou por todo o escritório de Dumbledore. E, num momento de impaciência, chutou uma das mesinhas.
- MALDIÇÃO! – gritou, agora tinha uma dor de cabeça infernal e uma baita dor no pé.
Olhou pela janela ao fundo do escritório, o Sol nascia. E muito longe dali nascia também um lindo menino, seguido de uma linda menina.
N/A: Capítulo alteraaaaaaaaaaddddddooooooooo...........
A musiquinha mela mela por sinal eh do Bee Gees (=P)
hehehehehehe
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