Traição



Capítulo VIII – Traição

Snape abriu a porta do quarto de Gina calmamente e entrou sem esperar por Harry, que entrou e fechou a porta. Diana estava deitada na cama (com uma aparência bem melhor) com os braços e pernas de fora das vestes de cor púrpura, que vestiam apenas a distância do seu peito até pouco mais da metade da coxa. Todos os seus arranhões e machucados estavam cobertos com a substância esbranquiçada e gosmenta que há poucos minutos Harry havia visto nas mãos de Snape. Muitos dos ferimentos já aparentavam estar curados. O joelho, apesar de ainda estar lacerado, tinha um aspecto um pouco melhor.
- Fui educado com você e seu amiguinho ruivo – sussurrou Snape com sua voz letal, se virando para o garoto com um olhar gelado (Harry tentou imaginar qual era a concepção do bruxo de “educado”) – única e exclusivamente porque Dumbledore pediu. Mas isso aqui não é uma festinha, nós não sabemos direito quem é essa mulher ou o que ela fazia naquele rio, e até que tudo esteja esclarecido eu não quero ver nem você nem nenhum dos seus coleguinhas entrando e saindo desse quarto.
Harry abriu a boca para falar alguma coisa, mas foi interrompido por Snape.
- Não quero discussão.
Harry se calou relutante, era melhor não contrariar, ele parecia muito aborrecido. O bruxo foi até a sua mala e pegou um frasco que continha uma substância de cor anil, e com ela na mão se sentou na cama ao lado de Diana. Tirou a rolha e a poção exalou um cheiro levemente adocicado. Ele levou sua mão grande ao maxilar da moça, segurando seu queixo, seus dedos tocando levemente os lábios dela, abriu delicadamente a sua boca e derramou um gole da poção em sua garganta. Ele fechou a boca dela e Harry viu, através do movimento de sua garganta, que ela tinha engolido o líquido.
- Anda. Acorda. – falou Snape displicentemente arrolhando o frasco e o colocando na estante acima da cama ao lado da varinha da moça.
As pálpebras dela tremeram levemente e ela abriu lentamente os olhos.
- Você... – Ela falou baixinho – Você me salvou… - Ela se sentou na cama e abraçou Snape, que se surpreendeu e simplesmente se viu obrigado a se deixar abraçar. – Muito, muito obrigado prof. Snape. – ela completou com a cabeça deitada sobre o ombro dele fazendo com que seus lindos cabelos longos de cor castanho-escuro com leves tons de vermelho se espalhassem pelo peito do homem exalando um cheiro cítrico, ela tinha um tom de dor na voz, parecia a ponto de chorar. – Você não sabe o quanto eu sou grata! Quando você precisar de alguma coisa, qualquer coisa, é só me pedir viu? – Ela voltou a ficar cara-a-cara com ele e colocou suas duas mão sobre o rosto do homem. – Imagina se não fosse você que me encontrasse? Que seria de mim? – seus olhos verdes brilharam parecendo marejados d’água.
Snape, que agora estava todo melecado com o remédio do corpo de Diana graças ao apertado abraço, segurou os pulsos dela, afastou as mãos da moça de seu rosto e chegou um pouco para trás afastando-se um pouco dela.
- Não é preciso agradecer. O que eu quero saber agora é…
Ela o interrompeu:
- Mas, eu vi, você tem uma tatuagem de comensal, por quê? Você não é um professor de Hogwarts? Eu tive aulas com você. Me lembrei quando você me salvou e pediu que ficasse quieta, você vivia mandando que eu ficasse quieta, tirava muitos pontos de minha casa por isso, dizia que eu não ficava silêncio nunca…
- Parece que você não perdeu o hábito… - Snape revirou os olhos – Será que você pode parar de falar por um minuto? Quem tem de responder a perguntas agora é você. Como você foi parar naquele rio?
- É uma longa história. – Diana baixou os olhos, triste.
- A qual eu quero ouvir. – Só então ela se atentou do outro ocupante do quarto, e de um novo que acabara de chegar. Alvo Dumbledore estava encostado à porta. – É muito importante que saibamos o que aconteceu com você, minha menina, e como estão seus pais.
- Alvo Dumbledore! E Harry Potter! Você é o Harry Potter não? – Harry sorriu e fez que sim com a cabeça – Eu realmente vim parar em boas mãos. – ela sorriu levemente, mas ainda era um sorriso triste.
- Podemos resumir a história de Severus da seguinte forma: ele foi sim um Comensal, mas desde a época em que você começou a ter aulas com ele que é um espião, luta agora, como todos nós, pela luz. Mas e a sua história, criança, qual é?
- É uma história meio grande… - ela parecia não querer tocar no assunto.
- Isso você já disse, e não é problema já que nós temos todo o tempo do mundo. – Dumbledore puxou a cadeira da penteadeira e se sentou com elegância.
- Bem diretor…
- Chame-me de Alvo, você já não é mais uma aluna não? – Diana sorriu.
- Bem… Alvo… Não sei se o senhor se lembra, mas eu sempre me dediquei inteiramente aos meus estudos, nunca fui de ficar perdendo meu tempo com namoricos.
- Para o desespero dos rapazes da escola… - sorriu o velho bruxo.
- Não que eu não tivesse alguns, - ela continuou – mas a minha vida não girava em torno disso como as das minhas colegas. – Dumbledore confirmou com a cabeça, Snape olhava para uma teia de aranha na parede, entediado, e Harry se sentou no chão para ouvi-la melhor – Quando eu terminei o curso em Hogwarts eu segui para um mestrado de quatro anos em transfiguração.
- Minerva se orgulha muito disso. – Dumbledore abriu um sorriso ainda maior que o anterior. A moça retribuiu com um sorriso fraco.
- Depois que terminei meu mestrado não tinha tido muito mais do que poucos namoros de curta duração, nunca tinha tempo suficiente para os rapazes, mesmo depois do fim do mestrado eu continuava a freqüentar a todos os seminários, os professores já me conheciam e até me convidavam a participar, eu achava que a maioria dos garotos tinham uma mente tão curta, sei lá, tão diferente da minha, eu tinha sede de conhecimento e de pessoas que pudessem conversar e compartilhar de coisas cultas e não só de quadribol e outras coisas fúteis, não que eu não aprecie o jogo, apenas acho que existem outros assuntos além desse no mundo… Pouco depois surgiu em minha vida o Derick. – ela fez uma careta – Na verdade ele já tinha surgido antes, a gente havia se “esbarrado” em um seminário sobre ervas recentemente descobertas. Minhas colegas diziam que ele gostava de mim, mas, de início, eu não fui muito com a cara dele. Sabe aquele estilo rapaz perfeitinho que todo mundo ama? Era ele. Por isso não fazia meu tipo. Eu nunca fui muito do tipo que segue opinião dos outros, preferia formar a minha própria. E, na minha opinião, os carinhas perfeitinhos, bonitinhos, por quem todas as garotas babam, e aparentam não ter nenhum problema, são os mais problemáticos e pervertidos. Afinal de contas, ninguém pode ser perfeito, por que então fingir ser? A minha teoria se confirmou mais tarde em minha vida… Mas acontece que as pessoas me cobravam muito o fato de eu não ter um namorado, um pretendente, principalmente a minha família. E quando o Sr. Derick-perfeitinho-Summers começou a me escrever, a minha mãe – ela respirou fundo – começou a me encher dizendo que ele era um rapaz para casar.
- Summers? Derick Summers? – interrompeu Snape que de repente pareceu muito interessado na conversa.
- Foi o que eu disse. – Falou Diana em tom de: “é óbvio”.
- Esse moleque tenta ganhar um marca negra em seu braço há uns dois anos. Nunca conseguiu trazer algo que realmente pudesse valer o seu ingresso no exército do Lord das Trevas. – Snape falou como se tivesse nojo das palavras. Dumbledore olhou para ele e se mexeu inquieto em sua cadeira.
- Agora eu já sei disso. Ele conseguiu. E me custou muito. – os olhos dela se encheram d’água e Harry percebeu que os pequenos rajados dourados que haviam dentro deles se escureceram, como que de tristeza. Dumbledore pareceu compreender tudo. Aproximou-se de Diana e a abraçou. Como ele tinha esse dom de descobrir tudo antes que a verdade fosse revelada por inteiro?
- Minha pobre criança. Eu sinto muito. Eu não sabia.
Diana abraçou o velho bruxo e as lágrimas rolaram de seus olhos. Snape se levantou e olhou para os dois pensativo.
- Castellani… Castellani… Esse nome não me é estranho… - pareceu então que a verdade tinha surgido para ele num estalar de dedos – Por Merlin, não me diz que… Oh, droga! Há quanto tempo vocês estavam juntos?
- Sete anos… Sete-longos-Anos!- falou Diana soluçando e enxugando os olhos com as costas das mãos, Dumbledore deu uns tapinhas de leve em seu ombro. Harry estava, vamos dizer assim, boiando na conversa. – Noivos há quatro… E o canalha, sem-vergonha, me faz uma coisa dessas! Me diz Alvo? Como eu pude ser tão cega? Como eu não percebi? Os sumiços, as saídas à noite, as farras com os amigos, os atos de vandalismo… Mas as pessoas diziam: não, os jovens são assim; ou: isso é coisa de homem; ou ainda: depois que vocês casarem isso pára, acredite, com o seu tio foi da mesma forma… - Ela soluçou alto. – Eu devia ter ouvido o meu pai… Ele nunca foi muito com a cara do Derick…
- Quando estive com Frederick ele não me disse nada sobre sua filha estar noiva…
- Ele não levava muita fé… - ela continuava fungando, seus olhos se encheram d’água novamente – Dizia que só acreditaria quando a data estivesse marcada… Era um dos únicos que não fazia questão de contar para todos…
- E perdi muito o contato com ele… Mas conte como foi minha menina, conte. Vai te fazer bem soltar o que está preso na garganta. – Diana encostou a cabeça no ombro de Dumbledore, ele a acarinhou como se ela fosse uma criança. – E não se envergonhe de chorar… As lágrimas têm o grande poder de desafogar a alma.
Harry apurou os ouvidos. Snape estava inquieto.
- Minha mãe… - ela fungou – Ela… Me convenceu a namorar com ele… E todo mundo na minha família ficou muito feliz com isso… A gente namorou por três anos e ele me pediu em casamento… Foi… - ela fungou de novo – Foi uma festa pra todo mundo… Quer dizer… Ele era estudado… Era medibruxo da seleção escocesa de quadribol. Ganhava bem. Era culto, e parecia um bom rapaz, apesar de algumas excentricidades… Eu aceitei, sabe, depois de um tempo, eu não sei se o amava, acho que não, acho que nunca o amei, mas depois de um tempo junto você acaba se apegando à pessoa, acaba gostando de estar com ela, da companhia, da segurança, sei lá… Depois do noivado eu me acostumei com o fato de que seria ele o homem da minha vida… Mesmo que não o tivesse escolhido, eu havia aceitado-o. Iríamos nos casar assim que nossa casa ficasse pronta… – Ela fungou de novo, seus olhos se encheram d’água. Snape se apoiou numa parede e depois se sentou no chão encostado nela. Apoiou os cotovelos nos joelhos dobrados e rosto nas mãos. Parecia fora de órbita, como se estivesse em outra dimensão.
- Força Diana, continue. – Dumbledore continuava a acarinhar a moça. Mas ela tinha seus lindos olhos verdes direcionados a Snape – E não se preocupe com Severus, ele vai ficar bem.
- Eu sempre acreditei que você-sabe-quem tinha voltado sabem? Desde o Torneio Tribuxo. Apesar do Ministério alegar que era mentira, maluquice, sei lá, eu acreditava em você Harry. – O menino sorriu – Por que você iria brincar com uma coisa dessas? E ainda ser acobertado por Alvo Dumbledore e praticamente todo o corpo docente de Hogwarts? E eu acho que você já sabe Alvo, que, há alguns meses, meus pais têm sido alvos daquele-que-não-deve-ser-nomeado. Eles trabalhavam nas relações públicas e exteriores do Gringotes, desde antes de eu nascer, eram de confiança dos duendes. E é fato que há muito tempo que os duendes estão insatisfeitos com o Ministério, acham que não são tratados como deveria. Meus pais conheciam a fundo as suas insatisfações. – Diana parecia um pouco melhor – E você-sabe-quem queria essas informações. Ele já tem nas mãos os dementadores de Azkaban, terá com facilidade os gigantes e os lobisomens, se tiver os duendes de Gringotes teremos a guerra praticamente perdida…
- Seus pais não cederam não é?
- Não… Tentamos nos esconder, fugir. Mas ninguém consegue, por que nós conseguiríamos? – ela tinha um tom de “era inevitável” na voz – Depois da invasão no Ministério o nosso medo aumentou. Eu e Derick tínhamos assistido a um seminário sobre o feitiço Fidellius, resolvemos tentar. – Snape levantou o rosto, que continuava impassível, mas estava mais branco do que de costume e respirava fundo, como se tivesse corrido por algum tempo.
- Eu falei com seu pai assim que soube, mas ele me disse que estava tudo sobre controle, que não era necessário. Que haviam encontrado uma solução. Que eu deveria me preocupar com coisas maiores. Mas se as coisas pioraram, por que você não me procurou Diana? Você sabe que eu te ajudaria… - Dumbledore parecia triste.
- Mas nós conseguimos nos manter anônimos por uns meses Alvo. Você-sabe-quem andava à espreita, acho que não queria fazer alarde sobre sua volta. Mas como eu disse, depois da invasão no Ministério ele não tinha mais nada a esconder, e o nosso medo aumentou. Se eles conseguiram entrar no Ministério por que não nos encontrariam? E eu pensei em você, Alvo. Juro que pensei. Mas Derick me convenceu de que você deveria estar muito ocupado nesses tempos difíceis, que falar com outras pessoas só faria espalhar mais o nosso problema e aumentar a chance de que alguém nos encontrasse, que éramos capazes de conseguir sozinhos. E funcionou, a princípio. Como a idéia havia sido dele e… - os olhos dela encheram-se novamente de água – e a minha família confiava tanto naquele ordinário… Foi o Derick o escolhido para ser o fiel do segredo… E ele… Ele nos entregou três dias depois como prova de sua lealdade àquele-que-não-deve-ser-nomeado… - as lágrimas brotaram de seu olhos – eles nos entregou… A minha sorte é que eu não estava em casa na hora em que os Comensais chegaram, olha que ironia, eu fui ver como ia indo a obra na nossa casa… Quando eu cheguei em casa… - As lágrimas se intensificaram – Quando… Quando eu cheguei… Meus pais estavam… Eles estavam… amarrados… amarrados pelos pescoços à janela do segundo andar… Me lembro muito bem… Os olhos ainda abertos, minha mãe de avental… Devia estar fazendo o jantar… A marca negra flutuava acima da casa… flutuava com as palavras “traidores do sangue” brilhando abaixo em cor de sangue… Como se fosse um aviso… Um aviso do que está destinado àqueles que possam se pôr contra o lado negro… - Ela agora soluçava muito e as lágrimas rolavam descontroladamente.
Snape tinha um ar inquieto, um brilho maníaco tomou conta de seus olhos. Harry sentiu um embrulho no estômago ao imaginar a cena encontrada por Diana.
- Derick ainda teve a coragem… Ele teve a coragem de me deixar uma carta, dizendo que… que sentia só atração por mim e que foi… foi até bom ter convivido comigo, dava pra “passar o tempo”, - o rosto de Diana mostrava o mais profundo asco que ela agora sentia por ele – mas que ele tinha interesses maiores e sabia que eu não iria querer fazer parte dos planos dele… O safado disse na carta que, no começo, pensou em me convencer a segui-lo, mas sabia que eu seria inflexível e iria acabar atrapalhando os seus planos… Então ele foi “levando” o nosso noivado até quando desse. Me agradeceu por eu ter dado a chance a ele de “subir” na vida… E completou: “tiramos tudo que queríamos deles… como não prestavam pra mais nada… simplesmente demos fim”…
- Com licença, Alvo – Rosnou Snape, o brilho maníaco em seus olhos havia aumentado, parecia prestes a gritar, ou mesmo vomitar. – Eu já ouvi demais. – E saiu com cara de quem vai chutar a primeira coisa que ver.
- Meus pais, - continuou Diana ainda chorando – Eles já eram velhos… apesar de terem fibra, tortura-los teria sido fácil… E eu… Eu estava viajando sob o feitiço da desilusão sabe? Para que ninguém me visse… Até nisso o desgraçado pensou, eu não estava visível, mas quando eu peguei a carta, foi um aviso de que estava lá… Fui perseguida por três comensais… Por isso me assustei e ataquei Snape quando vi sua tatuagem… Desviei de centenas de feitiços aleatórios que vinham às minhas costas, mas um deles ricocheteou numa árvore e acertou meu joelho… O feitiço da desilusão me deu uma certa vantagem… Mas eles podiam me ouvir correndo, podiam ver minhas pegadas, e eu estava mancando… Então eu pulei no rio, para cobrir meus rastros, acho que consegui… Mas fui pega por uma corrente mais forte… Estava cansada, debilitada, o joelho lacerado, não consegui mais nadar… Acho que naquele momento não me importava se eu morresse… O rio me levou, eu desmaiei… Acho que em algum momento perdi a consciência e o feitiço se desfez… E então o Snape me salvou… E agora eu estou aqui… Mas não sei o que será da minha vida...
- Isso não importa agora minha menina, o importante é que você está segura, está conosco. Você agora está comigo. – A moça se abraçou mais forte em Dumbledore e deixou que a lágrimas rolassem mais uma vez.

N/A: Gente eu sei que eu demorei uma eternidade p/ postar, mas é que eu tava sem tempo e p/ completar perdi meu caderno onde estavam todas as anotações p/ minha fic… Snif… Sei tb q esse capítulo tá meio curto, meio triste, axo q ele tah msmo eh meia boca… rsrsrsrs… Mas eh um cap. neh? E eu precisava contar da onde ela veio, e a guerra é dura… Olha eu queria agradecer ao pessoal q lê minha fic por não ter me abandonado (eu espero…), e pedir q dexem coments p/ eu saber se vcs estaum gostando da Diana. (putz… Tô parecenu até a Hanna… rsrsrs… Bjaum especial p/ ti viu?… Adorei conversar com vc no msn). Bjus p/ geral.

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