O começo do fim



Querido diário, uso-te como forma de cravar meu legado neste mundo, até pouco tempo palco da maior guerra já presenciada. Guerra esta a qual fiz parte, auxiliando em seu desfecho de perdas e ganhos. Receio que mesmo tendo ajudado a salvar a população mágica das garras do maior monstro da história, ainda penso se realmente ganhei algo que equivalha o que perdi. Sim caro diário, Voldemort é o nome deste monstro, que por anos vestiu o nosso céu com uma capa negra marcada de sangue, provocando dor e sofrimento.
Foi numa noite incrivelmente negra que, ironicamente, começa o fim da nossa história. Raios acompanhados de estrondos exibiam o visual de um homem totalmente acobertado por uma capa negra, exceto por sua cabeça pálida que contrastava com o ambiente sombrio daquela noite. O homem corria desesperadamente sempre com o rosto apontando para um ponto em comum oculto pela noite, de onde escapavam gritos que ecoavam rajadas de luzes vermelhas e verdes, todas elas errando não por muito o homem da capa. Relampejadas exibiam fileiras de lapides do que seria um inconfundível cemitério. O local era habitado por arvores velhas que convenientemente findavam onde se começava o cemitério acobertado por folhas secas emanadas das arvores. O homem de capa estava agora escorando as costas em uma lapide, de forma que seu corpo ficasse totalmente escondido.
-Droga. Ele disse. Desse jeito eu vou ter que usar aquilo cedo demais.
A voz dele foi ofuscada pelo explodir da lapide que ele se escorava, quando um jato de luz azul se chocou com ela, o fazendo pular para outra lápide e se esconder.
Uma voz fina e nauseante ecoou pela noite e a imagem de outro homem, este totalmente oculto por um vestido negro e um capuz que só deixava transparecer sua boca de lábios finos e a ponta de seu nariz achatado, era Voldemort :
- É só isso que você tem Potter? Você que derrotou meus maiores discípulos, entre eles Snape meu braço direito? É só isso que você tem? Ainda não conseguiu me causar um arranhão! AVADA KEDAVRA. Ele completou em seguida ao ouvir ruídos em uma lapide a sua esquerda.
No instante seguinte um raio de luz azul vindo de uma lápide da direita, fez assovios em sua orelha esquerda. Uma voz sarcástica porem serena tomou de posse da noite alguns instantes:
- Também não consigo achar nenhum arranhão em meu corpo Voldemort. Zombou Harry Potter, o homem da capa que travava naquele momento a luta que decidiria mais do que o desfecho da guerra, o futuro do mundo.
Voldemort se recompôs do susto, observando cautelosamente cada canto do lugar em busca de algum sinal que o levasse à localização de seu rival.
-Por favor Potter! Nem sequer conhece o básico de um duelo! Será que eu devo lhe ensinar coisas como “tente desarmar seu oponente”?! Hogwarts deve mesmo ter caído o nível. Ele gritou aquelas palavras sem perder um segundo de atenção. – Deixa eu te ensinar uma coisa sobre varinhas que são irmãs: o lado mais forte atrai o lado mais fraco. ACCIO VARINHA! Ele balançou sua varinha apontado-a para cima e de repente uma força invisível começou a atrair os dois rivais de forma monstruosa e descontrolada. Harry apoiou os dois pés em uma lápide e os pressionou contra ela tentado resistir enquanto assistia Voldemort enfiar a mão desocupada no bolso e, em seguida, retirar uma segunda varinha, esta um pouco maior do que a primeira.
- Reconhece esta varinha Potter? Disse ele exibindo-a e a apontado para Harry, agora visivelmente lutando contra sua varinha em uma lápide a direita – Esta Potter, é a varinha de um incomodo. Esta Potter é a varinha de um bruxo que, eu devo admitir, representou uma grande ameaça para mim. O bruxo que mais chegou perto da vitória contra o lorde das trevas, mas foi morto. Snape o matou Potter. Esta Potter é a varinha de – Harry Gelou – Vítor Krum! CRUCIO!
O grito de Voldemort ecoou um jato de luz vermelha voando desesperadamente em direção a Harry, que impulsionou as pernas contra a lápide e desviou se desvencilhando do seu único apoio e sendo puxado contra Voldemort por sua varinha até chegar em uma outra lápide e conseguir se segurar, um pouco mais próximo de Voldemort.
Aquela era uma má situação, com a distancia em que se encontravam (no máximo 7 metros) não havia como desviar do próximo feitiço, a varinha de Harry estava totalmente invalidada. Harry não via solução. Harry começava a se conformar com a derrota, e fazia esforços para pensar que, ao menos havia derrotado Snape. Até que uma lembrança furiosa invadiu a sua mente como que uma injeção de idéias geniais. Harry sabia exatamente o que fazer, mas daria certo?
Voldemort com sua habitual frieza e sem anunciar, ergueu a varinha de Krum, e com um movimento rápido que lembrava os de um carrasco ele gritou:
- AVADA KEDAVRA!
Harry sorriu.
O relâmpago verde em movimentos horizontais voou em direção a Harry até esbarrar em uma espécie de barreira invisível e se dispersar até sumir, a dois metros de alcançar seu alvo.
- E esta Voldemort?. Sabe de quem é?
A mão de Harry, até então desocupada, segurava uma segunda varinha erguida como um troféu. – Esta Voldemort, é a varinha de Snape! Pena não poder dizer que ele já me foi uma ameaça... PROTEGO! Voldemort havia lançado um feitiço. As palavras de Harry o atingiram mais do que qualquer feitiço, embora somente seu nariz e boca fossem visíveis, seus lábios contorcidos e nariz mais parecido com o de uma cobra do que nunca, transpareciam a sua ira.
- Estupefaça! Era a vez de Harry atacar, o que forçou a Voldemort um pulo de salvação, acabando com a espessa luz fina que unia as duas varinhas, libertando Harry de ser mais e mais pressionado contra a lapide.
Harry se expôs para procurar Voldemort. Um jorro de luz verde foi se aproximando e ficando cada vez maior. Quando finalmente chegara a Harry, com um movimento altamente calculista, o mesmo simplesmente dobrou seu pescoço, e inclinou a sua cabeça lateralmente, dando espaços ao jato de luz que titubeou a sua orelha esquerda. Harry voltou a erguer a cabeça, passando a mão sobre os cabelos para reorganizá-los e olhou fixamente para o vulto que indicava Voldemort. A luta do século estava apenas para começar.

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