De Volta Ao Lago
~> Capítulo um: De Volta Ao Lago.
Juntou todos os papéis que estavam na mesa e tentou colocá-los todos numa gaveta, sem muito sucesso. A ruiva olhou para o relógio de pulso, já eram sete e quarenta.
- Ótimo! – murmurou para si mesma. – Não vou chegar a tempo! Mione vai ficar uma fera...
Ela olhou para um dos papéis em cima da mesa, que antes havia tentando colocar na gaveta e leu: Departamento de Aurores. Era lá que ele trabalhava. Ele, Rony e Mione.
Ela despertou do momentâneo devaneio e guardou todos os papéis de qualquer jeito numa outra gaveta e saiu da sala. Trabalhar no Ministério e na Seção que trabalhava, Departamento de Reversões Mágicas, não era tudo o que ela mais sonhara na vida, mas como não passara no teste de Auror, era aquilo que lhe restara.
A ruiva apartou em cima do canteiro de rosas da mãe e saiu dali, rápido, limpando a barra da calça jeans que vestia por baixo da capa. Pegou a varinha dentro de um dos bolsos e murmurou algum feitiço, fazendo as rosas ficarem novas novamente.
De lá de fora, já se dava para ouvir a algazarra de dentro da casa, certamente Louise, a filha de Fleur e Gui estaria gritando, birrenta, por algum pirulito, ou brigando com Neo, o irmão mais novo.
A luz da cozinha se acendeu assim que Gina abriu a porta e ela se assustou. A mulher a sua frente sorriu.
- Mione! Quer me matar de susto?
- É assim que recebe a aniversariante? – ela perguntou, sorrindo mais ainda. – Achei que ia receber os parabéns!
- Desculpe. Parabéns, Mione. – e abraçou a amiga. – Tome, comprei em Hogsmeade. Acho que vai gostar. – e entregou um pacote à amiga.
- Obrigada e vamos logo. Só faltava você, até Harry já chegou!
Gina gelou. É claro que Harry estaria ali, mas mesmo assim... Os dois namoraram por um tempo, uns três meses, no máximo, mas Gina sempre corava furiosamente em sua presença, desde que terminaram. Ela era arrastada por Mione até a sala e assim que chegou, quis morrer.
Ele estava ali, a íris verdes brilhando, os cabelos mais rebeldes e arrepiados do que nunca e o sorriso mais perfeito. O que conquistara ela para sempre. Resolveu prestar atenção em outras coisas e não pensar no quão perfeito ele estava.
Louise e Neo realmente brigavam naquela hora, mas assim que viram a tia, entreolharam-se sorrindo e correram para abraça-la. O Sr. e a Sra. Weasley estavam a um canto, conversando com Gui e Fleur, que tinha a mesma expressão de sempre, arrogante. Rony estava ao lado de Harry e os gêmeos, que estavam com carrinhos na mão.
- Gina! – cumprimentaram os gêmeos. – Há quanto tempo!
- Nem vem, Fred. Não tenho dinheiro para comprar suas varinhas falsas. – ela cortou, sorrindo aos irmãos. – E vocês me viram hoje de manhã.
- Seu cabelo está lindo hoje, irmãzinha! – Jorge elogiou, aproximando-se da irmã.
- Alguém já lhe disse que fica linda de rosa? – foi Fred que falou dessa vez. – Ou azul? Ou verde? Não, não, verde não. Mas fica agradavelmente deslumbrante de vermelho.
- Não vou cair nessa de novo, não. – ela alegou. – Da última vez que me elogiaram assim, eu acabei com furúnculos na b...
- Gina, querida! – interrompeu a Sra. Weasley, cumprimentando a filha. – Esperávamos por você!
- Bom, podemos comemorar o aniversário de Hermione, então, já que todos estão aqui. – disse o Sr. Weasley, indo para a cozinha e sentando-se à mesa e sendo acompanhado por todos, menos Harry e Gina.
- Como vai, Gina? – ele perguntou, educadamente.
- Ótima. – ela mentiu. – E você?
- Bem, também. Ouvi falar sobre uns casos sinistros no seu departamento hoje à tarde. – ele comentou, enquanto se emparelhava a ela e os dois começaram a andar.
- Ah, sim, sim. Nada muito alarmante. – ela disse. – Estava mais concentrada em lembrar-me de todos os feitiços para amanhã. – ele olhou-a, com um quê de curiosidade. – Teste para o Departamento de Aurores.
- Ah, claro.
Só sobravam dois lugares, um ao lado do outro. Não podia ser mais constrangedor. Os dois sentaram-se, enquanto havia uma algazarra gostosa em toda a mesa.
- Gina! – cumprimentou Fleur, enquanto colocava Neo na cadeira. – Há quanto tempo, non? Gui me disse qué amanhã serré seu teste parra o deparrtamento de Aurorres. Desejo-lhe sorrte. – completou, sorrindo.
- Obrigada Fleur.
- O inglês dela não melhorou nada, não é? – comentou a Sra Weasley, passando pela filha.
Hermione e Rony discutiam, como sempre sobre alguma bobagem, mas os olhares não deixavam de ser apaixonados. “E porque é que um secretário daria bombons numa caixa em forma de coração a você?”. Os gêmeos tentavam jogar algo na comida da Sra. Weasley, enquanto ela servia o marido.
- Onde está Carlinhos? – Gina perguntou ao pai.
- Ah, Gina, você sabe. Teve de viajar a Romênia outra vez. Aqueles dragões malditos atacaram um alojamento de soldados trouxas. Teve que ir lá reverter toda a memória deles e... Você sabe, isso demora.
Ela e Harry eram os únicos em silêncio na mesa toda. Comeram silenciosamente, apenas fingindo estar prestando atenção na conversa dos familiares. Trocaram poucas palavras, e assim que Gina terminou o jantar, murmurou um “Com licença” e subiu para o quarto.
Era do mesmo jeitinho desde que ela tinha sete anos. Pequeno, não tão abafado quanto o de Rony, com cortinas delicadas e cor-de-rosa tampando a janela e fotos em movimentos coladas na porta do guarda-roupa. Havia um espelho de corpo ao lado da cômoda. E aquele era o único quarto que tinha, também, um banheiro dentro.
Ela jogou-se na cama, sem se preocupar em tirar o tênis. Vestia-se como uma adolescente, sem se importar.
Porque é que aquele maldito Harry Potter tinha que mexer tanto com ela? Porque ela ficava pensando nele assim, sempre que o via? Se ele fosse só um mero amigo do irmão mais velho, ou um colega de trabalho, seria bem mais fácil, mas não. Se eles não tivessem se envolvido, se entregado a uma paixão fulminante, talvez fosse mais fácil também.
Desde a escola ela tentara encontrar um outro sorriso, que não fosse o dele. Uma outra voz, que não fosse como a dele. Outros cabelos rebeldes... Mas não. Nunca encontrara alguém.
É certo que, desde o quinto ano, não tremia em sua presença e não corava furiosamente com um simples olhar. Hermione lhe dera conselhos ótimos, para que ela se controlasse, mas no fundo, ela culpava a amiga e o irmão por tudo aquilo, a fim de achar outro culpado a não se o coração dela.
Afinal, se Mione e o irmão não tivesse começado a namorar, ela e Harry continuariam bons amigos. Mas, não. Assim que o namoro se iniciou, ela e Harry se aproximaram inevitavelmente.
Uma batida na porta a fez despertar e Mione pôs a cabeça para dentro.
- Não vai vir cantar parabéns conosco? O bolo está com uma cara ótima! – e sorriu, mas ao ver a expressão de Gina, entrou por inteira no quarto e fechou a porta. – Está assim por causa de Harry? – Gina assentiu e a amiga sentou na beirada de sua cama. – Fale com ele.
- Nunca.
- Orgulho ou vergonha?
- Noventa por cento de vergonha. – as duas riram.
- Olhe – Hermione começou, olhando para a porta, meio que verificando que estavam mesmo sozinhas. -, tenho que lhe contar uma coisa. Outro dia, ouvi Rony e Harry conversando. É claro, não queria dar uma de enxerida, já estava descendo as escadas de novo, mas aí ouvi seu nome. – Gina sentou-se na cama. – Ele ainda te ama.
- Como pode ter tanta certeza?
- Não acabei de dizer que ouvi a conversa?
- Mione, e se ele me ama, porque é que não vem falar comigo? Seria muito mais fácil!
- Pelo mesmo motivo que você, só que ele... Ele disse uma coisa realmente linda... Se Rony dissesse isso para mim, juro que o pediria em casamento. – as duas riram. – E sabe o que Harry disse? Que passaria por cima do infinito orgulho dele, se tivesse certeza de que você ficaria com ele. – Gina corou. – Vamos logo! Quero você no meu 21º aniversário!
Gina sorriu mais ainda e as duas desceram as escadas, fazendo toda a casa balançar. Todos estavam unidos em volta da mesa de jantar. Hermione se apressou e ficou a frente de todos. Rony a abraçou por trás assim que o parabéns terminou.
O mundo mágico estava muito mais tranqüilo após a derrota de Voldemort. A única coisa que ainda os amedrontava, era alguns ataques repentinos do Comensais da Morte, que vagavam furiosamente pelo país.
- Acha que conseguimos fazer alguns bolos desses que também deixem furúnculos, Gina? – perguntou Fred, sentando-se ao lado dela.
- Hã? – ela saiu da pequena distração. – Ah, sim, só não me usem como cobaia. Não foi muito agradável a sensação que eu tinha toda vez que me sentava, daquela vez. – ela disse, fazendo os gêmeos e Harry rirem.
- E você e Harry? Quando vão se convencerem de que não conseguem viver um sem o outro? – dessa vez foi Jorge que falou.
Os dois se entreolharam e coraram furiosamente, rapidamente desviando o olhar, para a satisfação dos gêmeos.
- Fomos inconvenientes? – perguntou Fred, inocentemente.
- Um pouco. – responderam os dois, em uníssono.
Eles riram e saíram da sala, deixando os dois a sós. Ela nunca iria se acostumar com as perguntas inconvenientes dos gêmeos. Eles sempre faziam isso quando sabiam que depois teriam chance de deixa-los a sós. Ela fingia estar profundamente interessada na cocha de crochê que cobria o sofá, enquanto ele fitava o pratinho de plástico do qual havia sido servido o bolo, com falsa concentração.
- Eles ainda me matam de vergonha. – ela murmurou, ainda corada, quebrando o silêncio constrangedor.
- É. Sempre nos pegam desprevenidos.
Ficaram mais uns segundo ali, até Rony imergir na sala, sorridente, e convida-los a ir ao jardim. Gina agradeceu a Merlim mentalmente por Rony existir e o seguiu.
- Ótimo crrianças! – disse Fleur. – Horra de irr parra a cama, agorra! Amanhã vocês tem mais jogo de Quadrribol com Frred e Jorrge. Vamos! – e empurrava os filhos, que resmungavam, até dentro da casa.
- O inglês dela continua o mesmo, desde que ela veio para cá. – disse Gina a Gui, que olhava sonhadoramente a esposa.
- Não seja assim, Gina. Veja só, ela já quase fala inglês perfeitamente! – ele disse. Ela ergueu a sobrancelha. – Tá, não tão perfeitamente...
Ela riu e se afastou.
A noite era calorenta, gostosa. E a Lua no céu era infinitamente bonita. Ela foi andando para trás da casa, até chegar ao lago em que ela, Rony, Mione e Harry costumavam se divertir durante as férias. Sem se preocupar em tirar a roupa, jogou-se no lago.
A água gelada de sempre causou-lhe um frio na espinha e ela voltou à superfície. A última vez que havia mergulhado ali foi no dia em que terminara o namoro com Harry.
- Recordando Hogwarts, Gina? – perguntou uma voz conhecida, de fora do lago e ela não precisou olhar para saber quem era.
- Você me persegue, é? – ela perguntou, jogando os cabelos para trás.
Harry riu.
- Não posso evitar. Quando vi já estava aqui.
Ela foi indo vagarosamente até ele, enquanto ele se sentava. Colocou os braços para fora do lago, e deitou a cabeça neles.
- Era tão bom. – ela comentou.
- O quê?!
- As férias de Hogwarts.
- Ah, sim. Eram.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo.
- Não quer entrar? – ela perguntou, sorrindo.
- Estou de roupa! – ele comentou, retribuindo o sorrindo.
- E daí? Deixe de ser tão certinho, Harry! – ela retrucou, tremendo com o sorrido que havia recebido.
Ele pensou por um milésimo de segundo e tirou os sapatos. Ela, apesar de já estar dentro d’água, tirou os sapatos molhados e jogou-os ao lado dos de Harry. Ele tirou a capa e a camisa e ela prendeu a respiração. Há quanto tempo não via aquele tórax perfeito?
Nesse lapso de distração, ela sentiu-se ser agarrada e depois ser jogada para cima. Harry havia feito a mesma brincadeira que sempre faziam, quando ainda eram namorados. Jogava-a para cima e ela caia no lago gostosamente.
Assim que Gina voltou a superfície, os dois gargalharam.
- Você me pegou desprevenida! – ela reclamou, assim que recuperou-se da gargalhada.
- Era assim que fazíamos! – ele comentou.
Os dois riram fracamente e coraram.
- Você sente falta? – ela perguntou. – De nós?
- Sinto. – ele disse, coçando a nuca. – Mas você sabe o porque de termos terminado e...
- Voldemort. – ela disse, amarga. E ele assentiu. – Ele não existe mais, graças a Merlim! – ele concordou de novo. – Ei! Graças a Merlim nada! Graças a Harry Potter!
Os dois riram novamente.
- Não é tudo muito estranho? – ele perguntou.
- O que?
- Nós dois, aqui, depois de tudo e... Com essa idade.
- É. Vinte anos não é uma idade para se divertir, sem preocupações, num lago, não é?
Ele assentiu com a cabeça e jogou-a, desprevenida, para cima novamente. Assim que ela voltou a superfície, ele gargalhou.
- É engraçado te ver com cara de desespero quando te jogo!
Ela sorriu fracamente. Era como se tivessem voltado aos tempos em que namoravam e aquilo a fazia sentir-se infinitamente melhor.
N/A: Bom dia, corações! Huhu =D. Bom, é minha primeira Fic, espero que gostem. E comentem! Beeeeeeijo :*
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