O Casamento



Uma hora depois, na estação de trem, o silêncio pairava em meio à neblina, o tempo frio fazia par com o sentimento de cada um dos alunos que amontoavam os bancos. Rony, Harry e Hermione, procuravam ao máximo sorrir, Fleur não parava de fitá-los como se os vigiasse. Ao lado dela, numa maca, Gui dormia tranqüilamente, as cicatrizes deixadas pelas mordidas ferozes de Greyback estavam ocultas por um ungüento preparado especialmente para aquela ocasião em uma parceria de Lupin e Madame Pomfrey. Um pequeno pote de vidro cheio deste ungüento estava guardado na bolsa da senhora Weasley que segurava um lenço molhado, mesmo que desde alguns minutos atrás tivesse parado de chorar, a certeza de que Gui ficaria bom a deixava calma. Triste, porém calma. Ao seu lado, Fred e Jorge escreviam uma carta pedindo aos funcionários da loja, que a fechassem e fossem pra casa, que ficassem com sua família até próximos contatos, sentiam-se extremamente culpados pela fuga de Malfoy e os Comensais da Sala Precisa, o que lhes restara de bom senso, dizia que era hora de concentrar-se em coisas mais sérias. Teriam que ajudar Harry, Rony e Hermione a sair sorrateiramente do casamento de Gui e Fleur, mas ainda não sabiam como fariam isso. Terminaram a carta, e foram se juntar ao irmão e seus amigos.
-E aí? Alguma idéia? -, perguntou Jorge enrolando o pergaminho e amarrando-o com uma fita azul contendo as palavras “Oficial”.
-Bom, nós poderíamos pedir a mamãe e papai que nos deixassem passar um tempo na casa de Harry, mas não acho que eles concordariam. – disse Rony, seus cabelos ruivos estavam muito bem penteados e partidos ao meio. Segurava o malão de Hogwarts e mais uma sacola com a roupa para o casamento. Seguiriam o trem até as colinas que ficavam a quase dez minutos de Hogwarts para que pudessem aparatar para a Toca. Gui tinha que descansar para o casamento.
-Bom, eu acho que nós realmente deveríamos falar com Fleur sobre isso. Aliais, é o casamento dela. –replicou Hermione, seus cabelos estavam elegantemente presos com fitas douradas, mechas caiam sobre a franja e a maquiagem delicada ainda enfeitava seu rosto. Assim como Rony, segurava uma sacola onde estava seu vestido e sapatos.
-Se contarmos a Fleur, a senhora Weasley vai descobrir, e ficará extremamente irritada com o fato de Fleur ter escondido nossa fuga. Poderíamos contar pro Gui, mas não acho que ele vá se recuperar sequer para o casamento. –Harry, cujos cabelos não permitiam ser arrumados, fitava a maca onde estava deitado o irmão de Rony. Ele parecia ter razão. Gui mal respirava e não tinha feito movimento algum desde que saíra da Ala Hospitalar, Fleur insistira que, em épocas como estas, não era permitido adiar-se nada e saiu arrastando Gui porta afora. Madame Pomfrey, sem humor para gritar em posição contrária, correu para entregar o frasco de ungüento para Weasley, era uma mistura da poção de Acônito de Lupin e ingredientes cicatrizantes.
Harry repousou sua sacola no chão e levantou-se de súbito. Correu em direção à Hogwarts com Rony e Hermione a seguí-lo.
Em um canto, só sobrou Gina, a garota parecia ter onze anos novamente, encolhida num canto, sem falar nada.
-Tente relaxar. –consolou Fred, às suas costas Jorge balançava a cabeça concordando.
Gina soltou um gemido baixo e repousou a cabeça nas palmas das mãos. Lágrimas discretas escorriam por entre seus dedos, mas ela logo se recompôs e fingiu um sorriso simpático para os irmãos. Prometera a si mesma que não ficaria triste, que entenderia, mas em minutos percebera que isso seria algo difícil de se fazer.


No castelo, Rony e Hermione corriam depressa para acompanhar Harry. Chegaram num corredor estreito do sétimo andar, numa das paredes um quadro vazio, onde antes trasgos tentavam aprender balé, estava torto e com a moldura ligeiramente quebrada, uma armadura no canto estava derrubada no chão e em vários pontos o teto parecia queimado. Ela virou-se para uma parede vazia a tempo de ver uma porta materializar-se do nada, a maçaneta girava, e a porta se abriu. Dela saia Harry.
-Harry? – perguntou ela. Harry fechou a porta, mas Hermione pôde ver de relance várias folhas flutuando em direção ao chão, muitas delas queimadas.
-Você destruiu o armário? – Rony perguntou ainda sem saber o que o garoto havia ido fazer. Harry abriu a boca para responder, mas Hermione já começara a falar.
-Rony! –ela disse enquanto beijava o menino na bochecha deixando-a extremamente vermelha. -É assim que vamos sair em busca das Horcruxes! Esse armário dá na Borgin e Burkes, não é? De lá podemos passar pela Travessa do Tranco e chegar logo no Beco Diagonal! É perfeito!
-Mas... E se destruírem o armário antes da volta as aulas? Aí nós estaremos presos em Hogwarts até o Natal. Isso se Hogwarts realmente for abrir ano que vem... –disse Harry desanimado.
Hermione entrou na sala e voltou alguns minutos depois com algo nas mãos. Era o armário, havia sido reduzido por magia até caber na palma de sua mão. Ela abriu a porta e chamou-os. Hermione colocou o armário atrás de algumas esculturas cinzas e velhas, muitas delas com alguns pedaços a menos. –E vocês realmente acham que um ano em Hogwarts não lhes vai fazer diferença!
-Genial! –exclamou Rony alegre. –Mas, e se as aulas não voltarem como Harry disse? –o silêncio foi a resposta.
-Encontro vocês depois – disse Harry quebrando o silêncio e virando-se para a entrada estreita de uma das torres. Ele subiu as escadas e logo chegou à sala de Astronomia, deixando Hermione e Rony para trás. Sentiu o estomago revirar dentro de sua barriga, e um forte enjôo o invadiu. Seus olhos correram pela sala atentos. Chegaram na janela e só era possível ver a neblina daquele dia frio. Ele vacilou até a janela e debruçou-se na pedra fria, era uma queda e tanto... Resistindo a breve idéia de deixar-se cair, ele saiu de perto da janela, agachou-se e pegou sua capa da Invisibilidade, ela com certeza lhe seria útil no futuro e aliais, pensou ele, lhe seria muito útil naquele exato momento. Ele começou a descer as escadas e, assim como imaginara, conseguiu ver Rony e Hermione parados no corredor. Vestiu a capa e passou despercebido por eles. Pegou um atalho rápido para ficar frente a frente com a gárgula de pedra que escondia a passagem para a sala de Dumbledore, que agora era a sala de McGonagall. Ele ditou a última senha que usara para entrar ali, mas nada aconteceu. Então... A nova diretora já mudara a senha... Era uma pena, pensou Harry triste. Saiu e voltou para onde estavam os amigos.
-Você demorou... –disse Rony ao ver o menino chegar. - Que foi fazer?
-A capa... Tinha esquecido na Torre de Astronomia –Harry baixou os olhos e começou a descer as escadas em um ritmo rápido e constante ignorando totalmente a expressão no rosto de Rony enquanto ele dizia “mas, a torre de astronomia é para o outro lado”.
-Onde vocês se meteram? – perguntou a Senhora Weasley quando chegaram na estação. Ninguém respondeu, apenas entraram no Expresso.
Gina passou rápido pelo compartimento onde os amigos se encontravam e seguiu em frente. Ela sentou-se com Fred, Jorge, Fleur e Gui, que ocupava muito espaço na apertada cabine do trem. Enquanto o pai de Hermione contava para o Senhor Weasley como se usar a máquina de fax e a Senhora Weasley ensinava a mãe da garota a usar ingredientes bruxos fáceis de achar no mundo trouxa para temperar um assado com batatas, Harry contava para Lupin e Tonks tudo o que acontecera ano passado, desde quando vira Malfoy na Travessa do Tranco e quando o atingiu com a magia Sectusempra para impedi-lo de usar uma das Maldiçoes Imperdoáveis, até o que ouvira na Torre de Astronomia. Foi quando Hagrid apareceu na porta da cabine e chamou Harry.

O trem logo parou, e todos desceram inclusive Hagrid. As crianças, exceto Hermione que agora tinha licença para aparatar, agarraram no braço de algum adulto e foram para A Toca. Chegaram e correram para trocar de roupa, estavam exaustos da viagem. O casamento seria em dois dias, só podiam torcer para que Gui melhorasse.
Já no segundo dia, Gui conseguiu levantar para tomar café da manhã com todos. Harry, Rony e Hermione sentaram ao redor da mesa e foram servidos de uma grande quantidade de rodelas quentes de massa cobertas por uma espessa camada de molho. As panquecas da Sra.Weasley nunca haviam descido tão secas pelas gargantas de Rony, Hermione e Harry mesmo que nunca tivessem sido cobertas com tanto molho. O clima na Toca não era aconchegante como antes. A Sra.Weasley estava muito preocupada com Gui e no primeiro dia brigou com Fleur mais do que Harry havia visto durante um ano inteiro. O Sr.Weasley estava muito ausente, sempre no Ministério cuidando de assuntos oficiais e rezando para não ser demitido. Fred e Jorge passaram o dia inteiro no quarto fazendo barulhos e explosões enquanto Gina se recolhia a qualquer canto escuro que achasse e ficava ali até que Harry aparecesse. Ela então levantava e dobrava o corredor ou se trancava no banheiro. Quando foram dormir Gui já estava muito melhor e, portanto, no dia seguinte o casamento foi arrumado em meio a muita correria. Os ajustes finais pareciam mais a preparação da festa inteira. O Sr.Weasley conjurava cadeiras e mesas enquanto a Sra.Weasley cobria cada uma delas com um pano de seda cor pêssego e flores amareladas. O quintal estava com a grama mais verde do que nunca e logo os convidados chegaram.
Assim que todos haviam tomado seus lugares uma música suave começou a tocar. Um bruxo de aparência idosa entrou no quintal dos Weasley, trazendo consigo uma paz e um silencio imediatos. Até um bebê que chorava num carrinho balançado por uma mulher de cabelos loiros sentada ao lado da mãe de Fleur parou de berrar para ver a cerimônia.
Em seguida, entrou Fleur, seu vestido era longo e ressaltava seus ombros. Branco-pérola e reluzente, ele balançava suave ao caminhar da mulher que se dirigia ao altar onde Gui esperava com um terno preto de botões dourados. Os braços do noivo se encontravam cruzados em suas costas dando um ar respeitoso e charmoso ao filho mais velho dos Weasley. Ele deu a mão para ajudar Fleur a subir no altar e cambaleou um pouco. O padrinho, um anão de Gringotes, tentou segurá-lo, mas era pequeno demais e acabou causando a queda do amigo. Hagrid levantou de uma cadeira no fundo do quintal e correu para ajudar Gui. Ele se levantou e agradeceu ao homem gigantesco que, tentando ajudar, machucava seu braço. Hagrid ficou então do lado do altar, não em cima, mas perto, para que se algo acontecesse ele ajudasse. A cerimônia então correu normalmente,Gui precipitou-se para frente algumas vezes, mas nada de grave. Harry brincava com um pequeno caramujo na ponta de seus dedos enquanto o homem mais velho recitava versos de um livro grosso.
-As varinhas – pediu o Bruxo e Harry voltou a prestar atenção no casamento. Fleur ergueu sua varinha e Gui a dele, o bruxo pegou-as e trocou-as de lugar, dando a varinha de Fleur para Gui e a varinha de Gui para Fleur. Eles seguraram as varinhas ao lado do corpo e o homem voltou a falar. – As alianças – O padrinho de pouca altura aproximou-se enquanto a madrinha, uma mulher quase duas vezes mais alta que o anão e de cabelos loiros brilhantes, chegou mais perto de Fleur. Eles abriram duas caixinhas pretas e Harry viu que elas estavam vazias. Se debruçando sobre a cadeira da frente que estava desocupada, Harry viu Fleur e Gui andarem para perto das caixinhas. Gui levantou a varinha e Fleur também. Ambos conjuraram alianças com a varinha do outro. Com um pouco de dificuldade, eles conseguiram conjurar dois anéis idênticos. O bruxo ordenou que destrocassem as varinhas e Fleur e Gui se beijaram.
Finalizada a cerimônia todos se apertaram pra dentro da Toca, conversando e rindo. Rony, Harry e Hermione discutiam sobre o que fazer para achar as Horcruxes restantes.
-Talvez fosse melhor descobrirmos quem é R.A.B... Já que ele sabia da primeira Horcrux, talvez saiba das outras. E, se não souber, vamos ter achado uma Horcrux de qualquer jeito... –refletiu Hermione enquanto cutucava a carne em seu prato.
-Mas, se ele vai destruir a Horcrux, não precisamos ir atrás dela. – devolveu Harry com a boca cheia de arroz.
-Harry. Voldemort só encontraria aquela horcrux se morresse novamente. Ou seja, R.A.B. não vai destruir a horcrux por enquanto. Ele vai usar a horcrux em uma troca provavelmente. –disse Hermione. –E mesmo que voldemort morresse, ele poderia ir atrás de outra horcrux que não seja o medalhão... –disse Hermione antes de tomar um longo gole de suco de abóbora.
Harry apenas silenciou-se. Hermione continuou pensativa e Rony comia seu terceiro prato de arroz com carne e batatas.
Depois que os convidados se retiraram, Harry subiu ao sótão onde estava dormindo e arrumou seu malão. Dormiu imaginando se não seria melhor deixar Rony e Hermione para trás e seguir sozinho. Seria uma tarefa perigosa... Adormeceu enfim e foi acordado por Rony logo que o sol apareceu por trás dos pinheiros do quintal da senhora Weasley.
-Harry, vamos de Pó de Flu. Venha logo!
Rony e Hermione entraram na lareira e depois era a vez de Harry. Ele pegou um punhado de Pó de Flu e jogou na lareira. Essa era a hora. Se quisesse partir sem os amigos, bastava dizer um destino diferente dos deles. Ele pisou no fogo e foi coberto pelas chamas.

Harry começou a girar e a sala dos Weasley sumiu. Ele podia ver as pequenas portinhas dos canais de Pó de Flu aparecerem ao seu redor e desaparecerem rapidamente. Será que tinha feito a escolha certa? A cabeça de Harry continuou girando mesmo depois que a viagem acabou. Ele não conseguia parar de pensar na sua escolha. As palavras que dissera quando entrou na lareira... Seus pensamentos foram interrompidos por uma mão que segurava seu ombro e ajudava-o a se levantar.
-Você está bem?
As vozes de Hermione e Rony o ajudando a se levantar limparam todas as dúvidas de sua mente. Como podia ter pensado em se distanciar dos amigos? Seria muito mais difícil se tentasse fazer tudo sozinho.
-Agora estou. –ele respondeu e levantou-se.




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Como vocês podem ver, eu juntei os dois primeiros capitulos e FINALMENTE postei! ^^

Sim, estou de volta a ativa! Vou demorar um pouco para postar os próximos capitulos porque estou em epoca de prova!

Obrigado aos que continuam lendo mesmo com essa ediçao!

;*

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