Capítulo 11
As malas já estavam prontas, no saguão do hotel, antes do café-da-manhã do sábado. Harry e Hermione haviam alegado uma emergência de família em Londres para explicar ao Sr. Reaper por que iam embora de maneira tão inesperada, e na noite anterior haviam decidido que Harry, Ron e Hermione voltariam para a Toca, de onde tentariam contato com Neville para descobrir se ele sabia de alguma coisa que pudesse ajudá-los, enquanto Lupin e Tonks pediriam ao Hospital St. Mungus uma permissão especial para falar com Frank e Alice Longbotton.
Ansiosos para continuar com a investigação, eles mal engoliram o café, pegaram as bagagens e desceram apressados a escadaria da frente do hotel. Mas antes que chegassem no último degrau, três envelopes, com os nomes de Harry, Ron e Hermione escritos na conhecida tinta verde de Hogwarts com a caligrafia caprichada de McGonnagal, foram lançados aos pés do grupo por uma gorda coruja marrom que estava pousada num poste próximo.
Sem abrir o envelope, Harry guardou-o no bolso da calça. Embora não fosse voltar à escola, ele sabia que se não recebesse a carta as corujas não parariam de persegui-los, e ele não tinha tempo para perder com isso. Mas Hermione havia aberto o envelope dela, e comentava desolada:
- Metamorfomagia? Não acredito que vamos sair da escola bem agora, que iamos ter aulas de metamorfomagia... e Animagia!!! Ah, não!!! Que droga...
Ron, no entanto, tinha se lembrado de outra coisa:
- Harry, as listas do material da escola sempre chegam...
- ... no dia do meu aniversário! - ele completou. Havia se esquecido completamente! Sempre passava esta época do ano entediado na casa dos tios, e pela primeira vez estava tão empenhado trabalhando em uma coisa tão importante que nem tivera tempo de pensar nisso.
- Parabéns, Harry! Poxa, você nem falou nada! Podíamos ter preparado alguma coisa... - disse Tonks, envergonhada por não terem se lembrado da data - Você quer comemorar? A gente pode almoçar em algum lugar...
- Pra falar a verdade, tem uma coisa que eu quero fazer sim. Eu queria visitar o túmulo dos meus pais...
E sem ter como negar o único presente que Harry pedia, os quatro concordaram em pegar um taxi até o pequeno cemitério da cidade, antes de irem para a estação de trem.
Enquanto Hermione, Ron, Lupin e Tonks aguardavam no carro, Harry desceu e começou a andar entre os jazigos malcuidados, tomados pelo mato e cobertos de vasos com flores secas. Aquele não era bem o lugar ideal para comemorar uma data especial, mas ainda assim, Harry pensou, não queria ir embora da cidade sem passar por lá. Depois de alguns minutos de caminhada, ele finalmente encontrou a lápide com os nomes de James e Lilly Potter, descritos como "pais amáveis, amigos nobres e cidadãos corajosos".
Sobre seus nomes, em pequenas molduras, duas fotos de trouxa desbotadas mostravam seus rostos. A visão daquelas fotos foi um choque para Harry. Era como se, pela primeira vez, ele estivesse vendo seus pais realmente mortos. No mundo bruxo, todas as vezes que ele os vira, eles estavam se mexendo, acenando pra ele, falando com ele. Aquelas fotos sem movimento, sem cor, sem vida, pareciam muito mais macabras do que qualquer túmulo mal cuidado ao seu redor.
Depois de quase uma hora esperando, os quatro amigos começaram a se preocupar com Harry. O cemitério parecia completamente vazio. Nenhum ruído vinha lá de dentro, o que aliviava o medo de que ele tivesse sido atacado por alguém ou alguma coisa. No entanto, este pensamento não diminuía a tensão que a espera provocava.
Hermione foi a primeira a se manifestar:
- Será que ele ainda vai demorar?
- É... Não sei como alguém pode passar tanto tempo olhando para um túmulo... - intrometeu-se o motorista do taxi, impaciente.
- Vou até lá buscá-lo - decidiu Lupin, descendo do carro.
Pouco tempo depois ele voltava, com o rosto cheio de preocupação e um pedaço de papel nas mãos:
- Desçam daí. Me ajudem a tirar as malas. Parece que vamos nos demorar um pouco mais aqui em Godric's Hollow...
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