A vida nos espera...
Harry estava visivelmente impaciente. Ron e Mione estavam 20 minutos atrasados. Ele sabia onde os amigos estavam, mas avisou o horário, estava ansioso para acabar com tudo aquilo... Ginny olhava para o namorado, acercando-o de cuidados e conselhos.
- Calma Harry, não vai explodir com os dois porque o momento que eles estão vivendo é muito importante... você sabe disso tão bem quanto eu. E eles poderão nos ajudar quando chegar a nossa vez ...
Harry não queria pensar nisso também. Ela pensara em pedir conselhos? Ah, garotas se entendem... será que ele teria coragem de perguntar essas coisas ao amigo? Tentara dormir mas não tinha conseguido, não conseguia tirar Ginny ou o que havia quase acontecido entre eles da cabeça... ficava zonzo só de se lembrar dos deliciosos momentos que tivera com Ginny... e um medo crescente brotou em seu peito. Um medo de que aqueles momentos mágicos não durassem para sempre, um medo de perder tudo... Ginny percebeu na hora.
-Harry, medo agora é um sentimento proibido. Você sabe. Se você sentir medo, Voldemort saberá. Tudo o que ele quer é ver você com medo, você não vê? Isso com certeza o atrairia, e o traria direto para cá. Ainda bem que Hogwarts ainda está segura.
Ela tinha razão... O ponto fraco que poderia levar Voldemort a encontrá-lo era o medo. Um medo que ele jamais teve. Ele ainda tentou argumentar.
- Ginny, antes eu não tinha tanto medo porque não estava apaixonado... não tinha ninguém que eu amasse tanto! Eu nunca senti na minha vida o que sinto por você, quero você do meu lado pra sempre, tenho medo de perder você e...
Ele tinha lágrimas nos olhos. Lágrimas que ele teimava em engolir, mas que teimavam em rolar...
Ela o abraçou com carinho e disse:
- Então, quando pensar em mim, pense nas coisas boas que vivemos. Não anteveja vitória ou derrota. Não tenha medo de perder o que é seu! Em nossa vida, ainda ganharemos e perderemos muito! Mas, se começarmos a lamentar antes que as coisas aconteçam, não vivemos o presente, e perdemos a chance de sermos felizes no agora...
Ginny beijou Harry com muito amor. Ele sentiu um calor muito peculiar invadindo-lhe, uma onda de bem estar e carinho engolfou-o, sossegando seu coração, abraçado àquela mulher tão forte que era Ginny.
Ron e Mione chegaram correndo, pedindo desculpas.
- Nossa cara, foi mal, perdi a noção do tempo e...
- Tudo bem Ron. Tá tudo bem. – Harry realmente havia sido tranqüilizado por Ginny. – Vamos começar então? Temos muito o que fazer!
E lá estavam os quatro, novamente debruçados no diário e nas letras das músicas.
Recomeçando, desde a primeira página, haviam impressões de James e Lily antes de ficarem juntos. A história de Ron e Mione tinha algo de parecido, muitas brigas, muito ciúme... nessas páginas, nada de música.
Foram seguindo um pouco mais, mas as informações eram mais interessantes para eles mesmos, já que falavam de coisas típicas de adolescentes: medos e inseguranças, inveja, briguinhas bobas, desafetos, meninas invejosas, meninos inseguros, etc., do que para o propósito de derrotar um bruxo maligno. Por isso eles não se demoravam muito nessas partes.
Chegaram então numa passagem interessante (e Harry sabia que essa era uma das partes que os pais falaram que poderia levar à respostas): James indo à casa dos pais de Lily para pedir a mão dela em casamento! A letra era de Lily nessa passagem (afinal mulheres constumam se expressar um pouco melhor e com mais detalhes, não é mesmo?).
# 31 de julho de 1974. Em algum lugar da Escócia (não sei onde estou!)
Era um lindo domingo ensolarado... eu estava curtindo o verão na casa de praia de um amigo da família, relaxando com alguns amigos e meus pais. James e eu faríamos aniversário de namoro em dois dias: três anos juntos! Eu estava radiante, nada no mundo estragaria minha felicidade.
Apesar da intimidade que já havia entre nós, e em parte por minha criação trouxa, não chegamos aos “finalmente”. Acho que a minha virgindade é algo que só posso oferecer para quem realmente merecer...
Não que ele não mereça, é que ele tem um passado que ainda me incomoda de vez em quando, principalmente quando vamos a algum lugar e a mulherada fica toda em cima dele...
Enfim, estava eu absorta em meus pensamentos, quando senti aquelas mãos quentes e os braços musculosos que as seguiam... James estava ali, do meu lado, me beijando muito feliz, com um brilho nos olhos...
Ele de repente ficou sério. Disse num tom de preocupação:
- Venha até aqui na sala, precisamos ter uma conversa séria.
Eu pensei: conversa séria na sala com todo mundo dentro? Ah, conta outra... no mínimo os meus pais saíram e ele queria se aproveitar do momento sossegadamente... Com uma expressão indefinível de curiosidade me deixei levar por ele.
Tomei um dos maiores sustos da minha vida ao encontrar uma festa armada dentro de casa. Muitas pessoas chegavam, amigos e parentes nossos, incluindo Sirius, Remo, Pedro (os melhores amigos de James).
E assim, sem mais nem menos, uma música começou a tocar. “Only Yesterday”, dos Carpenters. Pra minha surpresa, porque eu não sabia que James conhecia música trouxa. Eu amava demais aquela música, vivia cantarolando... é isso, ele deve ter prestado atenção em mim!
Fui tirada do mundo dos sonhos ao reconhecer que a voz que vinha do aparelho era de James, não dos Carpenters. Ele me disse com lágrimas nos olhos:
- Desculpe por não cantar ao vivo, eu não conseguiria hoje... porque tenho algo muito importante pra te dizer.
“After long enough of being alone (Depois de estar sozinho por bastante tempo)
Everyone must face their share of loneliness (Todo mundo deve enfrentar sua cota de solidão)
In my own time nobody knew (Na minha vez (de enfrentar), ninguém soube)
The pain I was goin' through (A dor pela qual eu estava passando)
And waitin' was all my heart could do (E esperar era tudo o que o meu coração podia fazer)”
James estava nervoso, os amigos provocavam-no sem sucesso. Ele estava surdo para o mundo todo, menos para mim. Senti os olhos dele rasos d’água... o coração dele parecia querer sair pulando pela boca...
“Hope was all I had until you came (esperança era tudo o que eu tinha até que você chegou)
Maybe you can't see how much you mean to me (Talvez você não consiga ver o quanto significa para mim)
You were the dawn breaking the night (Você era o amanhecer quebrando a noite)
The promise of morning light (A promessa de uma manhã ensolarada)
Filing the world surrounding me (Completando o mundo, me cercando)
When I hold you (Quando eu te abraço)”
Todos nos olhavam ansiosos. Percebi que meus pais e todos ali sabiam algo mais do que eu... James se ajoelhou na minha frente.
“Baby, Baby
Feels like maybe things will be all right (Parece que talvez as coisas vão ficar bem)
Baby, Baby
Your love's made me (Seu amor me fez)
Free as a song singin' forever (Livre como uma música, para sempre cantando)
Only yesterday when I was sad (Somente ontem, quando eu estava triste)
And I was lonely (E estava solitário)
You showed me the way to leave (Você me mostrou uma maneira de deixar)
The past and all its tears behind me (O passado e todas as suas lágrimas para trás)
Tomorrow may be even brighter than today (Amanhã poderá ser ainda mais iluminado do que hoje)
Since I threw my sadness away (Desde que eu me livrei da minha tristeza)
Only Yesterday (Somente ontem)"
Ele tirou uma caixinha de dentro do bolso, e abriu. Havia um imenso anel de brilhantes dentro dela, eu sabia o que era aquilo mas não conseguia acreditar que ele pudesse ser tão romântico...
James falou em alto e bom tom, a voz um pouco embargada pelas lágrimas que rolavam em sua face.
- Casa comigo, Lily.
Eu não tinha palavras. Eu fiquei paralisada por segundos. Até que voltei a mim, e percebi que chorava com ele... E a melhor maneira de responder essa pergunta de James estava na música que ele cantava... e eu cantei para ele:
“I have found my home here in your arms (Eu encontrei meu lar aqui, em seus braços)
Nowhere else on earth I'd really rather be (Não há mais nenhum outro lugar no mundo que eu queira estar)
Life waits for us (A vida espera por nós)
Share it with me (Divida-a comigo)
The best is about to be (O melhor está por vir)
So much is left for us to see (Há tanta coisa pra nós vermos…)”
Não consegui cantar mais. Ele não falava mais. Um beijo (seguido de aplausos, gritos, etc.) selou aquele que foi o pedido de casamento mais maravilhoso que eu nem podia imaginar nos meus sonhos... Como te amo James, como te quero, como preciso de você...
Agora sim. Ficou fácil pensar em finalmente me entregar à você. É tudo o que eu mais quero!!!#
Harry estava completamente paralisado de emoção. Ele sabia que o que os pais sentiram é o que ele sente, e todos estavam com lágrimas nos olhos, até mesmo Ron. Quando ouviram a música, aí foi demais: a emoção bateu muito forte, incontrolável... E ele sabia que, entre outras coisas, aquilo significava que ele precisava assumir uma postura correta com os Weasley com relação à Ginny... e ao mesmo tempo ele também soube que não podia mais adiar a primeira vez deles.
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