Impenetrável



38º capitulo – Impenetrável

O sol naquela manhã estava mais forte que o normal. Olhei ao redor e vi que estava sozinha no jardim. Respirei fundo. Me deitei na grama fofa e pus meus óculos de sol. Aquele sol talvez me fizesse bem. Tirasse de mim toda aquela angústia.

-Você não pode sempre fingir ser quem não é – uma voz disse vinda não sei de onde. Continuei parada, sem me mover.

-Você não me atingi – disse convicta – Eu sou assim...Nunca finjo.

-É como dizem...Uma mentira contada cem vezes se torna verdade.

-Não sei do que está falando – disse calmamente.

O sol continuava queimando.

-Você sabe...Porque começou tudo isso? As preocupações com sua vida social, tudo isso. Você gosta, eu sei, mas está se esquecendo de viver.

-Você não sabe de nada – disse.

-Claro que sei...Você gosta dele, mas seu orgulho não deixa não é? Puro orgulho, as preocupações erradas na sua cabeça. Se concentre naquilo que quer.

-Quero continuar popular – disse.

-Você sabe que vai continuar sendo. Você só precisa decidir se vale a pena correr atrás daquilo que quer.

-Quem é você? – perguntei exasperada.

-Olhe você mesma.

Uma sombra tampava o sol. Abri meus olhos e me assustei no principio. Era como me olhar no espelho. O uniforme de Hogwarts, sem a capa. Levantei e fiquei encarando minha cópia.

-O que você quer? Quem é você?

-Sou você mesma Gina...Você precisa saber.

-Saber do que?

-Saber o que quer...Só isso. Você não é mais uma menina.

Meu clone começou a me chacoalhar freneticamente. Eu tentava me livrar daqueles braços e não conseguia.

-Gina...Gina...Gina...

Abri meus olhos de repente. Ásis me encarava.

-O que foi? – perguntei enquanto me sentava na cama.

-Estou te chamando há vinte minutos. Você vai se atrasar.

-Está certo – disse e me arrastei em direção ao banheiro – Que sonho estranho – disse a mim mesma enquanto fechava a porta.

***

-Draco acorda – abri meus olhos e vi a Marie colocando o uniforme apressadamente.

-Aonde você vai?

-Tenho uns assuntos pendentes...Não vemos na aula.

Ela não disse mais nada. Saiu do quarto quase correndo.

-Menina estranha – resmunguei e deitei de novo.

***

Hermione e Kristin pareciam prestes a ir a um velório. As duas estavam com a cara fechada. Rony e Harry abaixaram a cabeça. O primeiro sabia que seu namoro tinha ido pro buraco e o segundo tinha acabado de perder o pouco de esperança que tinha.

-Oi meu amor – Harry ouviu e ergueu a cabeça. Jared deu um beijo em Hermione e se sentou do lado dela – Oi Kristin...Rony, Harry.

Os dois resmungaram um oi.

-Oi Jared...Não te vi ontem, onde você estava?

-Fiquei no dormitório Mi...Maior sufoco o último ano. Vocês vão ver ano que vem.

-O ano passado foi correria também – Hermione suspirou – Mas felizmente esse ano algumas coisas mudaram.

-O negócio é aproveitar.

-Você sabe se o Richard está com alguém? – Kristin falou pela primeira vez desde que sentara.

Rony arregalou os olhos. Não acreditava no que estava ouvindo.

-Claro – Jared olhou confuso para Hermione – Depois damos uma volta.

-Eu adoraria – Kristin sorriu – Ele sim é um homem de verdade.

-Pois é – Hermione riu.

Harry e Rony tomaram o café da manhã mais rápido de suas vidas. Depois sumiram da mesa.

***

Olhei no relógio e vi que estava atrasado. Não dava mais tempo de tomar café da manhã. Olhei em uma folha e vi que minha próxima aula seria de Runas antigas.

-Matéria inútil – resmunguei – Porque escolhi isso?

Não deu tempo de pensar em mais nada. De repente algo se chocou contra o meu corpo. Olhei pra baixo e vi a Weasley.

-Mas tinha que ser a pobretona.

-Ai Malfoy, você é uma mala sabia? Uma grande mala...Um baú.

-Além de trombar em mim ainda fala que eu sou uma mala...Essa falta de educação também é típica da sua família né?

-Ai! – ela gritou – Você me irrita.

-E você se acha muito simpática né? – disse irônico – Além de bater na altura do meu ombro ainda acha que é gente.

-Olha como fala – ela disse ameaçadoramente.

-E o que você faz agora? – perguntei – Me bate com seu batom? Ou pisa no meu pé com seu potente salto...Não! Já sei...Me envenena com suas poções de cabelo.

-Você é um ridículo Malfoy – ela colocou as mãos na cintura – Saiba que as poções que eu uso no meu cabelo são de maior qualidade.

-Imagino – zombei – Com todo o dinheiro que a sua família tem...Você é milionária não?

-Ai! Que ódio! – ela gritou e colocou as mãos nos ouvidos.

-Mas o que é isso? – ouvi a voz de Filch surgir do nada – Estão matando aula é? E ainda por cima gritando? – ele olhou para a Weasley.

-Não – ela começou a se explicar, mas eu sabia que o Filch era a única pessoa da escola que ela não conseguia comprar – Eu já estava indo para a aula.

-Não venha com desculpas senhorita Weasley. Detenção essa noite.

Olhei pra ela e comecei a rir. A Weasley parecia prestes a dar um ataque.

-E para você também senhor Malfoy.

-Mas...

-Não argumente você também...Hoje a noite os dois na minha sala as oito. Entenderam?

Ele nem nos esperou falar, simplesmente saiu de lá. Ele e aquela gata maldita. Que raiva.

-Bem feito!

A Weasley disse e riu. Depois saiu andando. Ótimo, tinha me deixado falando sozinho também. Devia estar na moda agora.

***

-Hermione – Harry chamou enquanto checava se a professora continuava lutando contra os tentáculos de uma planta estranha – Hermione...

A menina lhe lançou um olhar mortal e começou a falar com Kristin. Harry suspirou e voltou a chamá-la. Dessa vez um pouco mais alto.

-O que é? – ela sussurrou – Estou ocupada e sem um pingo de vontade de falar com você. Não percebeu não?

-Nós não podemos continuar assim...Me perdoa...

-Vocês homens – ela bufou – Todos não prestam, uns cachorros sem alma e coração – ela voltou sua atenção para a aula.

Rony lançou um olhar a Kristin. Ela parecia triste, e não estava dando um pingo de atenção aos chamados dele.

-Deixa Rony – Harry falou – Talvez seja melhor nós falarmos com elas depois. Você sabe como as mulheres são.

-É... – ele suspirou.

Se arrependimento matasse...

***

-O que é isso? – Stephen falou rindo enquanto apontava para algo no chão.

-Que nojo! – falei.

-Parece sangue – Nátysi se agarrou em Matt.

-Deve ser alguma poção – Ásis falou enquanto analisava a coisa vermelha esparramada no chão.

-Talvez... – Jim falou sério – Seja alguma poção...Vocês sabem que existem poções que usam sangue certo?

Nós ficamos olhando sem entender.

-Não conta não Jim – Matt falou sério também – Elas vão ficar com medo.

-Agora fala! – disse e cruzei meus braços.

-A poção do vivo morto – ele quase sussurrava – Ela tem que ser jogada ao ar livre, para que possa penetrar no chão e para que o vento leve seus fluidos embora...

-Mas não é só isso – Stephen falou.

-Todos que vêem ela ficam amaldiçoados...E são visitados pela Camila...A morta viva – ele falou mais sério que nunca.

Confesso que eu fiquei morrendo de medo. Eu e as meninas.

-BÚ! – Stephen gritou e meu coração quase saiu pela boca.

-Ahhhhh...

Eu e as meninas gritamos e saímos correndo de lá.

***

-Oi linda – Jared falou enquanto beijava Hermione.

-Oi.

-Estou com o tempo livre.

-Qual a matéria?

-Aritmância.

-Eu não tenho hoje...Que chato. E o Richard?

-Ficou animado com o encontro com a Kristin. Ele ainda gosta dela...Mas e o Rony? Eles não estão mais juntos?

-Não...O Rony traiu ela com a Liza – Hermione suspirou.

Os dois caminhavam em direção a sala de Poções. Onde seria a próxima aula de Hermione.

-Liza Mars? – ele perguntou assustado – É essa?

-É...Porque?

-Todos os meus amigos já passaram a mão nessa menina...O último boato que saiu era que ela estava a fim do Malfoy.

-Boato errado...Ela está saindo com o Rony.

-Que estranho. Mas deixa pra lá...Me da um beijinho vai...

Hermione riu e o beijou logo em seguida.

***

O quarto estava escuro. Uma porta se abriu lentamente deixando assim uma pessoa entrar. Apesar do sol todo lá fora naquele lugar não havia uma luz sequer. A porta fechou com um baque surdo. Passos no assoalho eram o único som que a pessoa emitia no momento.

-Demorou – uma voz falou.

-Eu sei...Tive alguns contratempos – uma segunda voz falou. Era um homem – O que você quer?

-Você realmente consegue o livro?

-Claro que sim...Já disse. Mas tudo esta sendo preparado para o ano que vem. Você sabe. Ordens de alto escalão.

-Não me importa – a mulher quase gritou – Eu quero logo.

-Você vai acabar se dando mal – ele falou sério.

-Eu to me lixando pra isso...Quero acabar com ela.

-Porque você a odeia tanto?

-Você vai descobrir – ela disse e saiu batendo a porta.

***

-Quantas aulas faltam? – resmunguei.

-Só mais uma...E acaba – Stephen me abraçou.

-Você é um amor sabia? – deu um selinho nele.

Passei por Caroline, Tiara e Kelly. A primeira me encarou. Parecia prestes a falar alguma coisa mais depois fechou a boca de novo.

-Que tal uma corrida? – falei – As meninas contra os meninos...Até a sala de Runas Antigas.

-Você tem certeza? – Matt falou.

-Vocês não ganham nunca.

-Você ta duvidando da gente Jim? – Ásis falou.

-Agora é questão de honra – Nátysi falou também.

-Não vemos na sala meninas – Stephen disse e ele e os meninos saíram correndo.

-Esperem – chamei elas – Eu conheço uma passagem.

-Se tá falando sério? – Ásis perguntou.

-Seríssimo...Vamos?

Nós três começamos a correr. Entramos no corredor a direita, no segundo andar e depois de entrar em uma sala eu empurrei a parede.

-O que é isso? – Ásis perguntou enquanto observava o outro corredor.

-O Fred e o Jorge que descobriram. Vamos antes que alguém nos veja.

-Eles vão querer morrer – Nátysi riu.

Assim que eu fechei a passagem nós demos cinco passos e entramos na sala de aula. A professora nem estava lá ainda.

-Vamos sentar – guiei elas para umas carteiras.

Assim que os meninos entraram na sala suados e cansados quase caíram pra trás quando nos viram. Eu estava sentada em cima da carteira e Ásis e Nátysi nos bancos de frente pra mim. Nós estávamos rindo.

-Quase que a professora chega antes de vocês – comentei enquanto eles se sentavam chocados.

-Como vocês fizeram isso? – Stephen falou.

-Vocês aparataram? – Jim perguntou.

-Se nós soubéssemos...Apenas a inteligência suprema das mulheres...Você sabe como é né? – disse dando de ombros.

Eles me olharam e não conseguiram dizer nada. A professora entrou na sala.












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