Um Dia Sem Você
Um dia Sem Você
Saguões de Entrada vazios eram ótimos lugares para cair na depressão mais profunda, e eu me via perigosamente perto disso.
Estava sentada na janela do Saguão de Entrada da minha casa, a Grinfinória. A chuva de verão caía lá fora e eu tinha decidido que não iria com Hermione, Rony e Harry para Hogsmead. Simplesmente sentia-me um peixe fora d'água. Estava triste e sabia muito bem que a causa era Harry. Tinha chegado ao fundo do poço; à um beco sem saída; estava usando um salto agulha em uma rua sem pavimentação... Enfim: estava arrasada e não tinha como sair desse lamentável estado de espírito.
Desde semana passada que nós não éramos os mesmos um com o outro. Havíamos decidido que iríamos dar um tempo, até as coisas em Hogwarts se acalmarem. Encolhi-me e abracei meus joelhos.
Tarda mais igual
E ainda quero ter você
Não diga que quer que tudo seja assim
Que ta tudo bem mesmo longe de mim
Você quer e eu muito mais
Não sei exatamente por quanto tempo fiquei parada olhando para chuva, tudo o que sei é que uma mão fria pousou sobre meu ombro em determinado momento. Ainda estava tentando encontrar alguma forma de ter Harry de novo, mais não pude concluir meus pensamentos. Virei-me e me deparei com Harry. Ele estava sério.
- Tudo bem? - ele me perguntou, estava obviamente preocupado com o estado de desolação em que eu me encontrava.
Até eu reconhecia que não era mais a mesma. Sempre fui alegre e um tanto medrosa, mas de uns tempos pra cá me encontrava triste, séria e praticamente não saía pra lugar nenhum. Eu sabia que isso estava deixando Harry preocupado e que tinha sido uma decisão nossa mantermo-nos afastados por algum tempo. A verdade é que eu tinha esperança de fazê-lo ficar com pena de mim e tomar-me em seus braços, como já fizera tantas vezes.
Sorri conformada - Estou. E como foi em Hogsmead? - perguntei tentando parecer interessada e animada. Como poderia sentir-me feliz vendo aqueles incríveis olhos verdes tão perto de mim e ao mesmo tempo tão longe?
- Foi legal. Eu pensei que você fosse. O que aconteceu? Quando me deparei com Hermione só, fiquei muito assustado.
Eu vi nos olhos dele um brilho igual ao de momentos antes dos nosso beijos.
- Ah.. Eu não estava muito afim de sair, só isso. E aí.. O que foi que você fez de legal lá? - ainda tentava esconder minha frustração, mas tinha certeza de que não estava sendo nada convincente.
- Andamos em algumas lojas e tomamos um chocolate quente. - ele parou de falar. Aproximou-se da janela onde eu estava e me encarou. - Jane, o que está acontecendo com você? Ultimamente você não tem tido vontade de sair para nada, anda triste pelos cantos e não se animou nem com o fato de estarmos perto do Natal. O que ouve?
Quase me derreti ao ver aqueles olhos verdes preocupados fitando os meus.
- Ah.. Nada Harry. É só o fato de eu estar com saudades de casa.
"E de você principalmente" - pensei - "Só estou com saudade dos nosso beijos, de sentir seu perfume, de abraçá-lo sem culpa e de ter seus braços em trono da minha cintura... Só isso".
Ele aproximou-se mais e tocou meu queixo com o dedos polegar e o indicador, forçando-me a encará-lo.
Ele então mergulhou em meus olhos. E eu sabia que ele sabia o motivo da minha tristeza, tinha certeza disso. Ele me conhecia como ninguém.
Se é tudo mais claro quando posso te ver
Decido ficar sem perguntar, por que
Não faz, sentido não faz viver sem ter você
Não faz, sentido não faz você longe de mim
Eu não queria fazê-lo sentir-se culpado, até porque sabia que aquela situação era provisória. Juro que tentava esconder, mais é muito difícil esconder a dor de não poder amar. Principalmente por causa daquele motivo.
- Jane... Eu.. Você sabe. Nós já falamos sobre isso.
Agora eu fiz questão de encará-lo. Estava com uma expressão de ódio e compreensão, um misto que Harry devolveu com um olhar lamentação.
Não demore mais que um minuto
Precisa esperar, precisa entender
Quando um simples beijo explica tudo?
Não diga que quer que tudo seja assim
Que ta tudo bem, mesmo longe de mim
Você quer e eu muito mais
- Eu sei Harry. - respondi por fim, tentado desviar meu olhar para meu sapato.
Eu havia o fuzilado com os olhos à pouco, mas agora sentia-me culpada. Eu só estava tornando tudo mais difícil para ele com uma atitude infantil.
Soltei um sorrisinho de nada e passei uma das mãos em seu rosto, enquanto a outra continuava abraçando meu joelho. Ele continuou imóvel.
- Eu gosto quando você se preocupa comigo. Acho que vou recusar passeios à Hogsmead mais vezes. - tentei, a todo custo, quebrar aquele clima melancólico que nos cercava.
- Você sabe que eu me preocupo com você. Sempre. Você só está me dando um motivo a mais.
Sabia. E como sabia. Era por causa daquela preocupação toda que estávamos separados! Ele tinha medo de que Voldemort tentasse me matar para atingi-lo. Eu o olhei e acenei positivamente com a cabeça. Eu o entendia.
Se é tudo mais claro quando posso te ver
Decido ficar sem perguntar, por que
Não faz, sentido não faz viver sem ter você
Não faz, sentido não faz você longe de mim
Eu abaixei minha mão enquanto descia da janela, mas ele a segurou no ar, apertando-a de leve.
- Jane.. Você confia em mim?
Fiz que sim com a cabeça.
- Amar é confiar, crescer e sentir-se segura. - respondi. Era tudo verdade, mais em seguida pensei que podia ter dado um passo errado. Era doloroso trocar juras de amor sem poder tocá-lo.
- E.. Você ainda me ama?
Graças a mim aquele momento estava tornando-se constrangedor e lamentável o bastante. Viva eu.
- Você sabe a resposta Harry. Ela está estampada em meu olhar, a cada segundo em encontra o seu.
- Eu sei... E você também sabe o que sinto. - ele confidenciou baixinho. Depois foi soltando minha mão de leve e deu um passo para trás, ficando à minha frente.
Não faz, sentido não faz você longe de mim
Eu passei a mão pela capa e encostei-me na janela, colocando as palmas das mãos sobre o batente e o fitando.
- Você disse que confiava em mim.
- E eu confio.
Deu um passo a frente. Dois. Eu continuei imóvel, o fitando.
Sua mão direita laçou minha cintura e ele me beijou, enquanto eu tirava minha mão do batente frio da janela e a colocava em sua nua quente. Ele sentiu um arrepio, e eu não pude deixar de sorrir em meio ao beijo.
Minha mão direita deslizava pelo portal da janela, quando ele puxou-me com força para seu corpo. O beijo dele continuava quente e irresistível, e ele me inclinava levemente para trás.
Tive certeza de que aquele beijo foi um dos melhores. Era um beijo de saudade. Os lábios dele procuravam os meus famintos, em um círculo vicioso.
Depois, nossos lábios separaram-se levemente.
- Isso é para ser um segredo. - murmurou ele.
- Pode deixar que eu guardo. Só que vou cobrar juros... - respondi com um sorrisinho no mesmo tom de voz.
No fundo, tinha medo de que tivéssemos que nos separar novamente. Aquela história de juros foi uma maneira desesperada que encontrei de saber o que iria nos acontecer.
- Vou tomar um banho. Nos vemos antes do jantar?
Fiz que sim com a cabeça.
- E lembre-se: isso é um segredo. Estarei te esperando ansioso.
Ele me encarou com os olhos brilhando. E aí eu tive certeza de que estaríamos juntos. Em breve.
Saguões de Entrada vazios eram ótimos lugares para cair na depressão mais profunda e para matar a saudade dos beijos de quem você ama também. E eu sei exatamente do que estou falando.
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