Captura Portuária
- CAPÍTULO SETE –
Captura Portuária
A estadia na casa do antigo professor foi o mais agradável possível. Hermione divertia-se, sempre que possível, na vasta biblioteca pessoal de Dumbledore. Pesquisava os mais poderosos feitiços, as mais resistentes maldições, e, dia após dia acumulava mais poder. Rony ocupava-se em tocar tudo o que parecia deter algum valor. Não que pretendesse levar, mas o fascínio do desconhecido, o seduzia acima de tudo. Knoll viva andando pela casa ordenando para que as coisas voltassem para o lugar e encantando os tapetes para expelirem poeira e sujeira. Harry, no entanto, ficava sempre ao lado de Adonis escutando saudoso, histórias sobre os tempos de escola e juventude de seu mais superior mestre.
- Ah, você devia conhecer a casa de praia de Alvo... – comentou saudoso Adonis enquanto discutiam em mais uma reminiscência do velho bruxo exilado. Harry sorriu. – Mas você deve ter muitas perguntas na cabeça não é mesmo?
- É, é verdade... – indagou Harry olhando para seus sapatos. A janela da sala de estar estava aberta, deixando entrar uma brisa leve que tremulava as páginas do Profeta Diário com escandalizantes notícias de mortes e torturas. – Você sabe, estamos em guerra, e como você disse, Dumbledore confirmou a existência das Horcruxes e devemos destruí-las certo?
- Pode apostar garoto!
Harry levantou-se da cadeira em um ímpeto que fez sua têmpora latejar e a porta bater. Não sabia por onde começar, nem onde procurar. Tudo era muito confuso, e ele estava parado ali, estático.
- Você! – exclamou apontando o dedo para Adonis – Você ficou exilado por anos enquanto podia ter no ajudado! Porque? Se Dumbledore confiava tanto em você, porq...
- Eu sabia que cedo ou tarde você me acusaria. – disse muito calma, mas aparentemente triste – Dumbledore me alertou uma vez que nem tudo que é certo, é fácil.
- O certo era você aqui, ao nosso lado, ajudando! – esbravejou Harry – NÃO TOMANDO SOL EM UMA PRAIA AO SUL DA FRANÇA!
- Harry Potter! – exclamou o bruxo levantado-se da cadeira – Você com toda certeza conheceu Dumbledore, em todo seu poder e glória assim como eu! – cada veia no rosto do antigo bruxo estava vívida e latejava a cada palavra dita, a cada sílaba pronunciada um furor invadia a sala. Os gritos da discussão já haviam atraído a atenção do que ocupava a casa. Knoll aparecera minutos antes e observava atento dizendo coisas sem sentido e grunhidos estranhos. Hermione e Rony estavam estáticos no portal da sala. – E você sabe, Potter, que Dumbledore se preocupava muito mais nos outros do que nele próprio! Se eu fui para França, se eu fui exilado foi porque ele me pediu! FOI PARA SALVAR VOCÊ! PARA ESCONDER OS SEGREDOS QUE ENVOLVERAM A NOITE DA MORTE DE SEUS PAIS!
- Besteira... – reclamou Harry chutando um calombo do carpete.
- BESTEIRA? Você esta sendo burro! Você acha que seu eu estivesse aqui Dumbledore estaria vivo? Eu sou culpado por você não ter feito nada? – Harry abriu a boca, mas continuou calado – SIM! Você estava lá quando ele morreu, e você viu ele morrer! Você devia ter impedido! A culpa de Dumbledore estar morte é sua!
- CALE A BOCA! – Harry sacou a varinha e um jorro de luz vermelha saiu de sua ponta e correu na direção de Adonis que ofegava. Hermione havia exclamado uma negativa, mas Rony a segurou. Neste instante uma doce melodia invadiu a sala, um som doce e agradável que fez a raiva acumulada no coração de Harry dissipar-se pelo vento. Um enorme pássaro vermelho, de asas ligeiramente douradas e um rígido bico de ouro, adentrou pela janela e engoliu o feitiço de Harry por inteiro.
- Fawkes? – perguntou o elfo com a voz esganiçada. O pássaro voou em direção ao elfo-doméstico e deu-lhe duas bicadas na enorme orelha de morcego e depois empertigou-se sobre a escrivaninha de Dumbledore. A visão daquele animal, fez com que as entranhas dentro de Harry revirassem-se. Tudo ficou de repente muito confuso, e perdeu completamente o sentido. Ver Fawkes, ali, era como ver Dumbledore. Era como se o antigo Diretor estivesse lhes avisando de que não deveriam perder tempo discutindo de quem era a culpa de sua morte. Se é que alguém tivesse mais culpa que Severus Snape.
Adonis caiu de novo na cadeira levando as mãos aos poucos cabelos que ainda havia em sua cabeça. Hermione e Rony sentaram-se na bergére mais próxima e então Rony quebrou o silêncio.
- Estamos discutindo as coisas erradas, não? – constatou ele em tom conciliador. – Porque em três dias só falamos do quão bom e poderoso era Dumbledore...
- E ele era tudo isso mesmo. – afirmou Knoll orgulhosos de seu senhor.
- Mas não discutimos o quê realmente temos de discutir certo? – comentou Rony seco.
- As Horcruxes. – disse Hermione muito séria. – Ainda sabemos muito pouco sobre elas. E quem de fato pode nos ajudar está desaparecido.
- Ninguém tem notícias de Slughorn há dias, meses... – confirmou Harry mais calmo.
- Slughorn... – Adonis parecia confuso à menção do nome do antigo amigo de tantos anos. – Ele de fato pode no ajudar. – refletiu como se dialogasse consigo mesmo. – Eu sei, eu sei, mas teremos dificuldades em encontra-lo.
- Ano passado, conheci esse lado de Slughorn. – afirmou Harry com convicção lembrando-se da bagunça armada pelo professor para a chegada dele e de Dumbledore. Sangue nas paredes, trapos e destroços.
- Que lado? – indagou Hermione confusa quanto a integridade do professor.
- Digamos que ele sabe se esconder muito bem quando quer Srta. Granger.
Fawkes pigarreou alto de onde estava. Parecia querer participar de conversa de um modo estranha com o qual Harry nunca antes havia visto fazer.
- Acho que a fênix de Dumbledore não concorda conosco...
O pássaro das cinzas levantou vôo da escrivaninha e rodopiou por entre as prateleiras estantes cheias de livros e objetos sinistros de seu antigo dono. Como se procurasse alguma coisa, ela voou atenta por alguns segundos até encontrar o que desejava. Suas garras douradas foram fincadas em um volume verde, de um couro luzidio e lustroso. Havia três volumes iguais e, juntas, as brochuras formavam um belo desenho de um dragão dourado.
- Pelas barbas de Merlin! – exclamou Hermione exasperada. – Sãos as anotações de Dumbledore sobre Os Doze Usos Do Sangue De Dragão!
Enquanto Hermione se levantava e ia ate os livros indicados por Fawkes, Knoll deu meia volta e saiu reclamando. – Eu vou para minha cozinha. – disse de uma forma muito semelhante a Sra. Weasley. – O relógio não pára e a fomes de vocês não acaba!
Embora Harry desejasse sair e ir à procura de Slughorn e de todas as respostas que procurava, Fawkes de alguma forma impediu a todos de saírem da casa de Dumbledore. Sempre que eles decidiam partir a procura de Horácio, a fênix começa a bicar a todos, ou ainda, ficava empertigada sobre a maçaneta, impedindo a todos de sair. De fato, ficar na casa de Dumbledore não era problema algum visto que nas duas curtas semanas que ficaram por ali, foi o suficiente para Harry conhecer muitas coisas, e aprender outras tantas.
Harry e Hermione destrincharam o livro de capa verde, onde Dumbledore anotou seus estudos sobre os Doze Usos do Sangue de Dragão. Pelo que descobriram Dumbledore demorou catorze anos estudando o assunto e por fim concluiu todos os Usos em uma publicação no Profeta Vespertino. Um dos usos mais estranhos no entanto era que o sangue de dragão podia ser utilizado como um excelente limpador de fornos, mais eficaz que qualquer feitiço ou poção. Mas limpar fornos era o Quinto Uso. Haviam coisas poderosas como o Primeiro Uso e Nono Uso. Poderiam transformar um poção em veneno ou matar uma fênix respectivamente.
Hermione mais do que ninguém ficou impressionada com a quantidade de informações que poderiam ser extraídas dali. Ela própria já havia aprendido um bocado de feitiços com os livros Dumbledore e as dicas de Adonis. Este, por sinal, estava dedicando mais tempo junto a Rony com quem ele praticava duelos e lhe ensinava feitiços novos. Quando não estavam trabalhando nessas coisas, estavam os quatro sentados a sala de jantar olhando a penseira morta de Dumbledore.
- Acredito que as lembranças de Dumbledore da época de escola já tenham se tornado enfadonhas para nós. Mesmo porque, àquela época, Dumbledore era apenas Alvo, e não Dumbledore – sentenciou em um respeitoso tom de deboche.
- Eu sempre me perguntei como ele ficou tão poderoso. – comentou Rony confuso. – Porque vocês lembram? Aquela examinadora do N.O.M.’s não parava de lembrar do Dumbledore em seus exames, e bem, ele estudou em Hogwarts, não é?
- Rony, - explicou Adonis – Alvo e seus poderes talvez nunca venham a ser explicados. A única coisa que Dumbledore fez de diferente foi ler. Ele lia em demasia, e já no primeiro ano de escola, ele sabia todos os feitiços que constavam em nossos livros ate os do sétimo ano.
- Acho que conheço alguém assim. – disse Harry sarcástico.
- Não sou assim! – observou a jovem bruxa. – Eu sei algumas coisas, Dumbledore pelo visto sabia de tudo.
- Quase tudo! – sentenciou Paralolvus – Nunca foi bom em relacionamentos... Um desastre completo. Vocês viram como ele morreu, certo? Quem o matou, um de seus professores... Mas, o que fazer?
- Vamos continuar. – disse Hermione tangenciando o assunto. – Queríamos entender como Dumbledore se tornou tão poderoso. – Como sempre fazia, Fawkes bicava a substância da penseira e ela se revolvia, mostrando imagens de um quebra cabeças que apenas Adonis entendia.
- Ficamos por aqui! O sétimo ano em Hogwarts. – Adonis se levantou e entrou na penseira. Embora no ano anterior ele e Dumbledore tivessem feito isso várias vezes, Harry nunca havia visto ninguém entrar na penseira e era algo completamente estranho. A substância azul-perolada encobria a pessoa, e ela continuava ali, de pé, com a cabeça na pia de pedra, até que em um instante era sugado para dentro da mesma.
Os três outros entraram e juntos, estavam no Saguão de Entrada de Hogwarts há mais de cem anos atrás. Tudo era muito semelhante, e aquela era a primeira vez que Harry via Hogwarts – mesmo que sendo a lembrança de alguém – depois do ataque a escola. Tudo estava com um ar feliz e alegre. Havia estudantes de todos os lados, muito parecidos com todos os que Harry vira por seis anos, não fosse os uniformes que eram visivelmente mais pesados, e claramente mais elegantes – pelo menos para a época. Havia uma capa negra de veludo que escorria até o chão. Seu forro era da cor de cada casa, e nos punhos havia fitas em pesponto da cor de cada casa. Também usavam gravatas e chapéus pontudos, no entanto, com abas. Antes que se distraíssem, um Dumbledore de dezessete anos pareceu a sua frente.
Era um jovem bruxo, muito alto. Estranhamente não utilizava sua longa barba, mas possuía grossos cavanhaques castanhos. Seus olhos profundamente azuis já eram emoldurados pela tão conhecida armação de ouro em meia-lua. E os cabelos, curtos, estavam penteados para o lado. Harry viu, e ficou contente, de ver o brasão de Griffinória no peito de Dumbledore.
- Alvo, Alvo! – chamou uma voz às suas costas. Era um jovem bruxo, visivelmente mais novo que Dumbledore. – Eu queria te desejar boa sorte lá na sua prova.
- Esse ai sou eu. – comentou Adonis. – Com apenas doze anos.
- Cara! – exclamou Rony. – Você é velho! – mas antes que alguém o escutasse, o Dumbledore jovem falou.
- Adonis! – saudou – Obrigado, mas como sabe, discordo deste sistema de avaliação. Farei o que me pedirem...
Harry e os outros acompanharam Dumbledore até o Salão Principal, onde como Harry já conhecera, estava formatado para os exames de Fim de Ano. Havia uma fila, na ante-sala, e uma senhora baixa, de aparentes trinta e poucos anos, possuía uma tabela nas mãos.
- Argot, Peter. Black, Isla. Bulstrode, Artemisa. Dumbledore, Alvo. – chamou. – Por favor, entrem. Varinhas em punho. – avisou.
Dumbledore entrou pela porta, e encontrou ninguém menos que Madame Marchbanks. A mesma examinadora de Harry em seu N.O.M’s de Defesa Contra as Artes das Trevas e a exata pessoa que Harry ouvira falar dos feitos do antigo Diretor.
- Vejamos quem eu peguei! – exclamou satisfeita. Mesmo sorrindo, não havia as rugas que Harry conhecera há dois anos. – O pupilo de Hogwarts. Já soube dos diversos convites que recebeu do Ministério da Magia. – comentou dando uma piscadela. – Mas vamos ao Exame Prático de Defesa Contra as Artes das Trevas. Eu gostaria que você exterminasse o que eu conjurasse, ok?
Pareceu bem simples a prova, mas foi algo surpreendente. Marchbanks conjurava as criaturas mais temidas e a cada criatura maléfica que Marchbanks conjurava, Dumbledore sacudia a varinha e, não verbalmente, exterminava Dementadores, Mortalhas-vivas, Nundus e algo que lembrou a Harry, um inferius. Bloqueou maldições pesadas com feitiços leves que fizeram os pêlos da nuca de Harry ficarem erguidos, e os olhos de Marchbanks arregalados.
- Incrível. – concluiu pasma ao fim do teste. – Acredito que nunca mais verei alguém com tanto poder e precisão. Parabéns garoto, - disse anotando algo com sua pena na prancheta – você pode ir.
- Obrigado. – agradeceu respeitosamente e girou sobre os calcanhares indo embora.
- Garoto! – chamou novamente, a avaliadora. – Você tem conhecimento de quais feitiços usou aqui?
Dumbledore sorriu, como se esperasse pela pergunta.
- Sim.
- Onde aprendeu isso? Porque de fato isso não se ensina em Hogwarts...
- Fico muito triste em não poder responder, Sra. Marchbanks. – E de fato Dumbledore parecia chateado. – Mas preferia que apenas me avaliasse. – e dizendo isso muito secamente, saiu da sala deixando Marchbanks e Adonis perplexos.
- Vamos Adonis! – pediu Hermione – Não podemos perder Dumbledore de vista.
Os três seguiram o jovem Dumbledore porta afora e observaram-no caminhar até o sétimo andar, um caminho muito conhecido pelos três, era um atalho para o salão comunal da Griffinória, o atalho com o degrau em falso, que Dumbledore sabiamente desviou. Mas antes que atingisse o quadro da Mulher Gorda, uma garota passou pelos quatro e puxou Dumbledore pelo ombro.
- Isla! – saudou Dumbledore sorrindo. – Seus irmãos não ficariam felizes em ver você falando comigo. Um Dumbledore... – completou.
- Dane-se Phineas e Sirius! – o tom agressivo de voz, a cor negra dos cabelos e a pele branca como neve fizeram Harry lembrar-se de Bellatrix Lestrange. – Dane-se toda aquela família. Você pensou no que te disse ontem, no jantar?
- Sim. – concluiu Dumbledore muito sensato. – Mas acredito que você envolver-se-á em muitos problemas, e eu serei perseguido pelos seus irmãos. E você ficará sem nada no fim.
- Isso é um “não” Alvo? – perguntou amargurada.
- Não quero que fique chateada nem nada, mas pensando em você, só em você, eu não posso fugir quando acabar o ano.
- Alvo! – chamou atenção à garota – Depois de tudo que passamos? Tudo? Dois anos não valeram nada para você?
- E como valeram... – disse Dumbledore completamente triste – Mas meu destino não é casar e ter filhos. Entenda.
- De que destino fala? – riu irônica – Voltou a assistir as aulas da Trelawney?
- Não. – disse Dumbledore aproximando-se de Isla – Mas sempre soube do que seria de mim no final.
- Que final? – perguntou nervosa - Você vai morrer? – disse irônica.
- Todos vamos.
A lembrança foi se tornando distante e difusa, e as vozes ecoavam. Então houve um turbilhão de luzes e eles estavam de volta a Newcastle. Adonis está perplexo em sua cadeira, Hermione e Rony mudos.
- Madame Marchbanks nunca esqueceu esse encontro. – disse Harry.
- Foi por isso então. – concluiu Adonis em mais uma conversa com sua consciência. Harry havia concluído que aquelas conversas interiores deveriam se fruto de anos fora do país, morando sozinho e sem ninguém. – Por isso ela fugiu com aquele trouxa dias depois.
- Que trouxa? – perguntou Hermione seca impedindo a conversa monológica de Paralolvus.
- Ah? Ah, bem. Dumbledore e Isla Black foram namorados.
- Dumbledore namorando? – questionou Rony – Isso é possível?
- Foi a primeira e última namorada dele. – constatou Adonis – Se conheceram na monitoria de Hogwarts. Ela era Monitora da Sonserina, e ele da Griffinória. Depois se tornaram Monitores-Chefe. Até que Isla, que nunca havia se dado bem com seus irmãos, propõe a Dumbledore fugir.
- E ele negou. – disse Hermione aborrecida.
- Na verdade, ele nunca nos contou que havia negado. Mesmo porque, ao fim do ano letivo, ela fugiu com um trouxa chamado Bob Hitchens.
- Black... – concluiu Harry lentamente. – Ela disse Phineas, certo? Qual Phineas Black conhecemos?
- Sim, eles eram filhos de uma antiga família bruxa, mas como a mãe deles era a última da linhagem, eles deram o nome Black aos filhos e não o nome da mãe.
- Então Dumbledore, um dia, foi quase, ta-ta-ta-taraavô de Sirius Black, meu padrinho?
- É. Parece que sim. – concluiu Adonis.
- Por que ele negou ao pedido de Isla Black?
- Só soubemos anos mais tarde, muitos anos mais tarde. – concluiu Adonis sensatamente. – Dumbledore era um garoto rodeado de mistério, talvez por isso ele se identifique com você Harry. Desta lembrança que vimos até Dumbledore nos revelar seus mistérios, passaram-se muitos anos. Ele tornou-se Docente em Transfiguração pelo Ministério da Magia, viajou pelo mundo procurando o real significado da magia. Ele parecia estar se preparando para algo grande.
- Grindewald. – sentenciou Hermione muito sério.
- Exato. – confirmou Adonis. – Grindewald... Grindewald nunca foi tão poderoso como Voldemort, mas causou pânico. Foi o primeiro a usar um exército de inferi. Talvez Voldemort tenha herdado os inferi de Grindewald.
- Mas Grindewald foi derrotado em 1945! – exclamou Rony – Já se passaram mais de cinqüenta anos, e bem, qual a probabilidade de Voldemort ter conhecido Grindewald?
- Muita, e pouca. – concluiu sem graça. – Grindewald está preso em Azkaban. Sempre esteve. Mas não é motivo de preocupação. – disse ao ver Harry arregalar os olhos e fechar os punhos – Dumbledore o derrotou da forma mais digna que um bruxo poderia fazer, algo que até hoje ninguém sabe ao certo como foi feito.
- Sempre achei que...
- Você acha que Dumbledore é um assassino? – questionou Adonis seco.
Havia se passado mais alguns dias até que de fato partissem à procura de alguém que os ajudasse na dificílima jornada contra as horcruxes. Fawkes continuou a dar pistas sobre o que deveriam ler, e quais gavetas deveriam abrir, e foi de fato muito bom tê-la como guia. Não era apenas a ave de Dumbledore, mas uma criatura que estava com Dumbledore há muito tempo. Adonis contara que Fawkes fora um presente dele e de Slughorn para Dumbledore. Paralolvus relatou também, que ave progenitora de Fawkes foi morta acidentalmente por Dumbledore em suas experiências com Sangue de Dragão. Esta é a única substância capaz de matar uma fênix.
Em uma triste tarde ensolarada, o Profeta Vespertino anunciou a morte de Dédalo Diggle, encurralado por quatro Comensais que desejavam extrair informações sobre o paradeiro de Harry Potter, que há muito estava desaparecido.
- Você esta conseguindo Harry. – disse Rony dando-lhe um tapinha em suas costas – Leia isso: “Harry Potter continua desaparecido, assim como Dumbledore, falecido diretor de Hogwarts costumava fazer quando não desejava ser incomodado. Estaria O Escolhido planejando sua vingança contra Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado?”
- O Profeta nunca falou muitas verdades mesmo. – disse Harry desanimado, mas concluindo uma verdade. Havia poucos dias, o jornal bruxo publicara que Minerva McGonagall havia sido assassinada e, no entanto, para alívio de Harry, ele recebeu uma coruja de Hogwarts para esclarecer que a Diretora estava viva. A cada dia que passava, Harry desistia de ler jornais, e preocupava-se mais em ler diários e anotações de Dumbledore.
Em algumas dessas leituras, Harry conheceu o lado divertido de Dumbledore, descobriu que havia aprendido sereiano com uma sereia da Grécia, e Harry duvidou que fossem apenas aulas de sereiano. Fora o antigo Diretor que inaugurara a Décima Segunda Semana de Feitiços Recombinantes de Nova York e apresentara seus trabalhos aos congressistas. Estes mesmos trabalhos, Harry nunca encontrou, e nem Fawkes, nem Knoll pareciam saber onde encontrar anotações referentes a apresentação.
Depois de pesquisas e leituras, eles pareciam pronto para encarar o mundo e procurar Slughorn e Grindewald. Em uma longa e séria conversa entre os quatro, optaram primeiramente pelo Professor de poções visto que Grindewald estava em Azkaban, e logo o Harry chamaria muita atenção visitando a prisão dos bruxos. Como fizeram na Toca, eles arrumaram suas mochilas com poucas, mas necessárias coisas. Enquanto Harry arrumava algumas mudas de roupa, ele relembrou-se da carta de caligrafia vermelha lhe pedindo sua confiança. Mas logo que Hermione entrou no quarto, seus pensamentos foram varridos para Gina que havia acabado de escrever.
- Gina nos escreveu, mas este parece ser só seu. – disse Mione satisfeita.
Sapinho frito
Está tudo muito bem, mas muito triste sem seu coaxar por perto. Parece que depois do susto, este novo é real. Roupas rasgadas e nariz de tomada ficaram muito tristes, mas estão finalmente juntos. Espero que esteja muito bem nos brejos por onde anda.
Esperando melhores moscas
Amiga do sapo
- Bem, - concluiu antes de se emocionar – vamos. Temos três casas para visitar, e não sabemos quase nada de nenhuma! – disse animado.
Eles deixaram Newcastle e a casa de Dumbledore. Fawkes partira com eles, mas logo a perderam de vista. Knoll ficara na casa como fizera todos esses anos, e os quatro seguiram viagem. Como sabiam exatamente onde ficavam as três casas de Slughorn – devido à uma agenda muito preciosa que encontraram na escrivaninha de Dumbledore – resolveram aparatar dentro das casas.
- Isso é uma grosseria. – protestou Rony.
- Rony, não estamos fazendo uma visita. – anunciou Harry.
- Estamos, hum... – analisou Adonis – Fazendo uma captura.
- Vamos. – disse Hermione.
A já conhecida sensação de compressão e falta de ar foram menos desconfortáveis, mas Harry não soube dizer se era por costume ou porque fora muito rápido. A primeira casa que aparataram, era um sobrado próximo a um lago da Escócia. De fato aquela casa estava gelada e úmida. Como Harry já esperava, a casa estava completamente quebrada. Sofás revirados, mesas partidas e lustres e lanternas espatifados ao chão. Dessa vez, não havia sangue nas paredes, mas um corpo caído de borco, uma varinha caída ao lado.
Harry sacou a varinha e meteu sua ponta no rosto do antigo professor para ver sua expressão. Lentamente, a cabeça mole e pesada se virou revelando um boneco de massa muito bem feito. Hermione pisou na varinha e ela deu um assobio agudo e transformou-se em uma galinha.
- Até aqui Fred e Jorge deixaram sua marca! – disse Rony feliz. – Isso explica jaquetas e bordados.
- Pelo menos Horácio não está morto. – disse Adonis aliviado vendo o boneco no chão.
- Ainda não sabemos. Cautela!
A segunda casa que visitariam, era a residência de Slughorn por anos. Uma bela casa senhorial nas colinas próximas à Manchester. Harry duvidava muito que ele estivesse justo nesta, mas não ia cometer o erro da prepotência. Foram de trem até a cidade cosmopolita de trouxas. Pagaram por uma cabine que possuía bolores e cheiros nada agradáveis. Hermione resolveu toda a situação com aceno de varinha.
- Nem sei quantas vezes peguei esse trem. – comentou saudoso enquanto levava os finos dedos brancos até as têmporas. – Eu vinha muito aqui encontrar Slughorn. Éramos muito amigos, Dumbledore só nos conheceu depois de alguns anos. Infelizmente esses anos foram muito curtos...
- Curtos? – Rony, mesmo mastigando sapos de chocolate era capaz de fazer as perguntas óbvias que só ele fazia.
- É. Curtos. – concluiu. – Grindewald estava ganhando poder, estava tomando forças vultosas. E Slughorn foi seduzido por essas forças... Ele começou a simpatizar com Grindewald e até mesmo a trabalhar para ele.
- Slughorn? Seguindo um bruxo das trevas?
- Isso não me espanta, Mione. – disse Harry se lembrando das palavras de Dumbledore um ano antes – Slughorn sabia das horcruxes, que é magia negra muito avançada não é? E Dumbledore comentou certa vez sobre a capacidade dele de torturar e matar. – disse seco enquanto checava se a varinha estava no bolso. A amiga se assustou ao imaginar que um de seus professores era capaz de matar.
- Descemos aqui!
Seguiram o velho amigo de Dumbledore porta a fora, e caminhando ao seu lado Harry notou quão alto era Paralolvus. Ele caminhava de forma elegante e leve, não mancava tampouco parecia ter a idade que tinha. Seus cabelos brancos voavam com o vento cortante de Manchester e, tampouco saíram da estação, ele chamou um táxi no qual entraram e se dirigiram ao endereço fornecido por Hermione ao mortorista que se parecia em demasia com um velho gato chinês.
- Dezessete pratas! – anunciou o taxista rabugento. Adonis enfiou uma nota de vinte e cinco libras na mão do motorista gatuno e saiu do táxi sem esperar troco. O céu já se tingia de lilás e anunciava a chegada da noite escura. Adonis disse que passariam a noite na cidade, mas não na casa de Slughorn, o que poderia ser um pesadelo, caso alguém o procurasse.
Quando se depararam com a alta casa de três andares, o céu já estava completamente escuro. A portinhola de entrada estava enferrujada e completamente torta. Havia marcas de fogo nas paredes altas da casa e toda a trepadeira que levara anos para cobrir o muro estava seca e sem vida. A porta de entrada, com vidros coloridos e armações metálicas estava manchada e com pelotas de mofo. A maçaneta dourada jazia estourada no chão. Eles acenderam as varinhas e entraram na casa.
Diferente do que esperava ver, a casa não possuía sinais de luta. Nada estava revirado e não havia cacos e estilhaços sobre o carpete vermelho. Eles chamaram pelo professor, mas não houve barulho algum. Preocupados, subiram as escadas com as varinhas em punho. Adonis entrou no quarto maior da casa e sobre a cama havia duas malas abertas. Roupas de lado, cabides do outro. Sapatos jogados, loções empacotadas.
- Ele está aqui. Tenho certeza.
CRACK!
Harry virou-se de súbito e sentiu uma massa de ar esvair-se por detrás das cortinas. O abajur que estava bem atrás de Harry havia aparatado. Horácio Slughorn havia aparatado, e bem debaixo do nariz de quatro bruxos. Harry sentiu uma fúria extasiante e sua varinha piscou.
- Ele fugiu. – concluiu Harry. – Acabei de sentir, estava bem atrás de mim, bem aqui, transfigurado como um abajur.
- Devemos aparatar na última casa. – alertou Hermione – E o mais rápido possível.
- Para onde que quer que ele vá, essas roupas não saem daqui. – ordenou Adonis e Harry observou que as malas e os pertences de Slughorn havia virado pedra. – Vamos.
Aparataram da senhorial casa e desaparataram em um local com um forte cheiro de grama molhada. Estavam no meio de um jardim com um frondoso carvalho e muitas tulipas pelo chão. Havia fadas piscantes rodeando o jardim e se confundiam com os vaga-lumes que tentavam em vão iluminar o jardim na noite azul. Atrás do jardim havia uma casa sob as sombras. Pintada de amarelo e com ripas de madeira formando vários cruzamentos, parecia algo retirado de um dos livros infantis trouxas. Em uma das janela, era possível ver uma luz acesa e a silhueta de uma pessoa.
- Horácio Slughorn! – gritou Adonis para a casa à frente. – Apareça! – uma massa de ar correu da varinha de Adonis para a porta que arrebentou em pedacinhos. Harry e Rony correram para dentro da casa e juntos lançaram feitiços estuporantes. Harry pode ver a cabeleira rala de Slughorn e as gorduchas mãos carregando duas malas. Mas antes que o feitiço o atingisse, ele já havia aparatado. O feitiço arrebentou em cheio em um portal de madeira. Havia duas fadas entalhadas em cada balaustre de mogno.
- Estamos bem assessorados. – concluiu Adonis ao ver o portal. – Horácio mandou um carpinteiro espanhol fazer este portal logo após a queda de Grindewald. Ele sempre nos dizia que as fadas guardavam os segredos da casa.
- Como assim? – perguntou Rony incrédulo.
- Basta fazer pressão. – disse baixinho como se desejasse não ser ouvido. – Bem, - disse ele em voz alta num claro falsete – parece que não conseguimos encontrar Slughorn! Então vamos destruir a casa!
- Podemos começar queimando esse balaústre horrível. – completou Hermione.
- Horrível não! – disse uma vozezinha esganiçada e Harry notou que a fada estava se movimentando agora. O postal estava vivo, e as fadas ali entalhadas se sentiram ofendidas por Hermione e começaram a discutir. – Talvez ela até seja horrível... – disse a fada da esquerda.
- Eu? Vê se te enxerga! Toda descascada, sem verniz algum!
- E essa trinca perto da sua asa? É uma nova moda que não sei?
- Cale a boca, Slughorn sempre gostou mais do lado esquerdo da sala...
- Você...
- Parem! As duas se calem ou coloco fogo nas duas! – ordenou Adonis. E antes que elas começassem a pedir clemência, ele sacudiu a varinha silenciando-as. – Quero saber onde Slughorn estava indo. Quem pode responder?
As duas fadas apontaram uma para a outra em tom de acusação. Harry mirou a varinha em uma cadeira e lançou chamas nas mesmas. A cadeira se consumiu aos poucos e as fadas ficaram horrorizadas.
- Eu começo. – disse a fada esquerda calmamente. – Bem, Slughorn nos despreza há anos, estamos sozinhas aqui por décadas! Ele nem sequer aparece para no dizer se está bem, se precisa desabafar...
- Um completo descaso. – completou a outra. – Aí hoje ele apareceu, agora a pouco, e passou por nós sem nos dar um oi sequer. E foi para aquele quarto dele, lá em cima. Quando voltou estava de malas prontas, mas praguejava alguma coisa sobre pedras. – Adonis riu e Harry sentiu-se satisfeito.
- Vocês sabem para exatamente onde ele foi? – perguntou Rony.
- Ele foi a Londres, ficaria lá esta noite, sacaria algum dinheiro dos duendes e depois iria para a Irlanda. Afinal de conta lá tudo é verde, e as coisas mais calmas... Slug nunca foi burro.
- A costa da Irlanda é enorme! – disse Hermione triste. – Vocês não têm nada exato?
- Outra coisa que sabemos – completou a fada direita – é que aquela metida do Holyhead Harpies enviou uma carta para ele.
- Que metida do Holyhead? – perguntou Rony interessado.
- É isso! – disse Adonis satisfeito. – Muito obrigado meninas!
Os quatro saíram da casa deixando as fadas do portal falando como loucas sobre os casos amorosos de Slughorn, e conforme caminhavam pela noite escura Adonis explicava sobre os contatos que tinha e sobre uma antiga amiga do Holyhead que provavelmente oferecera abrigo ao amigo, afinal ela era da Irlanda.
- Tudo bem, mas isso é alguma solução? – retorquiu um irritado Harry.
- É. Existe apenas um porto que leva até a Irlanda. Bem existem vários. – disse para si mesmo – Mas apenas um é possível. O Porto de Holyhead.
Adonis, satisfeito com seu raciocínio, retornou para Newcastle enquanto os três partiram para a pacata cidade de Holyhead. Ao chegarem na cidade portuária, a salinidade invadiu suas narinas e por todo lado havia um ocre cheiro de peixe. Já era bem tarde e, por prudência, forma procurar um local para dormirem. Conforme caminhavam pelas escuras ruas da cidade, uma enorme ave branca os encontrou. Era Edwiges, a coruja-das-neves de Harry. Ela deu umas bicadas na orelha de Harry e por fim guiou-os até uma pequena hospedaria.
A hospedaria não era a espelunca que havia ficado na ida até a casa de Dumbledore. Muito pelo contrário, era limpa, possuía lençóis brancos e travesseiros fofos. A comida era congelada, mas pelo menos não havia as nojentas pelotas de gordura velha da Hospedaria da Sra. Joel. Eles passaram a noite por ali, e antes de se deitarem Harry foi até o balcão perguntar o dono – um velho senhor de cavanhaque branco e olhos miúdos e cinzentos, parecia-se com uma foca desbotada, ainda mais por sua voz fina e ecoante.
- Boa noite senhor. – cumprimentou Harry enquanto Hermione e Rony subiam as escadas. – Você saberia me dizer quando parte o primeiro barco para a Irlanda?
- Irlanda... – analisou muito sério. – Porque todos querem ir para lá? Em semanas você deve ter sido o quarto que me pergunta sobre aquele lado, oras! – Harry sorriu. E o dono do local sentiu a grosseria. – Mas o primeiro navio sai às oito e meia. Mas é um navio para turistas, você sabe, cheio de mordomias e aquelas coisas pomposas... O primeiro navio normal só parte...
- Já basta. – cortou Harry. – Obrigado. Muito obrigado mesmo.
A noite foi tranqüila, mas a partida nem tanto. Edwiges parecia nervosa de um forma que Harry nunca vira antes. Ela batias as asas como louca e só aquietou-se quando Rony e Hermione desceram para o saguão e Harry ainda calçava os sapatos. Ela enfim voou sorrateira até o armário e puxou um envelope pardo, com a caligrafia vermelha. Harry destruiu o envelope e dentro havia uma linha escrita.
“Sua resposta... Aguardo, mas não se demore.”
Antes de terminar de ler, Edwiges havia partido janela a fora, e Harry desceu com sua mochila até o saguão. Encontrou os dois amigos e juntos pagaram a hospedagem. Saíram, e tinham uma hora até a partida do navio. Com isso eles foram a pé até o Porto de Holyhead, que àquela hora estava cheio de trouxas com suas bagagens para embarcar no enorme navio branco e azul. Eles se sentaram em um banco próximo ao porto e ficaram admirando a fila de turistas subir na prancha de madeira. Havia velhos, jovens e crianças e algum deles era quem ele procurava: Horácio Slughorn.
Após subirem, o que pareceu a Harry, umas cem pessoas, Harry notou que um senhor tentava furar a fila como um rato. O mais esquisito naquele senhor eram suas roupas. Utilizava uma calça camuflada do exército, e uma camiseta feminina de seda, cheia de babados e rendas. Utilizava sapatos de bico fino envernizado, com fivelas douradas. Em uma mão uma mala de couro lustroso e na outra uma caixa de frutas cristalizadas. Era de fato quem procuravam. Harry sacou a varinha e mentalizou a Azaração das Pernas Bambas. Slughorn sente sua presença, e começa a desequilibrar na pontezinha. Harry corre até a rampa e derruba alguns turistas assustados. Antes que Slughorn entrasse no navio, Harry segura em seu ombro e, ele se vira para o garoto encarando. A cara de leão-marinho suada e desconexa.
- Fugindo Slughorn? – perguntou Harry seco, descendo com o antigo professor pelo braço até a terra firme.
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Postando sem betar, só porque fiquei muito ausente. Desculpe pela demora. Boa leitura! =D
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