Uma Nova Esperança



Aos poucos, porém, o clima na sala foi ficando sério outra vez. Havia ainda muita coisa a ser dita, de ambos os lados. Snape suspirou, estendeu um dedo e suavemente enxugou as lágrimas do rosto dela. Odiava vê-la chorando.

_ E então, você _ murmurou de uma forma tão carinhosa que ela se sentiu derretendo por dentro. E de repente Tonks teve medo de perguntar se ele também havia se apaixonado por ela, porque precisava saber de toda a verdade antes de tomar qualquer outra decisão. Estava cansada de amá-lo em um instante e, no seguinte, odiá-lo com todas as forças.

_ Vê, então _ ele disse rispidamente, olhando para o chão outra vez _ porque devo parar com essa tolice de me envolver com alguém, seja de que forma for? De deixar confiarem em mim? Estou cansado, Tonks. Cansado de sentir culpa. Já tenho uma boa carga disso e não estou interessado em mais.

_ Mas... não foi culpa sua, você sabe... _ ela murmurou outra vez. Aah, Tonks, tão otimista, sempre tão agradável com todos. Ela jamais entenderia. Snape apenas olhou de esguelha para ela e não respondeu _ Você não matou Dumbledore porque quis!

Realmente, não matara. Talvez, porém, ninguém fosse capaz de compreender a sensação de ver a pessoa que mais havia confiado em você caindo morto... os olhos tão compreensivos se fechando para sempre... a luz verde tingindo tudo... com a cor da morte.

_ Remus... Remus também não foi sua culpa.

Claro que havia sido. Ele havia mandado Lupin para a morte de forma tão certeira como se usasse um Avada Kedavra. Então...

_ O que você quer dizer com isso?

_ Dumbledore me contou. Foi tudo um grande mal-entendido.

_ Mal entendido? _ ele interrompeu bruscamente.

_ É. Ah, Snape, como você pôde ser tão cego? Dumbledore já estava meio que planejando mandar Remus... praquele lugar, entende? Como o Hagrid no outro ano. Só não entendo como você não notou isso... e ficou por aí se culpando tanto.

Porque estava cego, ela tinha razão. Cego de ciúmes, de frustração, de raiva por ter sido deixado para trás mais uma vez por Remus Lupin.

_ Por que, Snape? Porque não foi, sei lá, comentar com alguém?

_ O que você queria que eu dissesse? _ ele perguntou rispidamente _ Não é o tipo de assunto que se sai discutindo por aí.

Porque ele havia sido um covarde e não tivera coragem de assumi-lo. Porque, na época, havia achado que era apenas uma forma de fazer Remus perder... e abrir espaço, quem sabe, para algo mais. Mas era ridículo se qualquer pessoa sequer o imaginasse agindo assim, por ciúmes, por desejo. Depois, porque tudo ficou muito mais sério... ele então se afundou em vergonha e, mais uma vez, culpa. E, mesmo que fosse verdade o que ela lhe dizia, isso não mudava certas coisas.

_ Mas eu tive a intenção, Tonks. Tive a intenção de mandar Lupin viver daquela forma. E isso basta, não entende? Basta para fazer de mim uma pessoa... em quem não se pode confiar.

Tonks mordeu o lábio, mas não queria chorar agora. Era ainda extremamente doloroso falar daquilo, mas ela precisava resolver as coisas com Snape.

_ Por que fez isso, afinal? Por que fazer isso com Remus?

Snape a ignorou; e continuou como se falasse consigo mesmo.

_ Já foi longe demais essa história de deixar os outros se aproximarem. Está mais do que na hora de voltar a ser o que eu sempre fui, a fazer o que eu sei de melhor.

_ E o quê é?

_ Viver só. Apenas eu; e ninguém mais.

_ Ooh não! Não, não _ ela pulou da cadeira e se ajoelhou no chão em frente a ele, para olhá-lo bem nos olhos _ Não, nem pensar! Por favor!

_ Será melhor para todo mundo.

_ Não, não será _ ela havia lutado tanto, tanto para trazer o que havia de bom nele para fora e agora, que estava quase o perdoando... ele vinha com aquela história estúpida. Ou será que era o destino dela, apaixonar-se por homens relutantes? Apaixonar-se... Não sabia em que momento havia se dado conta de que estava apaixonada por ele, mas era real. Ainda faltavam pontos a resolver, mas, só de pensar em viver sem tê-lo do seu lado, Tonks sentia seu coração encolhendo dentro do peito. Ela estendeu a mão e tocou o rosto dele, afastando os cabelos escorridos da face. Surpreendeu-se como a pele, apesar de seca, era quente e macia. Então, forçou Snape a olhar para ela.

_ Não quero que você volte pra concha outra vez.

Ele suspirou e desviou os olhos, mas ela se inclinou um pouco para o lado e entrou no campo de visão dele outra vez.

_ Não, Snape. Por favor.

_ Você sabe mais do que ninguém como eu sou, Tonks...

_ Sim, é justamente por isso! Você é leal, carinhoso, bem, do seu jeito, claro... engraçado! Sim, já disse o quanto adoro eu senso de humor? Você... é forte, como quase ninguém mais, e... _ ela disse, outra vez à beira das lágrimas.

_ Não sei, Tonks...

_ Sim, é.

_ Por que eu deveria...

_ Porque eu quero _ ela o interrompeu. Snape piscou.

_ Excelente argumento _ ele disse por fim, cruzando os braços na frente do corpo, uma expressão vagamente divertida surgindo em seu rosto. Ela sorriu. Mas que droga, ele tinha aquele dom de sempre a fazer sorrir... mesmo nas horas mais difíceis... estava mesmo perdidamente apaixonada.

_ Porque... eu não quero perder você também _ ela sussurrou, acariciando o rosto dele. Seu olhar era suplicante, o toque, embriagante; e ele a queria mais que tudo. Mas se sentia errado e indigno.

_ Tonks... eu *quis* mandar Lupin pro meio dos lobisomens e isso não me isenta de alguma culpa.

_ Me diz então porque você fez isso. Por ódio ou... alguma outra coisa?

Estava no ar, era quase palpável, quase escapara dos lábios dela. Mas ele absolutamente não conseguiria dizer... "aquilo". Não naquela noite. Abrir-se era sempre tarefa árdua. Para dizer... “aquilo” a ela, Severus precisaria primeiro se colocar todo no lugar e só então, depois de respirar muito fundo, tomar a coragem necessária.

_ Não interessa.

_ Mas é claro que interessa! Dumbledore me disse que é a chave de tudo!

_ Ele disse isso?

_ Disse.

_ Típico _ ele cruzou os braços outra vez, parecendo enfadado.

Ela sorriu.

_ É, eu também acho.

Aquele sorriso inundou-o de lembranças. A expressão dele se abrandou de repente; e Severus estendeu um dedo e tocou o rosto dela outra vez. A pele suave como seda... os cílios longos e negros adornando olhos muito azuis. Cabelos cor de cereja, presos num logo rabo de cavalo, com uma franja cheia sobre os olhos. O rosto pálido tingido de rosa nas bochechas. Tonks parecia uma boneca, muito doce e irresistível, o olhando ansiosa e suplicando por ele. Severus sentiu algo implodindo dentro dele.

_ Oh, Tonks. Senti tanto a sua falta.

_ Eu também _ ela respondeu com a voz embargada. Tinha estado tudo tão errado... quase perderam um ao outro, quase jogaram fora aquela relação tão essencial.

O dedo dele deslizou, desenhando o contorno dos lábios dela.

_ Você... me perdoa? _ ele sussurrou, se curvando.

_ Já está quase totalmente perdoado _ ela sorriu, os olhos brilhando como antigamente _ E você, me desculpa por ter dito aquelas coisas horríveis hoje à tarde?

_ Era seu direito _ Se inclinou mais; e então, roçou os lábios nos dela, suavemente. Tonks suspirou contra a boca dele; e uma sensação eletrizante percorreu o corpo de Snape. Ele inclinou a cabeça levemente para que suas bocas se encaixassem. Os lábios dela eram tão perfeitos... eram levemente carnudos e tinham um gosto tão bom, doce... ele intensificou os movimentos; ela suspirou outra vez e então, entreabriu os lábios. A língua dele se insinuou pela abertura, em busca de mais daquele gosto tão delicioso. E, de repente, ela se afastou.

_ Não, ainda não... _ ela sussurrou, colocando um dedo sobre os lábios dele enquanto ficava de pé _ Temos que esclarecer tudo antes... Ai.

E ela tropeçou nas próprias pernas, enroscadas umas nas outras. Snape foi mais rápido e, ficando de pé, a agarrou pela cintura. Ela se sentiu patética por ter protagonizado um clichê daquele tamanho, mas era tão bom ficar assim, os braços dele a envolvendo, sentindo o cheiro bom que se desprendia das vestes dele... Ela suspirou outra vez. Talvez ainda fosse muito cedo, mas agora tinha certeza: queria mesmo aquilo. Mas antes...

_ Nada de segredos entre nós. Mais nenhum. Por favor.

Ele suspirou; e concordou.

_ Me diz, então, por que fez aquilo.

Ele meneou a cabeça, frustrado.

_ Não posso. Não hoje.

_ Oh, céus. Tudo bem, eu espero. _ e disse quase consigo mesma _ Afinal, estou ficando especialista em homens cabeça-dura que relutam em ficar comigo, mas, fazer o quê _ ela revirou os olhos; e então, olhou suplicante para ele _Mas... tem coisas que preciso ouvir da sua boca.

_ Tudo bem _ ele murmurou suavemente.

Ela mordeu o lábio e um sorriso travesso surgiu em seus lábios.

_ E... Por favor? Não demora?

Ele riu; e então se fez de rabugento.

_ Ainda está para nascer alguém tão curioso quanto você

_ É, é, eu sei _ e o enlaçou pela cintura. O coração batia forte agora _ Porque eu... não estou exatamente a fim de me envolver com alguém agora, sabe... mas... dependendo do que você me disser... quem sabe... _ ela gaguejou.

Ele sentiu seu coração batendo no mesmo ritmo acelerado do dela. Engoliu em seco. Se aquilo significava o que ele pensava... mas então, se lembrou de algo mais.

_ Não quer se envolver? E o Weasley?

Ele ouviu o som de uma risada estrangulada contra seu pescoço.

_ Ah, ataque de ciúmes, é isso?

_ Não é ciúme.

_ Oh, claro que não, você é um homem muy nobre que jamais disputaria uma dama com outro cavalheiro, não é mesmo?

Ele desviou os olhos.

_ O Carlinhos não gosta de garotas.

_ O quê?

_ Você sabe o que eu quero dizer. Ah, mas tem que me prometer que não vai espalhar isso por aí. Seria um escândalo na família, nossa, posso até ver a Molly se descabelando...

_ Tem certeza?

_ Claro! Eu até fui a primeira pessoa a quem ele contou, quando a gente anda estudava aqui... bem, esse ano ficamos meio distantes porque eu... não estava bem e tal, mas...

_ Eu jamais imaginaria algo assim.

_ Snape... ele gosta de garotos, mas não é uma garota, entende?

_ Certo.

E ele com ciúmes. Patético. Tonks deu um beijo estalado na bochecha dele.

_ Ciumento.

_ Não estava com ciúmes _ os lábios dele se crisparam.

_ Não, não estava _ ela sorriu e então, bocejou.

Ele olhou o velho relógio manchado na parede. Duas e meia da manhã. Tocou a bochecha dela com o dedo outra vez.

_ Você devia ir dormir.

_ Uhum _ ela respondeu preguiçosamente, estendendo os braços sobre a cabeça. Então, olhou em volta e disse _ Deixa te ajudar com essa bagunça; num segundo a gente limpa isso.

Quando os vidros estavam inteiros outra vez; e todas as coisa viscosas e poções haviam desaparecido, era hora de ir. Snape segurou a mão dela enquanto iam juntos até a porta.

_ Então... promete que vai contar?

_ Já disse que vou. Sei que é difícil, mas... _ os lábios dele se curvaram para cima um tantinho _ apenas tenha um pouco de paciência _ e acariciou o sorriso que se formara nos lábios dela.

Ficando na ponta dos pés, Tonks murmurou boa noite e se despediu com o mais doce dos beijos.

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aww. estou derretendo de fofura :~

vinola obrigada, mais uma vez! ai, confesso que me deu uma pena do morceguinho escrever essa cena do baile... o sirius conseguia ser um modafocker às vezes, hein :~ e que história é essa do próximo capítulo seu ser o útlimo? mas já?

camis aah, obrigada! ahah eu sou super chata mesmo com essas coisas de encaixar fics no canon ;) e que bom que vc tá gostando.

morgana jura que é seu preferido? ai que feliz! e eu *adorei* escrever a cena com a rosmerta, primeiro porque eu adoro a personagem (uma muié dona de bar!) e segundo porque eu acho que foi um número razoável de cenas dos dois no 3V, logo, ela deve ter notado algo ;D

espero qe goste desse tb (eu acho ainda melhor que o anterior, só pra constar ;D)

samoa \o/\o/\o/\o/\o/ ;D

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