Um verão tortuoso
Eram onze horas e quarenta e cinco minutos de uma calorenta segunda-feira, paradas de frente a uma velha casa senhorial, com um gramado bonito e bem aparado não se via nada, apenas duas corujas; Uma grande branca e uma pequenina e parda, ambas traziam amarradas a si pacotes, grandes e pequenos, embrulhados cuidadosamente. Pacotes que desde ontem não conseguiam ser entregues pois o dono dos presentes não tinha se dado a boa vontade de abrir a janela.
Enquanto as duas corujas espiavam de esguelha o quarto mais alto da casa, uma pessoa lá dentro tremia inconsolavelmente, e as lágrimas afloravam em seu rosto como se fossem gotas de cerveja amanteigada descendo pelo esôfago de um adolescente num dia frio em Hogsmeade.
__ Porque isso foi acontecer comigo, será que eu já não era infeliz demais?! Exclamava um garoto jovem, porém abatido, alto, muito magro, de olhos intensamente verdes e uma torrente de cabelos negros bastante rebeldes. E então ele se levantou da cama e com passadas rápidas e tristes se dirigiu em direção à grande janela de seu quarto, colocou a mão no trinco que fechava as duas portas e abriu.
No momento em que colocou sua cabeça para fora sentiu como se seus problemas estivessem sendo levados de seu corpo, juntamente com a brisa leve e refrescante da noite na rua dos Alfeneiros, porém, quando Harry menos esperava, duas corujas levemente diferente uma da outra entraram voando em seu quarto.
__ Edwiges ! Píchi ! Que bom que estão aqui ! – Exclamou o menino, feliz e muito surpreso, os pensamentos de Harry a respeito do padrinho sumiram dentro de sua cabeça, e então deram lugar à uma felicidade intensa que emanava de Harry. Edwiges começou então à dar bicadas leves e carinhosas na sua mão, enquanto Píchi voava sobressaltada pelo quarto todo. Quando de repente Harry viu que não só um, mais muitos pacotes de presente estavam empilhados em sua cama, Harry então começou a abrir, num desespero animado, para saber o que continha em cada um daqueles pacotinhos.
O primeiro era uma grande protuberância encaroçada, que Harry logo pensou...
__ Hagrid... – E tinha acertado, porém não era nada que Harry tinha visto antes, era algo extremamente maravilhoso e indescritível, era um mini campo de quadribol, com bonequinhos enfeitiçados e entusiasmados que corriam por todo o campo, e junto com o embrulho havia também uma carta:
“Olá Harry !
Como está sendo o seu verão hein pequenino ?
Espero que esteja tudo bem e que esses trouxas estejam tratando você de uma forma carinhosa.
Estou ansioso pela sua volta à Hogwarts, este ano promete ser cheio de aventuras sabe, e de surpresas também.
Fique bem sabe Harry ? Eu acho que Sirius não iria querer que você ficasse depressivo.
Um abraço hein !?
Hagrid !”
A simples menção do nome do padrinho na carta fez o estomago de harry afundar dentro do pijama, e fez com que um sentimento triste se apoderasse dele de novo, sendo que diferente de todos os outros dias do verão, Harry hoje tinha que estar feliz, pois era seu aniversário e ele tinha certeza que seu padrinho iria detestar que Harry ficasse triste, e então ele tratou de colocar um sorriso maroto no rosto e continuar a abrir os embrulhos. O segundo tinha uma forma meio retangular e era pesado, ele presumiu então que fosse de Hermione, um livro provavelmente, mas ao abrir ele teve uma surpresa, pois algo muito rapidamente começou a materializar-se em frente à ele. Uma caixa de madeira de mogno, com detalhes prateados surgiu de repente à vista do garoto, e encrustado ali, na ponta da caixa de madeira, tinha um nome prateado e reluzente, que lia-se Estojo para transporte de vassouras. Harry ficou bestificado e murmurou
__ Uau Mione ! Isso deve ter custado uma nota, lembre-me de perguntar o que você quer ganhar de natal ! – E junto com o magnífico estojo tinha também uma carta, onde se lia:
“ Oh harry ! Que saudade estou de você, bom já recebeu os seus Nom’S ? espero que sim, pois recebi os meus ontem e estou muito feliz sabe ?! Tirei notas suficientes para iniciar o curso de auror e você pode imaginar como estou feliz né ?!
Pois bem, vamos falar do seu presente, bom, é um estojo para transporte de vassouras de corrida sabe ?! Eu achei isso a sua cara, mas como era muito grande pedi para eles enfeitiçarem e colocar no tamanho adequado pra uma coruja trazer, bom, o Rony tem escrito algumas cartas para mim e disse que se saiu bem nos NOM’S dele também, isso não é ótimo ? Vamos cursar os mesmo s cursos em Hogwarts como nos velhos tempos !
Bom, espero que esteja lidando com a morte do Sirius de uma meneira inteligente. Sabe Harry ? Peço desculpas por estar mencionando isso abertamente para você, mas é porque eu acho que você tem que lidar com isso de uma forma inteligente e sensata, como diz no livro, Mil passos para o entendimento psicológico de bruxos que perderam alguém !
Bom, não vou me demorar mais, pois estou morrendo de sono afinal, e Edwiges me parece com pressa, pois eu acho que ela quer garantir que você em mais um ano receba todos os presentes que você merece !
Beijos Harry !
E até Hogwarts
Mione”
__ Hum... Se você não mencionasse um livro não seria você né Mione...
E harry sentiu que a amiga tinha sido muito insensta, será que alguém alguma vez poderia escrever um livro com sentimentos de perda verdadeiros ? Harry anotou essa pergunta mentalmente, pois podia faze-la à amiga quando se vissem no trem de hogwarts. E enfim Harry olhou para os dois últimos pacotes, um que parecia vir de Rony e outro de... Dumbledore ! Harry olhou de esguelha para o pacote embrulhado com um chamativo papel de presente roxo berrante, e reconheceu a caligrafia fina e desenhada do professor, e então começou a abrir o pacote, quando de repente algo caiu de dentro dele, que quando Harry observou melhor percebeu que era uma pena, mas uma pena vermelha e pelo que harry conhecia, uma pena de fênix,
uma pena de Fawkes ! E dentro do envelope tinha uma carta, uma carta curta e pequena, e pelo visto Harry achou também muito confusa !
"Siga em frente, não olhe para os lados e segure nas mãos de quem você confia."
__ Dumbledore e seus conselhos malucos... Imagino como eles devem imaginar que eu estou caindo triste e debilitado... Depressivo e desanimado, mas na verdade... - E Harry olhou-se no espelho e percebeu que já não era mais um garoto, como antes. A tristeza da morte estava marcada mais profundamente no seu rosto, a dor era tanta que Harry não mais sentiu nada, nem sono nem tristeza, apnas dor, uma dor de como se alguem tivesse lhe arrancado um pedaço com uma adaga afiada, e ele simplesmente não queria isso. Então deixou de lado os presentes que restavam, deitou-se de borco na cama, tirou os óculos, tentou limpar a mente, de todas as emoções, e tratou de adormecer.
Passava-se então mais uma noite, na rua dos alfeneiros Nº 4, onde Harry continuava invisível para os olhos de todos inclusive para os dele mesmo.
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