Memórias
Se isto fosse uma história de encantar, com cavaleiros que salvam princesas de dragões, eu começaria por “Era uma vez…”. Mas o facto de me ter acontecido a mim, torna tudo real. Se eu pudesse imaginar que toda esta história seria como a chuva…vem sem aviso, fica por algum tempo, mas quando menos se espera, ela farta-se e deixa-nos.
Estávamos no Outono, tempo em que as folhas deixam as árvores, caem, passam a ter uma vida própria…se é que se pode chamar vida ao que acontece às folhas de Outono…elas tomam cores lindas, mas caem…são pisadas por toda a gente, varridas, e esquecidas…até a árvore arranja novas folhas com que se embelezar. Mas as folhas não arranjam novas árvores, por isso acho que naquele momento me poderia considerar uma folha de Outono. Nunca eu pensei que acabaria no dormitório de Hogwarts, deitada na minha cama, a chorar horas a fio, sem dar uma explicação aos meus amigos.
*Flashback*
- Olá…eu acho que temos algo por resolver…
- Ah…olá, Ginny… pois, é capaz…
- Pois… então... eu acho que tu tens alguma coisa a dizer-me.
- Ah, sim, tenho…aa…Ginny, desculpa, mas… euqueroacabartudo!
- Pois, logo vi. Mas antes deixa-me dizer umas coisas, ‘tá?
- Ah, ‘tá…diz…
- Hun… então é assim: eu sei que fui uma estúpida, mas tu também não ajudaste, e eu não acredito que não te dê saudade do tempo em que tudo era bom, em que tudo estava bem! Tu uma vez disseste-me que não serias capaz de acabar comigo, mas parece-me que foi o que aconteceu… digo-te aqui, com toda a certeza, que nenhuma rapariga te vai amar tanto como eu te amei! Aliás, como eu te amo! Não que agora tu me vás dizer que também me amas, mas ao menos assim sabes o que sinto em relação a tudo isto! Desculpa amar-te tanto, mas não consigo deixar este sentimento! O meu coração ameaça ruir, e eu já não sei o que fazer! Vou tentar superar… mas não vou conseguir falar contigo… pelo menos enquanto a mágoa não passar! Na tentativa de melhorar a nossa relação, apenas consegui piorá-la… e é das coisas que mais me arrependo na minha vida! Peço-te imensa desculpa por isso…
- Ah…ok…não…não precisas pedir desculpa…bem, acho que resolvemos tudo, certo?
- Ah! Não, queria-te perguntar mais uma coisa, será que posso?
- Claro, à vontade…
- Aa… suponho que queiras a tua chave de volta, estou certa?
- Chave? Que cha…ah…essa chave…já nem me lembrava disso!
- Pois, mas eu lembro…lembras-te? “Tu tens a chave do meu coração, e eu a chave do teu…”.
- Lembro…
- Mas bem…queres?
- Aa…sim…
- Pois, já suspeitava… *ela beija-o…*. Aqui está ela…
- …
- Não precisas dizer nada. Bem, adeus. Agora está tudo resolvido *ela afasta-se…ele olha para ela como se fosse a última vez…”
*Fim do flashback*
Ginny deixa cair a carta e olha para a sua filha. Uma lágrima escorre pela sua face.
- Oh, mãe…isso é muito triste! E o pai alguma vez soube disso? – disse Margaret.
- O teu pai e Draco sempre foram inimigos, até ele o ajudar a matar o Lord das Trevas…
- Ah…compreendo…mas, afinal, o que vem nessa carta? É alguma coisa a ver com Draco? Para me contares essa história…
- É, Maggie, é…Hermione mandou-me esta carta, a dizer que soube que Draco estava gravemente doente…
- Estava? Já não está? – perguntou Margaret, um pouco confusa, mas receando a resposta da sua mãe.
- Ele…ele morreu. – e Ginny começa a chorar, um choro lento, uma lágrima a seguir à outra, cada uma traz mais dor que a outra…
- Oh, não! Mãe…mãe, não fique assim! Tudo se vai resolver! Ele…ele não a merecia, ele usou-a! Lembra-se?
- Mesmo assim, era ele que eu amava. Agora não compreendes, mas quando amares mesmo alguém, e esse alguém te disser que acabou, vais compreender! Mas eu espero que nunca compreendas. Espero que o teu amor sempre seja correspondido! – e com isto sorriu para a sua filha, e viu nela o rosto da menina que um dia se apaixonou por um rapazinho charmoso, que a encantou, e que a largou…mas que nunca ela deixou de amar. Afinal de contas, ele sempre teve a chave do seu coração! E ela sempre iria ter na memória aquela chave enferrujada, dourada, grande… “a chave do teu coração”.
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