Capítulo Único
Nota do
autor:
Bem... essa
short eu escrevi há séculos atrás, para mandar para um concurso do Pottercon.
Bem. O concurso passou e eu não recebi notícia nenhuma e nem ao menos sei quem
foram os ganhadores, portanto, para não deletar a short, posto-a aqui. Leiam e
comentem e leiam também minhas outras fics.
:*
O
sol irrompeu preguiçosamente por entre as cortinas que serpenteavam nos
caixilhos, fazendo com que a luz penetrasse pelas pálpebras de Godric. O jovem
pestanejou diversas vezes, com a visão turva, e, então, calmamente, foi
recobrando-a e sentou-se na cama, cansado.
Ainda
podia lembrar-se da briga do dia anterior com Helga Hufflepuff e, agora, com a
calma ao seu redor, percebia que fora idiota em brigar com ela.
Ergueu
os olhos azuis para a mesinha de cabeceira ao lado de sua cama de dossel e
encarou um porta-retrato antigo, com a moldura dourada refulgindo à luz solar.
Na
foto, ele e uma jovem ruiva sorriam, sua mão pousada calmamente sobre o ombro
dela. Godric levantou-se e, então, dirigiu-se para a foto, segurando-a entre os
dedos finos e lívidos e sorriu, ante a lembrança que veio-lhe à mente.
Helga
tinha os cabelos ruivos e longos, cascateando-lhe sobre os ombros e para as
costas e mantinha um sorriso jovial, que revelava a sua felicidade. Felicidade
dos tempos antigos, Godric diria; quando eles eram mais jovens e namoravam às
escondidas, correndo por fazendas e abrigando-se em cavernas para esconder-se de
seus pais. Godric ainda podia lembrar-se da voz roufenha de seu pai dizendo que
aquela garota não presta, filha de Robert
Hufflepuff, não passa de uma moça da vida, sem respeito.
Mas
ele sabia muito bem que ela era a garota mais respeitável que ele já
conhecera, dona de uma doçura e amabilidade incríveis.
Ainda
podia lembrar-se do cheiro que a mata exalava, deitado em um pano estendido no
chão musgoso com a garota em seus braços, abraçando-a com uma leve sofreguidão,
como se pudesse protegê-la de todos os maus.
Olhou
para baixo e viu os seus olhos azuis refletidos nos dela.
-
Eu te amo - ele sussurrou, calmamente, inclinando-se para beijá-la de leve em
seus cabelos.
-
Eu também te amo, querido - disse ela, sorrindo. -, tanto... tanto... meu pai não
consegue compreender... e acho que nunca conseguirá. Mas, então, quando
casarmos, ele vai ver que suas intenções comigo sempre foram boas... você
consegue acreditar que ele pôs grades nas janelas do meu quarto? E disse que
semana que vem vai colocar feitiços anti-aparato.
-
O que acha de fugir? - perguntou Godric, com seriedade.
-
Fugir? Fala sério?
-
Muito, querida - ele abraçou-a com mais força e beijou-a nos lábios. -, seria
perfeito... eu tenho algum dinheiro guardado comigo e poderíamos alugar alguma
casa por uma cidade. Poderemos ser felizes e...
-
Realizar o nosso sonho? - completou Helga, satisfeita. - Seria perfeito, Godric...
perfeito... ensinar aos jovens a magia... abrigá-los conosco, sem prendê-los
como os pais fariam. Em um lugar grande e... e... eu te amo - Ela segurou-se com
mais firmeza a ele e, então, procurou seus lábios. Tinha tanta confiança
naquele rapaz e sentia-se segura nos braços dele.
Podia
sentir o calor de seu corpo em contato com o dele, os seios comprimidos contra
seu peitoral. Arfava com pesar, a alegria não conseguindo ser contida dentro de
si. Beijou-o, sentindo a língua dele ser introduzida em sua boca e explorando-a
com calidez.
Helga
entregou-se ao beijo, deslizando seus dedos pelos cabelos negros dele
acariciando-o ternamente.
No
segundo seguinte, eles desvencilharam-se e deitaram-se olhando para o céu azul
opalescente que se erguia sobre eles majestosamente.
-
Quando vamos? - ela perguntou, interessada.
-
Se possível, amanhã... - disse Godric, alegremente.
-
Eu te amo, amor - murmurou Helga. -, mais do que tudo... mais que a mim mesma...
Lentamente,
uma nuvem prateada foi dissipando-se e Godric viu-se novamente de pé defronte
à mesinha de cabeceira, o porta retrato frouxo por entre seus dedos trêmulos.
Ele ainda podia lembrar-se de si, com um chapéu pontiagudo sobre os cabelos,
cavalgando com bravura em um cavalo branco, Helga sentada atrás de si, com as
pernas balançando do lado, um vestido verde-claro artesanalmente ornamentado,
pesado sobre seu corpo.
Durante
meses, eles conseguiram viver com o dinheiro de Godric, e, logo, por ser jovem e
forte, ele conseguiu um trabalho que deu para guardar bastante dinheiro, já que
não tinham muitas despesas e nem filhos.
Mas
foi então, que, um dia, eles tiveram a sua primeira briga; Helga dizia que
queria aceitar a todos. Que ninguém era diferente de ninguém; Godric, ao contrário,
prezava a coragem sobretudo. Sempre fora assim, a coragem guiando-o contra os
obstáculos da vida. Fosse para o que fosse, sempre conseguia o que queria pois
tinha em suas mãos uma determinação incomensurável.
No
final daquela noite, Godric despediu-se dela aos berros, e bateu a porta
ruidosamente ao passar, jurando que jamais poria os pés naquela casa e que
cansara de vê-la. Cansara de se iludir com ela.
Verdadeiramente,
ele sabia que parte daquilo não era o que sentia; embora achasse que ela não
batalhava para continuar com ele e tivesse uma falta de sentimentos incrível.
Godric sabia perfeitamente que ela o amava e que abandonara a sua família para
vivenciar aquele amor.
Vagou
pesadamente pelos becos escuros da Inglaterra medieval, até que conheceu um
casal em um pub; pela primeira vista,
pôde perceber que eles eram bruxos, pelos seus simples trajes diferenciados dos
demais. Inclusive, alguns homens cochichavam sussurrando à uma mesa, apontando
disfarçadamente para os três sentados ao balcão.
Godric
pôde ver uma cruz brilhando no peito de um deles e logo soube que era um dos
moralistas católicos na inquisição. Sorriu; seria divertido sentir as cócegas
do fogo queimando nas suas canelas.
Mas,
então, no dia seguinte, ele levou-os, Salazar Slytherin e Rowena Ravenclaw para
casa e apresentou-os para Helga, embora ainda estivesse falando friamente um com
ou outro, ou soltando alguma tirada sarcástica por entre os sorrisos falsos.
No
final de um dia, eles decidiram juntar-se, após uma conversa calorosa em que
discutiram a criação de uma escola de magia; aquilo iria contra todas as
regras do tempo, porém, era o que cada um desejava mais ardentemente.
Godric
sinceramente, não gostava muito de Salazar; algo nele o estranhava; uma
superioridade antipática aos seus olhos. Porém, era a chance da realização
de um sonho ou abandonar tudo por causa da primeira impressão de conhecer uma
pessoa, até porque, geralmente, antes dele conhecer alguém, já o julgava
precipitadamente, declarando que desgostava da pessoa.
Era
um defeito seu que cometia, mas que infelizmente não conseguia abandonar.
Os
quatro, juntos, conseguiram fundar o colégio com mais facilidade e logo foram
agregando professores, funcionários e alunos. O chapéu surrado que Godric
sempre usava sobre a cabeça, foi enfeitiçado, criando um rasgo na aba, como
uma boca, que escancarava, abrindo e fechando e produzindo uma voz roufenha de
homem, que passou a selecionar para qual casa cada estudante ia.
Sonserina
para os puros de sangue; Corvinal para os de inegável inteligência; Grifinória,
para os corajosos, tão almejados por Godric e, finalmente, Lufa-Lufa, para os
que restassem, como Helga sempre desejou. Sem diferenças...
Anos
se passaram com alegria; anos em que Grodic e Helga mantiveram o seu casamento
apaixonadamente... até que tudo então dividiu-se; as casas, antes sustentadas
sobre pilares fortes, enfraqueceram e os quatro separaram-se.
O
mesmo motivo pela primeira briga deles dois, agora fazia com que os quatro
brigassem... duelos e lutas cada vez mais constantes, até que Salazar
despediu-se.
Ele
sempre fora o mais afastado dos outros quatro, sempre vivendo em seu mundinho e
brindando champanhe com seus alunos de puro sangue, que sempre se reuniam às
noites em algum lugar que os outros três não conheciam.
Salazar
desapareceu das vidas deles, porém, Helga, Godric e Rowena continuaram
ensinando... Para todos os que tivessem direito e quisessem aprender a magia.
Grodic
pousou a foto sobre a mesinha e, então, encaminhou-se para a janela, correndo a
cortina que serpenteava para o lado e perscrutando o jardim verdejante que
erguia-se a sua frente, como feito por mãos perfeitas.
Seu
sonho se concretizara... com sua coragem e determinação, conseguira conquistar
tudo o que desejara para a sua vida. Ele tinha orgulho de si mesmo.
O
seu hálito embaçou a superfície do vidro e ele sobressaltou-se com alguém
que batia à porta.
Virou-se.
-
Entre.
A
porta escancarou-se e ele viu cabelos ruivos aparecendo na borda.
-
Eu vim pedir desculpas - a voz doce que bem conhecia soou. -, por ontem... por
tudo... eu te amo, Grodric. Depois de todos esses anos, eu ainda te amo...
Ele
sorriu e encaminhou-se para a porta, erguendo seus olhos azuis para a moça; as
rugas agora, revelavam-se em algumas partes do rosto, mostrando que aquela jovem
que conhecera amadurecera. E ela amadurecera ao seu lado.
Godric
inclinou-se para frente, envolvendo-a calidamente com seus braços e, então,
selou um beijo nos lábios dela, sentindo o mesmo frio de prazer de todas as
vezes que se aproximava dela, percorrer-lhe toda a espinha, até o cérebro.
Sentiu
as mãos macias dela acariciarem seus cabelos negros e, então, entregou-se ao
beijo, introduzindo a sua língua e sentindo a úmidez por entre os lábios
dela.
-
Eu te amo, Helga - disse. -, obrigado por ser quem é...
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!