¤ Conversa estranha, encontro

¤ Conversa estranha, encontro



Faltavam poucos dias para o Baile de formatura, e Harry estava excepcionalmente nervoso para a ocasião; em primeiro lugar, o que o perturbava mais fortemente, finalmente Pansy Parkinson conheceria a namorada de Draco Malfoy, o que certamente não acabaria bem; também, estava preocupado com o fato de ter que dançar com uma garota que simplesmente o odiava, e que tinha uma expressão assassina a cada vez que o via. De fato, quando disse seus temores para Hermione (Rony ainda estava tão aparvalhado que não fazia sentido tentar conversar com ele; sempre que tentava, o pulso de Harry era agarrado fortemente pelo garoto, e Rony começava a babar, dizendo "Hermione, Hermione...", e em seguida adormecia profundamente), a garota considerava somente a primeira constatação. E começava a achar que Harry estava cismado com Sarah, o que deixou o garoto profundamente irritado.




-- Não sou eu quem está ameaçando ela com azarações! -- Reclamou Harry furioso, dois dias antes do Baile. Hermione suspirou.



-- Harry, por favor, tente entender a garota! Ela acha que você foi cruel com Gina, é a opinião dela! -- Disse a garota, com exasperação e cansaço. -- Como se não houvessem mais problemas para eu cuidar -- a garota olhou para Rony -- ele não está nada bem. Fui visitar Madame Pomfrey esses dias, ela acha que ele não está em condições perfeitas de ir ao baile. E o pior, não faz a menor idéia de quando esse efeito pode passar. Eu até perguntaria para o professor Snape, mas provavelmente ele ficaria furioso quando soubesse que você deixou a poção cair no chão. Aliás, Harry, como você vai se livrar disso? Você vai fazer outra poção? -- Perguntou a garota, depois de acomodar Rony em uma poltrona sem que ele pendesse molemente para os lados da cadeira.



-- Eu sinceramente não sei te responder, Mione. -- Disse o garoto, emburrado.



-- Pois devia pensar em algo. Sabe, depois que você passou no N.O.M. de Poções, achei que você iria ser mais cauteloso em relação ao professor Snape. -- Comentou Hermione, rigorosa. -- Isso vai afetar profundamente o seu futuro como auror...



Harry não quis mais participar daquela conversa, e subiu para seu quarto, aonde ficou até a hora do jantar, imerso em pensamentos. Porém, quando sua barriga começou a roncar, não deixando Harry ouvir sua própria cabeça, o garoto admitiu que deveria descer.



Encontrou o Salão Principal quase vazio; de fato, só haviam alguns retardatários, que ainda beliscavam um pedaço de sobremesas restantes. Harry acomodou-se em uma cadeira, comeu rapidamente e, pela segunda vez naquele dia, resolveu dar uma volta pelo Castelo. Harry preferia muito mais ficar sozinho quando se sentia irremediavelmente deprimido; assim poupava as outras pessoas de conviverem com a sua assumida chatice momentânea. Harry deitou-se no gramado e ficou a olhar o céu "azul de brigadeiro", como já ouvira algumas pessoas falarem... quase adormeceu ali, tal que era a sua paz... não havia ninguém nos jardins, e se sentiu absolutamente grato por isso... seus olhos estavam quase se fechando...



Gina corria até ele, desesperada; agarrou-se na gola das vestes do menino, chorando, cheia de dor, e sacudindo o garoto... Sacudiu com mais força... Agora Harry quase caiu no chão, tal era a força que a menina o sacudia... Harry pediu que parasse.. até que Gina abriu a boca e disse-lhe, violentamente, com a voz de Draco Malfoy, "Acorde, Potter!! Acorde, seu preguiçoso, seu..."



Harry abriu os olhos. Ainda estava fora do Castelo, deitado no chão, Malfoy agarrando sua gola e sacudindo-o violentamente; ao perceber que o garoto acordara, tacou-o no chão. Harry grunhiu alguma coisa e se sentou. Os olhos de Malfoy o encaravam profundamente, com leve agressividade e muita arrogância.



-- Que foi, Malfoy? -- Perguntou Harry, furioso, quando se levantou completamente da grama. "Esse palerma imbecil, essa fuinha desgovernada, saindo com a Gina", pensou feroz.



Draco olhou para os lados, encarou Harry novamente e disse:



-- Aqui não. Daqui a cinco minutos, na biblioteca. Tenho... tenho que falar com você sobre uma... coisa.



-- É sobre a... ? -- Perguntou Harry, arrumando os óculos no rosto.



-- Na biblioteca, é surdo? -- Perguntou Draco arrogantemente, e saiu pelo gramado, para o Castelo. Harry contornou o outro lado do Castelo, e seguiram, apesar de usarem caminhos diferentes, para o mesmo lugar. Malfoy já chegara quando Harry entrou, e segurava um livro enorme na frente do rosto.



-- Você demorou pacas, Potter. O que, veio a pé ou rastejando mesmo? Ah, não, me esqueci, quadrúpedes não rastejam, não é? Como se fala... ah, é, eles trotam.



-- O que você quer, panaca.... -- Resmungou Harry, ameaçador.



-- Do que você me chamou? -- Perguntou Malfoy, mas não parecendo muito ofendido.



-- Fale logo porque me chamou aqui. -- Pediu Harry, furioso.



Draco baixou o livro do rosto; parecia um pouco nervoso. Lembrou a Harry a expressão que o garoto fez quando viu pela primeira vez os explosivins, um misto de receio e vontade de sair dali. Claro que Harry não iria admitir que teve a mesma sensação no momento.



-- Sabe, Potter... -- Começou Draco. Harry rosnou, como um cão violento. -- Eu...



-- Olhe, fale logo o que quer. Ou melhor, eu falo: -- O garoto se sentiu subitamente estranho; era como se fosse um irmão mais velho de Gina ou algo assim. Não queria usar aquele tom de voz, mas não conseguiu impedir que as palavras saíssem de sua boca -- O que você tem com a Gina é sério?



Draco pareceu muito chocado; Harry logo se sentiu subitamente idiota - é claro que o garoto sentia algo sério por Gina, foi ele quem encostou na tal.. Poção do Irresistível Amor ou algo assim! É claro que nunca confessaria aquilo para Malfoy, caso fosse verdade, mas agora não tinha mais retorno, e esperou, quase ansiosamente, pela resposta do garoto, que ficou subitamente vermelho e disse:



-- O que eu sinto ou deixo de sentir pela Gina é só do meu interesse.



-- Aí está o seu engano, meu amigo Draco -- Disse Harry, com o maior nível de sarcasmo na voz que conseguiu produzir. -- Isso também me interessa, caso você não saiba, Gina é uma das minhas melhores amigas, e se você machucá-la, nem que seja por um momento só, eu acabo com a sua raça. -- Harry ameaçou.



-- Olhe aqui... -- Draco já ia retirando sua varinha do bolso, mas parou por um momento, guardou-a novamente e inspirou. -- Você realmente acha que eu estaria falando com você se não gostasse dela? Muito?



Harry notou que o garoto tinha a mais profunda razão, e não fez um só comentário sobre isso, o que fez Draco sorrir, maldoso. Mas o sonserino também não fez qualquer comentário, para o enorme espanto de Harry.



-- Acontece que ela está com medo da reação dos... Weasley. -- A dor que Draco sentiu ao dizer esse nome sem ofensas posteriores provou a Harry que Draco realmente gostava de Gina -- E não posso deixar de concordar com ela.. meus pais não ficariam nada satisfeitos se soubessem.. han... quem estou namorando.... Além disso, tem aquela idiota da Pansy -- pela primeira vez em muito tempo, os dois riram, sinceramente, ao mesmo tempo, e pelo mesmo motivo (Harry reparou na estranheza daquele momento, e parou logo de rir; Draco fez o mesmo) --, que me persegue e diz que vai matar a... a pessoa... que eu gosto.



-- E porque você está me contando tudo isso? -- Perguntou Harry, grosseiramente. Aquele segundo de cumplicidade entre os dois se desfazera tão abruptamente quanto surgira, quando Draco falou "que eu gosto". O loiro ficou furioso.



-- Você não entende ainda, Potter? Você é uma das únicas pessoas que.. ah.. apoia o nosso.. af.. namoro. Então.. a.. a Gina me pediu... a Gina me pediu que você... ahh... -- O garoto estava visivelmente incomodado com o que tinha para dizer; deveria ser algo agradável sobre Harry, para se sentir tão incomodado assim -- nos ajudasse.



-- Ajudar, vocês? Como?



Os olhos de Draco faiscaram. E ele falou muito claramente desta vez.



-- Essa proposta é muito mais interessante do que pode parecer, Potter. Por um acaso, eu sei porque a tal Sarah Pennyfeather te odeia, mas toda informação valiosa tem um preço, Potter... e é uma informação realmente valiosa.



Harry ouviu Malfoy, aparvalhado.



-- Sabe? Ah... -- Harry não quis deixar transparecer seu interesse, ou melhor, sua curiosidade monstra de saber o que se passava com Sarah Pennyfeather -- Então... é isso, eu tenho que ajudar vocês a namorarem escondido, e em troca você me conta por que a tal me odeia? Esse é o plano?



-- Pela primeira vez você mostrou algum tipo de inteligência, Potter... porque, francamente, pegar aulas extras de Poções com Snape, é uma burrice muito grande.



Isso fez, pela primeira vez, Harry sentir vontade de contar uma de suas aventuras passadas para Draco Malfoy, para quem sabe o garoto parar de tentar humilhá-lo publicamente, coisa que Harry achava muito cansativa; depois de livrar-se desse pensamento delirante, ergueu as sobrancelhas, deixando-as muito juntas e quase invisíveis sob os cabelos bastante despenteados.



-- Olhe... por mais que eu te odeie, Malfoy, eu quero o bem da Gina.



-- Então isso, na sua língua estranha, é um acordo? -- Perguntou Malfoy, um brilho estranho no olhar.



-- Pode-se dizer que sim. -- Disse Harry simplesmente.



-- Ótimo. -- Draco se levantou e saiu imperiosamente da biblioteca. Saber que o garoto estivera ali para conversar com ele e pedir um tipo de ajuda era estranho demais para a cabeça de Harry Potter. Não soube o que fazer depois disso, então resolveu ir atrás da única criatura que escutaria aquelas confissões sem fazer alarde ou suspirar e revirar os olhos para o teto; Edwiges.



Subiu até o corujal e ficou lá durante horas, esquecendo-se (ou fingindo que esqueceu) do monte de tarefas que o aguardavam lá, no Salão Comunal; ficou tempos e tempos olhando fixamente para o nada, naquela janela pequena e aberta do Corujal... por um momento pensou até mesmo em se atirar dali, mas pensou melhor e virou-se.



Cho parara, estática, segurando um embrulho nas mãos, seu rosto imediatamente ruborizado. Era a segunda vez que se encontravam no Corujal, e a segunda vez que trocavam olhares constrangidos, porém em ocasiões completamente diferentes.



-- Ahn... olá, Harry. -- Disse a menina, seus olhos negros lampejando. Harry enfiou as mãos nos bolsos, para colocá-las em algum lugar. Cho apanhou uma coruja parda e colocou o embrulho, atado, em suas patinhas, até que soltou-a, a coruja mergulhando e ganhando altura novamente. Agora Harry não poderia evitar; tinha que conversar com Cho.



-- Animado para o Baile? -- A voz de Cho ecoou triste nos ouvidos de Harry.



-- Nem um pouco. -- Confessou o menino. -- E... e você?



-- Ah... acho que vai ser interessante. -- Disse Cho simplesmente.



-- É... é, certo... bem, vou andando... tchau... -- Harry saiu em direção a porta; Cho segurou o seu braço.



-- Eu só quero dizer a você, Harry, que você é uma das melhores pessoas que eu já conheci, e que vou pensar em você no resto da minha vida, e em tudo que fez por mim, mesmo que não tenhamos dado certo, eu nunca vou desistir de você.



Harry encarou a garota, os olhos arregaladíssimos, a boca entreaberta e seca.



-- Eu realmente não imaginava que você pensava assim.



Cho se aproximou.



-- Mas penso, Harry... muito! E... queria realmente que tivesse dado certo... em parte foi por minha culpa, eu sei.. fui extremamente ciumenta... só depois que descobri que você não era apaixonado pela Herm..



Harry beijou Cho longamente, e saiu correndo do Corujal, deixando a garota sozinha. E pensou, sinceramente, em nunca mais pisar naquele lugar.



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NÃO PERCAM OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS; MUUUITA COISA AINDA VAI ACONTECER, MUITA COISA PARA SER DESCOBERTA, E MUITA AÇÃO NO CAPÍTULO 8, 9 E 10, PRINCIPALMENTE!! E COMENTEM, É CLARO ;-)

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