Capítulo 2



Capítulo 2

Depois que Pedro saíra e lhe deixara sozinha naquele quarto, Agata deixou-se levar novamente pelo sono. O bom daquele ‘seqüestro’ era que podia descansar um pouco. E o que ela mais queria ultimamente era dormir, dormir e dormir. Havia esquecido o que é ficar grávida. Além do mais estava trabalhando tanto na empresa que seu descanso havia se reduzido a nada.

No começo estava com medo de pegar no sono, mas chegou a conclusão de que aquele rato não faria nada a ela, afinal ela era o que ele queria.

Não soube exatamente quanto tempo dormira, mas fora o suficiente para recarregar as baterias. Só esperava que não ficasse com suas costas doendo por causa do sofá desconfortável. Mas quem era ela para reclamar... estava seqüestrada afinal e não em um lugar para descançar.

Sentou-se no sofá e espreguiçou-se como não fazia há muito tempo. Foi quando percebeu uma luz vindo de uma abertura, a única não trancada daquele quarto. Caminhou até o lugar e tentou espiar pelo buraco. Para sua felicidade aquela luz era simplesmente os raios do sol que acabava de nascer.

Nunca pensou sentir tanta falta de ver aquela luz dos primeiros minutos do dia. Era tão gostoso e animador. Ao mesmo tempo que aquilo lhe trazia alegria, lhe proporcionava também uma certa tristeza. Chegava a pensar que, talvez, aquele seria seu último dia e que nunca mais veria as pessoas que amava. Principalmente sua filha. Nos últimos tempos sua atenção a ela havia diminuido tanto, e esta chegava a pensar que a mãe não a amava mais. Pura falsidade, pois a pessoa que Agata mais amava era a filha. Temia morrer sem ter dito o quanto amava aquela menina.

Balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos. Deveria pensar em outras coisas... nem que fosse em sua vontade enorme de comer, estava faminta.

“Ahhh... que vontade de saborear as comidas da Frida!” - Agata dissera lembrando das quantidades de comidas que sua babá fazia. Adoraria provar cada um deles naquele momento.

“Bem... eu não sou a Frida e nem sei cozinhar, mas acho que você vai gostar de um prato de sopa, pelo menos...” - Pedro entrara no quarto no momento em que a morena se queixava de fome. Esta virou-se assustada. Odiava quando entravam sem bater antes. Ok... não tinha muito o que querer ali, mas não seria agora que perderia suas manias.

“Que bom que você não é a Frida...” - Agata caminhou até o homem e pegou o prato que ele segurava, então voltou até o sofá e começou a examinar o conteúdo. Parecia estar muito bom... mas até onde poderia confiar naquele rato. Já fora muito imprudente dormindo sabendo que aquele homem a espionava e pretendia fazer algum mal a ela. Mas ao mesmo tempo que pensava naquela situação, vinha-lhe a idéia de que se ele quisesse lhe matar, já teria o feito há muito tempo. Quem sabe até em sua própria casa.

“Eu não envenenei a sopa...”

“É... acho que não... mas o problema não é esse...”

“Então?” - o homem franziu a sobrancelha desconfiado.

“Você mesmo disse, não é a minha babá, que cozinha maravilhosamente. Eu posso morrer só de provar o gosto repugnante desta sopa.” - Agata disse seriamente.

“Como você é mal agradecida... Será que a convivência com o Black lhe afetou eternamente? Nem o alemão idiota conseguiu te desinfetar?” - ao dizer isso Pedro saíra do quarto sem esperar resposta de Agata. Esta apenas sorriu vitoriosa e então com muita relutância provou a sopa. Não sabia se era a fome, mas que estava bom, estava. Só não precisava dizer nada a ninguém...
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Ainda não havia pregado o olho. Já eram por volta das seis da manhã e eles ainda não haviam achado solução alguma para aquele seqüestro. E parece que não achariam tão cedo...

Depois que falara com Pablo teve vontade de sair pelo mundo procurando pela Agata, mas felizmente Dumbledore existia em sua vida e não o deixou cometer aquela loucura. E era ele que coordenava aquela pequena investigação, mas que era de muito valor, visto que a pessoa que tentavam salvar era a mulher de sua vida. È... depois de tanto insistir em dizer que não, Sirius não teve outra alternativa a não ser aceitar seus sentimentos novamente. Estava tornando-se craque em aceitar o amor por aquela morena.

Olhava de um para outro esperando alguma solução, mas nenhum sabia... todos pareciam estar na mesma situação que ele.

“Será que ninguém pensa?” - Sirius levantou-se bruscamente de onde estava sentado a mais de cinco horas e caminhou em volta da mesa, onde se sentavam vários antigos agentes da Ordem que resolveram o ajudar na busca de Pedro. - “Não estamos procurando apenas o rato, mas sim a Agata!”

“Desde quando ela passou de Sra Stein para Agata?” - Snape dissera rispidamente. Era óbvio que todos já sabiam do amor de Sirius pela ex-grifinória, mas Snape era o único que adorava lembrá-lo disso o tempo todo.

“Desde sempre! Na verdade para mim ela deveria ser Sra Black!”

“Coitada... ela não merece isso... basta ela estar trancada com o seu amiguinho...”

“Ele não é meu amigo!” - Sirius aproximou-se bruscamente de Snape com a intenção se machucá-lo, mas Remo fora mais rápido e o impedira.

“Por favor Senhores...” - Dumbledore dissera altivamente. - “estamos aqui a trabalho, embora para uma certa pessoa isso seja pessoal...” - nesse momento o diretor lançara um olhar sério para Sirius que resolveu voltar ao lugar. - “... então devemos agir com responsabilidade, de preferência sem brigas. Acho que agora estamos muito cansados para pensar em algo inteligente. Que tal descer, tomar um café reforçado e quem sabe tirar uma soneca...”- o homem sorriu ao ver que todos concordavam plenamente com ele. - “Então vejo os senhores logo mais... menos você Sirius, quero falar com você agora...”

Após todos terem saído da sala Sirius resolveu perguntar o que o diretor haveria de querer com ele.

“Sirius... sei que você deve estar muito preocupado com a Sra Stein e ansioso para encontrar Pettigrew, mas isso não lhe dá o direito de exigir daqueles que estão aqui para lhe ajudar. Como você sabe muitos que eram da Ordem se ofereceram para lhe ajudar, pois eles sabem o quanto você sofre por não ter a liberdade merecida... então acho melhor você dar mais valor a essa ajuda... acredite neles... antes do que você pensa, vai ter o que sempre quis.”

“Desculpe Dumbledore... mas como você mesmo sabe e o Snape adora insinuar, eu ainda amo a Agata e não vou me perdoar se não conseguir salvá-la. Afinal nos últimos tempos eu não tenho feito tanta força para achar Pedro, porque todos me consideram inocente. Estou atrás dele para vingar a morte dos pais de Harry. Deve ser por esse meu descuido que Pedro resolvera agir... e não é justo que Agata tenha que sofrer pelo meu deslise.”

“Você não é o culpado disso... agora já sabemos que Pedro não está brincando de se esconder... e pode ter certeza de que ele não vai fazer mal a ela.”

“Claro que vai! Ele pegou justamente a Agata para me agredir diretamente no coração. Ele sabe que se fizer algum mal a ela eu vou querer matá-lo de todos os jeitos. E quando eu estiver em seu esconderijo vai colocar seu plano em prática... tenho certeza de que ele não está sozinho... deve haver alguns comensais que sobreviveram a guerra e estão armando junto com Pedro.”

“Ok... e se essa sua desconfiança estiver certa? O que você pensa em fazer? Não sabemos onde ele está!”

“Tenho uma idéia de onde ele esteja... sei que vão me achar maluco, mas esta é a minha única alternativa.”

“Pois bem... me diga... talvez eu não ache você um maluco...” - Dumbledore sorriu, o que arrancou um sorriso de Sirius também. Apenas o diretor entendia-o.

“A antiga mansão onde Voldemort e seus comensais ficavam. Está desocupada há anos... no ano passado eu me certifiquei de que não havia ninguém lá... Tenho certeza de que Pedro acha que aquele lugar vai ser o último onde vamos procurar...”

“Você tem um pouco de razão Sirius... mas veja bem... é so uma hipótese, não podemos colocar todas as nossas esperanças nisso. Além do mais, porque você acha que eles estariam justamente neste local?”

“Lá tem muitos artefatos das trevas Dumbledore... o ar já é poluído! Fica muito mais fácil agir em um local destes do que arranjar outro. Estão sem forças e sem muitos comensais para poluir outra casa, já que no ano passado a Ordem destruiu todos os outros esconderijos.”

“Bem se é isso que você acha... diremos isso aos outros e faremos um plano... vamos fazer o possível e o impossível para ajudar...”

Sirius sorriu e então saiu da sala deixando o diretor sorridente. Aquele homem ainda possuía um espírito de adolescente, embora tenha sofrido muito... torcia para que tudo desse certo para seu ex-aluno.
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Nunca vira seu pai tão agitado logo de manhã cedo. Normalmente essa característica era de sua mãe, ela vivia correndo contra o tempo. Mas parece que naquele dia ela resolvera se adiantar e ir trabalhar mais cedo. Se não a conhecesse diria que estava fugindo de alguém.

Depois de Evelyn ter tomado o café da manhã e se arrumado, encontrou seu pai na sala com duas malas cheias de roupa. Uma ela conhecia ser a sua, mas... ela não sabia que iria viajar logo no primeiro dia de férias.

“Vamos viajar?” - perguntou curiosa.

“Sim... desculpe se não te disse antes, mas eu decidi ontem a noite.”

“Você decidiu? Quer dizer que a mamãe não vai?” - Evelyn perguntou desanimada. Seus sonhos de uma viagem em família descendo rio a baixo.

“Sinto muito querida... mas para o lugar que iremos ela não gostaria de ir...”

“E pra onde vamos?” - a jovem perguntou deixando de lado o fato de sua mãe nunca estar presente nos dias mais importantes de sua vida.

“Para a casa de seus avós em Londres.”

“Londres? Meus avós?” - Evelyn nunca conheceu nenhum avô e avó. Nem por parte de mãe e muito menos por parte de pai, já que estes morreram muito antes de Evelyn nascer. Na verdade não sabia muito sobre seus avós paternos, seu pai nunca lhe contara muito sobre eles... a única coisa que sabia era que seu pai havia ficado orfão aos 17 anos. Já os avós maternos ela sabia que estavam vivos, mas nunca os conhecera. Parece que daquela vez iria conhece-los.

“Sim...” - Pablo olhava a filha nervosamente. Notara o quanto a menina estava confusa, mas não podia dizer nada do que havia acontecido antes de ela nascer e muito menos sobre o seqüestro da mãe. Toda aquela história, tanto de Agata, quanto dele deveriam morrer com ele.

Sirius Black havia o conselhado a viajar para outro lugar, de preferência para Londres. Não havia outro lugar melhor do que a casa dos sogros. Estes nunca viram a neta, seria uma oportunidade única. Se bem que na casa dos Granger eles ficariam mais confortáveis, já que eram amigos e se conheciam há muitos anos. Muito mais agora que a filha do casal também era uma bruxa, em pensar que quando estudavam juntos no curso de medicina trouxa eles nem sonhavam que Pablo pudesse ser um bruxo. Depois que a herdeira deles nasceu ficou bem mais fácil contar aquele segredo.

Suas lembranças foram cortadas pelas perguntas de sua filha, parecia ter adivinhado que ela pediria para ficar algum tempo na casa dos amigos.

“Ok querida, quando tudo estiver resolvido você pode ficar algum tempo na casa dos Granger.”

“Resolvido? Estamos indo a trabalho?”

“Não... quis dizer quando acabar a visita na casa de seus avós... sabia que você é uma garota muito curiosa? Evelyn, por Deus, já estou ficando tonto de tantas perguntas... será que você não consegue ficar calma e aproveitar? Afinal de contas você vai conhecer seu avós...”

“Desculpe... não foi minha intenção... prometo ficar sem fazer mais perguntas...”

Depois de tudo pronto os dois se encaminharam até a lareira. Era o jeito mais prático e mais rápido, e também porque Evelyn ainda não podia aparatar. Iriam via flú.

“Você primeiro?” - Pablo perguntou ao ver a jovem pegando a mala e entrando dentro da lareira.

“Quero fazer surpresa. Imagina a cara deles ao me verem ?”

“Vão pensar que você é a Agata e que o tempo não passou...”

“Sou tão parecida com a mamãe assim?”

“Já se olhou no espelho? Você é idêntica a ela... apenas não tem os olhos negros dela, mas de resto é tudo igual...”

“Queria saber de onde eu herdei esses olhos azuis... espero achar a resposta na casa dos meus vovôs..” - nisso o homem pareceu petrificar. Por que ela tinha que ter os olhos daquele Black idiota? Porque é filha dele!

Ao mesmo tempo que se perguntava, Pablo tinha a resposta em mente. Esperava que Evelyn não se perguntasse mais sobre a cor dos seus olhos...

“Pai?”

“Ok filha, vai de uma vez... diga claramente ‘mansão Tessler’ ” - A morena estranhou aquele mal-humor repentino, mas resolveu não contrariar, havia prometido não fazer mais perguntas.

“Mansão Tessler.”

O homem vira a filha sumir pela lareira e então suspirou exasperado. Estava ficando bom em mentiras. Esta era a segunda mentira grave que inventara à filha. Esperava não ser desmascarado tão cedo...

Antes que dessem por sua falta, Pablo dirigiu-se com sua mala até a lareira e seguiu o mesmo percurso que a filha assim que disse ‘Mansão Tessler’.

Depois de tantos anos lá estava ele mais uma vez. Não havia mudado muita coisa, mas aquele lugar parecia mais frio.

Tirou o pó que havia em sua roupa e então caminhou até a filha, que olhava seriamente para as fotos da mãe.

“Você tem razão... sou a cara da mamãe... pena que esta não me dá muita atenção...” - a morena dissera ao ver quem estava atrás de si.

“Já conversamos sobre isso...”

“Tudo bem... parece que não tem ninguém...”

“Devem estar em outro lugar.. Já notou o quão grande essa casa é?”

“Já...” - a jovem andava por todos os lados daquela sala. Olhava cada retrato com muito carinho, até que uma senhora de seus cinqüenta e poucos anos entrara na sala. Ela tinha os cabelos loiros com algumas mechas brancas e curtos, seus olhos eram de um verde intenso e seu rosto era sério, apenas um disfarce de toda sua doçura. Usava roupas escuras e olhava os presentes com curiosidade. No começo a mulher não havia reconhecido quem estava em sua sala, mas aos poucos as lembranças em sua mente foram clareando sua visão...

“Pablo?”

“Sra Tessler... pensei que não me reconheceria!” - o homem disse sorridente e caminhara em sua direção. A mulher, que até então era seria, começou a sorrir e abraçou o homem com saudades.

“Ahhh... meu rapaz! Por que demoraram tanto!”

Evelyn olhava tudo sem dizer nada. Nunca fora tímida, mas parece que seu rosto estava ganhando tons vermelhos.

“Não foi a nossa intenção...” - a mulher soltou-se do homem e então observou a garota parada em um canto da sala. Lembrava-lhe muito a sua querida Agata. Aquela menina era a cara da mãe...

“E você? Não vai dar um abraço em sua vovó?” - Evelyn sorriu envergonhada e então andou até onde eles estavam. Sentiu seu rosto esquentar cada vez mais. ‘Calma... Evelyn calma!’

“Oi!” - fora tudo o que conseguira dizer, antes de um par de braços a envolver fortemente. Nunca sentira tanto amor em um simples abraço. Talvez estivesse esquecendo que era ter um amor de mãe.

“Há quanto tempo eu queria te ver.. E parece que esta espera não foi em vão... Minha neta é saudável, bonita e muito bem educada!”

“Não exagere... vovó!” - a jovem dissera constrangida. Quando soubera que viria para cá duvidava que iria dizer vovó a uma mulher que nunca vira na vida, mas depois de ter a conhecido e visto que aquela senhora gostava dela mesmo não a conhecendo, sentiu uma enorme vontade de dizer aquela palavra.

“Oh querida... sei que você deve estar cheia de ouvir as pessoas dizendo que você é a cara de sua mãe, mas pode ter certeza que isso é uma dádiva... sua mãe é uma pessoa exemplar...”

“Não estou cheia de ouvir isso dos outros... isso até me alegra. Pelo menos eu tenho alguma ligação com a minha mãe...”

Pablo vendo que a qualquer momento a garota diria o quanto a mãe não lhe dava a atenção resolveu mudar imediatamente de assunto.

“E onde está o Sr Tessler?” - o homem perguntara olhando seriamente para a jovem, que entendeu o recado.

“Bem... ele saiu, mas creio que deve chegar a qualquer momento. Eve querida... você não quer ver onde vai ser o seu quarto?”

“Claro...” - a Sra Tessler sorriu e então com a permissão de Pablo seguiu a menina até o antigo quarto de Agata. Para surpresa de Evelyn tudo estava arrumado de acordo com o quarto de uma adolescente. Havia retratos de Agata e da turma de Hogwarts. Embora não soubesse muito da vida de Agata, Evelyn sabia um pouco sobre o colégio onde a mãe estudou.

“Bem... acho que não tem quarto melhor para você do que o de sua mãe... quando estiver instalada estaremos esperando por você na sala.”

“Obrigada...”

A mulher saiu deixando-a sozinha e curiosa com a quantidade de coisas que tinha sobre sua mãe. O que mais lhe chamara a atenção fora um retrato de sua mãe. Parecia ser sua formatura. Em volta dela estavam alguns amigos. E segurando sua mão estava um homem de cabelos morenos e olhos azuis (o que chamou bastante atenção de Evelyn). Os dois sorriam e se olhavam a todo momento.

Se ela não estivesse enganada, aquele homem deveria ter sido um ex-namorado. Pena que estivesse conhecendo a vida de sua mãe pelas fotos e pelas suas suposições.

Colocou o retrato no lugar e deitou na cama. Fechou os olhos por um tempo e aos poucos o sono fora lhe pegando até cair nele profundamente.

Quem entrasse naquele quarto diria que 16 anos não haviam passado. Que Agata não havia saído daquela casa há 16 anos. Até a própria Agata diria isso. Esta que naquele momento pensava na filha com muita saudade.

Enquanto a morena dormia profundamente naquele quarto, uma conversa há muito adiada acontecia naquela mesma casa, porém na sala.

“Eu entendo que Agata esteja magoada com a gente, mas isso não é motivo para nos afastar de Eve.”

“Eu sei. Por isso que eu a trouxe hoje, mas não foi porque ela deixou...”

“Não? Você brigou com Agata?” - a mulher perguntou seriamente.

“Também não... Na verdade Agata não sabe que estamos aqui...” - como ele iria entrar no assunto ele não sabia, só sabia que seria difícil para os pais de sua esposa enfrentarem aquilo. -“Eu tenho que dizer uma coisa muito importante...”

Quando Pablo ia começar a contar sobre o seqüestro de Agata, um senhor da mesma idade que a Sra Tessler entrara na sala com uma pasta preta na mão. Era a versão masculina de Agata, seus olhos e cabelos negros, embora com algumas mechas brancas mostrando sua idade. O homem parecia desconfiado e preocupado, franzindo o cenho e mostrando rugas que não nada mais para esconder.

“Acho que você pode me dizer o porquê de Agata ter faltado hoje na filial da Alemanha.” - o homem dissera diretamente.

“Era isso que eu iria dizer a sua esposa, Sr Tessler...” - Pablo respondera com o mesmo tom de voz. Sempre achou que aquele homem o culpava por não verem a filha. Sempre quis que ele casasse com Agata, mas parece que depois de tanto tempo ele havia se arrependido de ter, de certa forma, estragado a vida de sua filha.

“Pois bem... o que está esperando?” - Pablo ignorando a falta de educação do sogro começara a contar toda a história. Desde o seqüestro em sua casa até quando conversara com Sirius Black e este o pedira para voltar a Londres. Em alguns momentos a mulher soltava algumas exclamações, mas quando via o rosto do marido tratava logo de se calar. Não sabia porque daquilo, mas imaginava. Por que iriam se preocupar com a filha se esta não os procurava há mais de 16 anos?

Quando terminara de relatar, um silêncio caiu sobre a sala. Mas esse silêncio não durara muito, pois o sogro de Pablo tratou logo de quebrá-lo.

“Por acaso não havia outra pessoa para pedir ajuda?”

“Como? Eu estou aqui preocupado com a minha esposa. Conto a vocês tudo o que sei e o senhor vem me perguntar se não havia outra pessoa para me ajudar?” - Pablo estava indignado. Tudo bem que nem ele próprio havia aceito ainda ter como ajudante o ex-noivo de Agata, mas ele era o único que podia ajudar...

“Se eu estou perguntando isso é porque estou preocupado com minha filha... Quem me garante que esse homem não está armando alguma coisa em conjunto com o amiguinho dele...”

“Eles eram amigos no tempo de Hogwarts, quando um não havia traído o outro... hoje Black quer vê-lo morto...” - Ainda não sabia porque estava defendendo tanto aquele homem, ele mesmo às vezes tinha duvidas se Sirius era mesmo confiável. Mas na noite anterior, ele lhe pareceu tão diferente de quando eram jovens. Não sabia se era porque havia passado algum tempo em Askaban, mas ele estava mais sério e determinado, muito diferente do adolescente cheio de vida que conhecera. Talvez seja por isso que Sirius tenha conseguido a confiança de Pablo...

“Tudo bem... se é isso que você diz... mas eu vou lhe avisar uma coisa Sr. Stein... não importa de que jeito vocês consigam... eu quero minha filha aqui novamente.” - ao dizer isso o homem saiu da sala com sua pasta preta, sem atender o chamado da esposa.

“Desculpe o John, ele está cada dia mais mal - humorado...”

“Eu só espero que ele não passe isso para a Evelyn...” - a mulher sorriu fracamente, mas fora reconfortada pelas mãos de seu genro que acariciavam as suas... - “Não se preocupe, nós vamos achar a nossa Agata.”

“Deus te ouça querido, Deus te ouça...”
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Depois de mais ou menos seis horas lá estavam eles novamente em volta daquela mesa circular escutando a idéia de Sirius. Este falava entusiasmado, enquanto que os outros o olhavam incrédulo.

“Você acha que essa idéia maluca vai dar certo Black?” - um olhar significativo fora trocado entre o diretor e Sirius. Haviam cogitado esta hipótese, mas fariam de tudo para eliminá-la.

“Claro Severo... se você analisar melhor vai entender o porquê...”

“Por que você não nos diz então?” - Snape dissera em um tom de ameaça. Sirius trancou uma enorme vontade de quebrá-lo, mas como não queria confusão resolveu ficar em seu canto e explicar melhor o que havia dito antes.

“Bem... você deve saber muito bem onde fica a antiga mansão de Voldemort e seus comensais...” - os olhos de Snape brilharam em fúria, mas Sirius fingiu não ver - “Esta mansão fora desocupada varias vezes, pois eles mudavam muito de esconderijo... e no ano passado a Ordem fez questão de destruir todos os esconderijos possíveis... só restando esta mansão...”

“Nós sabemos disso Black...Vá direto ao ponto!”

“Como eu ia dizendo...” - nisso ele olhou friamente para Snape - “aquela mansão é o único lugar onde comensais não-mortos podem se esconder... e obviamente deve ter sido para lá que Pedro fora juntamente com Agata.”

“Mas... isso é óbvio demais Sirius...” - desta vez fora Remo que dissera. Ele mesmo estava achando tudo aquilo muito fácil e os comensais não fariam aquilo, mesmo estando derrotados.

“Sim... por isso que eles se esconderam lá... óbvio demais! Não vasculhariamos ali primeiro.”

“Ok... mas alguém já foi checar isso?” - Remo perguntara tentando acreditar no amigo.

“Mandamos dois homens verificar... devem estar aqui a qualquer hora...” - o diretor dissera calmamente. Durante toda a reunião não havia dito sequer uma palavra. Parecia disposto a entender o que cada um pensava quando olhava para o rosto de cada pessoa naquela sala.

Alguns minutos passaram até que a sala fora invadida pelos dois homens antes mencionados. Estavam cansados e não possuíam ferimentos.

“E então?” - Sirius perguntou assim que eles se sentaram.

“Estavamos certos... Há pelo menos dez comensais... ficamos por um tempo atrás de algumas árvores para saber se não havia mais... mas só são esses. Ficam uns quatro vigiando a mansão e o resto lá dentro.” - um dos homens dissera em meio as falhas na respiração.

“Òtimo... não são muitos... acho que daremos conta do recado...” - nisso um sorriso surgira nos lábios do moreno. Parece que seu plano ia dar certo. - “Podemos começar esta noite mesmo..”.

“Esta noite? Não acha muito cedo?” - Remo perguntara nervoso. Sempre se precisava de um plano para entrar no meio das cobras.

“Não... se demorarmos talvez possa ser mais difícil. Não sabemos se há mais comensais ali. Talvez eles estejam procurando mais que resistiram a guerra.”

“Pela primeira vez parece que você teve uma boa idéia Black.”

“Eu diria... uma ótima idéia Snape...” - pela primeira vez depois de 17 anos os olhos azuis de Sirius ganharam um brilho intenso. Finalmente iria encontrar o maldito que estragara sua vida, que para sua felicidade não fora para sempre.

Continua...

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