Amanhã, na aula de Transfigura

- O QUÊ? COMO ASSIM SE DECLAROU? – perguntou Charlie indignada.

Ela havia acabado de saber por uma amiga, Meg, que Thiago tinha se declarado para Lílian. Sua última esperança havia ido embora. Agora que ela sabia que ele amava Lily, estava tudo perdido.

- Desculpe, Charlie. Foi o que eu ouvi dizer. – disse Meg.
- Não é possível. Como ele pode ter preferido ela?
- Er... Não sei.
- Como ele não percebe que eu gosto dele? Não amo, mas sabe... Gosto dele.
- Charlie, você usou ele. você fez. Você ficou com ele para ficar mais popular.
- E eu consegui. Não é mesmo?
- Sim, mas ele você perdeu. – disse Meg.
- Bom, já que Sirius não me quis, tive que ficar com ele. Não foi um sacrifício, sabe.
- Eu imagino. – disse Meg com um sorriso no rosto.
- Bom, tenho que dar um jeito nisso. Um dia eu vi um filme que uma menina faz com que a namorada do cara que ela gosta ver eles se beijando.
- Já sei qual é. Aliás, não sei não. Existem milhares de filmes com isso.
- Pois é. Bom, eu posso fazer isso. Posso fazer com que Lílian me veja beijando Thiago.
- Mas como? – perguntou Meg.
- Posso mandar Pirraça entrar na aula e acabar com tudo. Destruindo tudo. Eu me finjo de assustada, e peço ajuda a Thiago. Eu “desmaio” e ele me ajuda. Quando eu acordo, pouco depois, eu o beijo como agradecimento. E você vai fazer com que Lily veja tudo.
- Eu? Como?
- Não sei. Isso é problema teu.
- Não. Não quero me meter nisso.
- Eu sei, eu sei. Porque você sempre tem que me lembrar disso? – indagou Charlie.
- Bom, foi o que você fez.
- Ah, mas vai sim. Saiba que eu me lembro muito bem de um segredinho seu, e duvido que você queira que o colégio inteiro saiba. Principalmente Sirius.
- Você não faria isso. – disse Meg com os olhos marejando.
- Ah, faria. Faria mesmo. – disse sorrindo diabolicamente.
- Tudo bem. Eu faço o que você quer. – disse tendo duas lágrimas escorrendo pela sua face e com o rosto abaixado.
- Ótimo.
- E quando vai ser? – perguntou enxugando as lágrimas.
- Amanhã.
- Amanhã?
- Sim. Amanhã na aula de Transfiguração.
- E como você vai convencer Pirraça a fazer isso?
- Tenho meus meios.
- Eu mais do que ninguém sei disso.

Meg estava muito chateada de ter que ajudar Charlie nesse plano. Ela sabia o que era ficar longe da pessoa que se gosta. Thiago e Lily pareciam ter sido feitos um para o outro. Estavam muito felizes juntos. Mas enquanto os dois estavam bem, quem não estava tão bem assim era Sirius e Andie. Eles tinham personalidade muito forte, brigavam muito. No dia seguinte, tudo corria bem. Pelo menos até chegar a última aula: Transfiguração.

- Bom, hoje vamos aprender como transformar um rato em uma vela. – disse a Prof.McGonagall.
- Quando é que vamos usar isso? – disse Sirius para os Marotos. Todos riram.
- Acho que já sei, podemos fazer isso com o Rabicho. Ele se transforma, e a gente faz ele virar uma vela. Vamos dar uma utilidade ao pobre coitado. – zombou Sirius. Todos riram, até Pedro.
- Meninos, silêncio. - disse a professora. De repente, um estrondo. A porta havia sido arrombada. Pelo Pirraça.
- Pelas barbas de Merlin! O que faz aqui, Pirraça? – berrou McGonnagall.
- Guerra de bomba de bosta!!!! – berrou ele. Tudo virou um completo caos. Meninas gritando, meninos se jogando no chão. Todos sabiam o quanto fedia ser atingido por uma bomba de bosta.
- Thiago, Thiago! Me ajude! – gritou Charlie. – Estou com medo!
- Que menina fresca! – disse Sirius para Lupin. Eles observavam a cena de longe.
- Cuidado! – disse Thiago puxando-a para baixo, fazendo com que ela desviasse de uma bomba.
- Oh... – e pimba. Charlie havia desmaiado.
- Charlie, Charlie! Acorde! – disse Thiago, que a havia segurado em seu colo. Após uns 30 segundos, ela acordou lentamente. Inclinou-se ficando sentada e o beijou.
- Lily, olha para Thiago! Parece que ele se feriu! – disse Meg apontando para o garoto.

Thiago não entendia mais nada. Ele estava beijando Charlie, e não havia feito nada para impedi-la. Na verdade, não que ele estivesse gostando. Mas ele estava com a mente em branco. Não pensava em nada. Como se estivesse em um... Transe.

- Thiago, o que está fazendo!? – perguntou Sirius, tirando Thiago do transe. – Sai daí, cara!
- Eu... O que... Ei, o que você estava fazendo? – perguntou Thiago confuso.
- Não sei. Me senti tão... Frágil. – disse Charlie com a cara mais santa do mundo.
- Não cai nessa Thiago! Venha cá!! – disse Sirius puxando Thiago pelo braço e o tirando dali.
- No que você estava pensando? – perguntou Sirius.
- Calma, cara. Foi só um beijo. Aliás, eu também não sabia no que estava fazendo. Fiquei numa espécie de transe, sem saber o que fazer.
- Thiago, Lily viu tudo! Ela viu o beijo cara!
- Viu? – perguntou espantado.
- Viu! Ela começou a chorar e foi embora.
- Para onde?
- Não sei.
- Vou atrás dela.

“ There's a song that's inside of my soul
It's the one that I've tried to write over and over again
I'm awake in the infinite cold
But You sing to me over and over and over again”

Thiago estava muito triste. Mas ele não tinha tempo para se lamentar. Ele realmente estava mais preocupado em achar Lily. Como pode tudo estar tão bem, e no dia seguinte, tudo péssimo? Isso não podia estar acontecendo. Não quando ele a amava mais do que a própria vida. Lily sempre fora uma menina muito forte, e nunca a viu chorar por nada nesse mundo. Nunca a viu triste, nem abalada. Mas agora, ela estava chorando. Mal sabia ele que Lily nunca havia chorado por algum menino. Nunca.

“ So I lay my head back down
And I lift my hands
And pray to be only Yours
I pray to be only Yours
I know now You're my only hope”

Ele procurou por todos os lugares. Perto do lago, onde eles se beijaram pela primeira vez, onde eles tiveram seus momentos mais marcantes e tudo mais. Mas ela não estava lá. Ela não parecia estar sendo muito romântica... Thiago havia procurado pelo colégio inteiro. Revirou tudo e perguntou a todos. Até mesmo Andie não tinha idéia de onde a amiga estava. Parecia que o verdadeiro valor da menina veio só agora, quando ele estava prestes a perdê-la. De uma vez só.

“Sing to me the song of the stars
of your galaxy dancing and laughing and laughing again
When it feels like my dreams are so far
Sing to me of the plans that you have
for me over again”

Como ultimo recurso, Thiago foi até o salão comunal da Grifinória em busca dela. Não parecia ter ninguém ali. O desespero começou a tomar conta dele. Ele estava muito triste. Mas ela não parecia estar ali. Ele apoiou os braços nos joelhos, tentando se recompor do cansaço. Ao fazer isso, ouviu um barulho. Parecia ser alguém chorando.

“So I lay my head back down
And I lift my hands
And pray to be only Yours
I pray to be only Yours
I know now You're my only hope”

Era uma menina.

“ I give You my destiny
I'm giving You all of me
I want Your symphony
Singing in all that I am
At the top of my lungs I'm giving it back”

Era Lily.

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