Cap. 21
N/A- Escrito por Lara Montez e betado por mim....
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Indiferentes às confusões dos amigos, dois casais realmente aproveitavam a grande valsa, deslizando pelo salão em círculos graciosos: James e Lílian, Mary e Remus. Em evoluções de quase causar inveja a Fred Astaire e Ginger Rogers, eles valsavam distraídos dos demais, com olhares e sorrisos apaixonados.
Mas a seqüência de valsas terminou, e o maestro anunciou um “Paso Doble”, fazendo com que muitos casais aproveitassem pra buscar se refrescar com uma bebida, ou simplesmente descansar os pés...
Stacey fez um movimento para acompanhar as amigas que voltavam à mesa, mas Ricardo a reteve.
- Eu não sei dançar isso.. – ela murmurou, corando.
- Não se preocupe, eu te conduzo – ele sorriu, o sorriso acentuando ainda mais seu charme latino, e Stacey ficou muda, apenas olhando para ele, presa em seus olhos escuros. E de repente, ela esqueceu-se de todas as suas apreensões quanto ao parceiro, que ainda era um quase desconhecido, esqueceu Sirius Black e a pequena Margareth que havia valsado radiante, conduzida pelo charmoso rapaz, esqueceu até que mal sabia valsar, quanto mais aqueles ritmos latinos... Ricardo lhe transmitia uma segurança que ela jamais sonhara sentir, e a ruiva se entregou à dança, com atitude e paixão.
Mas eles não dançariam sozinhos. Um outro casal, que os outros mal haviam percebido durante a valsa, também se encaminhara para o centro do salão: Severus Snape e Rubla Montez.
Os dois irmãos trocaram um olhar profundo. Snape fitou o irmão de sua parceira com igual determinação e ambos fizeram um aceno de confirmação com a cabeça, parecendo aos demais que estivessem prontos a seguir algo já ensaiado...
James cutucou Sirius e Lupin, que se viraram para ver o que acontecia.
Lupin se limitou a sorrir, enquanto Mary observava o rosto da amiga, subitamente transformado e... exultante. Será que Ricardo lhe lançara algum feitiço?
Stacey nunca estivera tão linda, seu cabelo ruivo e brilhante ganhara mais vida com o vestido de cetim vermelho, tomara-que-caia, justo até os quadris com uma longa cauda, as mãos protegidas por luvas longas da cor do vestido. Ela parecia uma estrela do cinema trouxa, Mary até se lembrou de um filme que vira em companhia de sua mãe.
Sirius também olhava para Stacey, de vez em quando, e dava para perceber que estava deslumbrado… talvez até meio arrependido de não ter querido namorá-la de verdade. Ricardo, garboso em suas vestes estilo espanhol, dominaria com ela a cena, não fosse o outro casal.
Trajando como sempre vestes negras, Snape mais parecia um príncipe, altivo e sério, no seu momento de glória, que em pouco ou nada lembrava o “ranhoso” do costume. Rubla também vestia vermelho, mas seguira o estilo de seu irmão. Seu vestido de decote amplo e mangas longas que terminavam em um babado godê, também ia justo até o meio dos quadris, mas então se abria em saias amplas, sobrepostas. Os cabelos negros estavam presos em um coque, enfeitados por um pente espanhol, e de suas orelhas pendiam grandes brincos dourados. Ela trazia um xale finíssimo, num tom creme como suas saias de baixo.
Mas a música começou, e os dois casais seguiram numa coreografia apaixonante e precisa, como se o fizessem todos os dias. Em poucos segundos, dançavam sozinhos, pois até os professores haviam preferido assistir.
Ao fim da música, a impressão foi de que nenhum dos quatro sabia ou dava importância ao fato de que estavam num salão de baile repleto. Nos rápidos segundos de silêncio completo, Stacey permanecia olhando fixamente para Ricardo, inclinado sobre ela, rostos e bocas tão próximos que pareciam respirar o mesmo ar. Em ambos os olhares, algo a mais estava despertando e eles ansiavam e temiam ao mesmo tempo pelo mesmo beijo que não acontecia...
Do mesmo modo, Snape e Rubla permaneciam em suspenso, como se os dois pares brincassem de espelho. Mas no olhar desta um desafio ameaçador, e no olhar de Snape uma interrogação divertida.
Mas a magia do momento foi quebrada por uma profusão de aplausos e assobios. O salão parecia querer vir abaixo.
Apenas Sirius Black, murmurava, contrafeito:
- Aquela traidora!
- O que foi, Sirius? – Remus indagou, espantado. – Você está falando da Stacey?
- Não, claro que não! Estou falando daquela cigana. Não podia ter feito isso. Ela tinha que ter feito o Snape de bobo! Ela nos traiu!
- Ora, ora, meu amigo... – Remus deu-lhe uma palmadinha no ombro – Talvez devêssemos dar uma trégua a essa hostilidade gratuita entre vocês. Afinal, ele poderia ter brigado com você por estar com a prima dele – Remus sorriu para Maggie, que os olhava sem compreender do que falavam, já que ignorava a tal aposta.
- Ele que tentasse – bufou Sirius, mas depois capitulou – É, você tem razão. Não vou estragar minha diversão por causa do Ranhoso... Mas que ela nos traiu, isso traiu.
- Do que ele está falando? – Mary perguntou, curiosa, mas prevendo ali motivo para se chatear ou à sua amiga Maggie.
Os dois rapazes se entreolharam, vacilantes, mas Potter não viu o estrago que ia causar ao comentar:
- É que ele e Snape tinham uma aposta sobre o baile e...
O chute sob a mesa foi o suficiente para que ele se calasse, mas já era tarde.
Maggie se ergueu, olhando desolada para Sirius.
- Então... – ela tentava se manter serena, não ia chorar na frente dele – você só... me convidou... por que tinha uma aposta... com meu primo?
- Sim... quer dizer, não! Você entendeu errado...
Mas Sirius não conseguiu dizer mais nada, pois a garota saiu do salão quase correndo, esbarrando em todos e não se importando com as reclamações que ouvia ao passar e nem notando que alguns mais maldosos zombavam: “só podia ser a aleijada da Lufa Lufa...”
Sirius olhou feio pra seu amigo, depois pra Lupin. Este lhe fez um aceno com a cabeça, e Mary murmurou:
- O que você está esperando? Que ela se afogue no lago?
- Por Merlin, não! – ele saiu feito um pé de vento atrás da garota. Se em algum momento da vida odiara seu amigo James, fora este. Por que tinha que ser tão linguarudo?
Margareth atravessara o saguão sem ver nada nem ninguém. Atravessou os portões e correu pelo jardim, tropeçando em seu vestido e caindo ao chão, mas ninguém que estava por perto se preocupou em socorrê-la. Muitos davam risadinhas mal disfarçadas, enquanto se afastavam.
Desanimada e com raiva de si mesma por ter ousado acreditar num sonho, ela ficou ali parada, abraçada aos joelhos e olhando o céu, tristonha. Só percebeu que Sirius a seguira quando ele parou à sua frente, estendendo a mão e perguntando se não estava machucada.
- Claro que estou! Ninguém gosta de ser usada desse jeito!
- Não era... – ele passou a mão pelo cabelo, como sempre fazia quando se sentia perdido, e depois, vendo que ela não se levantava, sentou-se ao seu lado, também abraçando os joelhos.
Ficaram assim, calados, por alguns minutos, até que Sirius falou:
- Escuta... me perdoe se a magoei, mas não foi minha intenção, eu juro. Está certo que eu tinha um aposta com o Ranhoso... desculpe, o Snape. Mas... eu realmente...
- Eu... – Maggie começou a falar, mas desistiu.
Ela a olhou por um momento, tentando achar as palavras certas. Aquela garota era diferente das outras, ele percebia claramente. Não desmaiara nem gritara como louca quando ele a convidara (o que ele esperaria de qualquer outra de quem se aproximasse, reconheceu sem falsa modéstia, afinal era o que acontecia sempre, não era?) então, sorriu.
Mas Maggie percebeu seu sorriso e pareceu interpretar de forma errada, pois fez menção de se levantar.
- Não. Fique. Preciso... me explicar.
Ela o fitou por um momento, o olhar ainda carregado de mágoa, mas assentiu.
Sirius deu um longo suspiro, como pra ganhar coragem.
- Olha, eu fui sincero com você. Queria, e ainda quero ser seu amigo, de verdade. Quero que você confie em mim, que possa falar abertamente do que sente, sem esse medo de falar que parece te paralisar quando chego perto. Se você... gosta de mim, de um jeito diferente disso... me perdoe... não tive a intenção.
Maggie olhou firmemente para o rapaz ao seu lado. Será? Estava apaixonada por ele? Não, achava que não. Só encantada mesmo... não ficava pensando nele, perdida em devaneios como Mary, ou morta de ciúmes como a Stacey... então, não podia estar apaixonada. Ainda não.
Sorriu então, e pegou na mão dele.
Sirius a fitou, surpreso.
- Amigos? – ele indagou.
- Amigos. – ela respondeu, e depois baixou o olhar, sua timidez estava voltando a atacar.
- Então, minha querida amiga Maggie. Que tal voltarmos para aquele salão e mostrarmos a todos que você é uma futura grande bailarina famosa?
- Isso é uma previsão? – ela piscou – Você tem o tal “olho que vê”?
- Por Merlin, não! – ele riu gostosamente – Mas aposto mil galeões como estou certo!
- Então acho bom ser verdade, porque nunca vou ter mil galeões pra pagar esta aposta, se perder...
Ela quis brincar, mas se entristeceu de novo, e Sirius percebeu.
- Olha, seu primo me desafiou a convidar uma garota que eu nunca tivesse tentado conquistar ou vice-versa, apenas isso. E eu o desafiei a convidar alguém de quem ele não se aproximaria normalmente... achei que a Rubla o recusaria, ou aprontaria com ele... mas... Olha, vamos voltar lá para dentro e nos divertir, certo?
Maggie segurou o braço que ele lhe estendia, e juntos voltaram para o salão de baile.
Assim que entraram, Sirius estacou, perante uma visão que o deixou sem reação: o pequeno Pedro Pettigrew, seu amigo, que ele quase havia apostado que não teria ninguém para levar ao baile desfilava até uma mesa, de braço dado com a alta e possante Cecille Johnson. A única coisa que ocorreu a Sirius foi um certo alívio por não ter apostado. Seria mais uma aposta perdida.
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