Cap. 15



Sirius Black não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar em Maggie nem em porque raios tinha dado uma de Cavaleiro Andante, salvando a Donzela em apuros. Seria só por pena? Não, não era. Ele não costumava deixar que sentimentos como a pena o levassem a fazer mais do que dar esmola a um pedinte.
Seria só pelo prazer de afrontar o Ranhoso? Também não.
Então, porquê? Depois do que acontecera com Stacey, não podia correr o risco de que alguém se iludisse com ele, ainda por cima uma menina do terceiro ano, novinha, tímida e, ainda por cima, com uma limitação física.
Sirius estava, realmente, confuso. Nem reparava nos segredinhos que Remus, James e Peter trocavam, ao percebê-lo tão estranho.
- Será por causa da Stacey? – Inquiriu Peter, com os olhinhos arregalados, parecendo de um tamanho normal.
- Claro que não. – Ripostou James, em tom enfadado. – Quantas vezes eu preciso repetir para você que o Sirius já ultrapassou isso?
- Só ela é que não… - Murmurou Remus, de forma quase inaudível.
James encolheu os ombros e olhou-o, com o cenho carregado:
- Então, continua disfarçando muito bem, porque ontem já estava toda risonha, conversando com o Sirius, falando que a amizade é que conta. Para mim, está tentando laçá-lo de novo, mas ele diz para eu não me preocupar, que não vai cair de novo na mesma conversa e que é melhor nem tocar mais no assunto. Eu, pessoalmente, acho que ele deveria era fugir dela, isso sim!
- Não é bem isso. – Comentou Remus. – A Mary me falou dessa história de manter a amizade. A Stacey não tem mais esperanças em relação ao Sirius, está muito decepcionada, magoada, de vez em quando tem explosões de choro… mas para ela, pior do que tudo era perder a amizade do Sirius. Então, resolveu passar por cima de todo o constrangimento e ir falar com ele… Mas continua magoada e se sentiu muito constrangida ao conversar com ele.
- Então empataram. – Resmungou James. – O Almofadinhas está do mesmo jeito, tanto que prefere nem tocar no assunto.
Sirius não escutava. Continuava perdido em pensamentos, dando voltas e voltas à cabeça, tentando entender porque raios tinha defendido Margareth Blanchett.

No jantar daquela noite, quando todos já se encontravam nas mesas, estômagos roncando em um tom claramente audível, foram surpreendidos pelo diretor Dumbledore, que se ergueu, como fazia somente nas ocasiões especiais, pronto para falar.
- Meus caros – ele começou quando o silêncio se fez completo – em vista dos acontecimentos terríveis que rondam nossas portas, trazendo apreensão a todos, o Prof. Horácio Slughorn nos trouxe uma sugestão que achamos todos bastante... interessante. Este ano, antes de vocês partirem para suas casas nos feriados do Natal, promoveremos um baile em Hogwarts.
Um murmúrio geral se seguiu a estas palavras, mas o diretor ainda não terminara.
- Claro que, ao contrário de ocasiões passadas em que o fizemos, desta vez todas as classes poderão participar, pois o objetivo é termos uma noite agradável de confraternização e alegria. A data precisa será anunciada amanhã, para que possam providenciar vestes e o que quer que seja preciso para tal. Vão começando a escolher os vossos pares. Por agora, atacar!
Ao dizer isso, ele se sentou, já se preparando para começar a comer o seu jantar, que aparecera instantaneamente nos pratos.
Os alunos e professores seguiram seu exemplo com alegria, mas agora havia mais um motivo para conversas e risinhos nervosos.
As trocas de olhares entre meninos e meninas sucedeream-se: algumas tímidas, outras decididas, mas sempre trocas de olhares que significavam: “Você quer ser o meu par no Baile?”
A troca de olhares entre Lupin e Mary foi instantânea. Os dois se olharam, sorriram, e piscaram o olho um para o outro. Nem passou pela cabeça deles a ideia de convidarem outras pessoas.
James logo fez sinal a Lily Evans, que sorriu para ele maliciosamente e depois se virou para as amigas, ignorando-o totalmente e deixando-o furioso e completamente perdido.
Sírius tinha o olhar fixo em Lucy-ann Stevens, a tal garota da Corvinal que tinha todos os predicados – pelo menos, era o que ele achava – para ser sua namorada, se ele quisesse namorar: alta, cabelos longos, castanhos e sedosos, olhos verdes, inteligente e quase tão anti-regras quanto ele… Na verdade, eram muito parecidos. Corria o boato (seria apenas boato?) que Lucy-Ann já namorara ou beijara todos os rapazes da Corvinal e da Sonserina. Da Lufa-Lufa, apenas lhe faltavam dois e da Grifinória três: Remus, James e Peter. Sim, porque Sirius Black e ela eram já uma dupla. Tinham ido várias vezes juntos para o mesmo lugar recôndito para onde ele levara Stacey naquela tarde do piquenique e ela tinha o condão de deixá-lo louco. Só podia ser ela o seu par.
Todavia, Lucy-Ann não retribuía o olhar a Sirius, que começava a desesperar. Porquê ela não olharia para ele? Só então percebeu algo que o fez perder totalmente o apetite. Foi como se o seu estômago tivesse acabado de encolher. Pela sua garganta não passava nada: Lucy-Ann acabava de acenar e sorrir para Amos Diggory, um garoto da Lufa-Lufa do sétimo ano. Iriam juntos ao baile inventado por Slughorn.

*****

- Tô enrascado. Frito e mal pago. – Sirius exclamou, exasperado, jogando os cabelos para trás com as duas mãos, num gesto de impaciência.
Para além da decepção com Lucy-ann, tinha agora um problema irritante em mãos: uma aposta com Snape. Um desafio que o “rival” lhe lançara logo depois do almoço: ambos teriam dois dias para arrumar um par para o baile… mas para Sirius teria que ser que nunca o tivesse atraído… o que, sejamos francos, era difícil.
Pedro ria a valer do amigo, mas Remus apenas o fitava com curiosidade.
Estavam em seu canto favorito da sala comunal, as poltronas ao pé da lareira, enquanto os outros alunos que ainda permaneciam acordados se esparramavam pelo resto da sala.
Eles haviam escapado por pouco de outra detenção daquelas, e ainda por cima junto com Snape... mas o saldo não era exatamente positivo para os Marotos.
E Sirius se via diante de seu maior desafio: convidar alguém para o Baile de Inverno. Pela primeira vez em sua vida, não sabia o que fazer.
- Ora! É só chegar perto de uma garota que você nunca viu na vida e convidar para o baile, qual é a dificuldade? – Remus perguntou em tom inocente.
- Você diz isso porque agora tem a Mary... e o baile vai ser numa noite de lua nova.
- E agradeço imensamente a Dumbledore por isso, mas continuo não entendendo seu problema.
- Bem... vou te ajudar, então, Sr. Aluado. – Sirius não conseguiu deixar de ser sarcástico – O Ranhoso me desafiou, e jogou sujo dessa vez... como eu vou encontrar uma garota que não me atraia nem nunca atraiu e convidá-la para o Baile? Ridículo!
- Não, este feitiço só funciona com bicho-papões! – Peter retorquiu.
- Muito obrigado, Rabicho, vou me lembrar disso! – Sirius bufou.
- Bem... se você não tivesse feito a bobagem de brigar com a Stacey... – Peter comentou, arrependendo-se em seguida.
- Rabicho, se você tem amor à vida, não toque neste assunto! – Sirius advertiu o amigo. Ainda estava magoado e confuso com aquela história. Achara que tinha uma coisa legal com a Stacey, que ela curtia tanto quanto ele estarem juntos, sem isso significar que sentisse alguma coisa mais forte. Mas quem consegue entender as mulheres? Sempre pensam logo em algum tipo de compromisso, se você apenas sorri para elas...
Mas Remus o despertou de seu devaneio sobre a “amiga” com um comentário divertido:
- Pelo menos você também deu ao Ranhoso algo com que se preocupar.
- Ah, claro! – Sirius riu – Duvido que ele consiga convencer alguma garota a ir com ele no baile, alguém que não seja da Sonserina, deixei isso claro. Aliás, só vai valer mesmo se for da Grifinória, as meninas da Lufa Lufa e da Corvinal podem se sentir intimidadas ou abobalhadas
- E sem usar a maldição imperius, isso vai ser difícil – Peter comentou, caindo na gargalhada.
- Aquela garota da Lufa Lufa, aquela que manca um pouco, também não vale, já sei que é prima dele... – Sirius completou.
Os três amigos riram, até que foram interrompidos por um grito de triunfo:
- Consegui! – James Potter acabava de irromper pelo salão comunal adentro, com o cabelo mais despenteado do que nunca e um ar apalermado e até incrédulo no rosto. – Consegui.
Remus, Sirius e Peter se entreolharam e olharam o amigo, que se deixou cair num sofá, com ar sonhador, murmurando:
- Consegui!
- Conseguiu o quê, homem? – Inquiriu Sirius.
James apenas o olhou e piscou para ele, replicando:
- Consegui!
- Mas conseguiu o quê? – Perguntou Remus, tentando disfarçar, em vão, um ataque de riso. – Será que a gente pode saber?
Mas James limitou-se a se levantar de um salto, pulando em cima do sofá e gritando a plenos pulmões:
- CONSEGUIIIIII!!!
- Mas conseguiu o quê? – Remus não conseguia mais dominar as gargalhadas.
Só então James parou, saltou para o chão e, olhando para todos os presentes, declarou alto e bom som e em tom de triunfo:
- A Lily Evans aceitou ir ao baile comigo!
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N/A- Escrevi esse capítulo a meias com Lara Montez, que inventou o baile e a aposta entre Sirius e Snape.

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