Cap. 11
As memórias dos minutos que se seguiram continuaram brotando...
- Bom... - começou Stacey, com um sorriso. - Acho que eu também vou indo. Vou deixar os pombinhos a sós.
- Stacey! - Chamou Mary, sorando até a raiz dos cabelos claros, mas a amiga se limitou a soltar uma gargalhada, antes de se afastar, dizendo:
- Não se preocupe, amiga, eu sei reconhecer quando estou sobrando!
Sozinhos, Lupin e Mary se olharam, com sorrisos embaraçados e ele sentiu o seu coração se derreter com o sorrisinho acanhado e meigo que ela lhe dirigia.
- Ainda... - começou ele.
- Desculpe... - começou ela, ao mesmo tempo.
Os dois riram da coincidência. Decididamente, era tudo tão novo que cada vez que se encontravam sentiam uma espécie de constrangimento gostoso (se é que pode existir tal coisa), um friozinho na barriga misturado com formigueiro, um aperto no estômago e o coração acelerado de tal forma que poderia pular pela boca. Ele conseguia escutar o bater forte e descompassado do seu coração. Ou seria o dela? A impressão que ele tinha era que os corações de ambos, mesmo batendo descompassados, batiam no mesmo compasso.
Tudo aquilo os deixava sem saber como agir e o que dizer.
- Fale! - Pediu Mary.
- Não. - Replicou Lupin, estendendo a mão para ela e sorrindo, com uma vênia simultaneamente carinhosa e brincalhona - As senhoras, primeiro.
A garota lhe devolveu o sorriso e segurou a mão do namorado, começando a se sentir mais à vontade.
- Eu ia te pedir desculpa pelas minhas amigas. Elas são...
- ...são suas amigas. - ele cimpletou. - Assim como o doidivanas do Sirius, o louco do James e o tonto do Peter são meus amigos também. Nem sempre eu estou de acordo com as atitudes que eles tomam. Por vezes, eu me calo; outras, acabo mesmo por entrar em certas brincadeiras em que não deveria entrar e não é tanto pelo prazer que possa retirar delas, mas muito mais por medo de perder a amizade deles, que é uma das coisas mais importantes na minha vida.
Mary ficou calada, por uns momentos, olhando-o intensamente, até se decidir a falar.
- Engraçado... Você exprimir exatamente os meus próprios sentimentos em relação a Cecille e Stacey. Cecille é de Touro, leva tudo pela frente, para ela não tem meias palavras nem meios termos e isso me coloca, por vezes, em situações bem embaraçosas. E depois, tem aquele jeito todo esportista, nem liga para conversas de meninas, por isso às vezes se afasta. Stacey é de Sagitário, para ela está sempre tudo ótimo, ela desvaloriza todos os problemas dos outros e isso, às vezes, me irrita.
Para ela, é bem fácil lidar com o meu problema: "É só você não sair de noite, quando tem lua lá fora, e pronto. Ainda tem as noites de lua nova e as noites enevoadas. Então, para quê tanto drama?", é isso que ela fala, como se as coisas fossem assim tão simples.
De repente, Mary reparou num sorriso que bailava nos lábios de Remus.
- Está rindo de quê? - Indagou, meio desconfiada.
- É que você me lembrou do james. - Respondeu Lupin. - Ele chama a minha... bom, a minha licantropia de "probleminha peludo".
Mary não conseguiu evitar deixar escapar uma gargalhada:
- "Probleminha peludo", é?
- "Probleminha peludo". - Confirmou o jovem lobisomem, rindo também.
- Bom... - começou ela. - Você sabe que eu não vou com a cara do Potter... - Baixou os olhos, temendo encará-lo. - Na verdade, acho que posso dizer que o odeio. Tudo o que ele fez comigo não é fácil de esquecer...
Ele apertou a mão dela e murmurou:
- Eu sei. - Temia que ela odiasse os seus amigos para sempre, mas não estava disposto abdicar nem dela nem deles. Todavia, ela continuou:
- Acontece que ele é seu amigo. Amigo de verdade. Não tem medo de você, não te discrimina e até virou animago por sua causa. - Ao ver o ar surpreendido do namorado, que já se preparava para inquirir como é que ele sabia daquele segredo, Mary sorriu e continuou - Não faça essa cara de espanto, Remus, eu não tenho só uma... diferença... uma diferença ruim. Esqueceu que eu tenho um dom? Tem certas coisas que eu adivinho sem querer.
Claro. Ele havia esquecido, sim. Então... e se ela adivinhasse que ele havia revelado o problema dela para os amigos? Engoliu em seco perante essa possibilidade, que o estava consumindo com problemas de consciência.
A menina prosseguiu, indiferente ao ar aflito do namorado:
- Só não adivinho as coisas que quero adivinhar. - suspirou, pensativa. - Mas isso já é outro departamento. O que eu queria te dizer é que, da mesma forma que a Stacey e a Cecille continuam minhas amigas, mesmo depois de eu... de eu ter sido mordida... também os seus amigos merecem a sua amizade e lealdade incondicionais... e... mesmo que eles continuem me zuando... - baixou os olhos, para não encará-lo. - Eu vou tentar não os odiar... por tudo aquilo que eles já fizeram e vão continuar fazendo por você, Remus. Tenho certeza que eles vão estar do seu lado, sempre.
Sem dar por isso, ela acabara de lançar a deixa para que ele dissesse o que estava engasgado na sua garganta há tanto tempo. Inspirando, respondeu:
- Eu sei. Eu também tenho certeza disso. Eles vão me apoiar, sim, mesmo... mesmo quando souberem que a gente está namorando.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!