Cap. 26
As memórias se projetaram, agora, mais para a frente, para um passado não tão distante... mas perigosamente perto dos acontecimentos fatídicos que o haviam lançado para anos de solidão.
Depois de se formarem em Hogwarts, maiores de idade, poderiam combater o mal, que havia se instalado no mundo bruxo sob a forma de um mago poderosíssimo que se auto-intitulava Lord Voldemort.
Lily e James haviam casado fazia pouco tempo e Lupin morava com Mary, fazendo planos para casar quando conseguisse arrumar um emprego (o que era difícil, dada a sua condição de lobisomem).
Stacey casara com Ricardo e Maggie estava noiva de Jack. As duas haviam se tornado grandes amigas, ao passo que Sírius tinha ultrapassado rápido a troca de Margareth, voltando à sua vida de boémio que, no fundo, nunca havia deixado e dificilmente seria capaz de deixar... No fundo, não ultrapassara aquela história de verdade. Se era ciúme ou orgulho ferido, não saberia dizer, mas uma coisa ele sabia: tinha sido melhor assim. Sirius era rebelde, indomável e difícil de laçar. Para ele, um namoro era uma prisão e ele sentia que jamais seria capaz de ser fiel. Aliás, naquele momento, tinha coisas mais importantes para pensar: o combate contra Voldemort, aquele cujo nome não deveria ser pronunciado... A Comunidade Bruxa tinha medo das palavras...
Assim surgiu a Ordem da Fênix, uma sociedade secreta fundada por Dumbledore e destinada ao combate de Voldemort e seus seguidores, os chamados Comensais da Morte.
A manhã estava chuvosa e fria, Lupin caminhava apresado, a capa enterrada até as orelhas e as mãos nos bolsos. Parou a frente de uma casa modesta no centro da cidade, bateu a porta e ouviu um estardalhaço momentâneo no lado de dentro.
- Quem é?- perguntou uma voz abafada pela pesada porta de madeira.
- Sou eu!- respondeu ele.
- Eu quem?
- Ah Sirius abre essa porta estou congelando!- irritou-se ele.
Ouviu uma risada que parecia um latido e a porta se abriu. Sirius Black abriu os braços e abraçou o amigo. Lupin retirou a capa e a pendurou em um porta guarda-chuvas mais ao canto, uma jovem de cabelos loiros o agarrou pelo pescoço e o beijou.
- Mary? O que faz aqui?
- Vim para a reunião ora!
- Mas...
- Ah ai esta você!- chamou a voz de Maggie mais a frente- Finalmente chegou.
- Margareth!- exclamou ele quando a amiga aproximou-se e o abraçou.- Achei que era jovem demais para entrar na Ordem!
- E sou!- exclamou ela rindo- Minha tia que me criou faz parte da Ordem e cedeu a casa a Dumbledore! Ela esta la dentro! O nome dela é Dorcas Meadowes. Venha!
Lupin foi guiado pela mão até a cozinha, onde Peter, Lily e James aguardavam. As janelas estavam escurecidas devido a chuva e era um único candeeiro sobre a mesa que iluminava o aposento de maneira triste e pálida. Havia uma mesa preparada com cadeiras para a reunião e uma senhora muito magra preparava algo no fogão a um canto.
- Tia!- chamou Maggie- Quero lhe apresentar um amigo!
A senhora se virou. O rosto magro moldado por uma cortina de cabelos escuros, os olhos pequenos e protegidos por sobrancelhas pesadas e o nariz curvo lhe davam a aparência de uma águia velha, mas quando a senhora sorriu para lhe cumprimentar revelou um rosto simpático e amigável.
- Oh sim este deve ser Remus Lupin!- exclamou a senhora animadamente.
- Sim, sou!- respondeu constrangido. Mas antes que pudesse falar algo mais ouviu-se uma batida na porta e Maggie deu um pulo.
- Ele chegou!
Os garotos ficaram um tanto ansiosos e esperaram muito quietos. Ouviram a porta da rua bater e a da cozinha se abriu revelando um senhor com barbas e cabelos compridos muito brancos. Albus Dumbledore sorriu para eles, encarando-os sobre os óclinhos meia lua.
- Vejo que não me enganei sobre quem iria estar aqui esta noite!
- Dumbledore querido!- exclamou a senhora, Dumbledore sorriu e lhe beijou a mão- Esperávamos você mais cedo!
- De fato! Mas as vezes somos presas de nossos próprios compromissos. E então prontos para nossa reunião?
Sirius, Peter, Lupin, James, Lily e Mary se acomodaram em volta da mesa de maneira um pouco dura e preocupada. Maggie se precipitou para a porta.
- Srta Blanchet!- Chamou Dumbledore calmamente- Vai nos deixar?
- Sim! Bem, minha tia não quer que eu faça parte da Ordem, sou muito jovem ainda não terminei Hogwarts! Por isso não quero me intrometer!
- Sua tia faz muito bem em não deixa-la entrar. Mas talvez seja melhor sentar e ouvir! Entendera melhor!
A garota encarou a tia que lhe deu um leve sinal com a cabeça. Sentou-se ao lado de Sirius. O garoto lhe lançou um olhar de desgosto. Dumbledore juntou as pontas dos dedos e os encarou.
- Fico feliz que tenham atendido ao meu chamado. Em tempos como esse toda ajuda se é necessária, mas de forma alguma quero que façam parte disso sem saber seu real perigo. Voldemort é um homem poderoso e não poupara aqueles que passarem em seu caminho. Ele vem estudando artes das Trevas desde que deixou a escola, tornou-se uma sombra do que era mas em compensação aumentou seus poderes com tal força como nenhum outro já conseguiu. Sabemos que ele anda recrutando pessoas que chama de “ amigos” eles se auto intitulam...
- Comensais da Morte!- resmungou Sirius.
- Deve estar por dentro disso Sirius!- disse o professor gentilmente- Foi uma grande perda! De qualquer modo não podemos subestimar o poder desses leais súditos. A quantidade de ataques a trouxas e a famílias bruxas anda crescendo com rapidez vertiginosa e cabe a nós rete-la.
- E nós faremos!- exclamou James inflamado
- Tenho certeza que sim. Mas vocês não fazem idéia do que realmente é estar na Ordem da Fênix! Serão postos a prova todos os dias, enfrentarão seus piores inimigos e pesadelos, terão pouco tempo para raciocinar e agir e mais importante que tudo isso talvez não saiam vivos!
Ouve um minuto de silencio entre eles. Dumbledore os analisou e suspirou.
- Acreditem, não estaria pedindo que nos ajudassem se não tivesse certeza absoluta que estão preparados para enfrentar tudo isso. Imagino esta ser a razão de Dorcas Meadowes não permitir que Margareth participe da Ordem.
- Mas eu quero participar!- respondeu ela indignada- Já sei me defender. Quero ajudar.
- Mas não pode. Primeiro precisa entender que a causas das quais se vale a pena morrer!- Exclamou ele baixinho.
- Bem não sei quanto ao meus irmãozinhos!- falou Sirius após um silêncio- Mas eu estou nessa!
- E desde quando deixaríamos a diversão só pra você?- perguntou James- Eu também estou nessa.
- Se existem causas pelas quais se deve morrer então essa é uma delas!- os garotos olharam espantados para Lily, ela encarava Dumbledore com um sorriso- Vamos lutar ao seu lado prof. Dumbledore!
- Fico muito feliz em ouvir isso!
- Agora quanto a Ordem serão incumbidos de “tarefas” e devem seguir minhas instruções a risca...
Mas Lupin não ouviu muito mais que isso, seu olhar recaíra sobre Mary. Ela estava sentada mais a frente, bebia cada palavra de Dumbledore. Sua mente foi invadida pela imagem do corpo inerte de Mary caída aos seus pés, morta. Ele não podia permitir que ela se expusesse a um risco tão grande quanto esse, não quando havia perigos maiores a ronda-la, sentiu seu estômago despencar. Ela não podia de maneira nenhuma deixar Mary participar disso.
- Bem creio que por enquanto isso seja tudo!- a voz de Dumbledore o acordou.
- Fica para o jantar, Dumbledore?- perguntou Dorcas Meadowes - Imagino que os garotos vão ficar?
- Claro que vamos!- Exclamou Sirius sorrindo para Maggie.
- Ótimo porque Jack vem também!- retrucou Maggie sorrindo marotamente, o sorriso de Sirius desapareceu. Lupin riu, havia muito que Sirius sentia ciúmes de Maggie, apesar dos dois voltarem a serem amigos ele não perdia a oportunidade de alfineta-la.
- Bem se não se encordoar eu adoraria, Dorcas!- disse Dumbledore voltando a se sentar.
James e Lily sentaram-se perto do professor e começaram uma conversa sobre a Ordem e seus planos, logo a conversa enchia a pequena cozinha. Lupin puxou Mary a um canto.
- Será que podemos conversar?- perguntou ele num fio de voz- A sós?
- Claro, vem!
Mary conduziu Lupin para fora da cozinha, eles atravessaram a sala e chegaram a uma pequena saleta mais ao lado, Mary fechou a porta de correr atras de si e falou.
- Acho que Maggie não vai se importar se usarmos a sala de estudos dela.
Lupin correu os olhos pela sala procurando palavras.
- Então o que queria?- perguntou Mary mansamente.
- É sobre você entrar na Ordem!- ele evitou encara-la
- O que tem?- sua voz parecia cheia de curiosidade
- Bem eu ... Mary quero que desista dessa idéia.
- Posso saber por que?- Havia um tom de desafio na voz da loira
- Não quero ver você enfrentado esses Comensais.
- Mas eu quero. Lupin quero ajudar quero fazer parte disso.
- Mas Mary eu...- ele tentou encara-la mas não conseguiu
- O que esta acontecendo? Porque não quer que eu faça parte da Ordem? O que você teme? Tem medo que eu ataque alguém?
- Mary não é nada disso....
- Então o que é? Acha que sou frágil demais?- a voz dela possuía uma amargura que fez Lupin tremer.
- Tenho medo de que você morra!- berrou ele.
Mary o olhou perplexa e Lupin a encarou suplicante.
- Já é bastante difícil temer que eles venham te buscar, não quero eu corra nenhum risco. Mary eu jamais suportaria te perder.
- Remus...
- Por favor estou suplicando para que não se exponha. Por favor desista disso tudo.
Mary o abraçou. Sentia que ele temia por ela.
- Eu desisto!- murmurou ela no ouvido dele, depois de alguns segundos em silêncio- Mas só por você!
Os dois ficaram ali por um bom tempo. Lupin sentiu-se sujo pelo pedido, mas mais do que nunca queria protege-la e ela sabia disso!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!