Época de Planos
Foi em num dia de verão que Mantorrás chegou na casa de sua tia. Era um enorme mansão no campo. Ao menos parecia mais espaçosa que a casa onde morava, em Londres. O garoto fizera birra quando sua mãe lhe disse que teria que ir embora. Seu irmão mais velho, Sirius, disse que estava tudo bem, porque ele também estava de saída, pra Hogwarts. O único que ficaria em casa era Régulus, o “cabeça de trasgo”. De qualquer forma, Mantorrás achava ambos estranhos, Sirius, por passar todos os dias trancado no quarto, e Régulus, por parecer um trasgo misturado com um elfo doméstico.
O garoto foi recebido por sua tia, srª Lumiar, como sua mãe lhe ensinara a referir-se aos parentes mais velhos. A tia estava esperando um bebê, isso constava no conhecimento de mundo de um garoto de quatro anos, agora, como ela tinha “ganho” um bebê, isso era um mistério intrigante... Depois de ter sido desagradavelmente abraçado, Mantorrás foi empurrado pela tia para dentro da mansão. Os elfos domésticos se apressaram para recolher a bagagem.
- Venha conhecer suas primas! – e apontou duas garotas bem mais velhas que ele, de pé, no centro da sala, sorrindo pra ele de umjeito meio desinteressado.
- Essas são Bella e Sissy. E... Onde está Corny?
As duas apontaram uma boneca de cabelos acobreados, sentada no enorme sofá.
- Essa, Mantorrás, é a Corny. Corny, venha cá, leve seu primo para conhecer a casa! Você sabe onde é o novo quarto dele. Eu mando a Dot (NtA: a ama das meninas) chamar vocês para o jantar.
Lumiar saiu, aparentemente sentindo uma pontada na barriga. Bella e Sissy sairam, cochichando baixinho. Estavam assim desde que tinham ganham diários com trinco: resolveram que eram mocinhas, o que excluia Corny de qualquer conversa. Mantorrás sentou do lado da prima, ela lembrava muito as fadinhas que sua mãe conjurava no Natal. Perguntou-se se ela sabia falar.
- Oi, você fala?
Sem tirar os olhos dos próprios sapatos, ela respondeu:
- Falo.
Depois de uns segundos de silêncio, o garoto tornou a falar:
- Corny, vou morar aqui, já viu que legal?
- Não sou Corny. Elas me chamam assim! – apontou as irmãs, do outro lado das vidraças, sentadas nos bancos do jardim. – Meu nome é Ana Cornélia, mas prefiro Ana.
- Eu gosto do meu nome...
Ela continuou a falar das irmãs:
- A Bella vai embora amanhã, ano que vem a Sissy também vai.
- Meus irmãos também vão embora... Pra Hogwarts. O que será que é?
- Disseram que é uma escola onde você aprende a ser bruxo.
- Eu já sou bruxo. Quer ver?
- Quero!
Mantorrás puxou um sapo de pelúcia do bolso da prima.
- Vou fazer ele desaparecer. Mas você tem que fechar os olhos e contar até três.
Quando Ana terminou de contar, viu seu primo virando o corredor, o sapo de baixo do braço. Ela correu atrás dele.
Os meses foram passando, Bella foi embora, daí nasceu Andrômeda, chegou o Natal, Ana e Mantorrás quebraram um monte de enfeites, o verão chegou, Meena fez uma visita, Bella voltou, tranformando xícaras em ratos, Ana aprendeu a trancar os elfos fora de casa, Mantorrás ganhou uma vassoura de brinquedo no seu aniversário, perdendo as esperanças de ter uma verdadeira, Andrômeda disse “Ma-ma”, chegou setembro e Bella partiu de novo, desta vez levando Sissy consigo.
- Agora não tem mais suas irmãs para implicar com você, prima.
Ana chacoalhou a velha varinha de brinquedo que pertencera à sua irmã.
- Hei Mantorras, e se nós fossemos causar o caos no Beco Diagonal?
O “Beco Diagonal” era um corredor de hera no fundo do quintal e “causar caos” era aborrecer os gnomos que lá habitavam.
-Ya! E se correr mal nós fugimos para a Travessa do Tranco.
A Travessa do Tranco era um velho forno, grande o suficiente para sediar o “esconderijo” dos primos
- Pois de certo que lá alguém nos vai proteger, pois nós somos sangue puro, membros da família Black!
- Os heróis da família Black! Não é Corny?
- É Ana!
Ambos soltaram duas grandes gargalhadas.
Lumiar e Meena, que tomavam chá na área externa olharam para os filhos:
- O que é que os dois andam a tramar?
- Nada mãe.
- Você confirma Mantorras?
- Claro que sim tia.
-Ok pestinhas, eu vou acreditar em vocês.
As mães de ambos os olhavam sem saber o que ambos tramavam.
- Os dois se dão tão bem, foi bom ter mandado o menino pra cá! Lá em casa vivia cabisbaixo, acabaria que nem aquele pequeno revoltado que é o Sirius!
- É eu sei! Corny vivia da vontade das irmãs... E olhe como os dois correm pelo quintal! Ah, você leu o jornal? Leu aquela nota sobre um tal de Voldemort...
E o tempo continuou a passar. Ana e Mantorrás cresceram e foram largando os brinquedos e o esconderijo no velho forno. Mas não os planos... O passatempo dos dois sempre foi fazer planos para causar o caos em vários sítios: Hogwarts, Beco Diagonal, em Hogsmead, etc...
- Já imaginou o que nós podemos fazer quando nós formos para Hogwarts aprender magia na Sonserina? – disse Mantorrás, sentando ao lado da prima, que apressou-se em esconder um diário com cadeado, igual ao das irmãs – Imagine tudo o que poderemos fazer!
- Vai ser muito legal primo! – repentinamente mudou o tom de voz - Já viu o jeito que o Sirius e a Bella se olham?
- Dumbledore, o diretor, nunca nos vai descobrir!
Ana fingiu não perceber que o primo não ouvira o início da fofoca.
- Pois é Mantorrás! Nós seremos os melhores! – mudou novamente o tom de voz – O que será que o Rodolfo Lestrange vai dizer quando souber que é corno antes do casamento?
Mantorrás seguiu o olhar da prima. Seus pais, irmãos, tios, primos e ‘agregados’ ocupavam-se com uma reuniãozinha de familía. Ana adorava ocupar-se descobrindo o que um parente escondia do outro. Tinha só dez anos naquela época, mas isso não implicava que não ouvisse comentários que alguém pudesse deixar escapar durante o jantar. Além de, como todo fadinha, ela era muito boa em passar despercebida. Mantorrás puxou o diário do bolso da garota e quando ela percebeu, ele estava correndo pelo campo, pro lado oposto da reunião, rindo. Sempre fazia isso para ganhar a atenção da prima.
- Te pego, maldito dedos-leves!
Quando ela o alcançava, já tinha esquecido a raiva, então começavam uma lutinha dela tentando pegar o diário e ele a afastando, até que caiam e rolavam, rindo, pela grama.
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Chegou, então, um dia muito esperado:
- Meninos vamos ao Beco Diagonal para comprar o material para estudarem em Hogwarts.
Mantorras sussurrou para Ana:
- Esta vai ser a nossa chance.
- Pois é, mas agora silêncio.
Quando chegaram no Caldeirão furado, usando o pó de Flu, perceberam que as pessas andava alvoroçadas. A causa era o tal Voldemort, um bruxo que se intitulava o Lord das Trevas e que andara organizando ataques à trouxas e sangues-ruins. Na verdade, o governo estava fazendo vista grossa, até que a coisa começou a ficar mais violenta quando os tais Comensais da Morte, os seguidores do Lord, assassinaram um importante “contribuinte” do ministério. Ana tinha certeza que Bella era um deles: parara de olhar o Sirius de um jeito estranho e vivia na casa do noivo, a quem já referira-se como “nojento”. Mas isso não pareceia muito mais importante que um encontro de elfos domésticos. Ao entrar na Floreios e Borrões disse a Mantorras:
- Hei primo ‘tá vendo aquele tipo despenteado com cara de otário?
-Ya, prima!
- Vai ser a nossa vítima.
Ambos expressaram um sorriso cúmplice. Imitando sotaque frânces, Ana sussurrou:
- Mantorras, plano A.
Ambos partiram para a ação. Chegando perto da estante onde o rapaz “despenteado” estava, fingiram que ocupavam-se com livros, pararam um na extremidade esquerda e o outro na extremidade direita. Sem que ninguém percebesse o que faziam, empurraram a estante abarrotada de livros. Essa estante acertou a seguinte, e a outra, e outra, como enorme peças de dominó. Ninguém viu quem começara a bagunça por causa da poeira levantada. Com todo o caos, foi fácil sair sem ser visto. Eles ficaram do lado de fora a ver tudo o que se passava no interior da Floreios e Borrões fingindo fazer caras assustadas. A poeira baixou, e parado defronte a primeira estante estava o rapaz despenteado. O dono da loja agarrou-o pela orelha.
- Tiago Potter! O que você pensa que estava fazendo?
- N-nada!
- Eu conheço bem seu pai... Vem, vamos falar com ele!
- Pe-pera aí! Ai!
Os dois primos estavam rindo. Já tinho pego primos mais velhos com truquinhos, mas um desconhecido... Lumiar apareceu atrás deles, assuntando-os:
- Vamos embora Corny e Mantorras!
Ana disfarçou:
- Tudo bem mãe, mas os nossos livros?
- Eu já tinha comprado tudo antes do acidente.
Mantorrás não gostou do tom que sua tia deu para a palavra acidente. Só faltava: ela descobrira tudo!
Em silêncio, voltaram para casa. Era melhor parar com os planos... pelo menos, por enquanto.
FIM – não da fic, mas desse episódio. Como será que eles aprenderam a viajar no tempo?
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