SONHO OU REALIDADE
Draco andava de um lado pra outro dentro da cabine vazia lendo compenetrado. Tinha algumas olheiras ao redor dos olhos. Mas o que importava? Ele tinha nas mãos, o objeto que desejou por muitos e muitos dias e aquela estava sendo a melhor leitura de toda sua vida. Olhou o parágrafo que havia acabado de ler e balançando a cabeça de um lado para o outro leu de novo.
“Hoje foi um dia normal, como todos os outros. E eu continuo a mesma de ontem, e quem sabe a de amanhã também. Ele não me olha, acho as vezes que não existo. Eu sou tão feia assim? Ou será que aquelas sonserinas são muito interessantes para ele só dar atenção a elas?“
Inacreditável. Ela esteve ali o tempo inteiro. O observando, o admirando em silêncio. E ele nunca sequer a tinha olhado. Nunca tinha reparado na existência dela até achar o diário lá nos jardins.
Flash-back
Draco caminhava irritado pelos jardins, chutando todas as pedras que encontrava pela frente e se encontrasse uma pessoa com certeza chutaria também. Enfim, estava nos seus piores dias. Tinha tido uma discussão idiota com o capitão do time, Pansy não largava de seu pé e pra completar tinha perdido 20 pontos da sonserina numa aula da sua querida professora de transformação. Tudo isso mais ver a cara do Potter logo que entrou no salão principal pra almoçar acabou com seu dia.
Estava decidido a matar alguém só para aliviar o stress, quando chutou algo engraçado. Sim, engraçado porque ao contrario das pedrinhas que antes estava chutando, aquilo parecia ser mais mole. Olhou pro chão e as letras V.W reluziram em seus olhos. Fez uma cara indiferente e continuou a andar.
O lago estava normal, e tedioso, como sempre. Ele deu a volta duas vezes por ele e tentou em vão perturbar a lula gigante, que parecia estar muito bem dormindo lá no fundo para se importar com umas miseras pedrinhas.
Precisava relaxar. Teve a ótima idéia de ir jogar quadribol, voar com certeza aliviaria seu stress. E assim tomou o rumo do campo de quadribol.
Poft.
A grama foi parar na boca de Draco. Ele riu. Era só o que faltava, tropeçar e cair no chão. Perfeito, seu dia estava definitivamente perfeito. Levantou-se e olhou pro chão procurando o que havia o feito cair.
A mesma coisa, aquele caderno com as letras. Talvez, fosse o diário de alguém. De verdade, ele pouco se importava com o diário de alguma pessoa. Não se interessava pela vida dos outros, bom só de alguns é claro, como a do Potter, mas aquele diário parecia ser tão... Insignificante. No entanto ele tinha dado de cara com ele duas vezes. Coincidência demais. Resolveu pegá-lo do chão e começou a folhear.
Mudou de idéia e resolveu ir até o seu dormitório para ler com calma aquilo. Talvez fosse um divertimento interessante, abriu uma página qualquer e começou a ler enquanto subia as escadas que davam para o corredor. Não conseguiu deter seu riso ao ler o diário, mas parou quando na entrada se deparou com a Weasley andando apressada e olhando pros lados. Ele olhou pro diário e olhou pra ela e logo entendeu o que estava ocorrendo. A garota parou atônita e ficou o olhando.
Fim do Flash Back
Assustou-se quando tinha recebido a coruja do Potter na noite anterior. Estava no meio da festa de natal que seu pai sempre dá todo ano. Entediado como sempre ele foi se refugiar nos jardins, observando a lua crescente que pairava no céu. Foi quando a coruja parou do seu lado, deixou um pacotinho e voou. De inicio ele não entendeu nada, até abrir e encontrar o diário de Gina dentro do pacote e um envelope pequeno com uma chave dentro, havia também um pequeno pedaço de papel onde explicava como proceder a caso ele perdesse a chavinha. Sentiu uma imensa vontade de beijar aquele diário... Na verdade sentiu vontade de fazer isto com a dona dele... Ou agora seria ele o dono? Pouco importava nesse momento.
No momento que abriu a primeira folha não conseguiu mais parar de ler e foi assim a noite inteira. Havia perdido toda uma noite por causa do diário e até aquele momento, já dentro do expresso de hogwarts ele continuava lendo.
Certo que em momento algum do diário havia comentários sobre o Potter, mas com certeza havia coisas ali que ele definitivamente se importava mais, como a vida de Gina, seus pensamentos diários, suas anotações sobre os fatos e principalmente sobre o que ela achava dele.
Sentiu medo quando pensou na possibilidade de saber se ela gostava mesmo dele, talvez uma insegurança. Coisa muita estranha de um Malfoy sentir, afinal era certeza de que ela gostava dele, ou não? Dúvidas e mais dúvidas... E a resposta estava ali, em suas mãos, naquele diário.
Não havia a visto ainda. Entrara no trem muito distraído com a leitura pra procurá-la. Sentou-se no banco, enfim. Aquele movimento de andar de um lado a outro estava o deixando tonto, afinal o trem estava em movimento. Encostou a cabeça no vidro da janela e o sono foi mais forte que ele. Adormeceu ali.
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Unhas roídas. De quinze em quinze segundos barulhinhos com os dedos. Estrala, estrala, aperta, solta, rói, estrala, estrala, aperta, solta e recomeça tudo de novo.
- Dá pra parar com isso?
Gina olhou pros lados e mordendo os lábios, fez cara de desespero pra Clara. Estrala, estrala.
- Desse jeito você vai acabar tendo um troço antes de olhar pra ele. – sentenciou Louise.
- Ele?! – Gina se fez de desentendida e estralou de novo os dedos, colocando as mãos entre as pernas em seguida.
- É senhorita Virginia Weasley, não se faça de desentendida. Você só pode estar assim por causa dele
Estrala, estrala, aperta, solta, rói. Resposta nenhuma. Louise lançou um olhar significativo a Clara e as duas abafaram os risinhos, enquanto isso Gi suspirava fundo e afundava na cadeira. Rosen que estava encostado no canto da cabine lançou um olhar esquisito a dona. Eram pensamentos demais em sua cabeça. Ela havia entregado seu diário a ele, ela tinha se entregado a ele e deixado que ele decidisse o seu destino. Agora não cabia, mas a gina nenhuma iniciativa e sim a ele, ela havia passado toda a responsabilidade para Draco. Sentia-se horrível em ficar esperando por uma resposta, como uma noiva que espera ouvir o sim no altar.
“Draco andava em sua direção, estava chovendo. Ele estava lindo, com uma capa preta e o cabelo para trás deixando apenas alguns fios caindo na altura dos olhos. Andava devagar e Gina gravava cada movimento dele, cada expressão do rosto. Sentia os olhos de Draco a espreitando, a olhando como nunca ninguém a havia olhado. Ele se aproximou e ficou a centímetros dela, os narizes se tocando de leve. Gina fechou os olhos. A chuva caia rala molhando partes de seu rosto. Draco deslizou o nariz no rosto dela, calmamente, de um lado a outro, parou e deu um beijo no canto da boca, roçou os lábios na bochecha e deu outro beijo, esse agora perto da orelha. A respiração batia na face da garota e ela tensa não se mexia. Ele se afastou um pouco e a olhou nos olhos, ela foi se perdendo naquele cinza, estava caindo em profundo êxtase, mordeu os lábios de desejo. Os dedos dele começaram a deslizar pela sua face , ela fechou os olhos mais uma vez, as pontas dos dedos corriam pela extensão da face, enxugando algumas gostas de chuva, acariciando de leve os cabelos, massageando a nuca e passando pela bochecha até chegar aos lábios. Gina entreabriu a boca e Draco brincou com seu lábios um pouco. Aquilo era quase uma tortura, só que prazerosa. A respiração dele foi ficando de novo próxima, ela podia sentir o perfume forte dele inebriando-a, as bocas estavam praticamente se tocando... “
- GINA!!! Alow... Planeta terra chamando. Você quer ou não um chocolate? - Clara perguntava olhando incisivamente para Gina.
A pequena weasley passou por estágios faciais de sonho, descompreensão, compreensão e irritação, em poucos segundos. Não era possível, que Clara a havia acordado de seus devaneios na melhor parte! Isso era um absurdo. Gi pegou o chocolate da mão de Clara e começou a comer compulsivamente. Bem, se não podia ter o tal sonho, que pelo menos tivesse um chocolate como companhia. Ela suspirou exaltada e se recostou na janela olhando fixamente para paisagem do lado de fora.
- Te amo... – Gina falou baixinho consigo mesma sonhadora.
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Draco acordou e a primeira visão que teve o fez dar um pulo da cadeira.
- O que diabos você esta fazendo aqui?
- Pensei que acordava com um humor melhor Malfoy.
- Sai daqui sua sangue ruim... quem você pensa que é pra entrar assim na minha cabine?
Hermione o olhava sem nenhuma reação visível ao xingamento. Draco fez menção de se levantar, mas ela o forçou a sentar de novo.
- Você só sai daqui quando eu acabar de falar.
- E você vai fazer o quê? – Draco procurava a varinha em seus bolsos.
- Está procurando por isto? – Mione girou a varinha nas mãos e Draco lhe lançou um olhar raivoso.
- Ok. Fale rápido, não quero gastar muito do meu tempo com você...
- Deveria me agradecer por estar aqui, mas não, me desculpe... Malfoys não agradecem ninguém. No entanto, não estou aqui por você e sim pela Virginia.
Malfoy suspendeu a sobrancelha e fez cara de desdém.
- E o que ela diz respeito a você Granger?
- Quero o bem dela.
- Eu também, chegamos a um consenso, agora saí daqui.
Ele ia se levantar de novo, mas Hermione apontou a varinha pra ele o que o fez parar e sentar.
- Não me dê mais motivos para lhe lançar um feitiço Malfoy. Você vai ouvir tudinho que tenho a lhe dizer, e vai ouvir calado. Quando eu terminar, pode ter certeza que te aviso e você sairá daqui.
- Comece então logo já disse que não tenho tempo para você.
- Não se preocupe, é apenas um aviso. Se, eu ver uma lagrima sair dos olhos dela por sua causa, se eu ouvir algum boato que você a machucou de qualquer forma pode ter certeza que farei questão de te machucar 10 vezes mais. E ah! Antes que eu me esqueça! Nunca mais fique inventando intrigas que me envolvam, não é machucando os outros que você vai se livrar do seu sofrimento, eu sei muito bem que o beijo da Gina com o Harry machucou tanto a você, ou mais, do que a mim. Então estamos entendidos?
Silêncio.
- Creio que sim. Aqui está sua varinha.
Hermione saiu da cabine.
- Maldita Granger... se acha a conselheira ! como se eu fosse fazer algum mal a Gina... eu... nunca a machucaria... eu... droga eu a amo!
Ele resmungava consigo mesmo e pegou dentro das vestes o diário recomeçando a ler.
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O expresso de Hogwarts parou na estação de Hogsmead, e aos poucos todos os alunos foram descendo. As caras não eram das mais animadoras, muitos deles com certeza preferiam estar de férias ainda. Mas Gina e Draco pareciam ser exceções. A garota caminhava rápido por entre a multidão com Rosen no colo quase sufocando o gato, a pressa resultou em muitos esbarrões pelo meio do caminho. Já Draco, este estava compenetrado em ler o diário e mal olhava a sua volta. Um passou pelo outro, sendo separados apenas por uma pessoa que caminhava entre eles, e a alienação era tanta que nem se repararam. O céu estava escuro naquela noite, parecia que não ia ser das melhores o inverno estava finalmente consolidado e o frio fazia com que os alunos se agarrassem aos seus casacos.
O salão principal estava cheio de burburinho, os alunos contavam uns aos outros as novidades das férias. Gina continuava com seu mantra de estralar dedos e apesar de ter se sentado de frente para a mesa da Sonserina nem sequer olhava pra lá. Tinha os dois olhos fixos na barra da mesa e o máximo que fazia de som era um “ humhum , ham ham “ pras amigas, que depois 5 minutos de tentativa de conversa, desistiram.
Enquanto isso Draco havia chegado no ponto que ele queria, e lia abismado a frase que ele mais desejou ler em toda a sua vida.
“Meu Merlin, mas eu o amo mesmo assim. Mesmo ele sendo um idiota, egocêntrico que não olha pros lados e vê que eu o amo. “
Draco levantou as sobrancelhas e sorriu. E sorriu, sorriu e sorriu. Procurou a imagem de Gina pelo salão principal, totalmente alheio as palavras de boas vindas de Dumbledore. Podia dar pulos de alegria ali mesmo, tamanha era a sua felicidade. Seus olhos deram de encontro ao vermelho dos cabelos de Gina, que caiam pela face da garota. Ele ficou ali a contemplando por minutos. Não podia acreditar no quanto era ela linda e era dele, somente dele... e ele dela. Ficou esperando que ela levantasse os olhos (e o rosto também) e o olhasse, precisava desesperadamente daqueles olhos castanhos no seu, precisava falar com ela.
O jantar foi servido e Gina tentava comer, engoliria aquela comida nem que fosse a última coisa que fizesse na vida, mesmo com os protesto de seu estomago. Só que seu estomago ganhou a guerra e ela mal tocou na comida, tomando apenas um copo de água inteiro. Levantou os olhos quando já estava praticamente acabando e seu susto não podia ser maior, do que o de encontrar os olhos de Draco grudados no dela. Gi nem piscou, ficou ali paralisada o olhando.
Draco começou a fazer sinais com as mãos indiciando para ela o esperar nos jardins, de inicio Gina não entendeu anda e até riu das tentativas do garoto. Ele se deliciou com aquele sorriso, sentiu tanta falta daquilo, de ver aquela expressão no rosto da garota, quanto nunca pensou em sentir na vida de alguma coisa. Quando ela enfim entendeu fez um gesto de ok tímido e voltou-se para seu prato.
Aqueles talvez tivessem sido um dos momentos que mais demoraram a passar na vida de Gina, parecia que nunca a sobremesa seria servida e Dumbledore enfim os liberasse para ir pros seus dormitórios. Não que gina realmente pretendesse ir pra dormitório algum.
Estrala, estrala, aperta, solta, rói, estrala, estrala, aperta, solta e recomeça tudo de novo. Gina ia fazendo isso enquanto caminhava pra saída do salão principal. Sentiu um ombro tocar com o seu e não precisou nem olhar pros lados para saber quem era, aquele perfume era inesquecível. As mãos se tocaram de leve e o dedo de Draco acariciou os dedos de Gina, se afastando logo em seguida e cada um seguindo seu caminho entre os alunos que saiam também do salão.
Ela foi caminhando rápido, desviando dos seus colegas de casa e pegando um atalho para fora do castelo. Em 10 minutos estava nos jardins. Não sabia exatamente onde ficar, então optou por se sentar numa pedra que ficava próxima a árvore dela com Harry. O tempo foi passando e Gina tentava se controlar para não apertar demais a mão e acabar se machucando, olhava afoita para a porta do castelo de segundo em segundo. Onde estaria Draco? O céu estava se fechando cada vez mais e ela com frio, se abraçou a si mesma.
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- Humhum, com certeza professor. – Draco respondia agoniado, pela milésima vez a mesma coisa a Snape.
- Vamos andando não? – sugeriu o professor. Os dois estavam praticamente à porta do salão principal ainda e já era pra Draco estar em seu dormitório naquele horário. Apesar da imensa vontade de Malfoy dizer que não, que não ia andando com o professor, ele não disse. Apenas confirmou com a cabeça vencido e continuou a ouvir a conversa de Snape.
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Gina já estava completamente louca nos jardins. Unhas nem possuía mais. Cansou-se de tanto ficar olhando para o portão e decidiu contar estrelas. A questão é que não haviam estrelas para ser contadas no céu. Estava começando a chover e não demoraria muito a nevar. “Ele não vem, ele desistiu de mim, ou melhor... ele percebeu que tudo isso é impossível e que não adianta nada dar esperanças a uma garota boba e pobre como eu”.
Uma onda de tristeza invadiu Gina e ela não sabia definir se a água que molhava seu rosto tinha sido proporcionado pela chuva ou por suas lagrimas. “Agora estou vermelha por causa do choro e mais feia ainda!”. Estava ficando depressiva, seu coração cada vez mais apertado e suas palavras soavam em sua cabeça “eu o amo... “
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- Professor, que horas são?
- Nove e vinte Draco. Agora como eu continuava dizendo...
Draco entrou em pânico interiormente, 25 minutos de atraso, com certeza Gina já teria ido embora. Precisava fazer algo e rápido. Pra sua sorte estava próximo da entrada do salão comunal da Sonserina. Mais alguns passos e teria que entrar lá.
- Bem professor, acho que tenho que entrar, amanhã eu falo melhor com o senhor.
- Só mais uma coisinha Draco...
Pronto mais cinco minutos.
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Idiota. Egocêntrico. Insensível. Cobra. Filho de uma... Desgraçado. Gina xingava o senhor Draco Malfoy até a sua quinta geração de todos os nomes que ela conhecia. Havia o mandando a todos os lugares feios que lembrou. Mas tudo isso era só uma forma de encobrir o sentimento de perda que estava sentindo. Levantou da pedra que estava sentada irritada consigo mesma. E começou um processo de se xingar. A neve estava caindo agora e ela sentia seu corpo todo congelado, mas isso não importava. Começou a caminhar devagar, os queixos batendo, o nariz vermelho de frio e de choro. O casaco mal a aquecia e ela tremia a cada 5 passos. Estava tudo dando errado, quando aquela deveria ser a noite mais maravilhosa de sua vida. Faltava pouco para chegar dentro do castelo, mas o caminho parecia estar cada vez mais longe. Tropeçou algumas vezes, pois sua visão estava meio conturbada por causa das lagrimas.
Subiu as escadas devagar. Não estava se sentindo nada bem, nem física, nem emocionalmente. Abriu a porta devagar e a visão que teve mais parecia um delírio do que realidade. Ali estava Draco ofegante diante de si.
Os dois se olharam.
- Droga... Gi .. você está congelada! – Draco falou olhando-a e tirando rápido o próprio casaco, tentando cobrir ela.
- Não. Me deixe! Eu estou bem. Porque você veio? Era mais fácil não ter vindo mais... depois de tanto tempo me deixando esperar . – ela falava mais alto do que pretendia.
- Me desc... – Draco ia começar a se explicar quando Gina começou a ficar cada vez mais pálida. – Gi! Virginia... você precisa se aquecer, você esta bem ? Gina! Fala comigo...
Ela se jogou nos braços dele e Draco a abraçou forte.
- Draco... não me deixa nunca... eu t...
E Gina desfaleceu nos braços de Draco. Ele ficou em pânico, não sabia o que fazer. A pôs deitada no chão e ficou a olhando paralisado. Uma lagrima desceu de seus olhos e dando um selinho nos lábios pálidos dela ele murmurou que a amava.
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- Hipotermia - sentenciou Madame Pomfrey e vendo-o a olhar ainda assustado ela completou – ela vai ficar ótima, não se preocupe, daqui a algumas horas estará acordada, pode ir dormir rapaz.
Mesmo a contragosto Draco saiu da enfermaria, deixando na cabeceira de Gina o diário e um envelope.
Vermelho. Um cheiro adocicado de rosas inundava o ar. Gina olhou a sua volta e observou o campo em que estava. No céu uma linda lua aparecia e junto com ela algumas estrelas. Num círculo no meio havia um caldeirão que de vez em vez soltava bolhas coloridas em formato de coração, um punhal estava ao lado de um cálice e uma pena repousava sobre um pergaminho amarelado e sujo de terra. Ela inspirou duas vezes e ficou observando a estrela mais brilhante do céu, atrás de si um longo corredor se estendia. Draco sentia a cabeça latejar e sentia também que estava muito atrasado para algo. Precisava correr e correr muito. Por mais cansado e dolorido ele correu em direção ao cheiro que impregnava suas narinas. O ar ficava cada vez mais vermelho e o barulho dos pés dele batendo no chão fizeram uma certa ruiva olhar para trás e observar o corredor e a porta atrás de si. Draco corria. Uma lágrima sem razão alguma insistia em descer dos olhos da pequena Weasley. Gina caminhou até o centro e observou a poção um pouco, faltava pouco, muito pouco... e ela estava sozinha, não podia fazer o feitiço sozinha. Draco corria. As gostas de suor escorriam até sua bochecha e lá paravam resfriando-se. O frio estava ficando intenso, mas isso não importava. Uma porta a direita, longo corredor a frente, vira a direita novamente, outro corredor e mais e mais corredores, mais e mais portas. Draco estava sufocando. Gina se abaixou e observou o punhal, tinha algumas inscrições nele, mas ela não entendia. A lua clareava tudo ao redor da garota, causando reflexos esplêndidos em seu rosto. A estrela mais brilhante do céu começara a se mover. Então era isso. Ela ainda estava sozinha. Draco parou derrapando e respirou fundo quando observou a porta, a última porta. Virou a maçaneta e entrou, podia ver um longo corredor se estender a sua frente, ele deu o primeiro passo e entrou no meio da nevoa total. Não podia enxergar quase nada a sua frente, apenas uma luz lá no fim, havia coisas se movendo. 85 graus, Gina piscou desesperada e olhou o corredor atrás de si. Achou que estava delirando. Draco parou em sua frente, ofegando. Não havia palavras para dizer, mas haviam coisas a serem ditas, não havia tempo. Ela se jogou nos braços de Malfoy; no céu a estrela mais brilhante formou exatamente 90º com a lua. Gina se soltou e caminhou lentamente até o punhal, num movimento rápido ela o tirou do chão e passou no braço no mesmo local da outra ferida.O vermelho do sangue se misturou ao vermelho do ar e um grito de dor encheu o ambiente. Draco correu em direção a ela e Gina estendeu o punhal a ele. Os dois se olharam e não precisavam de palavras para Malfoy entender o que estava sendo pedido. Ele pegou o punhal e Gina se virou de costas para recolher o sangue. Só se ouviu o barulho da faca passando rápido pelo ar, ele não gritou, apenas contorceu o rosto de dor. Os dois sangues se juntaram no cálice. Gina olhou para dentro do cálice e começou a recitar as palavras que apareciam nele. “Ãvi õd ã sanguinis nõmen amore Huc et illue vos versetis licet, Homo haeres, versari.” para a sua surpresa draco também recitava junto a ela. As vozes dos dois ecoou por todo o local e a lua estava brilhando intensamente. Uma aura de poder espalhava-se pelo ar, e o vento começara a ficar mais forte. O pergaminho voou e parou em frente a eles, partindo no meio e caindo um pedaço na mão de cada um. Logo a pena fez o mesmo. Eles não pensaram no que escreveriam, apenas deixaram que a pena corresse pelo papel. Então Gina leu em voz alta o nome Draco Malfoy, e Draco o nome Virginia Weasley. Ela sorriu e pôs dentro do cálice um pouco da poção. Olhando firmemente para Draco ela bebeu a poção e entregou a ele, que fez o mesmo. O vento de repente ficou muito forte, e os dois sentiram o corpo inteiro formigar, estavam rodando dentro de um redemoinho de vento vermelho. Podiam sentir os pés fora do chão, estavam rodando e rodando. Totalmente envolvidos por um ar que lhe causavam uma imensa ânsia... ânsia um do outro.
Gina abriu os olhos e olhou assustada pro teto branco da enfermaria. Uma gota de suor escorreu de sua testa e ela suspirou alto pondo em seguida a mão no rosto.
Draco gritou e sentou de vez na cama pressionando a mão sobre o braço direito. Ainda podia sentir o braço dolorido, mas aquilo havia sido só um sonho. Uma lagrima escorreu de seus olhos. A dor era tão real.
O cérebro de Gi funcionava rapidamente procurando entender o sonho que tivera, ela instintivamente olhou para o braço a procura da velha cicatriz, mas ela não estava ali, no mesmo local havia um corte aberto e um filete de sangue saia devagar de sua pele. Ela começou a tremer e tateou na cabeceira da cama um copo d’água. Só que ao invés de encontrar o copo, ela encontrou outra coisa e se virou para olhar o que era.
Ele continuava a apertar forte o braço, receoso de olhar para o braço. E se o sonho não tivesse sido um sonho? Reuniu toda sua coragem e retirando a mão observou o braço. Não era ilusão, a dor era real e o corte estava ali visível aos seus olhos. Ele não entendia como aquilo era possível.
Nem ela.
Gina olhou pro seu diário na cabeceira e o pegou. Abriu a capa e se deparou com uma carta que tinha seu nome escrito em letras muito bem caligrafadas. Ela reconhecia a letra e talvez reconhecesse a carta também. Se não estivesse enganada, aquela seria a carta que deveria ter recebido no dia que viu Draco e Pansy. Suspirou fundo e rompeu o lacre.
Virginia,
Eu havia lhe escrito outra carta, e era essa que lhe entregaria hoje junto com seu diário, mas julguei que aquela carta não era pra ser lida e sim para ser guardada, o porque eu não saberia lhe dizer.
Eu tenho tantas coisas a lhe falar e queria poder falar todas ao mesmo tempo. Primeiro te dizer que ainda não acredito que exista pessoa perfeita para as outras, mas que eu estou disposto a tentar ser o melhor pra você. Você despertou em mim uma vontade de te fazer feliz, de te querer, a cada conversa, a cada gesto e eu não vou mentir dizendo que gostei disso. Eu odiei todo esse sentimento e me culpei por estar o sentindo, mas eu não tinha poderes para muda-la, para afasta-la de mim.
Eu me sinto bem quando estou perto de ti, sei que não preciso fingir nada pra você, não preciso de minhas poses e de minha superioridade, eu posso ser apenas eu mesmo. Sei que muitas vezes eu cheguei a fingir perto de ti, mas era porque estava com medo do que estava começando a sentir.
Talvez eu me arrependa de ter escrito essas palavras, talvez eu me arrependa de ter te conhecido, talvez eu me arrependa de ter me apaixonado por uma Weasley.
Eu sempre aprendi que sentimentos não são nada ,mas estou aprendendo que talvez não seja bem assim as coisas.
Sinto-me uma trouxa ridículo tendo todos esses sentimentos, toda essa sensibilidade e a culpa é somente sua (não vou te livrar dela). Sou apenas um tolo ajoelhado aos seus pés pedindo que me ame também.
D. Malfoy
Gina sorriu, ele era um tolo que ela amava, ajoelhado ou não, pedindo ou não, ela o amava. Teve uma vontade insana de gritar o nome dele e acordar Hogwarts inteira pra dizer que amava Draco Malfoy e que morreria se não o pudesse beijar naquele instante, mas controlou-se e como uma boa menina que era, agarrou o travesseiro e ficou calada suspirando.
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O dia estava quase amanhecendo, mas as nuvens que cobriam o céu impediam que se visse os primeiros raios solares. Draco estava há muito tempo acordado, desde que acordou com o sonho... Sonho? Se é que aquilo fora um sonho! Não adiantaria de nada ele ficar na cama, não dormiria de modo algum. Resolveu que iria voar, e voar até que não conseguisse mais se manter sentado na vassoura e o frio da manhã anestesiasse seus pensamentos. Começou a mudar de roupa e saiu cauteloso do salão comunal.
Madame Pomfrey foi verificar seus pacientes logo que começou a amanhecer, para a sua surpresa a garota Virginia se encontrava acordada.
- Bom dia senhorita.
- Bom dia Madame Pomfrey. Eu já posso ir pro salão comunal?
- Creio que tenha que verificar sua saúde antes, você teve uma hipotermia ontem e se não tivesse sido trazida rápido, poderia ter tido sérios problemas.
- Sim, eu sei. Mas estou preocupada com Rosen, meu gato, eu não dei comida alguma a ele ontem.
- Sei, sei. Se você estiver boa eu a libero imediatamente, não se preocupe.
A senhora sorriu bondosamente e começou a verificar Gina toda.
- Oh! Você está ótima! se recuperou incrivelmente... mas... hum! eu não havia visto este corte em seus braço ontem .
- é... devo ter me arranhado quando cai.
- Certamente. Passar está solução e daqui a uns minutinhos estará curado. Esta liberada querida.
- Obrigada!- disse Gina levantando rápido e saiu quase correndo em direção a porta. - tenha um bom dia.
- Esses jovens...
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Gina subiu correndo para o salão comunal. Precisava de um banho quente e de uma cama confortável para deitar e sonhar e sonhar, até que desse a hora do café da amanhã e ela pudesse ver Draco. Ver aqueles olhos cinzas parados olhando pros seus, ver a pele que ela almejava tanto tocar. Respirou fundo e subiu de um pique só os degraus para o dormitório. Mal abriu a porta do quarto e Rosen correu por entre suas pernas se enroscando e ronronando. Gina se abaixou e acariciou a cabeça do gatinho depois o pegando no colo e o levando consigo até sua cama.
Ela sentou-se na cama e abriu um pouco a janela, deixando que o ar frio da manhã entrasse no quarto e passasse de leve em seu rosto. Puxou as cobertas para junto de si e aconchegou Rosen entre suas pernas, acariciando a cabeça do animal, enquanto sonhava com Draco. Poderia ficar ali por horas, sonhando acordada... imaginando... só que algo lhe chamou a atenção do lado de fora. Uma pessoa se movia rapidamente pelo campo de quadribol.
Gina levantou e estreitou os olhos para conseguir enxergar por entre a nevoa do lado de fora, quem exatamente se encontrava voando ali. Não demorou muito até que identificasse a pessoa. Afinal ela reconheceria a quilômetros de distância aquele cabelo louro platinado contra o vento. Ela amava a visão de Draco voando.
Teve o ímpeto de descer ali na mesma hora, mas seria perigoso demais ela sair correndo pelos corredores de hogwarts àquela hora da manhã. Teve uma idéia melhor.
- Accio vassoura.
Gina esperou que a vassoura parasse em sua mão, subiu no parapeito da janela e montou na vassoura, atrás dela Rosen miava alto, talvez com medo da dona cair. Ela lançou um olhar calmo ao gato e levantou vôo. Gina se aproximou do campo de quadribol e parou, ficou observando Draco voar de costas para ela, despreocupado com tudo. Ela sorriu e assobiou. Ele se virou surpreso para olha-la e ela deu um sorriso de moleca gritando logo em seguida que ele não conseguiria pegá-la. Draco levantou as sobrancelhas e acelerou a vassoura, ela fez o mesmo.
Começaram uma corrida, Gina sempre desviando da vassoura de Draco. Os dois riam como duas crianças e a toda hora ela o perturbava dizendo que ele era pior que ela voando. As vassouras subiam, desciam, davam lups, sempre a de Gina na frente. Draco acelerou a vassoura o máximo que pode e parou em frente a vassoura de Gina.
- Você está sem saídas!
Gina fez menção de abaixar a vassoura, mas Draco segurou o cabo. Ela morde os lábios e deu um sorriso maroto pra ele.
Começou a se mexer na vassoura, tentando por o corpo mais pra frente. Draco a olhava sem entender onde ela pretendia chegar. Os olhares dos dois estavam grudados um no outro. O vento batia no rosto de Draco, fazendo os cabelos dele voarem e alguns fios caíssem na face. Gina estava a um palmo da mão em que Draco segurava a vassoura dela. Ele resolveu fazer o mesmo que ela, e com uma mão Gina segurou a vassoura dele. Quando ele também já estava no limite, Gina se inclinou e com a mão livre tirou os fios de Draco do rosto. Ela mordeu os lábios, ele fez o mesmo causando um sorriso nela. Draco se inclinou um pouco e os dois se beijaram com a boca semi-aberta, um beijo calmo. Ela passou a mão a nuca dele e o beijo se intensificou, as línguas se encontrando .
A vassoura começou a desequilibrar e Gina se agarrou mais ao pescoço de Draco. Eles iam cair, ela tinha certeza disso. A mão de Malfoy passou rápido pela cintura de Gina e ele a puxou para si. A vassoura de Gina caiu e a de Draco tremia. Meio sem jeito Gina se virou e os dois tentaram equilibrar a vassoura, pro alivio deles conseguiram. Ela deu um suspiro aliviado e encostou a cabeça no peito de draco. Os dois começaram a rir. Draco segurava Gina em sua frente pela cintura e ela tinha uma mão no pescoço dele e a outra apertada contra a mão que segurava sua cintura. Os dois olharam pro céu, onde uma nuvem se movimentava e um fino e solitário raio de sol atravessava o céu até bater exatamente neles.
Os dois sorriram e se aconchegaram mais uns no outro, pedindo que o tempo parasse.
- Draco... nós dois... eu não entendo. - ela falou ainda admirando o céu.
- Isso é o que eu também não entendo.
Gina se virou um pouco e os dois se beijaram mais uma vez, e ela desejou que o tempo parasse, não pela última vez.
FIM
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